A ARTE DE ENSINAR DOS
ORIENTAIS
André Bueno
Antes
de começar, já faço aquela velha ressalva: não gosto de usar o termo ‘Oriental’
para definir a vasta Ásia como se fosse uma coisa só. Mas eu também não gosto
de títulos enormes, que tentam explicar tudo e acabam ficando com mais de três
linhas. Usei o termo ‘Orientais’ para convocar o leitor. O que faremos aqui,
nesse breve texto, é uma rápida visita a três formas de pensar o ato de educar
nesse amplo e tão multifacetado ‘Oriente’.
Colhemos três experiências distintas: uma da Índia, uma da China e uma
do Sufismo Turco medieval, que apresentaremos de forma comentada.
E
o que poderia nos interessar ler sobre três fragmentos tão antigos, distantes
quase três mil anos no tempo, como no caso de Indianos e Chineses? Como
exercício sobre a História do Ensino, isso já valeria uma olhadela. Mas devemos
fazer uma consideração mais profunda: estamos falando de três modos de pensar a
educação que são milenares, e que continuam a existir. Talvez nenhuma teoria ou
sistema educacional ocidental tenha alcançado tanto sucesso e tanta
durabilidade. O Confucionismo, por exemplo, inspira até os dias de hoje o
funcionamento da educação chinesa, no que concerne aos seus principais valores
e princípios. Alguém pode objetar: são teorias milenares, mas e daí? Ser
tradicional não significa necessariamente ser bom. O fato de essas propostas
educacionais continuarem a existir pode significar que essas civilizações são
antiquadas, reacionárias e atrasadas. Afinal, Aristóteles não salvou a Grécia
do caos econômico – e são poucos os que se atrevem a citar Aristóteles numa
conversa contemporânea. Só que a questão se complica quando olhamos para a
China, a Índia e a Turquia de hoje: civilizações poderosas, desenvolvidas,
cujas culturas milenares alicerçam um desenvolvimento econômico e político
renovado, que resistiu e superou as mais duras crises em suas histórias. Talvez,
por isso, seria interessante tentar entender o que foi tão bem sucedido em suas
histórias educacionais.
Outra
questão será considerada aqui: por se tratar de um texto aberto ao debate, não
nos ateremos exaustivamente às origens históricas de cada fragmento. Isso seria
um trabalho demasiadamente longo, e que não daria conta de cobrir todas as
possibilidades de abordagem existentes. O que buscaremos, pois, é discutir o
que de ‘atual’ essas teorias poderiam nos apresentar, revelando-nos o quanto os
antigos ‘orientais’ já sabiam sobre o ato de ensinar e aprender.
Conselhos a um estudante
no Taittiriya Upanishad
A um Estudante Leigo;
Permiti que vossa conduta seja marcada pela ação correta, inclusive o vosso
estudo e o ensinamento das escrituras; através da verdade na palavra, na ação e
no pensamento; através da auto-abnegação e da prática da austeridade; através do
equilíbrio e do autocontrole; através da execução das tarefas diárias da vida
com um coração alegre e uma mente desapegada. Falai a verdade. Cumpri vosso
dever. Não negligencieis o estudo das escrituras. Não interrompais a linha da
descendência. Não vos desvieis do caminho do bem. Reverenciai a grandeza.
Permiti que vossa mãe seja um deus para vós; permiti que vosso pai seja um deus
para vós; permiti que vosso mestre seja um deus para vós; permiti que vosso
hóspede também seja um deus para vós. Executai somente ações irrepreensíveis.
Mostrai sempre respeito pelos grandes. Qualquer coisa que deis aos outros,
dai-a com amor e respeito. Presentes devem ser dados em abundância, com
alegria, humildade e compaixão. Se em qualquer ocasião houver qualquer dúvida com
relação à conduta correta, segui a prática das grandes almas, que são sinceras,
possuem bom julgamento e são dedicadas a verdade. Conduzi-vos sempre assim.
Este é o preceito, esse é o ensinamento, e essa é a ordem das escrituras.
Em
algum momento entre os séculos 8 a 6 AEC, os indianos estavam revisando toda a
sua literatura religiosa, contestando-a, discutindo e aprofundando suas
investigações metafísicas. Desse movimento emergiriam os Upanishads, vasto
conjunto de textos que buscava apresentar as elaborações filosóficas dos
pensadores hindus. Essa questão era fundamental para a continuidade de sua
civilização: os indianos conseguiram habilmente, ao longo dos séculos,
substituir a preocupação com o registro histórico dos eventos pela manutenção
dos princípios religiosos e devocionais. A Índia é uma civilização construída
pelos seus valores espirituais, que se mantêm os mesmos desde a sua mais
remonta antiguidade. Disso resultou a dificuldade perene que temos em estudar a
história da Índia pelo viés ‘ocidental’: sem a arqueologia, seria praticamente
impossível saber o que, quando ou onde aconteceu alguma coisa. Isso pouco
importava, porém, no senso indiano tradicional. O fundamental era a fazer viver
a tradição, os valores que agregavam a existência da sociedade. Isso fez com
que os indianos conseguissem uma unidade surpreendente de redação em seus
textos fundadores, largamente difundidos por meios orais antes de serem fixados
pela escrita. E os Upanishads sintetizavam muito dessa busca de uma unidade no
pensamento indiano.
Bem,
e o que lemos no Taittiriya Upanishad de relevante para nosso pequeno estudo?
Nesse trecho, apresentam-se conselhos para um aprendizado ideal do saber. Se
hoje eles nos parecem óbvios, devemos ter em mente que eles foram escritos há
praticamente três mil anos atrás. Os redatores do texto já estavam preocupados
em tornar a aprendizagem uma atividade sagrada, regida por valores éticos
claros e definidos. O momento educativo não importava, somente, a aprendizagem
dos textos, mas todo um conjunto de valores que abrangiam a família, os mestres
e a vida em sociedade. A experiência indiana, pode-se dizer, transformou a
educação numa atividade espiritualizada. Obviamente, ela estava imbuída da
necessidade de manter os princípios sagrados do ‘Sanatana Dharma’ [nome indiano
para o que chamamos de ‘Hinduísmo’], tornando-se igualmente um processo de
intenso mergulho nas concepções religiosas presentes na cultura da Índia
Antiga. No entanto, é a sua prática que aqui nos interessa: o estudante era levado
a experiências diversas de aprendizagem, tanto no domínio dos textos, da
escrita, como de atividades físicas e mentais, tais como a meditação, que
faziam toda a diferença em seu desenvolvimento. A ênfase no autocontrole, na
conduta correta, no desprendimento, e na ação calma e raciocinada constituía o
alicerce de um bom aprendizado. Isso orientava os pais a cuidar do
comportamento de seus filhos, bem como incutia o respeito nos alunos por seus
professores. Os exercícios físico-espirituais davam um contributo significativo
à questão da disciplina. Experiências levadas a cabo, no Brasil, mostram que a
meditação pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de
vida dentro da escola, tanto para docentes quanto discentes [veja Revista da Educação,
n.221; revista Mente e Cérebro Julho/2015 e a reportagem sobre as escolas
públicas, no estado do Espírito Santo, que usam a meditação: http://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/2015/09/meditacao-e-usada-como-aliada-no-ensino-nas-escolas-estaduais-do-es.html].
Os
métodos apresentados nesse fragmento podem ser criticados por serem fortemente
marcados pela questão religiosa, que permeia o cerne do pensamento indiano.
Todavia, foi essa mesma postura que conseguiu transformar a Índia de Gandhi [1869
-1948] na primeira nação a obter sua independência pós-colonial por meio de um
movimento pacífico. Essa ação espiritualizada inspirou o pastor Martin Luther
King [1929-1968] a realizar um processo de resistência semelhante nos Estados
Unidos, quando da luta pelos direitos civis. No Brasil atual, está em curso um
processo de discussão sobre a presença da religiosidade dentro da escola. Assim
sendo, a experiência indiana nos mostra que, se estamos a falar de um ensino
espiritualizado, que ensine valores éticos e preza pela coexistência pacífica,
pelo respeito ao próximo e pela difusão de um sentimento saudável de amor ao
próximo, então, a religiosidade não seria um problema. Contudo, muitas das
visões exclusivistas envolvidas nesse processo propõem justamente o contrário:
a incitação ao ódio, ao preconceito e ao obscurantismo, que só exacerbam as
tensões sociais, levando a exclusão e ao desrespeito humano. Quando isso acontece, os pilares básicos da
aprendizagem são enfraquecidos na nascente, e fenece inexoravelmente o projeto
de continuidade de uma civilização.
O Bom Educador no Liji
[Registros Culturais]
Ao ensinar, o homem
superior orienta seus discípulos sem arrastá-los; convida-os a avançar, mas não
os coage; abre-lhes os caminhos, mas não os força a caminhar. Orientando sem
arrastar, torna o aprendizado agradável; convidando sem coagir, torna o
aprendizado fácil; abrindo o caminho sem forçar à caminhada, faz com que os
alunos pensem por si mesmos. Ora, uma pessoa que torna agradável e fácil o
aprendizado e faz com que os estudantes pensem por si mesmos será o que se pode
chamar um bom mestre. Há na educação quatro inconvenientes muito comuns, contra
os quais deve precaver-se o professor. Certos estudantes procuram aprender
demais ou demasiados assuntos, outros aprendem pouco ou poucos assuntos, alguns
aprendem com demasiada facilidade, outros facilmente perdem o ânimo. Essas
coisas demonstram que os indivíduos diferem quanto aos dotes mentais, e só
mediante o conhecimento desses dotes o professor poderá corrigir as respectivas
falhas: o professor não é senão alguém que faz por incrementar o que há de bom
e remediar o que há de mau em seus pupilos. Um bom cantor leva os circunstantes
a seguirem- lhe o canto, um bom educador leva os circunstantes a seguirem-lhe o
ideal: sua palavra é concisa, mas expressiva, ocasional, mas rica de sentido, e
ele tem ainda a habilidade de esboçar engenhosos exemplos que o façam melhor
compreendido pelos demais. Assim, pode-se dizer um bom educador aquele que faz
com que outros lhe sigam o ideal.
A
educação chinesa é hoje reconhecida como uma das melhores do mundo. Ela
consegue a façanha, no Brasil, de reunir positivamente as opiniões de grupos
divergentes [confira em
http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=4486 ], e tem alcançado os
melhores resultados em testes internacionais promovidos para aferir a qualidade
da educação ao redor do mundo.
Não
é exagero dizer que o fundamento da educação chinesa é milenar. Ela está
calcada na disciplina, na dedicação e no empenho árduo. Os chineses da
antiguidade tinham dois desafios pela frente, com os quais teriam que lidar
pelo resto de suas vidas: cuidar de uma terra difícil para se alimentarem, e
[quando podiam] aprender uma escrita ideográfica que tinha que ser praticada
para sempre, exigindo um enorme esforço de memorização. Não que a vida dos
chineses fosse simplesmente mais complicada ou mais fácil do que em outras
partes do mundo: mas desde cedo eles aprenderam a valorizar o trabalho e o
estudo, concomitantemente. Por essa razão, o trabalho do professor – que
conjuga ambas as necessidades – é valorizado e destacado nessa sociedade.
Somente em épocas difíceis na História Chinesa [como foi a Revolução Cultural
de 1966], os professores foram desrespeitados e perseguidos. Na época, o regime
político Maoísta apostava que para criar uma nova cultura, era necessário
eliminar os seus tradicionais transmissores [os professores]. O resultado foi o
que se viu: fome, pestes e calamidades que pareciam não ter fim. A dignidade da
docência foi recuperada, nos dias de hoje, a níveis que desconhecemos em nosso
país. Para se ter uma ideia da valorização do estudo na China, é comum que os
pais ofereceram dinheiro aos professores para que eles cobrem mais de seus
filhos na escola. Sim, é isso mesmo: uma espécie de suborno passivo não para
facilitar, mas para exigir empenho! [as implicações dessa prática podem ser
vistas aqui: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,professor-chines-ganha-mais-que-uma-maca,1557888 ]
Os
chineses sabem que, sem esforço, não vamos a lugar nenhum. Era o que Confúcio
já sabia ao resgatar esse fragmento que vimos há pouco. No século 6 AEC, o
sábio mestre chinês estava preocupado em salvar a sua civilização de uma
tremenda crise social e política pelo qual ela passava. Para ele, a solução
seria recuperar o sistema educacional chinês, estimulando o pensamento e a
consciência crítica. No livro Liji
[Registros Culturais], Confúcio apresenta um capítulo inteiro dedicado à
questão da Educação na China Antiga, propondo detalhes metodológicos e
estruturais. Ali, já está presente a concepção do esforço e do aprendizado
intensivo. Contudo, Confúcio sabia de outra coisa importante, que nos apresenta
nesse trecho: apenas o estudo intenso e cansativo não torna ninguém melhor. É
preciso reconhecer as aptidões e tendências dos alunos. É preciso fazer com que
o caminho do estudo seja uma via de felicidade e auto-realização do ser humano.
Sem isso, ela se torna apenas um preparador profissional. Confúcio defendia que
a educação deveria proporcionar uma identificação libertadora: seus alunos eram
estimulados a aprender artes diversas, de modo a se realizarem naquelas com as
quais encontrassem maior afinidade. Por isso o mestre ideal dá o exemplo: ele
conduz, não arrasta; ele chama, e não ordena; ele vivencia o que faz, e não faz
apenas por dinheiro. A docência é a medicina preventiva da alma, cuidando da
saúde plena do indivíduo por meio de sua preparação libertadora e consciente.
Como dizia o próprio Confúcio: ‘encontre um trabalho que você gosta, e nunca
precisará trabalhar’. Por essa razão, trabalhos como o recente livro de Amy
Chua sobre a ‘Mãe Tigre’, que reprime os filhos a exaustão em busca de
resultados, é uma excrescência, uma degradação do espírito tradicional de
educação confucionista [ou mesmo, chinesa]. Os chineses sabiam – e sabem – que sem
disciplina e dedicação, a educação não frutifica; mas estão a colher o
resultado de realizarem suas aspirações pessoais, trazendo ao mundo artistas,
músicos, intelectuais, cientistas; e todos eles prestam o seu tributo ao
professor, esse pilar inexorável na sobrevivência da humanidade.
Nasrudin
Nasrudin estava sendo
esperado em uma cidade. Praticamente toda a população estava reunida na praça
para ver o Mullá falar.
Nasrudin olhou para
aquelas pessoas e perguntou:
— Vocês sabem sobre o
que vou falar hoje?
Todos responderam ao
mesmo tempo:
— Não!
— Se vocês não sabem o
que vim falar, eu me retiro — e foi embora.
Tempos depois a
população conseguiu que Nasrudin voltasse à cidade para falar.
Mas combinaram que se
ele perguntasse novamente se sabiam o que ele ia falar, eles diriam que sim.
Quando Nasrudin chegou,
ele lhes perguntou novamente:
— Vocês sabem sobre o
que vou falar hoje?
— Sim!
Nasrudin disse então:
— Se vocês já sabem, eu
não preciso falar nada! — e se retirou.
Conseguiram então que
ele voltasse lá mais uma vez para falar. Dessa vez combinaram que metade diria
que sim, e metade que não.
Nasrudin então veio, e
perguntou mais uma vez:
— Você sabem sobre o que
vou falar hoje?
Metade gritou: Sim! E a
outra metade: Não!
Nasrudin respondeu:
— Muito bem. Então a
metade que sabe ensina para a metade que não sabe — e se retirou.
Nasrudin
foi um sábio sufi do século 13 EC, que passou sua vida no que hoje é a Turquia.
Seus ensinamentos destacam-se por uma ‘sabedoria oculta’: Nasrudin sempre se
faz de idiota ou bobo em suas histórias, que contém um fundo moral e filosófico
a ser desvendado. O objetivo era estimular a reflexão daquele que a lê, em
busca de um sentido mais profundo. Obviamente, aqueles que só leem
superficialmente as histórias de Nasrudin pensam tratar-se de piadas. O
Sufismo, porém, é um exigente movimento filosófico-religioso dentro do
Islamismo, cujo acesso e entendimento exigem bastante estudo por parte dos seus
praticantes. A atribuição de Nasrudin como um mestre sufi é, portanto, um
título que implica seriedade e espiritualidade desenvolvidas.
Demos
um longo salto histórico até aqui, partindo dos indianos e chineses; do mesmo
modo, não podemos afirmar que Nasrudin representa a todo o Islã. Contudo, o
resgate do fragmento de Nasrudin, presente em nossa conferência, tem um
objetivo claro: a valorização da autonomia no aprendizado. A postura
aparentemente insana e preguiçosa do sábio sufi tinha um propósito: o que
sabemos, de fato? O que não sabemos? E o que sabemos que podemos ensinar? E o
que não sabemos, que podemos aprender com os outros que estão próximos de nós?
Obviamente,
não estamos a banalizar a questão do aprendizado. É muito comum hoje,
principalmente no Brasil, a desvalorização do docente. As pessoas esquecem que
passaram por uma escola e por diversos professores. Agem como se tivessem
nascido com habilidade de ler, escrever, fazer contas. Quando erram em qualquer
coisa, culpam seus mestres, e não buscam em si mesmo a razão de seus erros.
Entendem que desrespeitar seus professores é quase um rito de passagem, da
adolescência desgovernada para uma fase cuja denominação está longe de ser
adequadamente classificada como ‘adulta’. Assim, quando se atinge o ápice do
conflito dentro da escola e na sociedade, as soluções são extremas: abandonar tudo,
e fazer um ensino descompromissado e indiferente, ou, impor um ensino rígido,
disciplinador e autoritário.
Nasrudin
nos chama a atenção para a responsabilidade individual na construção do
conhecimento. Quando assumimos, para nós mesmos, a tarefa de educar-nos,
encontramos naturalmente a disciplina e o esforço necessário para aprendermos.
Artistas, músicos, atletas, cientistas, intelectuais – todos aqueles que foram
ou são bem sucedidos sabem que, para alcançarem uma posição de destaque [ou
simplesmente, encontrarem a satisfação pessoal], é indispensável o estudo
curioso e prazeroso, para além do trivial e exigido na escola. Nesse momento é
que encontramos a autonomia do aprendizado, libertadora e consciente, que nos
torna seres responsáveis, éticos e plenos. Se achamos isso impossível, é que
estamos tão viciados em transferir a culpa de nosso problemas para os outros,
que não acreditamos ser possível educar as crianças sem violentá-las ou
comprá-las [métodos que, também sabemos, não funcionam]. Algumas experiências,
no entanto, nos mostram o contrário. No século 19, Joseph Jacotot, colocado
diante da difícil situação de ter que lecionar fora de seu país, em um idioma
que lhe era estranho, conduziu uma nova experiência pedagógica –a panecástica – em que os indivíduos
atuavam de forma autônoma no aprendizado, obtendo um sucesso significativo.
[veja o magnífico texto de Jacques Ranciére, O Mestre Ignorante. Autêntica, 2007]. Mais recentemente, a Escola da Ponte, em
Portugal, organizou-se de forma revolucionária: não dispõem de turmas, propõe
que os alunos se auto-organizem, se regulem, troquem experiências e
conhecimentos, e seu regime de estudo é feito por orientação, quebrando a
rigidez do sistema de disciplinas. [Veja aqui: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/jose-pacheco-escola-ponte-479055.shtml
e
também:
Seus
índices de aprovação são excelentes dentro do país, e a escola sofre muito
menos problemas de disciplina do que outras. Por fim, a experiência da
Finlândia – notável no quadro mundial da educação – se encaminha para uma
integração dos saberes, estimulando o empreendedorismo e o conhecimento
holístico por parte dos alunos. [ver:
O
que Nasrudin sabiamente nos revelara, pois, é que podemos realmente ensinar uns
aos outros; não podemos dispensar a orientação dos educadores, cuja experiência
e o conhecimento nos conduzem no caminho da auto-descoberta. Contudo, os alunos
precisam ser saudavelmente estimulados a buscar conhecimento, sob o risco de
tornarem-se eternamente dependentes, alienados e desprovidos de uma consciência
autônoma.
Conclusão
Esse
breve passeio por três opiniões tão antigas, quanto distintas, nos conduzem a
uma unidade crucial na história do ensino: é necessário, de alguma forma,
priorizar o sentido de educar-se. Nessas três experiências duráveis e bem
sucedidas, o fator comum é a questão ética – quer seja dita espiritual, ou
simplesmente realizante para o indivíduo. Os milênios de história da
aprendizagem entre os ‘orientais’ nos mostram que, sem a ênfase positiva no ser
humano, nenhuma civilização pode durar e alcançar sucesso. A educação
mercantilizada mostra que seus aparentes sucessos têm efeitos curtos e
limitados, e os danos posteriores se manifestam claramente na escalada de
violência, na dependência externa e no vazio existencial que se cristaliza no
consumismo e no desregramento. Hannah Arendt percebera isso na educação norte americana, ícone das
práticas mercadológicas de educação [no ensaio ‘Crise na Educação’ in Entre o passado e o futuro. Perspectiva, 2005]. Reportagens mais
atuais mostram que os Estados Unidos está sofrendo as terríveis consequências
do ‘pragmatismo’ na educação básica; e enquanto isso, tentamos adotar modelos
similares [já testados, e fracassados] no Brasil... [ver: http://blogs.edweek.org/edweek/top_performers/2015/04/why_have_american_education_standards_collapsed.html?intc=mvs e
também: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=2553 ]
Ora, se gostamos tanto de pensar a educação a partir de
teorias estrangeiras...talvez valha a pena, então, dar uma olhada nas bem
sucedidas experiências ‘orientais’. Plenas de sabedoria, e aprovadas no mais
exigente teste da história – o tempo – elas nos mostram que apostar na
Humanidade ainda é, entre todas, a melhor escolha.
Para ler
Os
Upanishads: http://estudantedavedanta.net/Os-Upanishads-Traduzido-por-Swami-Prabhavananda-Portugues.pdf
O texto
sobre Educação do Liji: http://chines-classico.blogspot.com/2007/07/liji-extratos-do-livro-dos-rituais-01.html
E também:
Annping Chin Autêntico Confúcio São Paulo: JSN, 2014.
André Bueno. EducArte – a educação chinesa numa visão confucionista.2011
Disponível em: https://www.academia.edu/1439632/EducArte_-_a_Educa%C3%A7%C3%A3o_Chinesa_numa_vis%C3%A3o_confucionista
Contos de Ensinamento do Mestre Sufi Nasrudin. São Paulo: Dervish, 2001.
Histórias da Tradição Sufi. São Paulo: Dervish, 1993.
Emile Gathier O pensamento Hindu. Rio de Janeiro: Agir, 1996.
Heinrich Zimmer Filosofias da Índia. São Paulo: Palas, 1997.
Em que aspecto a filosofia de Confúcio, contribuiria para o sucesso ou fracasso de um projeto de Educação Superior em Guiné-Bissau?
ResponderExcluirCaro Jayro, obrigado por sua pergunta!
ExcluirEssa é uma especulação bastante interessante. Penso que o Confucionismo deve ser entendido como uma doutrina educacional tão válida quanto tantas outras ocidentais - e com um sucesso milenar. Todavia, como somos diferentes dos chineses, em termos culturais, as teorias confucionistas precisariam ser adaptadas. Para o caso de Guiné-Bissau, ou do Brasil, penso que os valores fundamentais confucionistas - disciplina do estudo, valorização da educação, paixão pela leitura - são tanto conhecidos como apreciados por nós; mas o Confucionismo é a prova viva que eles podem dar certo, no processo de continuidade de uma civilização. Creio que essa experiência é o elemento mais relevante para nossa compreensão.
saudações! =)
André Bueno
Por quais motivso há no sistem escolar brasileiro uma insistência em infantilizar o aluno tornado-lhe dependente do professor?
ResponderExcluirIvone Gomes.
brigadacaruaru-pe@bol.com.br
Cara Ivone,
Excluirum questionamento pertinente. Não estou certo do ensino atual infantilizar o aluno. Entendo que existem fases no ensino, claro, em que se deve respeitar a condição infantil da criança. Por outro lado, concordo que o ensino brasileiro, no geral, não tem sido capaz de promover uma maturidade intelectual - no sentido de criar disciplina de estudo, de paixão pelo saber - pois ele tem agido um 'facilitador', se desobrigando cada vez mais de fornecer os subsídios fundamentais para o aluno. Nesse sentido, entendo que os alunos brasileiros não são dependentes dos professores, ao contrário: a questão é que, justamente, não se respeita a figura do docente. A carga do ensino é toda jogada sobre os ombros dos professores, e os culpam quando algo dá errado, o que pode dar essa impressão de que o aluno depende do docente. Mas no meu ponto de vista, o problema fundamental da atualidade é a transferência de responsabilidades. Espera-se que o docente faça tudo, incluindo o papel de familiar, de tutor, de animador, exigindo-lhes deveres, mas negando-lhes direitos. Confúcio já dizia: é tentar ensinar pra quem não quer aprender. Isso é cultural, e pode ser mudado. Mas para isso, precisamos vislumbrar experiências educacionais que provam que apostar no ensino vale a pena.
saudações! =)
André Bueno
Bom dia, gostaria de duas orientações: Como aplicar a metodologia da ARTE DE ENSINAR DOS ORIENTAIS, nas salas de aula OCIDENTAIS? E que materiais didáticos posso utilizar? Desde já obrigada pela atenção.
ResponderExcluirCara Talyta, tudo bem?
ExcluirObrigado por sua pergunta.
No texto, discutimos três formas de ensinar, que não se excluem, mas que possuem autonomia. Isso significa que, em geral, optaremos por alguma forma de ensino: espiritualizado, disciplinado ou panecástico... que envolvem metodologias específicas. Assim, entendo que o caminho é conhecer mais profundamente as metodologias debatidas, e investir naquela com a qual se tem mais afinidade. Procuro sempre insistir em um ponto: as experiências asiáticas são referências para nós, pois são testadas há milênios. Ademais, a história asiática deve ser incluída em nosso currículos, já que não é mais possível sustentar um ensino focado apenas no Ocidente sem incorrer numa grave alienação cultural. Para isso, diversas fontes tem sido traduzidas, mas ainda há um longo percurso a percorrer. Eu gostaria de convidá-la a visitar meu projeto: www.orientalismo.blogspot.com.br Lá, temos uma iniciativa nesse sentido.
saudações,
André Bueno
DE ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
ExcluirA EDUCAÇÃO CONFUCIONISTA VEM A SÉCULOS SENDO APLICADA NAS ESCOLAS DA CHINA, POR EXEMPLO... E O BRASIL QUANTAS TRANSFORMAÇÕES E MUDANÇAS ESTRUTURAIS NA EDUCAÇÃO FORAM APRESENTADAS E MUITAS VEZES COM RESULTADOS INSATISFATÓRIOS. PORÉM VEM UMA IDEIA UM TANTO DIFERENTE, SE TEMOS VÁRIAS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL, PRINCIPALMENTE NAS ESCOLAS PARTICULARES. POR QUE NÃO TER UMA ESCOLA COM MÉTODOS NO CONCEITO CONFUCIONISTA NO BRASIL? ERA UMA BOA PEDIDA
ELOIS
Existem políticas ou iniciativas no MEC no sentido de promover o conhecimento oriental abordado neste artigo? - João Gilberto Solano
ResponderExcluirCaro João,
Excluirobrigado por sua pergunta. Iniciativa oficial, no sentido do ensino, não. Mas, um grande número de bolsas tem sido concedidas para estudantes fazerem sua formação na China e no Japão, por exemplo. É um fenômeno novo, muito recente, mas que promete frutificar.Na cidade de Niterói [Rj], temos já uma escola pública bilíngue, que ensina chinês no fundamental. Essa iniciativa notável promete mudar esse panorama daqui algumas décadas.
saudações,
André Bueno
Como o professor de História pode articular os ensinamentos orientais com a realidade cultural de seus alunos no Brasil? - João Gilberto Solano
ResponderExcluirCaro João,
ResponderExcluircontinuando nosso debate: penso que há muito de oriental em nosso país. Comecemos pelo básico: ao entrar numa sal de aula, pergunta qual é o aluno que NÃO tem um produto chinês consigo. Essa presença é física, real, mas por questões culturais, nos recusamos a aceitá-la. Comemos pastel, arroz, macarrão, curtimos filmes de artes marciais...há uma plêiade de oportunidades para realizar esses links. A prof. Helayne Cândido fez uma experiência nesse sentido, relatada no simpósio anterior:
http://simpohis.blogspot.com.br/p/helayne-candido.html
Aqui, podemos encontrar subsídios para a elaboração de um programa de aulas no tocante ao tema. =)
saudações!
André Bueno
Em que medida seria possível nos utilizarmos da filosofia Oriental e de ensinamentos que derivam de textos religiosos quando nos vemos constantemente confrontados pela intolerância religiosa nas escolas brasileiras, predominantemente católicas e evangélicas? A intolerância não se aplicaria frente ao Confucionismo, Hinduísmo e Sufismo em razão da incapacidade da implementação de um modelo pluralista religioso no Brasil? Ou seria só uma questão necessariamente vinculada ao ódio às religiões de matriz africana?
ResponderExcluirVictoria Carvalho Junqueira
Cara Victoria, saudações!
ExcluirPreconceito há, desde muito tempo atrás. Os episódios de intolerância que vemos hoje são a face da reação violenta ao enfrentamento com a realidade. A constância no estudo e no ensino esclarecedor é que pode modificar, lentamente, esse panorama. Ninguém nasce preconceituoso, torna-se. Mas claro, há um grande trabalho pela frente. Muitos [des]educadores são os primeiros responsáveis por essa recusa numa aceitação e integração mais ampla. Contudo, a desinformação é o maior problema. Com um diálogo franco, muitas imagens estereotipadas se desfazem, criando pontes para uma verdadeira troca cultural. Por essa razão, precisamos exercitar sempre esse ensino afro-asiático-índio, e o que mais vier! =)
Bom dia, professor.
ResponderExcluirMinha questão, em verdade, já foi esboçada por uma colega anteriormente, não obstante, gostaria de direcioná-la para outra rota. Nossa sociedade "ocidental" desconhece e negligencia boa parte da cultura que não provenha da Europa Ocidental, e por isso uma dificuldade imensa se faz presente nas abordagens metodológicas atuais.
Como trazer um modelo plural para dentro de sala de aula sem desrespeitar os modelos orientais (como o caso do indiano, que está muito ligado a sua espiritualidade, e que reflete muito sua sociedade) e assim mesmo não subverter os nossos moldes ocidentais que são parte do que nos constitui como indivíduos autônomos?
Obrigado desde já.
Caro Douglas, obrigado pela sua pergunta!
ExcluirCreio que tudo faz parte de um processo de conscientização. Temos muita coisa 'oriental', se contarmos toda a forte presença árabe e japonesa no Brasil. A questão toda é como ensinar. Ninguém teme, por exemplo, o ensino de Judo como uma "ameaça japonesa". Por outro lado, toda a abordagem histórica é, por assim dizer, um 'desrespeito'. A gente vai lá, mexe como que tá no seu canto, e tenta descobrir o que é. =D Assim sendo, não creio que deixaremos de ser brasileiros se integrarmos elementos de outras culturas - aliás, ser brasileiro não é fruto dessa larga herança de mestiçagem? Tudo que absorvemos, e refutarmos, há de ser pelo nosso interesse - mas que seja consciente, e não calcado na ignorância ou no medo do outro. =)
saudações!
Boa Tarde,como graduando de história na UERJ,quero me especializar na História Oriental com foco no Japão,gostaria de saber a sua opinião,de nós graduandos e futuros historiadores,querendo mais conhecimento sobre a historia asiática,tendo que ir no curso de letras para conseguir eletivas dessa área?
ResponderExcluirLeonardo Irene Pereira Guarino
Caro Leonardo, tudo bem? =)
ExcluirOlha, aprender o japonês é um instrumento importante no entendimento dessa cultura, tendo em vista seu desejo de especializar-se no tema. A Uerj, inclusive, tem um curso excelente de japonês, que vale a pena fazer. Ademais, conhecer as línguas dos nossos objetos de estudo é um item indispensável, se tivermos em mente um aprofundamento.
saudações! =)
Olá professor, boa tarde.
ResponderExcluirO sr. inicia o texto apontando sua resistência em utilizar o termo 'oriental' como designação para um continente tão colossal e diverso como a Ásia. Essa questão me leva a outra, que é o fato de como a imensa diversidade histórica da Ásia e sua contribuição para a formação de nossa sociedade passa batida em nossa formação escolar e, inclusive, acadêmica. A contribuição das diferentes sociedades asiáticas é frequentemente elidida em favor de outros conteúdos.
Minha questão para o professor vai nesse sentido: como podemos superar essa 'deficiência' histórica? Como introduzir nas aulas de nossas disciplinas, especialmente história e filosofia, conteúdos que dialoguem e ampliem esses horizontes, levando ao reconhecimento das contribuições das diversas civilizações para cultura e concorrendo para a formação de um ensino mais plural, mais amplo e totalizante??
Israel da Silva Aquino
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Caro Israel, obrigado pela pergunta!
ExcluirPodemos fazer essa inserção de várias maneiras. Vou dar um exemplo [entre muitas possibilidades]: se usarmos o ensino por ciclos históricos, quando analisarmos 'Idade Antiga', vamos falar de Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Israel, Índia e China, antes dos gregos e romanos. Veremos como o quadro histórico se redimensiona incrivelmente. No período medieval e moderno, se amplia mais ainda, e mostra as inter-relações entre as várias partes do mundo. Essa é uma opção que só depende de uma boa atualização entre os docentes de ensino fundamental. Aos poucos, o interesse abrirá os espaços. Mas: nossas metodologias podem dar conta sim de abordar os conteúdos asiáticos; o maior desafio mesmo tem sido o desconhecimento, que cria a situação de ausência no ensino.
saudações!
Boa tarde professor,
ExcluirConcordo contigo, embora entenda que ai se abra um novo desafio para os professores, que seria dar conta da ampliação do conteúdo a ser trabalhado em sala. Entendo, por isso, a necessidade de que para avançar nesse sentido tenhamos de trabalhar com a interdisciplinaridade, envolvendo outras disciplinas do currículo, como forma de tornar o ensino de História mais abrangente.
Boa tarde! Sou professora em uma instituição militar, voltada para a formação profissional. Estamos passando pelo processo de construção de um currículo por competências, o que tem gerado uma ampla reflexão sobre a existência de um modelo de aluno que se visa "formar", resultado da habilidade de executar determinadas tarefas. Como pensar a autonomia e o despertar do senso crítico do aluno, como proposto pelos modelos que o senhor trouxe, nos cursos voltados para a educação profissional?
ResponderExcluirObrigada,
Gabriela Carames Beskow
Cara Gabriela, obrigado por sua pergunta.
ExcluirAo longo do texto, pensamos três modelos - assim como o modelo militar, também, é uma opção. De fato, creio que qualquer formação crítica depende de uma atitude nesse sentido - ou, de fornecer subsídios para um desenvolvimento intelectual e moral. Precisamos antes de tudo conhecer o aluno que temos em mãos, e ver em qual perfil ele se enquadra melhor [e por isso, entendo ser necessário uma diversidade de escolas, cujos modelos ofereçam opções de ensino diversificadas, e não massificadas].No caso de um ensino mais técnico: temos amplas possibilidades desse encaminhamento no chamada a apreciação estética do trabalho e das formas, no sentido de uso do produto final, na valorização ética do trabalho... Embora as vezes, com tempo escasso, é possível inserir momentos dessa aprendizagem conscientizadora, quer por meio de disciplinas específicas, ou no aproveitamento do tempo de um curso de humanas.
saudações! =)
A questão do debate no Brasil sobre o ensino espiritual nas escola, me remete a uma questão maior. Porque então as escolas, num processo democrático, tivessem a liberdade de escolher coletivamente, qual orientação espiritual pretenderiam ensinar.Isso não nos levaria a um ensino muito mais livre e direcionado para os valores que a maioria das religiões doutrinam?
ResponderExcluirOutra questão: Em que momento se perdeu a ação de reflexão nas escolas sobre os valores humanos, sociais?
ResponderExcluirBoa tarde Professor André,
ResponderExcluirObrigado pela sua excelente explanação. É possível atribuir o sucesso dos três modelos apresentados ao forte legado cultural e identitário daquele povo? Como utilizar-se destes modelos em uma sociedade em que muitos [em pleno século XXI] não acreditam que a educação é extremamente necessária para a transformação do cidadão e do meio em que ele vive?
Caro Leanderson,
Excluiruma boa pergunta: de fato, penso que a sobrevivência civilizacional, e a manutenção da identidade, estão justamente alicerçadas nesses modelos educativos. Essas três culturas obtiveram sua continuidade em função da preservação de seus elementos fundamentais, dados pela educação. Isso, por si só, prova que a durabilidade desses modelos merece um exame - ainda mais, porque eles atravessam o século 21. Assim, invertendo o paradigma: é p século 21 que deve perguntar, do alto de sua supremacia tecnológica, o que essas civilizações fizeram para preservar sua identidade. Eis um caminho instigante!
saudações!
Boa tarde. Gostaria de saber até onde a disciplina pode ser ou não negativa para a aprendizagem dos alunos. No Brasil há instiruições públicas ligadas as secretarias de educação e outras ligadas as forças armadas e forças auxiliares com um método disciplinar militar. Pois bem, há debates sobre a eficiênncia de uma diciplina militar e até que ponto ela pode melhorar o sistema de ensino.Há casos de escolas públicas que foram administradas pelas secretarias de educação e que passaram a ser administradas por instituições militarizadas. O professor André Bueno concorda com esse tipo de diciplinarização como forma de melhoria ou solução para antigos problemas de disciplina escolar ?
ResponderExcluirGABRIEL COSTA SOARES
Caro Gabriel,
Excluirpergunta quente, e atual! =) Eu entendo que o modelo militarizado é um modelo, e não 'O Modelo'. Em meu ponto de vista, devemos ter opções escolares variadas, para que o aluno encontre um ambiente no qual se enquadra melhor. Nesse sentido, o ensino militarizado tem ganho um destaque positivo, por conta da falência de muitas instituições públicas de ensino frente ao descaso governamental e ao desinteresse docente. Posso resumir minha ideia no seguinte: o ensino militarizado [embora não o tenha abordado no texto], é uma opção válida na administração de disciplina, e tem um apelo forte na construção de valores. Seus pontos fracos são, por vezes, uma formação que não privilegia o senso crítico [o que significa dizer que teremos eleitores bem comportados, mas que continuam votando mal]. Por outro lado, o ensino de artes, músicas e esporte enseja a construção da disciplina, no aluno, sem uma ordem militarizada. Assim sendo, é um modelo que deve estar disponível: mas como todos os modelos, não é uma panacéia, e tem implicações sociais importantes.
saudações!
Boa Tarde Prof.Bueno!
ResponderExcluir-Professor foi dito que duas coisas são fundamentais na esucação chinesa que seriam a disciplina e a dedicação mas o Sr.não acha que no Brasil esses valores parecem ser desestimulados por uma sociedade de consumo e superficial?
-Como fazer para que nosso aluno se desaliene numa sociedade onde os valores são tão instáveis e voláteis?
Alfredo Coleraus Sommer
Caro Alfredo, saudações!
ExcluirPenso que valores como dedicação e disciplina não são estranhos á cultura brasileira - do contrário, não teríamos gênios como Machado de Assis ou Santos Dumont. Digamos que esses valores estão 'fora de moda', mas as necessidades prementes de nosso país frente a globalização, motivados por pressões internas e externas, naturalmente forçaram uma mudança nesse quadro. O intuito de pensar a educação chinesa, aqui, é de mostrar um exemplo de que essa aposta dá certo; e toda a movimentação existente no Brasil atual, em torno da educação, resulta desse incômodo, dessa inadequação à realidade. Em breve, pois, acho que redescobriremos esses conceitos. =)
Boa tarde, a metodologia oriental de ensino é muito eficaz para o aprendizado.Porém no brasil, sabemos que o estado é laico. POr conta disso, como poderia incluir um aprendizado mais espiritualizado nas aulas? Sabe-se que o currículo educacional do Brasil é influenciado pelo currículo escolar Norte- Americano. Meditação escolar pode virá uma disciplina?
ResponderExcluirFabricio rodrigues sozar.
Caro Fabrício, saudações!
ExcluirNão sei se o Brasil é laico, apesar de se propor como tal. Mas, se no espaço da aula de religião, ou mesmo, se no momento da educação física, ou ainda, em horário além do turno normal, inserir a meditação é viável, possível, e tem dado resultados excelentes na harmonia do ambiente escolar. Lembremos, ainda, que meditação é uma ginástica mental- existem várias formas, e elas não tem relação direta com religiosidade, embora seja bastante promovida por religiões. Não sei se ela vira disciplina; mas ela pode ocupar um daqueles horários em que você poderia escolher aulas extras de espanhol, de matemática, de arte, de história, etc..
=)
Muitíssimo obrigado pela colocação de não saber se o brasil é laico, pois me pôs em reflexão da política brasileira de se instituir como tal, porém , pode existe uma tendência religiosa do governo.
ExcluirFabricio rodrigues sozar.
Boa tarde!
ResponderExcluirComo encarar o desafio de introduzir UMA cultura educacional em um país de dimensões continentais e com tanta diversidade social? E como a Índia, com suas castas, possibilita enfrenta essa temática? Grato por sua excelente colaboração.
João Batista Homem Fagundes
Caro João, por partes;
Excluirnão defendo a imposição de métodos educacionais sem uma elucidação prévia do que se deseja alcançar. Por isso, penso nessa diversidade de modelos, que podem atender a variação de interesses.
Quanto a o problema das castas, na Índia, está sendo resolvido, justamente, por uma educação mais igualitária, que colocou no plano das conquistas sociais e morais o seu desenvolvimento tecnológico e cultural. Por isso, a Índia de hoje se encaminha para mudanças importantes no aspecto religioso e político, para além dos avanços que tem obtido nos mais diversos campos do saber.
saudações! obrigado! =)
Boa tarde!
ResponderExcluirEm tempos de alta tecnologia e a diversidade cultural e social do Brasil seria impossível um dos três tipos de sistema educacional funcionar. Acredita-se que o problema esteja na valorização do professor, que é base para qualquer profissão e para vida, de qual forma a educação brasileira poderia utilizar o sucesso da educação "oriental" para mudar o seu sistema educacional que parece que é tão parecido com o prisional?
Cara Graziela, saudações!
Excluir-não acho impossível não... estamos aqui, em ambiente eletrônico, discutindo formas de pensar antigas. Isso significa que esse saber já chegou até muitas pessoas. =)
-se buscarmos as identidades, ao invés das diferenças, veremos que o Brasil é mais possível ainda do que imaginamos: já temos escolas inspiradas em algumas dessas experiências, como indico ao longo do texto. Na diversidade, encontraremos as respostas de que precisamos.
-quanto ao sistema prisional, eu não entendi se se referia ao brasileiro ou ao asiático.
=)
Eu acredito que o grande sucesso do ensino oriental se deva a disciplina. Por outro lado sabe-se que a taxa de suicídios no Japão, por exemplo, entre jovens, é grande,pois existe uma grande expectativa no futuro desses jovens e quando eles não atendem a essa expectativa, muitos cometem suicídio. Pensando na educação brasileira, com tantas leis de proteção aos alunos,que oferecem mais direitos que deveres, como seria possível adaptar o método de ensino oriental no Brasil?
ResponderExcluirCara Cintia, obrigado pela pergunta!
ExcluirO caso japonês é diferente dos outros três. Embora influenciado pela cultura chinesa, ele tem uma forte carga cultural ligada ao suicídio. os chineses, ao contrário, conseguem ótimos resultados e não se matam. Nesse ponto, sua cultura entende que há fracasso, mas como disse Mêncio, discípulo de Confucio: fracasso não é errar, e desistir de tentar. Nesse sentido, pois, os chineses apresentam uma tensão bem menor. Quanto a adaptar no Brasil: propondo escolas que adotem métodos similares. Como afirmei em outro comentários, acredito em diversidade de modelos de escolas. Um modelo unificado tende a desconhecer a singularidade. Uma escola de inspiração indiana, por exemplo, vai atrair pessoas interessadas nesse tipo de experiência: e gradualmente, se ela for bem sucedida, irá apontar os caminhos necessários a uma plena integração e a adaptação, transformando-se depois em referência para outras.
=)
Eu acredito que o grande sucesso do ensino oriental se deva a disciplina. Por outro lado sabe-se que a taxa de suicídios no Japão, por exemplo, entre jovens, é grande,pois existe uma grande expectativa no futuro desses jovens e quando eles não atendem a essa expectativa, muitos cometem suicídio. Pensando na educação brasileira, com tantas leis de proteção aos alunos,que oferecem mais direitos que deveres, como seria possível adaptar o método de ensino oriental no Brasil?
ResponderExcluirBoa tarde!
ResponderExcluirComo podemos comparar os aspectos ocidentais e orientais de ensino, no caso no padrão escolar?
Segundo uma perspectiva, que posso tirar de Ken Robinson, vivemos um padrão "fast food" de ensino, com a supervalorização de determinados fatores como língua e exatas na ponta do sistema e as ciências humanas e artes no final da cadeia. Como o padrão oriental influência nessa discussão?
Hugo Lorega
Caro Hugo, ótimo apontamento!
ExcluirIndianos, chineses e japoneses também tem forte atração pelas exatas; mas, o ensino de humanas começa já em casa, também. A Identidade cultural exerce uma grande pressão sobre a manutenção da área de humanas, no sentido de preservar a cultura. [por isso, uma tentativa recente e desastrada no Japão de retirar humanas dos currículos foi atropelada pelo público]
Ademais, os chineses, por exemplo, valorizam muito aprendizado musical e artístico das crianças, que entendem auxiliar na disciplina. Desse modo, pois, a educação fast food é própria de regimes políticos interessados em alienar a população, e mantê-la sob o domínio da ignorância. Os países que tem consciência disso investem, de um modo ou de outro, numa visão menos restritiva de humanas. Nesse sentido, a experiência asiática pode nos servir de referência.
saudações!
Prezado Prof. André Bueno, Magnífico o texto. Me senti muito envolvida durante a leitura, e arrebatada por cada personagem. Parabéns! Estou ansiosa para recebê-lo em Pernambuco no Encontro de História Antiga e Medieval, será uma honra. Minha maior dificuldade sempre foi conseguir explicar para os alunos quais os limites entre o ocidental e oriental? o que diferencia um do outro? Estou aberta para indicações de leituras.
ResponderExcluirAtenciosamente
Carolyne do Monte
Carolyne, obrigado por suas gentis palavras! =)
ExcluirBem, vamos lá: quem disse que é fácil explicar o que é Ocidente Oriente? Pra mim também é, rsss Antigamente, 'oriental' era uma designação vaga, que representava tudo que 'estava do outro lado'. Por essa razão, até mesmo o Uruguai foi denominado 'oriental' [o outro lado do rio Prata]. Aplicado ao contexto asiático, essas denominações continuam vagas, significando qualquer coisa entre Israel e Japão... Por isso, a leitura de Edward Said, 'Orientalismo a invenção do Oriente pelo Ocidente' segue sendo uma leitura importante. Mas te indicarei dois links muito bacanas sobre a questão:
https://www.youtube.com/watch?v=ZbKBRMn0hWM
https://www.youtube.com/watch?v=AbzGGYA3dbg
Uma estruturação psiquica, cultural e social é estruturada no documentário.
Espero ter ajudado! =)
até agosto!
Sim ajudou muito. Obrigado.
ExcluirAté Agosto!
Boa noite, professor. Seu texto traz contribuições muito significativas, principalmente diante do contexto em que estamos vivendo. Casos de professores espancados, escolas sendo fechadas e de alunos da geração Z com uma dificuldade cada vez maior de concentração, disciplina e respeito entre si. Eu desconheço a realidade desses países no que se refere a Educação de Jovens e Adultos e de alunos portadores de necessidades especiais. Por isso, a minha pergunta seria: como essas três metodologias lidam com as especificidades que esses dois públicos apresentam?
ResponderExcluirAtenciosamente,
Mayara Faccin
Cara Mayara, tudo bem? =)
Excluirseria em relação aos alunos comuns ou aos alunos especiais?
saudações!
Tudo ótimo. Seria com relação a dois públicos distintos: alunos da Educação de Jovens e Adultos e alunos portadores de necessidades especiais.
ExcluirOlá, gostaria de saber se já existe alguma metodologia aplicando o sistema de educação oriental aqui no ocidente, e se esse método pode ser influenciado de acordo com o público alvo e das condições de aprendizagem da sala.
ResponderExcluirDesde já, obrigada.
Crislli Vieira - Aluna de Licenciatura em História
Cara Crislli, obrigado pela pergunta!
Excluirconversamos um pouco sobre isso nas questões anteriores; mas em suma, eu acredito na diversidade de modelos escolares, justamente prevendo a diversidade alunos também. São porém, escolas ligadas ao bem estar, a socialização, e não um modelo de escolas hierarquizadas. Enfim, um sistema escolar que possa atender a demanda da multiplicidade, e que seja auto-realizante. =)
Obrigada pela resposta, professor André! Realmente, esse tipo de modelo é inspirador. Acredito que a diversidade, principalmente em países como o Brasil, é muito grande, e que dar a devida atenção à isso é de suma importância. Porém, isso deveria partir também de nós, professores? Devemos tratar os alunos com base em suas diversidades e diferentes capacidades? Tenho a intenção de trabalhar assim na sala, mas conheço escolas que não dão tanta liberdade ao ponto de o professor escolher uma maneira diferente para dar aula do que o modelo tradicional. Isso atrapalha?
ExcluirBoa noite professor. Parabéns pelo belo texto! Acredito que os ensinamentos orientais são de grande valia para que nós professores possamos nos apropriar e adequar a nossa realidade. Contudo fico um pouco apreensiva por conta da indisciplina que paira sobre nossos jovens e que em grande medida é culpa da "educação" (ou falta dela) passada pelos pais. Gostaria de saber sua opinião sobre a necessidade das Universidades discutirem como os futuros professores podem utilizar dos ensinamentos orientais para melhorar a prática educativa.
ResponderExcluirOutra questão: Como nós professores podemos despertar nos estudantes a responsabilidade individual na construção do conhecimento?
Atenciosamente,
Adrielle dos Santos Silva
Cara Adrielle,
Excluira atual indisciplina é resultado de duas décadas de uma educação alienante, que ensinou toda uma geração a transferir responsabilidades, e não a assumi-las. Todavia, isso já está mudando: a própria realidade de mercado, de trabalho, entre outras, pressiona essas mudanças. Vendo assim, entendo que a oportunidade para testarmos novos modelos educacionais, que recuperem esse lapso disciplinar, estão se abrindo novamente. Isso trará naturalmente os alunos a participação na construção do ensino. o 3o modelo discutido no texto, indicando a escola da ponte, mostra como isso pode acontecer num futuro próximo ainda, por exemplo.
saudações! =)
Sabemos que a cultura oriental é milenar, estruturada em valores éticos, morais e espirituais que permeiam toda a vida em sociedade. Aplicar esse método de aprendizagem equivaleria a mudar drasticamente nossos conceitos educacionais dentro e fora da escola. Quando se trata de cultura a mudança é árdua e lenta. Atualmente já existem no Brasil políticas educacionais que procuram suscitar o protagonismo juvenil. Enfim, não seria um obstáculo para a aprendizagem autônoma a própria postura do professor em sala de aula? Que além de pertencer a uma sociedade que não privilegia seu trabalho, pode perder seu posto de detentor do conhecimento?
ResponderExcluirSabemos que a cultura oriental é milenar, estruturada em valores éticos, morais e espirituais que permeiam toda a vida em sociedade. Aplicar esse método de aprendizagem equivaleria a mudar drasticamente nossos conceitos educacionais dentro e fora da escola. Quando se trata de cultura a mudança é árdua e lenta. Atualmente já existem no Brasil políticas educacionais que procuram suscitar o protagonismo juvenil. Enfim, não seria um obstáculo para a aprendizagem autônoma a própria postura do professor em sala de aula? Que além de pertencer a uma sociedade que não privilegia seu trabalho, pode perder seu posto de detentor do conhecimento?
ResponderExcluirDebora Shizue Matias Takano
Debora, pergunta ótima!
Excluirpenso o seguinte: professores que se acham detentores do saber, hummmm terão problemas - aliás, estão tendo....e sim, tem muitos profissionais que não se atualizam, nem admitem certa flexibilidade na relação com os alunos...
- protagonismo dos alunos: uma força incrível, mas que precisa se direcionar, sempre, para o bem. Confúcio disse: estudar sem refletir é inútil; refletir sem estudar é perigoso. Isso ainda vale - ainda mais que muitos estudantes, depois, podem ser professores! que o protagonismo não se torne antagonismo entre alunos e profes, tendo em vista que o inimigo comum é a estrutura educacional, e não a vida escolar em si.os movimentos aqui na UERJ e nas escolas de São Paulo mostraram os dois lados desse movimento: o ótimo, que eu apoiei ao vivo, o motor de uma mudança legítima, e um nem tão bom, que presenciei também.
modelos educacionais: mudar drasticamente? não sei. consumimos muitos modelos importados, e grande parte não dá certo. questiono é se não vale simplesmente experimentar algo diferente agora -e talvez, por isso mesmo, possa dar certo.
de fato, toda mudança é lenta. mas as 'mudanças estão mudando mais rápido' ultimamente... é momento de pensar nisso tudo.
=) obrigado!
Boa noite.
ExcluirSua resposta foi muito pertinente, me fez refletir sobre meu próprio trabalho e de colegas no que tange a persistência que empreendemos numa mudança de conduta dentro da escola. Há aqueles docentes que resistem categoricamente, outros vão continuar, mas ao longo do processo abandonam o projeto. Aí, como diz o ditado "uma andorinha só não faz verão". Devemos sim experimentar novas metodologias e assim como os orientais ter persistência, paciência e principalmente disciplina.
Debora Shizue Matias Takano
Temos docentes, e temos aqueles que só 'Dor-sente', só reclamam, pegam o salário e saem correndo. rsss Ensinar tem que ter paixão mesmo. E isso temos, e sabemos. mas uma vela, só, ilumina a escuridão. quem aceder a vela de seu amor pela educação, há de atrair os vaga-lumes dispersos no campo.
Excluirte agradeço pela mensagem =)
A educação oriental é milenar, pois há mais de três mil ano pode-se dizer que ela se preocupa com sua própria transformação e com o mundo, além de as famílias, sociedade, mestres e religiosidade estarem envolvidas nela.Seria possível mudar a realidade da educação brasileira se adotássemos este modelo de educação? E será que a nossa educação está nesta situação apenas por causa da falta de interesse dos alunos e governos? Ou muitas vezes os professores que não buscam cativar seus alunos?
ResponderExcluirMariana dos Santos Firbida.
Cara Mariana,
Excluireu prefiro mesmo que a gente crie modelos nossos - temos Paulo Freire, Anísio Teixeira...temos pensadores muito bons. Mas acho que podemos buscar referências e experiências nesses modelos asiáticos sim - afinal, buscamos tantas teorias lá fora...
No mais, os professores andam meio preguiçosos sim - mas também, desmotivados, desanimados...enquanto não voltarmos a valorizar a figura do professor, a coisa vai ficar meio parada.
saudações!
Boa noite, professor e colegas. Enquanto lia o texto e os seus complementos e observava que, de fato, os resultados desta modelagem educacional enfrentou e superou crises e situações dramáticas, uma indagação foi me perseguindo: num Estado laico, cuja educação pública (ou privada) deva seguir os mesmos moldes, ou seja, a laicidade, como seria a maneira mais adequada de introduzir elementos de cunho "oriental" na pedagogia e nos projetos educacionais brasileiros?
ResponderExcluirMuito obrigada.
Ana Lúcia de Cinque Furini - Professora de História.
Cara Ana,
Excluirnão sei se o Brasil é tão laico quanto se diz na cartilha, mas, posso dizer o seguinte: nem tudo que vem da Ásia é, também, só religioso. Isso é uma das visões deturpadas que temos da Ásia. No texto, por acaso, citei duas visões que podem ser ditas religiosas - mas a indiana pode ser filosófica também [metafísica], enquanto o confucionismo só é chamado de religião pq não o conhecemos direito. Nisso já vemos como opera a educação brasileira: por ser 'religioso', o 'oriental' é negado. E pq o cristianismo não é negado, então? afinal, ele é oriental também... =)
Temos que conhecer todo esse mundão que está aí fora do Brasil, e debulhar o que precisamos saber de bom. Somente isso pode nos dar/criar/fomentar uma consciência crítica real. =)
saudações!
=)
ExcluirCaro professor, obrigada pela oportunidade do debate. Sou professora do ensino médio (rede pública e privada) e vejo todos os dias por parte de colegas das áreas de Biológicas e Exatas um certo 'desprezo' pelas disciplinas da área de Humanas porque o país e o mundo precisam de pessoas que dominem as novas tecnologias, os cálculos, as estruturas químicas, os conhecimentos fisiológicos e biológicos em nome do progresso, da cura de doenças e por aí vai... Subentende-se que os padrões "orientais", de uma forma ou de outra, trazem a vertente humanista como principal pilar da formação educacional. Isto posto, lhe pergunto: que implicância de médio e longo prazo podemos projetar para a educação brasileira, uma vez que suas estruturas ou inspirações sofreram variações nas últimas décadas? E ainda, qual seria o melhor e mais eficiente caminho para invertermos esta cultura de desvalorização das disciplinas da Área de Humanas, inclusive entre as famílias dos alunos.
ResponderExcluirMuito obrigada.
Ana Lúcia de Cinque Furini - Profª de História
Cara Ana, vou te dizer meu ponto de vista sobre gente que torce o nariz pra outras áreas - quaisquer áreas: são uns chatos! Já vi, durante muito tempo, gente de humanas também menosprezar outros campos, se achando deuses do Olimpo de sabedoria. Eu, que nunca me atinei muito nessas coisas, adorava, na licenciatura de ufrj, em trocar figuras co o pessoal de educação física, de letras, de quem viesse...gente legal é legal em qualquer área, só vê o mundo de outro jeito. Dito isso, tenho uma outra preocupação, essa sim relacionada as humanas: ensinamos valores. Veja a conferência do Prof. Itamar, que explanou de modo magnífico sobre isso. Enfim: a preocupação com a formação humana é importante sim...se não fizermos a nossa parte, isso pode criar um abismo cultural...contudo, a sociedade se auto-regula também. A crise veio pra forças as pessoas a trabalhar, correr atrás, e valorizar oportunidades que só vem com o estudo, esforço e dedicação. nesses contextos, pois, que devemos agir, propondo opções para mudanças sadias.
Excluir=)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO que diferencia a Arte de Ensinar dos "orientais" para os "Ocidentais"?
ResponderExcluirBy: Helton Lima
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe tratando da frase :"Em algum momento entre os séculos 8 a 6 AEC..." Qual o significado das letras AEC?
ResponderExcluirProfessor, em nosso país a discriminação social e racial é tão pungente... Questiono: a crescente valorização da história africana e indígena, no currículo escolar, poderá contribuir para que o aluno brasileiro perceba a sua importância como sujeito histórico, favorecendo uma pedagogia mais inclusiva e motivadora?
ResponderExcluirDonatília Duzolina Rocha de Paula
Cara Donatília;
Excluiracho que o ensino de áfrica e indigenas já vem nesse caminho! estamos recriando nossa identidade, e enriquecendo-a! =)
saudações!
Apesar de ser Cristão Evangélico gostei da forma educativa oriental, valorizando a questão religiosa, para se ter bons princípios e bons comportamentos. Num país laico como nosso é possível implantar esse sistema de ensino, dando ênfase ao "Ensino Religioso"?
ResponderExcluirNo primeiro fragmento:"Conselhos a um estudante no Taittiriya Upanishad" tem uma frase que diz:"Não negligencieis o estudo das escrituras". De qual escritura está se tratando? O fragmento está falando de um Livro Sagrado? Qual é o Livro sagrado dos indianos?
ResponderExcluirAss. Ivo Silva - Licenciando em História.
Se tratando da frase :"Em algum momento entre os séculos 8 a 6 AEC..." Qual o significado das letras AEC?
ResponderExcluirAss. Ivo Silva - Licenciando em História
Antes da era comum(AEC), esse termo é uma opção para quem não gosta de usar o termo, Antes de Cristo.
ExcluirValeu, obrigado Dumou.
ExcluirApesar de ser Cristão Evangélico gostei da forma educativa oriental, valorizando a questão religiosa, para se ter bons princípios e bons comportamentos. Num país laico como nosso é possível implantar esse sistema de ensino, dando ênfase ao "Ensino Religioso"?
ResponderExcluirAss. Ivo Silva - Licenciando em História.
Caro Ivo;
ExcluirAEC = antes da era comum. equivale a A.C., mas tem sido mais usado na história por respeitar as culturas não cristãs. [afinal, imagine se A.C. fosse 'antes de confúcio'. acharíamos estranho, né?]
-bem, pq tudo que vem do 'oriente' é religioso? muitos confucionistas foram cristãos depois do séc.16. é uma doutrina filosófica e pedagógica, antes de tudo. acho que estamos preocupados demais com imposições de pontos de vista, enquanto o diálogo é unica forma possível de entendimento, e que nos revela que o mundo é multifacetado. afinal, se ninguém ase assusta quando compra um celular chinês, pq deveria se assustar com a teoria educacional que ajudou a construi-lo?
saudações!
Ótima contribuição professor, sua resposta me ajudou e muito. Estou acostumado a ler sempre as abreviaturas: a.C (antes de Cristo) e A.D (Ano Domini), mesmo sendo cristão Evangélico, concordo com o senhor, não podemos impor às pessoas aquilo que defendemos e nem forçá-las a aceitar nossas crenças; a final, aquilo que é verdade para mim, pode não ser para o outro.
ExcluirObrigado por me responder.
Ass.: Ivo Silva.
Obs.: Repetir algumas perguntas porque esqueci de assinar no final.
ResponderExcluirIvo Silva
Excelente comunicação, professor André Bueno. Eu sou professor de História nas redes estadual e municipal do Rio de Janeiro e, em pesquisa realizada em minha pós graduação em Ensino de História (CESPEB - UFRJ), percebo o quanto as práticas de um ensino mercadológico, meritocrácico, fundamentado em um modelo estadunidense e também imposo pela OCDE que, como bem o Sr. apontou, está em profundo desgaste, me questiono o quanto devemos modificar as práticas pedagógicas pelo bem da educação nacional. Utilizar a experiência da Escola da Ponte e das escolas finlandesas, junto a uma prática pedagógica emancipadora, como a Sufi e a chinesa (no que diz respeito à busca pelo auto-conhecimento), acredito ser o modelo mais adequado ao atual mundo em que vivemos.
ResponderExcluirMas, aí questiono, até onde vai o interesse do estado brasileiro, de nossos governantes, em tornar nossa educação libertadora? Será que existe mesmo este interesse dentro do ensino público? Ou seria "perigoso demais" libertar a mente de nossos discentes, tornando-os cidadãos críticos e pensantes?
Ass: Rubens da Silva Pinho.
Caro Rubens, saudações!
ExcluirEu penso que o Estado tem interesses diversos sobre a educação - e lembremos, somos parte desse Estado, já que votamos, participamos, politizamos [ou não] em sala de aula. Penso numa virada de perspectiva: a tomada de consciência torna a sociedade mais saudável, e melhora a qualidade política e social de uma civilização. Isso demora: mas podemos investir nisso, ou....deixar como tudo está. Mas uma educação calcada na lei do mais forte, essa sim é temerária!
=) meus cumprimentos!
Hoje sabemos que o mundo está voltado para a educação técnica. O FMI é um exemplo disso, uma vez que todos os países que fazem parte dele, sofrem pressão para se adequar a educação neoliberal. Uma vez que o principal motivo disso seja estagnar a massas, para travar o pensamento crítico e gerar apenas e somente trabalhadores para o mercado. Por esse ponto, temos um choque de mundos ai, um ao qual o senhor nos brindou de forma brilhante que é a educação oriental do mundo antigo, que é quase venerada ou cultuada pelos alunos e mestres, e temos a nosso formato educacional contemporâneo, que praticamente NÃO quer pensar nas coisas, não se preocupa em se aprofundar, questionar, ou simplesmente não tem satisfação em aprender, mais sim, usar a educação como ponte para entrar no mercado. Como mudar isso ?(eu sei, foi uma pergunta covarde) Existe alguma maneira de dar um ponta-pé inicial para mudar esse quadro de "robotização" do pensamento ?
ResponderExcluirAss: Daniel Nunes Batista - Estudante de História - UNICESUMAR
Oi Daniel!
ExcluirOlha, não tenho medo do mercado não... em alguns países, uma relação consciente com a existência do mercado faz com que as pessoas se qualifiquem para ter bons trabalhos, junto com uma consciência ecológica e social de seus papéis. Agora, quando o mercado é o que entendemos como ganhar dinheiro fácil se dando bem sem esforço, aí....acho que a própria 'sem-noção' de marcado deriva da cultura que o interpreta, rsss. Penso numa mudança de atitude em relação ao trabalho e a educação; e que ela venha antes, justamente, que essas pressões holísticas nos despertem do pesadelo trevosos da caverna platônica na qual temos nos enfiado. Podemos sair pela educação, ou...a educação será chamada a salvar o mundo. =)
saudações!
Bom dia Professor André!
ResponderExcluirAdorei sua conferência, visto que é sempre se muita labuta a conquista de novos materiais e métodos para o ensino de História em nosso país!
Pergunta: Com relação ao PCN, na área de historia; você pensa que poderá levar muito tempo para que ele seja repensado e privilegiar com mais profundidade as culturas não européias?
Penelope Assunção Britzky Quintino
Oi Penelope!
ExcluirDepende das forças envolvidas. Não faz muito tempo, indígenas e africanos nem eram tema na faculdade - hoje, são disciplina obrigatória. Não demora muito e teremos cadeiras de história asiática - se der pra separar em três blocos, será bom, mas se não der, uma disciplina já será um ganho tremendo!
saudações!
Bom dia Professor e colegas. Embora o PCN, na área de historia, não se refira, especificamente, ao estudo das questões do Oriente, nós professores podemos trabalhar com a convergências das questões culturais, tanto do Ocidente como do Oriente.Gostaria de solicitar ao Professor André Bueno, sugestões de trabalho nessa linha. Grata. Irene Barbosa de Moura
ResponderExcluirOi Irene!
Excluirpor favor, peço que viste meu projeto
www.orientalismo.blogspot.com.br
alguns materiais já estão lá.
veja esse texto da prof. Helayne, que faz um encaminhamente muito bacana do tema:
http://simpohis.blogspot.com.br/p/helayne-candido.html
saudações!
Apesar de não configurar a proposta central da Conferência, entretanto o ensejo a engrossar as fileiras daqueles que o mencionam e, se um dos intentos do trabalho é justamente revelar “o quanto os antigos [...] já sabiam sobre o ato de ensinar e aprender”, quiçá, não fora justamente o fato de ignorar o ensinamento aristotélico sobre a diferença entre o conceito de economia e crematística o que, necessariamente culminou com o caos econômico grego?
ResponderExcluirRafael Watanabe
ADRIANO DA SILVA
ResponderExcluirBom dia professor André.
A falta de senso crítico, em grande parte de nossa população, contribui para a não implementação e sucesso de sistemas de ensino como o oriental.
Adriano da Silva
Comparando o ensino oriental com o ensino brasileiro, percebe-se uma grande diferença, será que nós brasileiros não devíamos fazer algumas trocas de experiências? E tentar colocar em prática?
ResponderExcluirLucinara da Silva Meireles
Com certeza Lu! =)
Excluire já temos alunos em várias partes do mundo aprendendo, para quando voltarem, compartilharem essa experiência conosco!
Seu texto foi muito inspirador e instrutivo. Me fez refletir sobre as minhas vivencias no ambiente educacional... Tanto como aluna quanto como professora. E o quão de fato somos responsáveis pelo empenho direcionado nos estudos e em nossas próprias decisões na vida. E o fato de muitas vezes confundirmos autoridade com respeito. O que de certa forma estão unidas, mas não necessariamente tenham que ser adquiridas de uma forma imposta e negativa. Gostaria de saber: O ensino estava ao alcance de todos ou era privilégio de alguns?
ResponderExcluirAna Paula de A.L. de Jesus
Oi Ana!
Excluirvamos lá: na Índia e na Turquia, o ensino estava vinculado a mestres, que cobravam para ensinar [mas dependia do aluno, e muitos recebiam ensino gratuito]. A ligação coma religiosidade, porém, era forte.
Já Confúcio criou o primeiro projeto de ensino público do mundo, promovido pelo Estado. o sistema de exames públicos chineses, pode-se dizer, era um dos mais inclusivos do mundo, dado o perfil múltiplo do candidatos.
saudações!
manas e artes?
ResponderExcluirSei que é normal de praxe do ocidente a supervalorização do caminho das ciências exatas, principalmente pelo núcleo famíliar pela preocupação com o futuro financeiro, tendo em vista que os salários altorgados ao público das exatas supera os ganhos do público de humanas. Tais questões não se permeiam pelos orientais ou como eles tratam essas questões?
Att Hugo Nicolau Lorega da Costa
Muito boa a reflexão.
ResponderExcluirMe chamou atenção a valorização dos professores. A busca por disciplina, autocontrole e autonomia contribuem para a excelência da aprendizagem. Isso é milenar. No Brasil ocorre o contrário. Não podemos exercer isso e vemos em sala de aula cada vez mais a dificuldade em ensinar e aprender
Que caminhos poderiam ser percorridos pelos brasileiros para buscar essa valorização do saber?
Adriana Monteiro
adri.rmonteiro@gmail.com
Oi Adriana!
Excluirde fato, a continuidade milenar dessas culturas ajudou a consolidar sua visão educacional. somos 'novos' no mundo, por assim dizer. por outro lado, não sei se a indisciplina é um fenômeno novo. os romanos já reclamavam de suas crianças. mas não vamos tão longe: esse desenho do pateta, de 1952, é muito ilustrativo sobre como eram as aulas da época:
https://www.youtube.com/watch?v=pRUl6lpjggE
eu gosto muito de citar esse desenho em minhas aulas pra mostrar que vivemos, hoje, um clima de desesperança, que tem lá suas razões, mas que também tem muito de pessimismo. o jogo vai virar em breve: a ausência da educação há de valorizá-la, frente ao mercado, as dificuldades da vida, seja ao que for. Todavia, no momento que formos chamados a ajudar, como docentes, precisamos ter em mãos opções, modelos, e não insistir em teorias ultrapassadas. Precisamos nos valorizar, antes de tudo, como profissionais. o reconhecimento virá.
saudações! =)
Olá, professor.
ResponderExcluir- Sobre o ensino indiano de caráter religioso, como o senhor acha que esse método se mostraria mais benéfico no Brasil: o ideal seria um ensino de diferentes religiões (o que já pode trazer transtornos dependendo da intolerância dos alunos ou pais deles) ou em vez de abordar religiões diversas, se apegar apenas ao ensinamento reflexivo que ela tenta transmitir?
- O sufismo, pelo que entendi, preza mais pela autossuficiência do aluno, incentivando os estudantes a se organizarem, debaterem e se disciplinarem, tendo um professor ainda para direcionar tudo. O senhor acha que esse método daria certo no Brasil?
Jhan Lima
Oi Jhan!
Excluir-Acho que os dois meios, se bem feitos, podem trazer compreensão e tolerância. Eu gosto de começar minhas aulas lembrando que o cristianismo também é oriental... =) Mas bem, atuamos em dois planos diferentes aí: nas aulas de religião, falamos de história das religiões; no outro sentido, falamos de diálogo filosófico, no qual a incorporação de saberes se dá pelo uso direto da lógica, ou seja, um campo fertilíssimo!
saudações!
Ah sim, sobre a proposta de Nasrudin: já vi experiências no Brasil nesse sentido, e deram certo sim! Depende, claro, da coesão do grupo de trabalho docente e do alunato, mas é absolutamente viável sim! =D
ExcluirFica claro como o ensino no oriente é aberto para os alunos despertarem suas habilidades, acompanhados pela orientação dos professores e como método perpetuou ao longo do tempo. O seu texto fez-me despertar para esses novos caminhos para o ato de educar e orientar.
ResponderExcluirEntretanto, existem muitos pbstaculos para aderir esse conhecimento na prática.
Gostaria que podesse me esclarecer qual o primeiro passo para professores que queiram adotar e aplicar tais conhecimentos em sala? E obras que abordassem esse tema em particular.
Cara Daiane;
ExcluirComo dizia Sunzi, o segredo, em tudo, é preparação! =)
Temos que estudar esses novos temas, e começar a trabalhá-los em aula. o restante vem. tenho sugerido a página do meu projeto:
www.orientalismo.blogspot.com.br
com materiais de história e cultura de Índia e China. mas se te interessar algo mais específico, peço que veja esse livro:
https://drive.google.com/file/d/0ByKChEwj87BgNC11WHZ1ZnJxdEk/view?usp=sharing
Sobre educação chinesa confucionista, em geral. =)
saudações!
Olá, professor André
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de parabenizá-lo por seu texto: trouxe informação e análise educacional de modo simples e conciso,porém com uma leveza tão grande que foi prazeroso lê-lo. No entanto, essa leveza trouxe consigo uma reflexão cruel: encontramo-nos distantes de uma Educação que realmente propicie aos nossos alunos condições para avançarem com segurança e respeito à coletividade. O que fazer diante do panorama que se apresenta em nossas escolas? Os três exemplos citados permeiam a disciplina e o respeito. Como poderemos alcançá-los?
Joana d'Arc Conrado
Cara Joana, obrigado por suas palavras gentis.
ExcluirQuanto a disciplina e ao respeito, são valores culturais que reconhecemos e compreendemos, apenas não temos dirigido-os no sentido mais apropriado. Ao longo do debate, já comentei aqui sobre essa questão, mas afirmo novamente: temos os instrumentos para reconhecer e promover esses conceitos. depende de nós colocá-los no plano da sala de aula. esperamos muito por soluções vindas de cima...mas podemos começar essa mudança aqui, no meio da comunidade escolar e acadêmica. =)
saudações!
Aqui no Brasil temos as escolas militares,que apresentam ótimos resultados em relação a obediência e notas em vestibulares e provas gerais,acho isso muito extremo,e gostaria de saber sua opinião professor André
ResponderExcluirJuliana Foschera
Oi Ju!
Excluircomentei isso com a Gabriela e com o Gabriel, ao longo desse nosso debate. Como disse, acho que é um modelo, eficaz dentro de certos objetivos, com méritos e problemas. por isso, a diversidade de escolas, entendendo a diversidade de alunos, é uma opção interessante para responder as diversas frentes da educação.
saudações!
ATE QUE PONTO OS UPANISHADS , OU SEJA OS ENSINAMENTOS INDIANOS PODERIAM SER REALMENTE UTILIZADOS NA PRAXCIS DO ENSINO, UMA VEZ QUE CORREMOS O RISCO DE ADENTRAR EM SOLO RELIGIOSO?
ResponderExcluirCaro Tomaz
Excluire qual o problema de adentrar o terreno religioso? =)
saudações!
Boa tarde,
ResponderExcluirComo devo desenvolver com mais eficácia a metodologia ARTE DE ENSINAR DOS ORIENTAIS? Como este ensino colabora no ambiente escolar?
Professor, por favor, responda-me, em sua opinião um bom educador nasce pronto ou é no decorrer da caminhada, do aprendizado, da convivência tanto com os seus pares e também no dia a dia com seus alunos que se atingirá os objetivos, saberes e valores de um bom educador?
ResponderExcluirThereza Cristina Kling Bandeira
Cara Thereza,
Excluirminha opinião é que ninguém nasce pronto. Alguém pode até ter mais facilidade com uma coisa ou outras [o que os chineses chamavam de propensão], e todo mundo tem a sua. Mas educar, no sentido excelso da palavra, é uma atitude íntima. É uma medicina da alma, no sentido poético. Disse Confúcio:
Seja Conhecendo isso por si próprio
Seja Conhecendo isso pelo aprendizado
Seja Conhecendo isso por duras penas
Quando o conhecimento é dedicado, ele é Um
Seja pela serenidade advinda da prática
Seja pelo interesse advindo do estudo
Seja pelo efeito de um grande esforço
Quando o resultado é obtido, ele é Um!
e também:
Há pessoas que não estudam, ou
mas não o abandonam [o C
buscando-o, não fazem com precisão, mas não o abandonam. Há pessoas
que não raciocinam, ou raciocinando, não o fazem com atenção, mas não o
abandonam. Há pessoas que não o discernem, ou discernindo
com clareza, mas não o abandonam. Há pessoas, por fim, que não o põe em
prática; ou pondo-o, não o fazem por completo, mas nã
O que os outros fazem uma vez, elas fazem cem vezes;
O que os outros fazem dez vezes, elas fazem mil vezes;
Se alguém for capaz de realmente seguir este caminho, seja um tolo, ele se
esclarecerá; seja um fraco, ele se fortalecerá.
Eu penso que é bem por aí....esforço sempre, aprendizado constante, vontade de melhorar o mundo!
obrigado pela pergunta! =D
[o C = [o Caminho]
ExcluirBoa noite, professor e obrigada, aprendizado constante.
ExcluirProf. fiquei entusiasmada com sua explanação sobre os métodos orientais . Estaria certa em pensar que se conseguíssimos que nós mesmos como docentes, pudéssemos acreditar em algo já ajudaria? Adriana Weber
ResponderExcluirSeu texto ampliou meus conhecimentos, muito obrigada. É viável o estudo sobre o conhecimento oriental em nossas universidades?
ResponderExcluirEli Carvalho de Oliveira
Como o Brasil é um país com uma grande população de orientais é muito interessante este artigo. o Título a arte de ensinar é muito sugestivo. Qual seria a nossa arte ao ensinar?
ResponderExcluirLeonilda Aparecida Borges
Caras Adriana, Eli e Leonilda;
ResponderExcluirTudo nos será viável, se quisermos que seja. Em termos educativos, modelos novos deveriam ser atraentes, interessantes e reveladores, já que nos trazem coisas novas. Somente analisando-os, podemos saber o que pode nos servir ou não. Todavia, é nossa postura receosa de novidades, medrosa com o que é 'estranho', que nos impede de mudar, e mesmo, de criar coisas novas. É nosso atitude de mudar o ensino que dará o impulso da mudança; de preservar o que é bom, e descartar o que não vale.
Ou como disse o sábio Renato Russo:
Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição
Olá, prof. Bueno.
ResponderExcluirseus textos são sempre encorajadores.
Pergunta:
como abordar com contundência essas propostas, como sendo válidas academicamente, sem esbarrar no velho confronto professorado X mestria criado pelo orientalismo?
*O cenário que tenho encontrado é que os acadêmicos sabem do peso histórico destas propostas, mas, mesmo assim, as negligenciam...
Carlos Corrêa.
Professor, muito bom o texto, até para conhecer outros 'modelos de ensino' que não o ocidental. Sobre a educação asiática, em geral, gostaria de saber algo sobre a instrução na área das humanas (embora não saiba se haja essa divisão tão rígida das áreas) especialmente na educação chinesa e indiana. Isso indo além de uma educação religiosa ou não. e me desculpa se a pergunta parecer ingênua, não sou muito bom nisso kk
ResponderExcluirDanilo Milev.
Caro Danilo;
Excluirhoje a estrutura acadêmica das universidades indianas e chinesas é similar as ocidentais. as variações ficam por conta de disciplinas especificas, ligadas as próprias culturas. no caso chinês, o ensino religioso é muito específico em torno da história da religião, já que o estado é laico e ateu [definição chinesa], o que faz com que a aproximação seja bem científica, e muito distinta da indiana. =)
Carlos, ótima pergunta!
ResponderExcluirEssa é uma frente direta em que se bate com o preconceito. Mas é impossível recusar o mundo asiático - nesse momento mesmo, todos nós temos algo de asiático conosco, seja um produto, o que comemos...no plano físico isso já é real. Claro, alguns 'intelectuais' tem medo que o mundo vire uma espécie de 'Blade Runner', simplesmente pq esquecem que a China, por exemplo, já foi a nação mais poderosa do planeta e não invadiu ninguém... indo direto ao problema: o mundo asiático há de se impor como tema, simplesmente por ser inegável. se estaremos preparados ou não, aí isso é por nossa conta. =)
abraço!
A valorização do estudo, na China vem dos seus antepassados, mas como colocar esses valores no Brasil, se a educação no que se refere principalmente aos governantes não está em primeiro plano.
ResponderExcluirLiliane Regina Michalski
Bom dia!
ResponderExcluirO texto é bastante reflexivo e nos leva a uma questão bastante comum na sala de aula; a falta de concentração, de foco e interesse pelo ensino. Diante disso, quais seriam as estratégias a serem adotadas pelas secretarias de educação, direções de escola e professores para dar materialidade às propostas indicadas no texto?
Sonia Senger
Professora da Rede Estadual.
Bom dia Professor André.O Confucionismo, inspira até os dias de hoje o
ResponderExcluirfuncionamento da educação chinesa, no que concerne aos seus principais
valores e princípios. Segundo esta teoria o mestre ideal dá o exemplo:
ele conduz, não arrasta; ele chama, e não ordena; ele vivencia o que
faz, e não faz apenas por dinheiro. A docência é a medicina preventiva
da alma, cuidando da saúde plena do indivíduo por meio de sua
preparação libertadora e consciente. Como você comentaria esta
afirmativa adaptando ao sistema educacional brasileiro além do ensino
da arte, da música e da prática de esportes :
Obrigada.
Celma do Lago Santiago de Sales
Celma, Sonia e Bruno;
ExcluirEntnedo que, para começarmos a discutir história e cultura asiática, comecemos simplesmente ensinando... primeiro, com os conteúdos mais básicos; depois, adentrando em suas experiências específicas; por fim, daqui alguns anos, permitindo hibridizações ou leituras autônomas. só temos mesmo é que começar, pelo básico: permitindo a existência desses conteúdos nos programas curriculares, e vencendo preconceito exclusivista de 'civilização ocidental'. =)
saudações!
Olá, Prof. Bueno.
ResponderExcluirA LDB, em seu Artigo 33, fala sobre o ensino religioso (de matrícula facultativa) nas escolas públicas de ensino fundamental. Deve esse, de acordo com o artigo, "assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo". Entende-se pelo Artigo, e seus parágrafos, a preocupação que o ensino religioso (prefiro chamar o estudo da espiritualidade humana ou o estudo do transcendente) ainda esteja impregnado por ideologias denominacionais religiosas.
Pergunto: Não seria o cientificismo pragmático ocidental aliado a tendências religiosas proselitistas uma das causas de se perder a visão e o interesse para o estudo do "transcendente" na vida humana?
Segundo: Teria a sociedade ocidental, ao abandonar o "transcendente", ficado refém de uma prática educacional pragmática relativista e mercantilista onde o ensino é visto muito mais como "capacitação para o trabalho" e formação de consumidores do que para a formação e desenvolvimento do ser humano em todas as suas potencialidades?
Grato,
Moisés Pereira.
Caro Moisés;
Excluireu acho que o problema é, justamente, que ninguém se decide por uma coisa ou outra. Nunca vi tantos religiosos materialistas como hoje; e nunca vi tantos cientistas buscando Deus nas suas fórmulas. Tem até Igreja de ateus...enfim: as pessoas estão querendo algo, mas não sabem definir o que querem. Os fins não justificam os meios; são os meios que revelam os fins. Dito isso, seja qual for o projeto ou ideologia, se ela não for humanista, seja imanente ou transcendente, ela será um desastre. E nisso reside o nosso papel de educador - aí sim, refletindo sobre a dimensão profunda do nosso papel na formação intelectual e moral do indivíduo. =)
saudações!
Saudações, André!
ResponderExcluirConheço e acompanho um pouco do seu trabalho, como nos blogs e o livro "Antigas leituras: visões da China Antiga". Me interessa muito esse assunto, sendo assim pergunto, como posso intrigar e introduzir aos alunos o tema Oriente (desde o Antigo, ao atual; tanto China, quanto os outros países/civilizações)? Além de falar sobre as ligações entre Oriente-Ocidente, existentes hoje, através da globalização, e desde a Antiguidade, através da Rota da Seda; além também de ambienta-los com ditos conhecidos, que poucos sabem de sua descendência Oriental, como o citado no texto ‘encontre um trabalho que você gosta, e nunca precisará trabalhar’. De que outras formas posso introduzir o assunto, para depois desenvolve-lo?
Agradeço desde já sua atenção,
Pedro Ernesto Miranda Rampazo.
oi Pedro!
Excluirolha, acho que podemos começar pelo bem básico mesmo, apenas colocando a Ásia no currículo. De início, nem precisamos pensar em mudar muito as nossas técnicas ou metodologias; apenas revelarmos um conteúdo diferente. no sentido dos conteúdos, eu sugiro o projeto orientalismo, que dirijo, e que tem algumas fontes disponíveis; uma experiência bem sucedida, porém, pode ser vista no texto de Helayne Candido, disponível na seção dos comunicadores, tanto nesse quanto no 1o simpósio. =)
saudações!
Olá, bom dia.
ResponderExcluirEu gostaria de saber se as questões que Confúcio coloca para o aprendizado, como por exemplo, que um estudo cansativo e intenso não acrescenta tanto assim; e valorizar as aptidões dos indivíduos, poderiam ser influências para uma reforma da Educação brasileira escolar (que aparenta que seu único objetivo é a prova de vestibular) ? O senhor acha que tais ideias seriam bem aceitas?
Obrigada,
Amanda Cruz
oi Amanda!
Excluirpois é...e pensar que o vestibular é uma ideia chinesa! eles faziam os exames públicos desde a antiguidade, para entrarem na burocracia imperial. no século 16, os jesuitas gostaram a de ideia e levaram pra Europa. daí surgiram os concursos públicos e os vestibulares ocidentais... Mas esse é só um detalhe histórico. os chineses pensaram esse sistema no sentido de valorizar uma forma de meritocracia, já que os conteúdos e o sistema de ensino era relativamente uniforme. voltando a questão da aptidão; nossa mídia gosta muito de mostrar os chineses que querem ser cientistas e ganhar dinheiro, mas esquece dos chineses comuns - a maioria, de fato. é impossível controlar a vontade de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas - são muitas vontades untas, e pra que ela deem certo, é preciso que se realizem em alguma medida. então, penso que é possível sim. só basta querermos, e darmos uma chance de reconhecer que todo o trabalho é trabalho, toda arte é arte, mas felicidade é um sentimento único. =)
Boa tarde! Professor, gostaria de saber a respeito do fato da história oriental não compor ( ou muito pouco) a grade curricular nacional.. O que acontece para isso ocorrer ( ou não)? Natania Teixeira UNESPAR
ResponderExcluirOi Nat,
Excluirpenso que em breve isso vai mudar, pelo próprio perfil do mundo atual. o preconceito exclusivista não vai poder durar mais muito... =)
saudações!
Professor André, como já foi questionado anteriormente, na Índia o estudante era levado a experiências diversas de aprendizagem, tanto no domínio dos textos, da escrita, como de atividades físicas e mentais, tais como a meditação, que faziam toda a diferença em seu desenvolvimento. A ênfase no autocontrole, na conduta correta,no desprendimento, e na ação calma e raciocinada constituía o alicerce de um bom aprendizado. Isso orientava os pais a cuidar do comportamento de seus filhos, bem como incutia o respeito nos alunos por seus professores.
ResponderExcluirQue experiências você destaca como contribuição significativa à questão da disciplina?
Oi Celma!
Excluirjá reparou que, aqui no Brasil, quando se fala em disciplina, já se pensa em pancada e repressão? =) disciplina é um ato de concentração, obtido de várias formas. por isso citei o caso da música, por exemplo. o garoto que aprende violão vai pra casa e fica o dia todo tentando tirar uma musica por que quer, ninguém o obriga. ele treina exaustivamente, e ninguém lhe manda. fazer o que se gosta disciplina as pessoas. no caso da índia, a meditação ajuda muito nesse sentido. temos uma prisão na Índia onde os presos [de alta periculosidade] meditam, e os índices de violência dentro da instituição são baixíssimos. nota: são de todas as religiões. assim sendo, eu penso que meditar - entre muitas outras formas - é um caminho muito positivo para ajudar na disciplina. mas numa escola, a diversidade de opções é importante. daí pq, a tarde, poderia-se oferecer oficinas diversas: meditação, arco-e-flecha, arte, clube de leitura, judo, futebol, enfim..tudo aquilo que pense a necessidade de diversidade dos alunos. não é caro, demanda só algum tempo, e quem fica nessa aula, fica porque gosta. =)
é uma ideia!
=D
Vivemos em uma época que a educação brasileira está sendo vista como a pior já vista e o texto é bem explicativo falando como a educação é importante nos países citados e por isso a educação é de qualidade. Com isso, eu gostaria de saber o que podemos fazer para que ao Brasil tenha o mesmo panorama de educação em ensino?
ResponderExcluirVivemos em uma época que a educação brasileira está sendo vista como a pior já vista e o texto é bem explicativo falando como a educação é importante nos países citados e por isso a educação é de qualidade. Com isso, eu gostaria de saber o que podemos fazer para que ao Brasil tenha o mesmo panorama de educação em ensino?
ResponderExcluirComo no texto acima citado a educação brasileira é fortemente influenciada pela educação estrangeira porém nossos governantes não disponibilizam a estrutura e preparo para que essa educação se torne algo concreto. Além disso concordo que deveríamos usar a educação oriental que passou pela maior prova de "funcionamento" o próprio tempo .
ResponderExcluirTenho interesse em saber se com a formação que os professores brasileiros recebem em nosso país,é possível melhorar a qualidade de ensino das escolas públicas brasileiras ? Obrigada .
ResponderExcluirBruna e Larissa;
ExcluirDe fato, temos problemas educacionais sérios no Brasil; e ainda assim, vez ou outra vemos na mídia jovens brasileiros vencendo olimpíadas de matemática, de astronomia, participando de ações sociais... Ou seja: se do jeito que está, já conseguimos coisas substanciais, melhorando um pouquinho mais podemos obter resultados - estatísticos e humanísticos - ainda maiores. Eu sei, o panorama não parece animador: mas vejam, estamos aqui reunidos, mais de 1500 pessoas, e todos estamos interessados em educação: estamos por que queremos, porque gostamos...o movimento já existe, depende apenas de mantermos essa força viva. =)
obrigado!
Caro professor André,
ResponderExcluirAté que ponto podemos considerar ainda hoje a importãncia da escrita ideográfica chinesa na formação cultural escolar japonesa?
Grato.
Fernando Schinimann
Caro Fernando:
ExcluirA China foi a base da cultura escrita e erudita japonesa nos tempos primevos do país. Com o tempo, os japoneses criaram formas próprias complementares de escrita - hiragana e katakana - que deram um caráter próprio a sua cultura.
=) saudações!
Boa noite professor. Sou graduanda em História e e adepta da meditação, achei muito relevante trazermos outros tipos de cultura para nossas aulas : Além disso ,gostaria muito de conhecer o livro Liji acima citado. Onde encontro esta obra? Obrigada!
ResponderExcluirOi Ketina!
Excluirem inglês:http://www.sacred-texts.com/cfu/index.htm
em francês:http://www.chineancienne.fr/king/li-ki-ou-m%C3%A9morial-des-rites-trad-j-m-callery/
partes em português:http://chines-classico.blogspot.com.br/
a versão completa, em português, é do padre guerra, intitulada 'o cerimonial', e publicada pelos jesuitas de macau.
saudações! =D
Bom dia, professor André Bueno.
ResponderExcluirGostaria de saber como levar o exercício do autocontrole, da conduta correta, do desprendimento e da ação calma e raciocinada (como recomendado no texto) para o dia a dia educacional, dentro da realidade das nossas escolas, já que teríamos como impedimento inicial a própria estrutura e filosofia das escolas, baseadas na urgência focada no objetivo de aprovação para seleções, concursos e obtenção de índices recomendados por instituições. Que dicas práticas o senhor poderia recomendar para começar a mudar esse cotidiano, sem fugir aos objetivos cobrado pelo núcleo gestor da escola?
Obrigado.
João Washington da Costa
Bom dia, professor André Bueno.
ResponderExcluirEstou iniciando na religião Zen Budista e gostaria de saber como a filosofia e práticas dessa religião oriental poderiam ser utilizados na minha prática diária na educação.
Obrigado.
João Washington da Costa
Bom dia, professor André Bueno.
ResponderExcluirAfora os textos citados anteriormente, que outras fontes o senhor poderia indicar sobre educação nos países do Oriente?
Obrigado.
João Washington da Costa
Oi João!
Excluircomo disse acima, em outro comentário, de duas maneiras: uma, simplesmente inserindo os conteúdos na programação curricular,e começando o exercício de olhar outras culturas; quanto a atividades como meditação, poderiam ser feitas em oficinas extra-classe, ou num espaço interdisciplinar [junto com aulas de filosofia, ou educação física]. depende do planejamento.
quanto a educação chinesa,gostaria de sugerir meu livro:
https://drive.google.com/file/d/0ByKChEwj87BgNC11WHZ1ZnJxdEk/view?usp=sharing
uma publicação moderna compara o ensino em EUA, China e japão:
http://www.saraiva.com.br/educacao-infantil-em-tres-culturas-japao-china-e-estados-unidos-2588833.html
[não é dificil de achar na estante virtual, apesar de esgotado]
saudações! =))
Obrigado, professor!
ExcluirBom dia, professor André Bueno.
ResponderExcluirO texto nos mostra métodos de ensino utilizados através da espiritualidade, mas, em um país com religiões tão diversificadas e o total desrespeito pelos professores, em vez de tentar entender as ideias que dão certo em diversos países, não seria melhor tentar para de copiar, principalmente o estilo americano, e tentar ensinar através da diversidade, tanta religiosa, como cultural em que vivenciamos hoje em dia.
A questão é, é bom ter uma base, mas não seria melhor adentrar ainda mais a realidade do aluno?
Maria Gabriela Monteiro Gil
Oi Maria!
ExcluirSim, precisamos adentrar a realidade do aluno, e respeitá-la! Mas também devemos ofertar a ele opções diversas. Eu procuro tomar esse cuidado pq no Brasil, hoje, se confunde muito o 'respeito ao aluno' com 'deixá-lo na mesma situação que está'. Eu concordo com você precisamos adentrar a vida do aluno de verdade, e mostrar pra ele o mundo enorme que se abre. Esse modelos asiáticos são apenas exemplos, entre muitas possibilidades. minha preocupação é justamente com a massificação impositiva, que atropela toda a diferença, e pune toda discordância.
mas vamos mudar isso! =)
obrigado!
Bom dia, professor André Bueno.
ResponderExcluirVocê poderia dar mais detalhes do termo "Confucionismo" no contexto da educação chinesa ou alguma fonte para aprofundamento nessa questão?
Grato.
Murilo Chiese Leite
Oi Murilo,
Excluirte convido a avaliar esse meu trabalho:
https://drive.google.com/file/d/0ByKChEwj87BgNC11WHZ1ZnJxdEk/view?usp=sharing
acredito que vá no sentido da sua pergunta, e espero que atenda seu interesse. =D
obrigado!
Ola Professor achei o artigo bem interessante principalmente por eu ter uma grande admiração pela cultura asiatica concordo plenamente de eles darem um valor maior nao somente na educaçao mas em si em varios aspectos e realmente espero que futuramente o Brasil cresca e se desenvolva tanto quantos eles.
ResponderExcluir=D
ExcluirAndré
Olá professor tudo bem?
ResponderExcluirGostaria de saber se a ideologia educacional oriental influência ou influenciou de alguma forma nosso modelo educacional?Pois muita coisa é parecida com as ideias de Paulo Freire.
Girlane Santos da silva
ResponderExcluirOi Girlane!
ExcluirEU penso que esses encontros de ideias não são, necessariamente, a influência de um sobre o outro. São, de fato, a percepção de que são boas ideias, que valem pra todos. Daí serem inferidas por aqueles que realmente se preocupam com a educação. =)
saudações!
Boa Noite professor Bueno.
ResponderExcluirÉ notório que a disciplina é o ponto chave para a educação no Oriente, vide os casos de Japão e Coreia, além dos citados no texto. Mas o sucesso do modelo educacional oriental não teria grande ligação com a forma respeitosa que tratam o professor? Como foi citado, quando a China desvalorizou o professor, entrou em crise. A forma como nossa sociedade Ocidental trata o mestre está ligada à essa crise na educação e a valorização do profissional pode ser a saída?
Monica Helena Sicuro
Oi Mônica!
ExcluirCOM certeza! Quebrando a raiz, o broto não vence. Enquanto ser professor for um demérito, teremos esse ditado que tanto envergonha o Brasil: 'não sei, não quero saber e tenho RAIVA de quem sabe'.... Mas entendo que isso é contextual. Já tivemos momentos na nossa história que ser docente era um orgulho, tinha prestígio. Até o fato de sermos chamados de 'tio, tia' [embora eu não concorde] era, de certa forma, um reconhecimento afetuoso da função. Em breve, a alienação causada pelo consumo desenfreado, pelas facilidades do dinheiro, tudo isso acaba diante das crises: e aí, somente a educação e conhecimento podem mudar o panorama. E vejam: só trouxe exemplos orientais aqui. Mas como citei, Finlândia e Portugal tem boas ideias em curso também - além do nosso querido Paulo Freire. Só temos é que empreender realmente algo. =)
saudações!
Boa Noite,
ResponderExcluirEu gostaria de mais fontes e textos sobre o Nasrudin, poderia me passar?
Cristiano Nobre Ribeiro
Tem lá na bibliografia! =)
Excluirrecentemente vi um vídeo na internet que nos dias do vestibulares, ou mesmo o (ENEM) chinês, eles param para que os alunos fique com acessibilidade quase que total para fazer a prova, fora a ajuda das autoridades, por meio de transporte e etc. Gostaria, como futuro professor, sendo aluno graduando do segundo ano de história UEM-PR, qual linha de pensamento para faze alunos e sociedade pensarem educação na sua essência?
ResponderExcluirO texto aborda o tema de Educação Oriental, mostrando que o tradicionalismo de eras atras ainda é mantido até hoje mostrando exito e progresso na economia da asia. Podemos obter o mesmo exido com palestra e conscientização dos pais de que os profissionais da educação devem ser mais respeitados em sala de aula ? Sera essa a chave para se elevar o nível da educação, resgatando valores a algum tempo esquecidos ?
ResponderExcluirAndressa Beatriz dos Santos
Quero parabenizar pelo trabalho, particularmente eu encontro algumas dificuldades para encontrar trabalhos sobre a pratica de ensino oriental e fiquei muito feliz em encontrar este texto no simpósio.
ResponderExcluirBom, nós conhecemos muito pouco da educação na Ásia em geral e somos mais familiarizados com os termos: rigidez e tradição quando se trata do assunto. Bom, eu tenho não só uma, mais algumas questões que o texto me fez pensar sobre.
1 - Você acredita que os métodos de 'ensino oriental' poderiam ser aplicados no Ocidente de forma a obter um aproveitamento significativo mesmo com culturas distintas?
2 - Um método com um viéz mais espiritual poderia ser inserido no ensino básico?
3 - Em um país como o Brasil atualmente, nós teríamos a capacidade de uma escola como a de Portugal ou isso parece um pouco distante?
- Alessandra de Oliveira Ribeiro.
Alessandra, Andressa;
ExcluirPor isso que gosto de pensar em comunidade escolar, que integra a todos. Sabemos hoje, inclusive, que muitos pais se atualizam pelos materiais e informações que os alunos trazem - quando há diálogo entre eles no ambiente doméstico, claro. Por isso, modelos humanitários de educação sempre terão sucesso onde houver pessoas interessadas em aplicá-los. Como disse, a experiência asiática tem é um tempo maior de aplicação, mostrando seu acerto. A da Finlândia ou de Portugal tem menos tempo, mas são tão boas quanto. O Brasil é um campo aberto a essa experimentação, pela vastidão e diversidade. Todavia, qualquer iniciativa nesse sentido deve ser sempre levada com planejamento , cuidado e dedicação.
saudações!
Olá Professor André!
ResponderExcluirParabéns pelo seu texto! Acredito que muito do chamado tradicional deve ser questionado sim e muitos aspectos do mesmo, deveriam continuar como forma de pensamento, como por exemplo,algumas exigências na área da educação, em qualquer nível. Palavras como " dedicação/ disciplina/ emprenho árduo... não me parecem tão presentes no cotidiano de estudantes brasileiros, que tomam como fontes de seus discursos, apenas o que encontram em redes sociais. Exigir empenho de nosso aluno deve ser feito sempre com cautela, como se os professores tivessem perdido as rédeas de sua função. Pergunto: em que momento da história o professor acredita que perdemos esse "domínio", no sentido das pessoas entenderem a educação como uma atividade realmente sagrada? Quando as pessoas deixaram de entender a escola como um local de crescimento e não apenas de passagem? Pois, por mais que nos espantemos com alguns fatores da cultura chinesa, sua valorização pela educação é invejável!
Grata!
Helayne,
ExcluirSuas experiências práticas são um belíssimo exemplo de como trabalhar, em sala de aula, conteúdos fora do usual! Agradeço sua presença aqui, comentado! =D Sua pergunta nos ajuda a clarear, de fato, uma questão importante; quando a 'disciplina foi embora'?
Pode parecer estranho o que vou dizer, e por isso o comentário será um tanto longo, mas trata-se de defender um ponto de vista.
Eu creio que não há, hoje, um problema substancial de indisciplina, generalizado, como se afirma. Desde a Grécia e da Roma antiga, se reclama dos alunos bagunceiros. No Egito e na Mesopotâmia, se usava palmatória pra corrigi-los. O Desenho animado do Pateta, feito na década de 50, mostra que os alunos eram uns 'pestinhas', como citei aqui um pouco antes.
Eu penso que hoje, temos mais alunos nas escolas, e isso é ótimo! Sim, tínhamos menos bagunceiros nas escolas porque tinham menos crianças lá! As vagas eram poucas. Muitos dessas crianças viraram pais sem qualquer referência. Então, se temos mais crianças nas escolas, teremos mais casos de indisciplina também. Teremos mais histórias de violências nas escolas, e tudo isso é real. Mas temos que ver o saldo positivo: tem mais gente aprendendo agora, e isso pode melhorar as gerações futuras. Isso é fundamental. Fala-se das brigas, das drogas na escola, tudo isso é verdadeiro; mas a mesma mídia que fala disso, não fala dos alunos que ajudam nas enchentes, não falam das escolas que arrecadam víveres para pobres, e mesmo, trata como 'rebeldes' alunos que ocupam suas escolas porque querem educação!!!!!!
Então, eu penso que o período a partir da década de 80 trouxe muito disso para nós: trouxe mais alunos pras escolas, e trouxe mais problemas. Por outro lado, esses problemas revelaram algo fundamental, também: os professores não estavam preparados. Acostumados a confundir autoridade com autoritarismo, muitos docentes achavam que o esquema de aula era aquele:
eu falo, vcs escutam;
eu pergunto, vcs respondem;
eu avalio, vcs passam, ou não...
Esse contexto de crise abalou a imagem da Educação, mas não pode abalar o fundamento do ato de educar, ao contrário! É nesse momento de crise que redescobriremos o valor essencial, sagrado mesmo, da Educação. Que nos reinventaremos como educadores, sob o risco não só de ficarmos ultrapassados, mas desumanos. Chineses e indianos já o sabem; vamos redescobrir também, pois isso é humano - e é na humanidade que reside a aposta sempre vencedora daqueles que educam por amor a vida e as pessoas.
Obrigado por suas sempre certeiras perguntas! =D
Caro prof. André, boa noite! Mais uma excelente reflexão. Pude participar de um curso seu na UERJ, em agosto passado, e conhecer o quanto o "oriente" deve ser inserido em contextos educacionais e filosóficos marcadamente ocidentais e excludentes. O esoterismo acabou por marcar o "oriente" como sendo por completo religioso. Vi acima que comentou (assim como no curso citado) que há relatos de confucionistas cristãos.
ResponderExcluir1 - Tendo em vista essa questão do esoterismo e os pressupostos confucinistas, acredita ser possível a introdução, ao menos, da sua filosofia no ensino brasileiro?
2 - Nossas escolas estão culturalmente preparadas para lidar com a diversidade, tanto no trato com religiões de matriz ocidental, quanto no que diz respeito ao "orientalismo"?
Abs, Gabriel de Oliveira Enseñat
gabriel.o.ensenat@gmail.com
oi Gabriel!
Excluirobrigado por sua visita aqui!
Tanto filosoficamente quanto historicamente, é possível sim falar da China. Pq não seria? Falamos de russos, franceses, americanos, alemães, gregos... Vamos apenas falar de mais alguns, e termos mais opções!
Ademais, nossas escolas estão começando a lidar com a questão do ensino religioso. Por isso que até agora ele é um problema: pq antes nem se discutia! Se estamos questionando, e pensando soluções, é pq agora reconhecemos o problema; e doravante, o resolveremos!
saudações! =D
Professor André Bueno, para você a educação no Brasil está em crise, ou ela sempre foi decadente no sentido da valorização do docente e do ensino? As sociedades orientas tem muito o que nos ensinar nessa questão?
ResponderExcluirDaniele Cristina Back Vieira
Oi Daniele!
Excluircomentei isso agora há pouco, duas perguntas antes!
obrigado! =D
Boa noite, professor.
ResponderExcluirFrente ao cenário de globalização cada vez mais acelerada sob o qual encontra-se o mundo como um todo, em especial Estados em grande ascensão ou já estáveis economicamente, é natural que existam intensas trocas culturais entre o mundo "ocidental" e o "oriental" (me refiro, com ocidental, aos países cujo foco educacional é mais tecnicista, como já exemplificado no texto com EUA e Brasil; com oriental, às nações guiadas por valores mais humanistas, muitas delas abrangidas pelo "orientais" empregado no texto, mas sem me ater a questões geográficas/territoriais para fins dessa divisão). Na sua opinião, esse convívio mais frequente com o outro e com orientações de pensamento, em tese, menos condicionadas à reflexão, representa uma ameaça real à manutenção de culturas ideológicas milenares, como as destacadas no texto, e suas orientações educacionais? Ou essa transculturação já seria um processo em curso no momento, entretanto incapaz de descaracterizar fundamentalmente essas tradições (à exemplo do confucionismo chinês que resistiu às revoluções do século XX)? E, por fim, seria um equívoco partir da premissa de que é mais fácil perpetuar uma cultura de pensamento e ensino mais mecânico e com um ímpeto menos ao autoconhecimento simplesmente pelo menor esforço requerido? Espero ter sido claro nas perguntas, desde já, obrigado.
Rafael Trento Viccari
Oi Rafael!
ExcluirA Humanidade é feita de encontros; que nada permaneça intocado, se são as trocas que promovem a riqueza cultural, intelectual e espiritual. As culturas sobrevivem por uma ideia de identidade que elas mesmas constroem; do que elas tem medo de perder, se nas trocas, elas tem a ganhar? vejamos a China, Índia, Japão... se entendem elas mesmas, e são grandes produtoras de tecnologia e cultura. Por outro lado, vejamos os EUA e o Brasil: países em que, se tudo der certo, é a mistura que constrói nossa identidade. Todos esses modelos são possíveis, e todos dependem de troca.
Disse Confúcio uma vez: recolhe tudo que pode, põe de lado o que é duvidoso, escolhe pelo o que parece correto.
é um meio simples de aprendermos com segurança. =)
saudações!