ENSINO DA HISTÓRIA AFRICANA PARTIR DE “SUNDJATA OU A EPOPEIA
MANDINGA”: NOTAS
PARA O USO DIDÁTICO
Washington
Santos Nascimento
Se no
Brasil temos muitas dificuldades de se pensar (e efetivar) um ensino de história
da África, esta realidade não é muito diferente no continente africano, onde a
construção de uma perspectiva intravertida ainda se reveste de uma carência de
materiais produzido pelos africanos. O livro Sundjata ou a epopeia Mandinga no ano de 1960, organizado por Djibril
Tamsir Niane, a partir de vários relatos orais, é uma
obra fundadora. Trata-se de um dos primeiros livros organizados para atingir um
público de não especialistas e que se preocupa em contar a história do Mali a
partir do própio Mali e que por esta razão talvez seja aquela, que ao se
referir ao mundo antigo africano, seja a mais divulgada no mundo, sobretudo no
Brasil.
A obra
construída a partir dos relatos de um Griot da aldeia de Djeliba Koro, no
distrito de Siguiri, na Guiné, rompeu com o modelo totalitário da ciência
moderna, saída da revolução científica do século XVI, que se por um lado foi o
fermento de uma série de transformações na história da humanidade, por outro se
tornou um modelo totalitário quando negou o caráter racional de todas as formas
de conhecimento que não se pautarem pelos seus princípios epistemológicos e
pelas suas regras metodológicas ocidentais (MIGNOLO, 2006).
Sundjata ou a epopeia mandiga (1960) ao reabilitar a
tradição oral passada pelos griôts constrói uma problemática original, falando sobre e para os africanos, com a
preocupação de reconstruir a história local (no caso a fundação do Mali
muçulmano) e de ensiná-la através de uma obra leve e de fácil leitura
para qualquer tipo de leitor, mesmo aquele não familiarizado com o tema. Trata-se de uma epopeia, ou seja,
“[...] um poema extenso que narra as
ações, os feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário que representa
uma coletividade; poema épico, poema heroico” (HOUAISS, 2010). Dentro do contexto no qual Niane estava
inserido, a Negritude, a poesia surgia como um das formas de escrita que mais
se aproximaria da oralidade e das tradições orais que são elementos
fundamentais do saber africano. Segundo Ki Zerbo (2010), na África a epopeia não só reflete, mas também cria a história.
Assim
o objetivo deste texto é fornecer alguns subsídios para o uso desta epopeia nas
aulas de história, da educação infantil ao ensino médio, visto que a mesma foi
adaptada como obra infantil por Rogério Andrade Barbosa, "Sundjata, o
Príncipe Leão" publicada pela editora Agir em 1995 ou ainda para o
universo juvenil sob a forma de graphic novel por Will Eisner, "Sundiata,
O Leão do Mali : uma Lenda Africana", publicada no Brasil pela Companhia
das Letras no ano de 2004. Para o ensino médio a “Sundjata ou a epopeia
mandiga” do Djibril Tamsir Niane publicada no Brasil em 1982, não foi mais
reeditada, mas sua versão em pdf é encontrada em pdf facilmente na internet o
que mostra um esforço de tornar este material público ainda nos dias de hoje.
Ainda neste propósito ao final do texto colocamos
uma série de mapas que poderão ser usados em sala de aula para melhor
aprofundamento sobre o tema.
Djibril
Tamsir Niane e a construção de Sundjata ou a Epopeia Mandinga
Djibril Tamsir Niane nasceu em Conacri, Guiné em 1932. Estudou em Dakar
(Senegal) e formou-se em história em 1959 na Universidade de Bordeaux, França.
Além disso foi professor de história na Universidade de Dakar (atual Universidade Cheikh Anta Diop
de Dakar no Senegal). Esta universidade, junto as de Ibadan (Nigéria), Dar Es Salaam (Tanzânia) e
Makerere (Uganda) tiveram (e tem) um
papel de liderança no processo de descolonização da história da África (BARRY, 2000).
De sua primeira geração fizeram parte
Cheikh Anta Diop, Abdoulaye Ly e Leopold Senghor. Boubacar Barry (2000)
salienta que a publicação de Nations nègres et
cultures de Cheikh Anta Diop em 1955 e Compagnie du Sénégal
de Abdoulaye Ly em 1958 marca um corte epistemológico decisivo com a
historiografia colonial, uma vez que eles colocaram a história a serviço da
libertação africana. Djibril
Tamsir Niane pertenceu a segunda geração, onde a história pré-colonial da África e as
tradições orais receberam atenção especial neste processo, na sequência da
ideia de que construir uma história descolonizada era essencial para a
libertação nacional, assim nasceu Sundjata
ou a epopeia mandiga nos anos sessenta. Esta obra
é resultado das pesquisas de sua tese sobre o Império do Mali. Neste momento
ele tomou contato uma série de griots, incluindo Mamadou
Kouyaté, que o permitiu reconstruir a partir das tradições orais a história do
fundção do império muçulmano do Mali.
Além disso, Niane, foi um dos organizadores da História Geral da África, coletânea de 8
livros organizada e publicada pela Unesco a partir dos anos setenta. Ele é
responsável pela edição do volume IV (séculos XII-XVI) e pela escrita do
capítulo 6, “O Mali e a segunda expansão manden” no qual faz uso do que
pesquisara no doutorado. E este é um dado importante pois alguns elementos que farão
parte da História Geral da África
tais como a perspectiva de que ela deve ser vista desde o seu interior
(intravertida), considerando os africanos como sujeitos e não meros objetos da
história, ou seja, o destaque para o
Sujeito africano, enquanto um indivíduo político, dando para tanto uma ênfase na História Política já estavam
presentes em Sundjata... Desta forma a construção do livro Sundjata ou a
epopeia mandinga se insere dentro de um projeto maior, a publicação da História Geral da África.
A história a ser contada e
ensinada: A formação do Mali Muçulmano
Sundjata... em linhas gerais fala da
história de um governante (Sundjata), pertencente ao povo Mandigo, situado no
atual Mali que passa por uma infância de
grandes privações por não poder andar, Mesmo superando esta dificuldade ele
perdeu o seu posto para um de seus irmãos e temendo por sua vida exila-se de
sua cidade natal (Niani), no exterior relaciona-se com outros povos,
tornando-se um caçador e guerreiro ainda mais valoroso. Em uma grande batalha,
derrota o rei dos Sosso e liberta seu povo, até então subjugado àquele tirano. Tudo
isso se passa entre os séculos Século XII e Século XIII d.C. quando Sundjata
Keita derrota Sumaoro, rei dos Sossos e lança as bases para a construção do
Império do Mali, sob a proteção do Islã.
O
livro gira em torno dos povos mandinga (ou mandem), que compreende vários grupos e subgrupos, dispersos por toda
a zona sudano‑saheliana, do Atlântico ate o maciço do Air.
(NIANE, 2010, p.133). As tradições
orais da região fazem alusão à existência no mundo antigo de dois reinos na
região, o reino de Do e o reino Manden. Ainda no século XI: Viajantes árabes
relatam a venda de ouro em pó. Já entre os Séculos XI e XII: Unificação dos
pequenos reinos da região pelo clã dos Keitas e nos séculos XI e XII ocorre a
Islamização da área.
Os Keita, fundadores do Império do Mali, do qual Sundjata
é um dos seus antecessores, acreditam ser descendentes de Dion Bilali (ou
Bilali Bunama ou Bilāl ben Rabāh), companheiro do Profeta Maome e primeiro
almuadem ou muezim (mu’addhin) da comunidade muçulmana. O livro assim relata de que
maneira o Islã tornou-se hegemônico na região.
Como contar e ensinar a história: o papel dos Griots
Toda a epopeia mandinga foi contada por um Griot. Que é
um termo
em francês e que significa aquele guardar e contar as histórias dos povos
tradicionais da África. Assim começa a epopeia:
Sou griot. Meu nome é
Djeli Mamadu Kuyatê, filho de Bintu Kuyatê e de Djeli Kedian Kuyatê, Mestre na
arte de falar. Desde tempos imemoriais estão os Kuyatês a serviço dos príncipes
Keita do Mandinga (o mesmo que Império do Mali); somos os sacos de palavras,
somos o repositório que conserva segredos multisseculares. A Arte da palavra
não apresenta qualquer segredo para nós; sem nós, os nomes dos reis cairiam no
esquecimento; nós somos a memória dos homens; através da palavra, damos vida
aos fatos e as façanhas dos reis perante as novas gerações. Recebi minha
ciência de meu pai Djeli Kedian, que a recebeu igualmente de seu pai; a
História não tem mistério algum para nós; ensinamos ao vulgo tudo que aceitamos
transmitir-lhes; somos nós que detemos as chaves das doze portas do Mandinga. (NIANE,
1982, p.11)
Amadou Hampate Ba (2010) distingue três categorias de Griots,
os griots músicos, que tocam qualquer instrumento (monocórdio,
guitarra, cora, tantã, etc.). Em geral são bons cantores e compositores, além
de preservarem e transmitirem a música antiga. Ainda os griots “embaixadores” e cortesãos, os responsáveis
pela mediação entre as principais famílias em caso de desavenças. Eram ligados
a uma família nobre ou real, ou mesmo a única pessoa (um rei, um príncipe por
exemplo) e os griots
genealogistas, historiadores
ou poetas (ou os três ao mesmo tempo), que em geral são igualmente contadores
de história e grandes viajantes, não necessariamente ligados a uma família. Em Sundjata... temos “embaixadores” e
“genealogistas” apesar de referencias a forma como o mundo é organizado pela
musica também aparecem no livro.
Importante salientar,
segundo Hampate Ba (2010), os Griots não
são os únicos guardiães da tradição oral, “A tradição oral africana, com
efeito, não se limita a histórias e lendas, ou mesmo a relatos mitológicos ou
históricos, e os griots estão longe de ser seus únicos guardiães e
transmissores qualificados” (HAMPATE BA, 2010, p. 169). Há os tradicionalistas,
que normalmente estão associados a ofícios tradicionais, como o ferreiro, o
artesão, caçador etc. Na obra analisada temos ferreiro e sobretudo o caçador como
um mestre tradicionalista, fundamental na transmissão de conhecimentos e na
própria formação de Sundjata.
Outra questão importante de
se destacar é que nas sociedades em que o principal canal de informações é pela
transmissão oral, aqueles que controlarem uma sólida rede de griots praticamente monopolizem a difusão da
“verdade” oficial (KI-ZERBO, 2010). E é assim que o Griot assume esta face
também no inicio da epopeia:
Os griots conhecem
a história dos reis e dos reinos, motivo por que são os melhores conselheiros
dos reis. Todo grande rei quer ter um chantre para perpetuar sua memória, visto
que é o griot quem salva a glória dos reis, pois os homens têm a
memória muito curta. Os reinos têm seu destino traçado, tal
como os homens; só o conhecem os adivinhos, que investigam o futuro, cuja
ciência dominam. Nós outros, griots reais, somos os depositários da
ciência do passado; mas quem conhece a história de um país poderá ler seu futuro.
[...]
Ensinei a reis a História
de seus ancestrais, a fim de que a vida dos Antigos lhes servisse de exemplo,
pois o mundo é velho, mas o futuro deriva do passado (NIANE, 1982, p.34).
Como destaca Mauricio
Waldman (2000), o griot é sumamente o “construtor semântico” reconhecido da
Epopéia. No texto, sintonizado com os procedimentos tradicionais africanos, o
griot é a fala do Rei, é somente através dele que esta autoridade manifesta ao
público seus pensamentos e vontades, suas palavras e ordenações. Quando
Sundjata perde o seu Griot, ele foi seriamente ofendido, pois seria como
tirar-lhe a palavra. Assim derrotar Sosso, seu irmão e inimigo, era recuperar
seu griot e assim recuperar sua palavra.
Uma nova geografia e
espacialização: o rios, o sol e o centro do mundo
A
história se passa entre dois grandes rios, o Senegal e o Níger (ou “Djoliba” no
idioma mandenka) são eles que vão demarcando fronteiras possíveis naquele
espaço composto por um mosaico de etnias e culturas diferentes porém
complementares, que tem nos rios uma relação paradoxal, pois ao mesmo tempo que
ele separa, ele une diferentes povos.
Outro
elemento fundamental nesta geografia simbólica construída na epopeia é entender
o sol como um demarcador dos trânsitos. Waldman (2000) salienta que Sundjata,
num autêntico “trajeto iniciático”, progride na narrativa, da periferia do
Espaço Manden, ou seja as cidades de Mema e de Wagadu, na direção do que seria
considerado naquele espaço o umbigo do mundo, a capital do Império do Mali,
Niani. Este percurso obedece a um sincronismo com a trajetória do Sol (oriente
para ocidente, do nascente na direção do poente) astro que em parte da África é
o referencial cosmológico do Tempo. Diferente do mundo semítico – ao qual se
filia-se o Islã, a Lua e as Estrelas são
bem menos representativas para a cosmogonia “negro-africana” do que o sol. Quando
Sundjata resolve sair de seu exílio, diz o Griot “[...] chegamos agora aos
grandes momentos da vida de Sundjata. O exílio vai terminar, e um novo sol vai
levantar-se, é o sol de Sundjata” (NIANI, 1982).
Considerações Finais
A análise da obra em sala
de aula nos permite discutir com os alunos novos eixos da história. Assim a
leitura de Sundjata junto com
história dos povos indígenas do Brasil, por exemplo, contribuirá para
construirmos em nosso aluno uma perspectiva não eurocêntrica para entendermos a
história da humanidade.
Além disso coloca na
tradição oral, a predominância em torno da forma como se deve contar a história,
tirando da escrita uma autoridade até então inquestionável. Trazendo desta
forma novas possibilidades de continuar o debate, desta vez discutindo, a
partir da oralidade, dimensões da vida da comunidade que cerca a escola.
O fato do Mali ter se
tornado o primeiro grande estado muçulmano da África do norte e que isso
representou um processo de pacificação da região (ao menos a partir da
perspectiva de Sunjata) traz para o centro do debate de que não há uma única
forma de analisar a expansão islâmica e oferece nuances para se pensar o mundo contemporâneo.
Por fim, e igualmente
importante, é perceber a construção dos limites geográficos, enquanto um
produto histórico, que responde a interesses internos específicos e que
diferentemente da forma imperial na qual ela foi construída, não precisa ser
necessariamente fixa e imutável, ela pode ser fluida e diluída.
Referências bibliográficas
BARBOSA,
Rogério Andrade. Sundjata, o Príncipe
Leão. Rio de Janeiro: Agir, 1995.
BARRY, Boubacar. “Reflexão sobre os discursos
históricos das tradições orais em Senegâmbia”. In BARRY, Boubacar. Senegâmbia: o desafio de uma história
regional. RJ: SEPHIS/CEAA, 2000, p.5-34.
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Will. Sundiata. O Leão do Mali – Uma
Lenda Africana. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. Rio de. Janeiro, Ed. Objetiva, 2001
HAMPATÉ
BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO (coord.). História Geral da África
I. Metodologia e pré-história da África.
São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2010.
KI-ZERBO,
Joseph. Introdução In: KI-ZERBO (coord.).
História Geral da África I.
Metodologia e pré-história da África.
São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2010.
MIGNOLO, Walter. Os esplendores e as misérias
da “ciência”: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade
epistêmica. In: SANTOS, B. de S. Conhecimento
prudente para uma vida decente. São Paulo: Cortês, 2006.
NIANE, Djibril Tamsir. O Mali e a segunda
expansao manden. In: NIANE, História
Geral da África Vol. IV Djibril Tamsir Niane (org.) – 2.ed. rev. – Brasília
: UNESCO, 2010.
_____. Sundjata, ou a epopéia mandinga. São Paulo: Ática, 1982.
WALDMAN,
Maurício. Africanidade, Espaço e Tradição: a topologia do imaginário africano
tradicional na fala griot de Sundjata Keita do Mali. África - Revista do Centro de Estudos
Africanos da USP, São Paulo (SP), Brasil, v. 20/21, p. 219-268, 2000.
ANEXOS
MAPAS – MANDINGAS (MANDEN)
Mapa 1: África do norte atlântica
Fonte: Google Earth
Mapa 2: África do Norte Colonial
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/historia-colonizadores-africa-450594.shtml
Mapa 3: Paisagem natural da região
do Império do Mali
Mapa 4: Avanço islâmico na região
do Mali
Fonte: HRBEK, Ivan. A difusão do
Islã na África, ao Sul do Saara. In: FASI, M. El. (Ed.). África do século VII ao século XI. 2ª. ed. rev. Brasília: UNESCO,
2010, p. 95.
Mapa 5: Rota das Caravanas na
África do norte.
Fonte: OLIVIER, Roland e FAGE,
Jhon. D. Breve História da África,
Lisboa, Sá da Costa, 1980, p.53
Mapa 6: Impérios do Mali e Songhai
(Século VII e IX)
Fonte:
COSTA E SILVA, Alberto. Igbo-Ukwu. In: SILVA, Alberto da Costa e A
enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3° Ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2006. p.319
Mapa 7: Império do Mali no século XIV
FONTE:
KI-ZERBO, Joseph. História da África
Negra. Portugal, Publicações Europa-América, 1999, p.165 (Volume I).
Caro Washington,
ResponderExcluirexcelente texto! Você entende que a epopeia de sundjata pode contribuir não apenas no ensino de história cultural da África, mas também, no ensino de como faz história africana malinesa? Ou; podemos aprender a fazer história como griots? Se sim, qual seria a valia disso no quadro da construção de consciência histórica do aluno?
saudações!
André Bueno
Olá. Vamos as algumas questões colocadas pelo André:
Excluir1) Sundjata pode contribuir não apenas no ensino de história cultural da África, mas também, no ensino de como faz história africana malinesa? Sim, sobretudo na África de colonização francesa, onde a influência do islã se fez mais significativa. De certa forma Sundjata é também uma história do Islã.
2) Podemos aprender a fazer história como griots? Nossa sociedade não tem este personagem, tal qual na África do Norte, mas temos os nossos tradicionalistas e neste sentido a escola precisa dialogar com eles. O despertar da consciência histórica advém do fato de que no espaço social do aluno há os portadores de histórias e memórias, ou seja, a história é um bem público.
Prof.Washington Santos Nascimento, foi um prazer ler seu texto.
ResponderExcluirTenho muita afinidade, enquanto acadêmico, a questões relacionadas a África, e seu texto traz um horizonte importante que é o refletir sobre o ensino de história africana.
Dessa forma, gostaria de saber como o senhor entende a importância da utilização dessa epopeia a partir de sua possível inserção no dialogo agora posto ultimamente pela proposta da nova Base Nacional Curricular Comum no ensino de História? De forma mais sucinta, qual a importância dessa reflexão no contexto da BNCC que prevê uma ampliação e uma efetivação do ensino da história africana?
ROMARIO DE MOURA ROCHA
O novo BNCC propõe uma redefinição dos eixos pelo qual se tem discutido a história em sala de aula até agora, apesar dos ajustes ainda necessários ela aponta para a necessidade de mais história indígena e africana. Neste sentido a história de Sundjata pode ser útil como ponto de partida para conhecermos a história do continente africano e mais do que isso reabilitar a memória e a oralidade como formas possíveis de se fazer história.
ExcluirProf. Washington,
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pelo texto! Desde meu primeiro ano de graduação me interesso especialmente pelo Reino do Mali, por ter sido meu primeiro trabalho na disciplina de África.
Gostaria de saber, qual sua opinião e quais perspectivas tem para com a Base Nacional Comum Curricular no tocante ao ensino da História da África? Quais pontos positivos e negativos são possíveis de elencar?
Ass,
Eduardo Lisboa
Olá Eduardo, como eu disse anteriormente o novo BNCC propõe uma redefinição dos eixos com uma mais carga de história indígena e africana. Mais, mesmo assim, no que se refere a história africana, ainda é uma África com uma certa fixidez e imutabilidade no que se refere a algumas categorias. Por exemplo, o MAli, foi um reino forte, centralizado e Islâmico antes da chegada dos europeus. Já entre os Rios Congo e Cuanza (o que hoje corresponde ao RDCongo e Angola) você tinha inúmeros chefados autonomos com laços de articulação diferentes do convencionamos chamar de Estado, mas mesmo assim era um estado, como mostra o Joseph Miller.
ExcluirEntão não dá para colocar tudo em um mesmo pacote, a África.
ExcluirOs romances de cavalaria, como o do Rei Artur e seus cavaleiros, ou as epopéias heróicas na antiguidade, bem como a formação destes heróis, foram muito importantes para a formação da cultura medieval e moderna ocidental. Fica claro que com a colonização, o Brasil recebeu muito desses heróis cantados na metrópole (Europa). Nossa herança cultural africana chegou “escravizada”, daí um dos principais motivos de não conhecermos tanto a história de Sundjata, e até de Samba Gueládio, como conhecemos a dos cavaleiros da Távola Redonda, ou das lendas gregas.
ResponderExcluirComo o autor propõe a superação destas diferenças em sala de aula?? Como apresentar este 'novo' universo mitológico aos alunos, conseguindo alcançar a competição que é colocada não apenas pela prática histórica e pelos costumes, mas pela mídia, cinema e outros tantos canais onde a história africana não aparece, a não ser reduzida ao caso do Egito??
Abraço e bom debate a todos!
Israel da Silva Aquino
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Olá Israel. Hoje nós já temos um bom material escrito sobre esta mitologia africana. Só no caso que eu citei, há dois bons livros no Brasil. Mas com certeza as mitologias Yorubás são aquelas com melhores materiais, o Reginaldo Prandi fez um bom trabalho com ótimos livros. Dá uma pesquisada: http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/
ExcluirCaro professor Washington Santos, eu participo de um grupo de maracatu em minha cidade que é Fortaleza e nós temos a figura de um griot que é o responsável em nos ensinar a arte dos sons dos tambores e de contar as origens do maracatu dentro do Estado do Ceará que ainda é impregnado pela historiografia local produzida no século XIX. Sendo, portanto, este fator um dos elementos que permitem a negação por meio do desconhecimento da participação considerável dos africanos na nossa formação étnico-cultural. Desse modo, o senhor apresentou no texto a existência de três tipos de griots, no caso do maracatu em que eu participo, temos um griot músico, mas em relação ao Brasil que reinventou os aspectos da cultura africana, poderíamos projetar a figura dos griots nas mães de santo, pais de santo e nas lideranças quilombolas. A partir do teu estudo, como poderíamos estabelecer uma parceria com esses atores sociais da cultura afro-brasileira nas aulas de história e como se apropriar dos seus saberes no intuito de se produzir uma estética da libertação onde se entenderia a ancestralidade como um aspecto cultural interpretativo dos povos africanos e afro-brasileiros como forma de combater o racismo e desenvolver os aspectos étnico-cognitivos? O senhor considera as mães de santo e pais de santo como griots? Nome: Pedro Henrique de Carvalho. Instituição: UECE.
ResponderExcluirOlá Pedro. Não, não acho que elas sejam griots. Aqui no Brasil demos uma significação diferente para esta palavra. Acho que elas são mestres tradicionalistas, que guardam a tradição como forma de preservar a identidade do grupo. O griot pode ter este papel, mas necessariamente ele não precisar lidar com a noção de verdade, ele pode subverter, inverter... algo impensável para os mestres tradicionalistas.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezado Prof.Washington Santos Nascimento,
ResponderExcluirGostei muito de ler seu texto. Fiquei muito entusiasmada enquanto professora. Pricipalemente por ter trabalhos voltados para área. Valorizo muito esse tipo de leituras nas aulas de História. Gostaria de saber se vc recomendaria o trabalho do tipo de leitura coletiva ou individual com a turma? é interessante uma produção de imagem pelos alunos depois do término da leitura, como parte do processo avaliativo ou algo que focasse na oralidade?
Atenciosamente
Carolyne do Monte
Olá Carolyne. A obra inteira talvez fosse de dificil compreensão para os alunos. Ela mereceria um tempo maior em sala de aula, mas como sabemos normalmente os tempos são exiguos, mas é possível sim trabalhar com fragmentos deles, por exemplo o inicio sobre os griots, além disso há uma serie de histórias africanas que também são brasileiras, como por exemplo a do mulher búfalo. Que poderia ler lidas em maneira comparativa.
ExcluirPrezado Prof. Washington Santos Nascimento,
ResponderExcluiré com muito apreço que tomo conhecimento de sua proposta, e já nesta oportunidade parabenizo-o pela mesma. Esta escrita faz-se em uma tecitura temática efetivamente acerca da História da África. Neste sentido, trago uma recordação em que acompanhava pela TV uma entrevista da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Na oportunidade ela descrevia a influência literária brasileira em sua formação. A tomar as relações que em muito “transformaram o Atlântico em um rio”, é sucinto falarmos de transitos literarios entre África e Brasil?
Advemos de uma formação escolarizada eurocentrada ao qual relegou-se, a exemplo da África, um espaço “obscuro”, “sem história”. Mesmo sugindo em parte em vosso texto, caso julgue pertinente, ao analisar o que compete a um griot (dentre as funções descritas na epopéia), seria uma ferramenta não só para lidar com a instruição no ensino escolarizado de base sobre a tarefa do historiador, bem como embates acadêmicos sobre a questão: o que fazem os historiadores, quando fazem história?
Att,
Igor Fernandes de Alencar – igor4p@gmail.com
Prezado Igor esta é a questão interessante, pois o Griot é responsável pela história oficial, mas se pensarmos que cada um dos governantes ou seus filhos tem um griot nos leva a perceber as diferentes debates em torno da história, que na verdade são lutas de classificações dentro das estruturas de poder dentro daquela sociedade. A existência de uma história oficial quer dizer que uma determinada visão de poder tornou-se hegemônica.
ExcluirCaro Professor Washington, parabéns pelo texto, muito claro e didático. É realmente muito importante pensar a oralidade e a função dos griots para a construção das histórias africanas, rompendo com a epistemologia eurocêntrica. Pensando na realidade escolar brasileira, podemos utilizar a epopeia mandinga para pensarmos quem são os griots atuais enquanto detentores do conhecimento ancestral? Como o senhor enxerga a manutenção de pilares do conhecimento africano, como a oralidade, a ancestralidade e a comunidade, nas culturas afro-brasileiras? Obrigada pela atenção. Atenciosamente, Mariana Bracks.
ResponderExcluirOi Mariana bom falar contigo. Eu acho que precisamos primeiro fazer uma distinção importante, não há uma corrente de influências em sentido único África - Brasil no que se refere a estas tradições. O que houve, na minha leitura foi um processo de misturas, crioulizações, mestiçagens e por fim e mais importantes invenções do outro lado de cá do Atlântico, reduzindo para isso determinados traços (e aqui lembro do texto da Manuela Carneiro Cunha, cultura: do residual porém irredutível) e incorporando elementos novos, não só portugueses, mas sobretudo indígenas. No caso em discussão aqui, a oralidade é também um elemento indígena. Então a questão não é de história/cultura e sim de identidade. O que nós professores estamos fazendo o tempo todo é ajudar neste processo de construção identitária do nosso aluno, assim estes pilares do conhecimento africano, como a oralidade, a ancestralidade e a comunidade são fundamentais a serem discutidos neste processo formativo e iria além na sobrevivência psiquica (e aqui lembro do Fanon) do aluno negro.
ExcluirBoa noite Professor,no Brasil temos a Li 11.645 de 10 de março de 2008
ResponderExcluirAltera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Gostaria de saber como podemos fazer para que este conteúdo seja mais abrangente nos livros didáticos? ate mesmo como podemos contribuir para que a historia das sociedades africana seja de fato cumprida na sala de aula? DIOGO SILVA PEREIRA
Olá Diogo, bem em primeiro lugar há uma quantidade significativa de material que nos livra da prisão do livro didático. E em segundo lugar esta discussão sobre africa e africanidades não deve ficar só nas aulas de história, por exemplo na obra que discutimos assim é possivel trabalhar na disciplina de literatura, geografia, etc
ExcluirParabéns professor pelo texto!
ResponderExcluirA proposta é genial, uma vez que não possuímos uma memória. Por meio do ensino de África aliado a uma carga de história indígena conseguiremos imprimir nos alunos a necessidade de construirmos uma memória afro-brasileira? Eduardo Matheus Gomes Pereira
Olá Eduardo, todo processo de construção identitária de nosso aluno para pelo pressuposto de que ele deve saber sua história. Assim o trabalho com memória é fundamental para que se dê chão, ancestralidade e uma identidade não eurocentrica para este aluno.
ExcluirBom dia, Washington. Parabéns pela sua comunicação! Achei muito interessante a sua proposta. A articulação entre a pesquisa e o ensino é fundamental na história, ainda mais quando trazemos fontes para serem trabalhadas em sala de aula. Constantemente tenho alunos que pedem auxílio para realizar atividade que envolvem a "história africana" no estágio e certamente recomendarei o seu texto (não como um manual, mas sim como uma possibilidade de reflexão). Recomendo apenas que, se possível, explicar em nota alguns elementos que podem ser distantes para o público que inicia a sua pesquisa ou que não é especialista na área, e ainda um revisão ortográfica meticulosa.
ResponderExcluirPossuo duas perguntas: (1) Além dos mapas, que outros recursos didáticos você utilizaria, ou poderia utilizar? (aliás você poderia ter articulado mais os mapas com os textos, pois deixaria o seu texto ainda mais rico); (2) Como você estabeleceria (mais detalhadamente) uma ponte entre passado refletido na obra (fundação do Mali) e o presente de produção da obra?
abraços,
Danilo Ferreira da Fonseca
ExcluirOlá Danilo obrigado por suas ponderações. Depois deste texto aqui, ele será publicado em um livro o que nos possibilitará incluir suas sugestões. Acho que os mapas dão uma possibilidade boa de uma leitura visual do continente africano mas é possível sim usar outros recursos. Um boa opção são as imagens presentes no levantamento do “Memórias da África” feita pela Universidade de Aveiro – Portugal. Ali há imagens interessantes sobretudo das organizações urbanas, apesar de termos que ter cuidado no processo de seleção e análise pois a fotografia é produto de uma visão eurocêntrica. Em relação ao segunda questão a obra é fruto o movimento nacionalista pró-independetista da África francesa, assim recuperar o passado africano, o passado da região, era mostrar a anterioridade de suas formações sociais e a presença efêmera do colonialismo francês, sendo assim mais um elemento importante da luta anti-colonial, como por sinal de destacará grande parte da produção da Escola de Dakar no período.
Bom dia professor. Sou aluno de graduação e já estou tendo disciplinas de estágio em salas de aula. Pois bem, aprendemos muito na graduação e as vezes não há espaço nas instituições de ensino para introduzir a História da áfrica como parte do conteúdo de História, uma vez que não "cai" essa matéria no vestibular e a coordenação pedagógica escolar decide usar o curto tempo das aulas de História para o que ela considera "importante". Segundo, já hove casos de professores de História que responderam a processos disciplinares nas escolas por abordar temas relacionados a África. Tenho uma simples pergunta de aluno da graduação: Qual o caminho ou a forma de lidarmos com este problema nas instituções de ensino ? Quero mais uma opinião sua sobre isto, pois tratar da África e religiões africanas no Brasil ainda é muito delicado, e isto cairá sobre nós, os futuros professores da educação básica.
ResponderExcluirGABRIEL COSTA SOARES
Olá Gabriel, na verdade as discussões sobre a África e a Africanidades tem sido recorrentes no ENEN ou vestibulares, então na verdade esta é uma desculpa que não se sustenta. Outra questão é que não é questão de delicadeza e sim de violência, de uma determinada colonialidade do poder e do saber que transcende a sala de aula e vai pro espaço de debate político. Assim a discussão sobre estas questões tem que ser chamadas nas reuniões das escolas, nas discussões com a diretoria, chamar os alunos para a importancia destes temas para que eles também somem a esta luta.
ExcluirCaro Washington. .A epopeia africana pode ser entendida como uma descrição de um passado. Qual a importância do texto para a formação de uma identidade nos anos 60 e nos dias atuais. Abç Obrigado pelo texto, José Roberto Paiva
ResponderExcluirOlá Alaceus ela pode ser trabalhada de diferentes formas, uma das mais importantes é dissociar a visão do africano enquanto escravo. Tentar mostrar que a escravidão foi uma forma transitória de relação de trabalho racializada e desumana, mas não diz respeito a anterioridade da presença africana e de suas organizações estatais.
ExcluirObrigado pela resposta. José Roberto
ExcluirAlmir Ramos, 08 de março 2016.
ResponderExcluirProfessor Washington Nascimento. Em primeiro lugar parabéns pelo texto, pois relata de forma simples, objetiva e didática sobre uma obra tão influente para a História do Continente Africano. Meu questionamento é: O Sr. acredita que a obra "Sundjata ou a Epopéia Mandinga" além de ter um envolvimento de mito e realidade, também apresenta os aspectos políticos e culturais do Mali? Quando são relatados os momentos de dificuldade e de vitórias de Sundjata Keita, estes são instantes em que o Mali enfrenta diversas "crises" e em seguida atinge um patamar de equilíbrio quando o império é assumido por Sundjata Keita? A tradição oral, a meu ver, pouco trabalhada na historiografia brasileira pode seguir este caminho para uma maior aproximação dos alunos tanto para com a História da África, quanto para com a História dos povos indígenas no Brasil?
Olá Almir acredito que a obra deva ser trabalhada em um duplo aspecto, o primeiro como uma memória social dos grupos da região (na perspectiva do Halbwacs ou Frentress & Wickman) e neste sentido há diferentes histórias que ressaltam a anterioridade do processo de formação da região bem como a construção de formações estatais complexas. Por outro trata-se de um documento político que teve um impacto no processo de descolonização do continente africano, iniciado no debate público, mas que contou com a participação dos trabalhos da Escola de Dakar.
ExcluirEsta não seria uma oportunidade de fazer com que os alunos tivessem um melhor conhecimento dos princípios do islamismo?
ResponderExcluirAlmir uma impressão minha é de que esta é também uma história do Islã, contada no mundo muçulmano. Caberia pesquisar sobre isto.
ExcluirDe todos os textos este foi o que mas me chamou a atenção. parabéns pela riqueza do texto. Fico pensando porque apesar da ligação história entre Brasil e África ainda precisa de uma lei para que ela seja trabalhada m sala de aula, porque os livro didáticos ainda insistem em uma visão eurocêntrica. Você já notou que, se recortarmos os mapas, África e Brasil se encaixam perfeitamente, como se fossem irmãos separados pelo tempo? Qualquer semelhança não é mera coincidência
ResponderExcluirEli Carvalho de Oliveira
Eli, trata-se de relações de poder, ou seja, um processo colonialismo cultural que nos impõe determinadas visões de mundo.
ExcluirA cultura da diáspora negra, essa cultura dos africanos saídos do continente, caracterizada pelo otimismo, pela coragem, musicalidade e ousadia estética e política, foi incomparável no contexto da chamada Civilização Ocidental. Como não foi fácil a vida em terras americanas, precisando lutar para sobreviver, a criação cultural “com a expressão de liberdade que a cultura negra possui” foi “um lutar dobrado” para imprimir na cultura brasileira sua influência.
ResponderExcluirLeonilda Aparecida Borges
Boa noite Washington! Estou no segundo ano do curso de história e frequentemente em nossos seminários e debates somos advertidos por nossos professores ao anacronismos que cometemos. Gostaria de saber como me safar das frequentes broncas, caso um dia eu for apresentar um seminário ou participar de um debate especificamente sobre a epopeia Mandinga e a comparar a uma aventura homérica sem citar um autor renomado como o senhor fez ao citar HOUAISS, uma vez que a epopeia homérica e a Mandinga estão em tempos e espaços muito distantes.
ResponderExcluirGrata pela atenção!
Monique Aparecida de Souza Danny Oliveira.
Oi Monique obrigado por suas ponderações. A epopeia foi compilada/escrita pelo Niane. Ele é um professor universitário com formação na França. Então ele adequou a história contada nas tradições orais ao modelo de epopeia. Não há anacronismo nisso. Além disso as histórias colhidas por Homero são histórias do mediterrâneo, assim, são de alguma forma histórias conhecidas em parte do continente africano
ExcluirBoa noite, Professor Washington Nascimento! Parabéns pelo trabalho e pela preocupação em nos trazer um conteúdo tão enriquecedor de maneira tão didática.
ResponderExcluirEm suas conclusões,o senhor menciona uma possibilidade de diálogo entre a história africana e o nosso elemento indígena. Achei muito pertinente essa colocação, pois valida a valorização daqueles que, dentro de um longo processo histórico, foram (são) silenciados.
Considero realmente que este seja um dos possíveis caminhos para a desmitificação de nosso olhar.
Sou da área de Letras e fiquei muito interessada em saber como posso trabalhar esta temática pautando-me em uma perspectiva histórica, por isso gostaria de pedir sugestões, se possível, de literaturas que que me sirvam de norte.
Agradeço antecipadamente,
Vivian.
Boa noite, Professor Washington Nascimento! Parabéns pelo trabalho e pela preocupação em nos trazer um conteúdo tão enriquecedor de maneira tão didática.
ResponderExcluirEm suas conclusões,o senhor menciona uma possibilidade de diálogo entre a história africana e o nosso elemento indígena. Achei muito pertinente essa colocação, pois valida a valorização daqueles que, dentro de um longo processo histórico, foram (são) silenciados.
Considero realmente que este seja um dos possíveis caminhos para a desmitificação de nosso olhar.
Sou da área de Letras e fiquei muito interessada em saber como posso trabalhar esta temática pautando-me em uma perspectiva histórica, por isso gostaria de pedir sugestões, se possível, de literaturas que que me sirvam de norte.
Agradeço antecipadamente,
Vivian.
Oi Vivian. Uma sugestão é pegar histórias indígenas, por exemplo aquelas descritas pelo daniel munduruku e analisá-las comparativamente com as histórias africanas. Há pontos de contatos e dissonâncias. E nos permite pensar na existencia de novas epistemologias tal qual discutidas na obra Epistemologias do Sul organizadas pelo Boaventura de Souza Santos
ExcluirPrezado Washington Nascimento,
ResponderExcluirObrigado pelo seu texto. Muito bom. Claro, didático e comprometido com uma outra Educação. No contexto brasileiro atual e de acordo com o seu olhar crítico, é mais urgente promover o encontro dessa obra (da história africana e indígena; da importância da oralidade) com os alunos ou com os professores em formação? Em outras palavras, quem recebe uma formação mais distante, invisível ou superficial em relação ao nosso ideal?
Atenciosamente,
com os melhores cumprimentos,
Prof. Me. Danilo Cardoso.
Olá Danilo. Acho que devemos dar nomes aos bois. O que se faz hoje na escola é uma educação de matriz européia que em nada contribui para o processo de formação identitária do nosso aluno. Isso foi internalizado pelos educadores que não percebem que reproduzem um modelo de educação advindo do mundo colonial. É preciso romper isto. Desconstruir este modelo educacional tão internalizado.
ExcluirGostei muito do seu texto! Eu não conheço este livro... Mas garanto que irei adquiri-lo! Sou professora em uma escola do interior do Rio Grande do Sul, onde a colonização é da cultura italiana. Perceba o desafio de trabalhar a lei 10.639 em uma escola na qual não há materiais disponíveis e nem professores habilitados para isso. Entretanto, a história nos disponibiliza tantos viés magníficos pra isso! E o que de cara me chamou a atenção foi o tópico sobre a nova geografia! Meu campo de estudo é a História Antiga... Mais especificamente os Egípcios! E o sol é o centro de tudo! Meu questionamento é: No Egito sua escrita, deuses e mitologias são criados a partir da observação da natureza... Isso também ocorre no Mali? Em suas histórias e tradições?
ResponderExcluirAna Paula de A.L. de Jesus
A ligação com a natureza é comum em diferentes civilizações. Na verdade a epopeia pode ser usada para discutirmos uma maior aproximação com o mundo natural.
ExcluirCaro Washington Santos,
ResponderExcluirAté que ponto podemos considerar sem cometer anacronia teóricotemporal, os líderes mais antigos de comunidades quilombolas no Brasil (que preservam através da herança mítica )como exemplos de griots? É possível dizer que os mais antigose que contam para seus descendentes africano brasileiros a história de sua descendência como griots?
Grato por seu interesse.
Fernando Schinimann
Boa noite!
ResponderExcluirRealmente, muito bom o seu texto, parabéns! Deu-me muitas ideias para trabalhar com minhas turmas. Não sei se há ligação e desculpe a ignorância; mas os griots estavam na cultura dos negros muçulmanos que vieram para o Brasil ( Revolta dos Malês- Bahia)?
Novamente, parabéns pelo trabalho adorei lê-lo.
Atenciosamente,
Paola Rezende Schettert
Boa tarde, professor Washington Nascimento.
ResponderExcluirQue sugestões o senhor daria de estratégias para trabalhar a história da Comunidade Quilombola de Redenção, no Ceará, a partir de um paralelo da “SUNDJATA OU A EPOPEIA MANDINGA”, a história do Mali, explorando as técnicas da História Oral e as referências a função do Griot para trabalhar com alunos do Ensino Médio?
João Washington da Costa
Boa tarde, professor Washington Nascimento.
ResponderExcluirO papel do Griot é relevante nas culturas africanas, mas temos também no Brasil, entre os grupos sociais populares e mais distantes do controle da dita cultura oficial, homens e mulheres que assumem este papel de preservar e divulgar os saberes da comunidade. Como a escola pode agir no sentido de auxiliar a sobrevivência da cultura destas comunidades num mundo cada vez mais invadido pela tecnologia a serviço da cultura de massa que tende a descaracterizar a cultura local e a homogeneizar os modos de vida?
Obrigado!
João Washington da Costa
Prof.Washington,boa noite,
ResponderExcluir-Gostaria de perguntar-lhe se esse não é o momento exato para forçarmos a expansão do ensino de História da África pois estamos falando de mais de 50% de nossa população?
-No Brasil temos a figura do Griot e se afirmativo como se chamaria aqui e onde encontramos?
Desde já ,Grato,
Alfredo Coleraus Sommer.
Boa noite professor,
ResponderExcluirGostaria apenas de parabenizá-lo. Seu texto é excelente. Já conheço os volumes História da África, da Unesco, e já tive a oportunidade de ler esse texto específico, citado por você. Como historiadora e educadora acho de suma importância a compreensão e o saber da história das várias Áfricas sob o olhar dos próprios africanos. Infelizmente ainda existe a ideia geral de que a África corresponde a apenas um país, uma única nação homogênea. Tenho a esperança de que um dia possamos ver esse olhar geral mudar. Grande abraço!
Ana Paula Souza
Unesa
Boa noite professor,
ResponderExcluirGostaria apenas de parabenizá-lo. Seu texto é excelente. Já conheço os volumes História da África, da Unesco, e já tive a oportunidade de ler esse texto específico, citado por você. Como historiadora e educadora acho de suma importância a compreensão e o saber da história das várias Áfricas sob o olhar dos próprios africanos. Infelizmente ainda existe a ideia geral de que a África corresponde a apenas um país, uma única nação homogênea. Tenho a esperança de que um dia possamos ver esse olhar geral mudar. Grande abraço!
Ana Paula Souza
Unesa
A história do continente africano necessita urgentemente ser resgatada por todos nós, seja por meio da pesquisa profissional ou com a preparação de aulas para nossos alunos, tendo em vista a inserção deste tema nos currículos escolares. No Brasil, esse resgate é ainda mais urgente devido a nossa proximidade cultural, sobretudo com a África ocidental, nesse sentido, de que maneira o professor pode mostrar aos alunos a dimensão dessa influência em suas vidas? Quais as dicas de materiais/livros que podemos utilizar para melhor preparar nossas aulas sobre história da Africa? - João Gilberto Solano.
ResponderExcluirBoa noite professor, sou estudante do curso de História e na minha universidade a minha turma foi a primeira a ter o estudo sobre a a história da África, foi perceptível a resistência de muitos, poderia me informar como tem sido a aceitação dessa disciplina em nível de Brasil?! Já que a maioria dos alunos já chegam em sala de aula com uma concepção eurocêntrica a cerca dos fatos.
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