Mayte Vieira

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DOCENTE NA GRADUAÇÃO E O ENSINO DAS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS

Maytê Regina Vieira



Ensinar História na atualidade em um mundo dominado pelo imediatismo, pelas redes sociais e pela mídia em que se constata uma avalanche de opiniões e discussões articuladas pelo senso comum e, na maior parte dos casos, sem nenhum embasamento cientifico, ficando tudo ao bel prazer de quem escreve é cada vez mais complexo. Para constatar isto basta dar uma passada de olhos no Facebook.
        
De acordo com Pinsky (2005) os alunos buscam conhecimento na rede sem contextualizar ou investigar veracidade ou procedência vivendo num presentismo constante ao se deixar levar pela rápida sucessão de informações que tornam tudo velho e ultrapassado muito rapidamente. Portanto, para os autores, o desafio é preparar alunos críticos – futuros professores nos casos dos cursos de Licenciatura – que possam entender a importância da História como referência para o mundo e sua responsabilidade na preparação de cidadãos conscientes de seu papel político sendo capazes de articular o patrimônio cultural humano e o universo particular do aluno conjugando seu lugar como sujeito histórico, o que só é possível quando há o entendimento dos processos históricos e esforços de nossos antepassados que nos trouxeram até aqui. (PINSKY; PINSKY, 2005).
        
Sendo assim, se já é difícil despertar o interesse pelo estudo da História mais atual, o desafio torna-se ainda maior quando se tratam das sociedades da Antiguidade, sejam elas, a Antiguidade Clássica ou Oriental. Quase impossível é despertar o interesse e fazer compreender a necessidade de estudo e entendimento das sociedades do Extremo Oriente.
        
Aproveitando o fato de estar este evento aberto a temáticas ligadas à prática em sala de aula, o objetivo deste pequeno artigo é discutir e expor minha experiência, ainda que curta, com o ensino de História Antiga para a graduação do curso de História. Em geral, tem-se a organização da ementa em privilegiando as questões política e socioeconômicas. A classificação e escolha de materiais fica à critério dos professores que montam seu programa de aula. Neste caso específico optei por privilegiar aspectos mais ligados à cultura destes povos, tendo em vista sua influência nas demais estruturas sociais. A importância do estudo destes povos e períodos é fundamental e uma boa justificativa é a que nos dá a professora Ana Teresa Marques Gonçalves (2000):

Como entender nosso mundo contemporâneo sem vermos como ele começou a ser construído? Não se consegue entender o chamado Renascimento sem se perceber o que do passado teria renascido. Da mesma forma, não se pode compreender o conceito moderno de democracia sem compará-lo com o antigo, que é em muitos aspectos diverso do atual. A própria noção de Estado foi-se alterando ao longo do tempo, e é imprescindível perceber essa alteração para entender de forma mais aprofundada o mundo em que vivemos. [...] Como entender o Fascismo sem a compreensão do que foi o fascio na Antiguidade latina? Como entender as concepções socialistas sem estudar o surgimento da propriedade privada? [...] Fala-se também muito em cidadania, em direitos e deveres dos cidadãos. Mais uma vez, trata-se de uma concepção muito antiga, que se estruturou com a formação das primeiras sociedades, dos agrupamentos humanos inicias. (GONÇALVES, 2000)

Não é nenhuma novidade o uso das mais variadas fontes no ensino de História, muito se discute sobre o uso das fontes imagéticas e literárias, com especial relevância o cinema, fonte pela qual tenho predileção e que faz parte de minhas pesquisas. Geralmente a discussão versa sobre seu uso em salas de aula para os ensinos Fundamental e Médio, porém como utiliza-lo corretamente nas escolas se não houver o conhecimento dos futuros professores sobre suas possibilidades de uso?
        
Visando isto, procurei utilizar em minhas aulas as mais variadas fontes cinematográficas e também literárias buscando, com isto, despertar o entendimento dos alunos para a Antiguidade através do uso de fontes e temáticas que foram além e, muitas vezes, passaram ao largo dos velhos esquemas de forma a dinamizar os conteúdos aliando os textos e as produções historiográficas à outras fontes, tornando possível seu diálogo e, por consequência, mais prazeroso o cansativo processo de entendimento da historiografia necessário à formação de professores. “A História, em especial, a Antiga não se faz somente com documentos escritos, mas também com a cultura material, com estudo arqueológico de edifícios, estátuas, cerâmica, pintura entre outras categorias de artefatos.” (FUNARI, 2005. p. 96).
        
Além das categorias apontadas por Funari, incluo também a cultura imaterial, pela qual os povos da Grécia Antiga, por exemplo, são amplamente conhecidos. Livros de literatura e filmes exploram frequentemente o imaginário acerca da mitologia grega.
        
O conceito de imaginário é bastante abrangente, podendo ser considerado como imaginário conceitos como fantasia, lembrança, devaneio, sonho, crença não verificável, mito, romance, ficção e outros que fazem parte da mente de um homem ou de uma cultura.

Fazem parte do imaginário as concepções pré-científicas, a ficção científica, as crenças religiosas, as produções artísticas que inventam outras realidades (pintura não-realista, romance, etc.), as ficções políticas, os estereótipos e preconceitos sociais, etc.  [...] Conviremos, portanto, em denominar de imaginário um conjunto de produções, mentais ou materializadas em obras, com base em imagens visuais (quadro, desenho, fotografia) e linguísticas (metáfora, símbolo, relato), formando conjuntos coerentes e dinâmicos, referentes a uma função simbólica no ajuste de sentidos próprios e figurados.” (WUNENBURGER, 2007. p. 11).

Para este autor o imaginário é representação e emoção, um conjunto de imagens e/ou narrativas que produzem sentido, sendo descrito e interpretado em seu sentido secundário. Interpretações que podem levar ao entendimento do sujeitos que as usam para exprimir emoções e valores individuais e da sociedade em que estão inseridos.

Com base neste entendimento do imaginário como construções e produtor de sentidos de uma dada realidade foi proposto aos alunos do 1º ano da Licenciatura uma atividade de análise da mitologia grega, com a expectativa de entendimento do sentido dos mitos para aquela sociedade, não apenas das leituras e narrativas mitológicas, mas o seu significado social embasado na percepção que,

O mito, especialmente quando codificado na religião, sempre foi a base para a moralidade de uma sociedade. Com sua base mítica - uma revelação de Deus ou deuses -, a legitimidade de um sistema de ética era absoluta e inquestionável. Não havia nuanças de cinza, pois questionar a validade do código moral era questionar a validade do mito, e a legitimidade da própria sociedade. (BIERLEIN, 2003. p. 37)

O desenvolvimento da atividade se deu da seguinte forma: cada aluno (34 no total) escolheu um mito do panteão grego, pesquisou sua narrativa e fez a tentativa de entendimento de seu sentido. Os resultados foram os mais diversos, como o entendimento de que para os gregos os deuses não eram seres perfeitos e onipresentes, ao contrário, eles eram mais próximos do homem cometiam erros, se deixavam levar pela ira, pela inveja e pelo ciúme, pelas paixões e desejos, interferindo frequentemente na vida humana para realizar seus próprios desígnios. Ao mesmo tempo em que permitiu também a constatação de que eles (os gregos) não eram absolutamente diferentes das outras sociedades de seu tempo, facultando aos deuses os fenômenos naturais que não compreendiam, isto permitiu auxiliar na desconstrução da ideia da Grécia Clássica como uma civilização milagrosa, produtora de todas as grandes ideias humanas e auxiliou no entendimento das trocas e ligações culturais entre os mais diversos povos do Mediterrâneo e Oriente Próximo. Os alunos puderam compreender e fazer conexões entre as diferentes formas de religião e estabelecer as diferenças culturais pelas quais as religiões e as crenças em deuses passaram ao longo dos séculos, mais do que considerar os exotismos pagãos do senso comum. Utilizando a mitologia consegui estabelecer visões políticas, culturais, sociais na região de influência helenística, visto que, mais que uma religião, o culto aos deuses e aos heróis regia os calendários dos festivais que determinavam o ritmo de vida. Não há como entender esta sociedade sem entender a pluralidade de crenças e o total entrelaçamento entre religião e Estado, para eles pensa-los em separado não fazia o menor sentido pois, a guerra, a lei, a medicina, a moral, o comportamento, as estações, o clima, os desastres naturais, toda explicação e justificativa partia dos pressupostos religiosos. (CARTLEDGE, 2002). Esta atividade envolvendo a análise da mitologia grega foi extremamente gratificante visto o envolvimento dos alunos na busca de referências historiográficas sobre a mitologia e inúmeras fontes com a discussão e narrativa dos mitos.
        
Com a turma de Bacharelado – por uma questão da quantidade de horas/aula serem maiores permitindo trabalhos mais extensos – ao finalizar o cronograma sobre Roma solicitei como atividade final a análise de filmes utilizando a seguinte metodologia: divididos em grupos de até quatro pessoas, visto ser uma turma menor, com 20 alunos, eles escolheram um filme ambientado na Roma Antiga para debater e comparar com a historiografia atual sobre a temática.
        
O uso de filmes, por sua vez, é bastante enriquecedor sendo utilizado como complemento analítico, não somente como ilustração ou para apontar os erros históricos, a intenção era que fosse percebido as construções e a forma como são representados os romanos nos filmes de ficção que constroem o imaginário sobre o período, como é o caso da antiga discussão sobre a atriz Elisabeth Taylor representar Cleópatra no filme homônimo do ano de 1963 sendo branca e com olhos azuis, enquanto a verdadeira Cleópatra não seria negra mas, tinha raízes gregas, persas e macedônias, portanto estaria longe do estereotipo europeu, mas não é esta a discussão.
        
Obviamente eu não esperava de alunos do 1º ano da graduação, muitos acabados de sair do ensino médio, uma análise ao nível de doutorado, entretanto os resultados foram bastante satisfatórios. Suas escolhas tenderam para os filmes hollywoodianos por questões de maior facilidade de disponibilização e também conhecimento dos alunos. Os filmes escolhidos foram Gladiador (2000), Spartacus (1960), Ágora (2009) e Pompéia (2014) e Quo Vadis (1951).
        
Vão-se quase 50 anos desde que Marc Ferro iniciou suas análises e passou a teorizar sobre o uso do cinema na História, a partir de então inúmeras discussões foram feitas, abordagens múltiplas tanto contra como a favor do seu uso fazendo crescer, e muito, os teóricos e historiadores que trabalham com imagens e cinema.
        
O cinema é um produto cultural, industrial e produzido para gerar lucro. Podendo ser utilizado como forma de analisar como são representados os grupos, as sociedades, os fatos históricos, sendo útil para demonstrar as manifestações de mentalidades, de medos, de inconscientes sociais, de desejos e fantasias, de identidades culturais que são representados nas imagens dos filmes, de acordo com Langny (2009).

[...] o cinema é fonte de história, não somente ao construir representações da realidade, específicas e datadas, mais fazendo emergir maneiras de ver, de pensar, de fazer e de sentir. Ele é fonte para a história, ainda que como documento histórico, o filme não produza, nem proponha nunca um "reflexo" direto da sociedade, mais uma versão mediada por razões que dizer respeito à sua função. Entretanto ele é fonte sobre a história, tal qual ela se constitui, na medida em que existem processos de escrita cinematográfica comparáveis àqueles da história mesma. (LANGNY, 2009. p. 108)

Segundo Rosenstone (2010), os filmes levantam polemicas, debates que geram curiosidade pelos fatos apresentados na tela retratando personagens, ambientes, locais históricos de forma mais atraente que os livros. O longa-metragem dramático de ficção – caso dos filmes selecionados pelos grupos – giram em torno de pessoas ou momentos históricos importantes que são acompanhados pelo espectador em meio aos acontecimentos e mudanças. Mas não vemos simplesmente: através dos diálogos, músicas e trilha sonora que envolve e faz sentir. “O filme personaliza, dramatiza e imprime emoção ao passado. Ele nos oferece a história como triunfo, angústia, felicidade, desespero, aventura, sofrimento e heroísmo.” (ROSENSTONE, 2010. p. 76).    O que deve ser levado em consideração é que o filme é tão construído quanto a narrativa histórica, ambos dependem do ponto de vista, são recortados, editados e tem seu conteúdo escolhido pelo autor. A ideia aqui não é de valoração e sim de colocar que a narrativa cinematográfica é tão válida para trabalhar o conteúdo histórico quanto qualquer outra fonte, guardadas as devidas proporções, claro.
        
Neste caso especifico os alunos análises satisfatórias dos filmes. Vou apresentar somente alguns exemplos dos debates e apresentações. No caso de Pompéia (2014) o grupo selecionou trechos do filme que mostram a explosão do Vesúvio e a angústia dos cidadãos tentando fugir e entender o fenômeno. Eles, os alunos, perceberam, porém a construção romantizada do protagonista que, em meio aos terremotos e explosões ao redor, busca salvar a amada. Além disto, utilizaram estes trechos para complementar a discussão sobre o fato que a erupção do vulcão causou uma tragédia que permitiu à arqueologia encontrar a cidade praticamente intacta, mantida pelas várias camadas de cinza vulcânica. Discutiram a importância da arqueologia e as descobertas que possibilitaram ter ideia da vida cotidiana de um povo que viveu há séculos.
        
Em Ágora (2009), os debates elencaram as questões de gênero perceptíveis no esquecimento por centenas de anos da filósofa Hipatia, uma mulher grega que vivia em Alexandria e era filósofa, matemática e astrônoma e foi morta por uma turba de cristãos que não aceitavam suas teorias sobre o movimento dos astros e sua recusa a aceitar seu papel social como esposa e mãe, ou seja, uma mulher submissa. Foi discutido o cristianismo dos primeiros tempos, o fanatismo religioso, as questões de gênero que ainda permeiam nossa sociedade e a destruição da biblioteca de Alexandria, uma perda irreparável para a memória e para a história da humanidade.
        
E, por fim, em Gladiador (2000), certamente o mais conhecido por ser uma superprodução hollywoodiana com elenco consagrado. Em sua análise o grupo usou textos da historiadora Renata Garrafoni para comparar a forma como são retratados os gladiadores romanos, seu cotidiano e a representação imagética, também apontada por eles como romantizada pela construção do protagonista, um general romano que é vendido como escravo e se torna gladiador. Foram apontadas as questões políticas, os erros históricos – a saber o fato de que o general Maximus nunca se tornou gladiador; Comodo não matou o pai, etc. – e questões como a religião particular, os gênios de cada família e a importância desta religião para os romanos. Também foi debatido pelo grupo a diferença entre os estereótipos dos gladiadores e as construções de alteridade daqueles que eram estrangeiros e, portanto, bárbaros. Os estudos de caso foram bem construídos e, no geral, me surpreenderam.
        
A guisa de considerações finais a experiência foi gratificante e enriquecedora, acredito que tanto para mim, quanto para os alunos que perceberam inúmeras possibilidades de ensinar História Antiga e se sentiram ainda mais atraídos por ela. Mesmo com todos os empecilhos e dificuldades para demonstrar a necessidade de permanecermos ensinando e estudando sobre civilizações tão distantes, há muito sendo desenvolvidos nas pós-graduações brasileiras. Entretanto, e isto é claramente uma opinião pessoal já que este espaço me permite, o desenvolvimento das temáticas e o interesse dos alunos é uma responsabilidade do professor. Em minha graduação tive um excelente professor de História Antiga que também fugia padrões de somente elencar datas, conflitos e monarcas, certamente meu gosto pela temática provém disto.
        
Aos formarmos professores, precisamos mostrar-lhes que existem várias possibilidades de ensino, várias formas de utilizar fontes, tecnologias e – por que não? – o bom e velho quadro negro. Utilizando as palavras do prof. Leandro Karnal, você pode dar uma aula dinâmica e interessante usando apenas quadro negro e uma aula enfadonha com todos os recursos tecnológicos, temos que saber como usá-los. Da mesma forma, utilizar fotografias, cinema, textos literários não terá nenhuma validade se for somente como apêndice ou ilustração para a aula é necessária a contextualização, confrontação e comparação com outros documentos.
        
Referências

BIERLEIN, J. F. Mitos paralelos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
CARTLEDGE, P. História ilustrada da Grécia Antiga. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
 FUNARI, P. P. A renovação da História Antiga. In: KARNAL, L. (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 94-107.
GONÇALVES, A. T. M. Desafios da pesquisa em História Antiga no Brasil. In: Revista Dimensões, UFES, Vitória, vol. 11, jul/dez. 2000, p. 167-174. Acesso em: 10 fev. 2016.  Link: http://www.periodicos.ufes.br/dimensoes/article/view/2335/1831
KARNAL, L. (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 7-14.
LAGNY, Michele. O cinema como fonte da História. In: NÓVOA, Jorge; FRESSATO, Soleni Biscouto; FEIGELSON, Kristian. (orgs.). Cinematógrafo: um olhar sobre a História. São Paulo: UNESP, 2009. p. 99-131.
PINSKY, J.; PINSKY, C. B. Por uma história prazerosa e consequente. In: KARNAL, L. (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 17-48.
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra: 2010.
WUNENBURGER, J.J. O imaginário. São Paulo: Loyola, 2007.



34 comentários:

  1. mayte,
    vc pensou em usar Tróia? e filmes biblicos?
    obrigada,
    Maria Paula Jove

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    1. Oi, na verdade, os alunos escolheram os filmes, eu somente analisei os debates e dei as bases para a discussão. Tróia é ótimo também, mas seria relativo à Grécia e a atividade era sobre Roma.

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  2. pq os professores de história antiga não usa filmes cristão, como dez mandamentos, nascimento de Jesus, só filmes de paganismo?
    obrigada
    Rita de Cássia

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    1. Oi Rita, porque não fazemos juízo de valor, a ideia da atividade era contextualizar o período e entender e como os romanos são representados nos filmes. Para a sociedade romana a religião dominante era esta, o cristianismo surgiu praticamente no final do Império. Além disto, os filmes foram escolhidos pelos alunos, sem nenhum critério religioso, baseados nas análises de representação.

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  3. Professora,Boa Tarde,na sua opinião gostaria de saber,se alem de utilizar filmes,mas também utilizar outros meios culturais como peças de teatros,livros de ficção para mostrar o que podemos tirar da historia "real" seja artifícios usados para fazer com que essa nova geração,queiram aprender mais sobre a historia em geral?
    Leonardo Irene Pereira Guarino

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    1. Boa tarde Leonardo, obrigada pela pergunta. Com certeza, podemos usar tudo, peças de teatro, literatura qualquer que seja a fonte para trabalharmos com a História é válida. Só precisamos ter o cuidado de planejar a utilização para não usar por usar, somente como ilustração ou forma de apontar erros. É preciso contextualizar e comparar com outros documentos. Uma fonte que interessa, e muito, esta nova geração são os games, há inúmeros históricos. Eu mesma adoro jogar e acho que é uma fonte interessantíssima para trabalhar com os alunos.
      Espero ter ajudado! Abs,

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    2. Um complemento: músicas. Também são uma fonte extremamente rica.

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  4. Profa, acredito que todos os recursos que possam de alguma forma chamar a atenção para o estudo são válidas. Pergunto, as escolas de formação de professores acompanham essa dinâmica no modo de ensinar ou essa busca por recursos vai depender da vivência de cada professor?

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    1. Oi Raquel. Em minha graduação tive uma prof. que trabalhou com isto, indicou textos e formas de trabalhar com diversas mídias em sala de aula: fotografia, cinema, música, etc. Todos fazem isto? Não sei te responder, mas temos excelentes autores que produziram bons materiais com esta intenção, como o liro Fontes Históricas, O ensino de História em sala de aula, etc. Você pode procurá-los, além disto, é mais um caso em que depende também do professor o interesse pela atualização.

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  5. Prof. Mayte, retomando a pergunta da colega: mas o filme "Dez Mandamentos" poderia ser usado como fonte para ensino de história?
    obrigado,
    Mário Gonçalves

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    1. Olá, Mário. Obrigada pela pergunta e, sim, você pode usar este ou qualquer outro filme, porém deve ter muito cuidado com algumas questões como, por exemplo, o filme é bíblico, portanto privilegia o relato bíblico e trata da história dos hebreus com uma visão totalmente providencialista. Coisas como o fato dos hebreus serem escravos no Egito, já foram contestados por historiadores especializados no assunto. A questão de que o êxodo ocorreu durante o reinado de Ramsés II é controversa, entende o que digo?
      Usar filmes que privilegiam ou se baseiam em histórias bíblicas pode ser enriquecedor, mas temos que ter cuidado dobrado ao usar filmes religiosos, eles devem ser muito bem confrontados com documentos, comparados com outras fontes e bem contextualizados. Lembre-se como historiadores não podemos fazer juízo de valor! Obrigada pela pergunta desafiadora, abs.

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  6. Gostei muito do seu artigo ,durante meus estágios na graduação também utilizei alguns filmes isso possibilitou uma melhor compreensão dos alunos relativo aos conteúdos que estavam sendo abordado.Com relação ao anacronismo histórico como você chamava a atenção de seus alunos relativo aquele elemento?

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    1. Oi Luziane, que bom que você gostou! Usar filmes ou qualquer mídia , sempre enriquece a aula. Eu costumo mostrar onde está o anacronismo, explicar o motivo de ser um anacronismo e, em alguns casos, pedia que eles apontassem outros que encontrassem ao longo do filme. Um bom exercício para entender as construções imaginárias que nós fazemos e acabam por passar o olhar de hoje sobre algo remoto no passado. Abs,

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    2. Trabalhar com roteiro facilita a contextualização .
      Luziane dos santos

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    3. Facilita sim Luziane, é uma ótima ideia! Abs,

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  7. Boa tarde, faz alguns meses que a realizei a leitura da obra Coriolanus de Shakespeare, e que apesar de ainda não estar formado, fiquei me questionando como poderia um dia trazer a leitura do livro para a sala de aula, claro que com suas devidas contextualizações, já que o livro foi escrito bem posteriormente ao período arcaico romano, e como a senhora escreve sobre o uso alternativo de métodos de ensino --cinema, literatura, imagens-- queria perguntar se o uso dessas obras "clássicas" podem ser viáveis na sala de aula, como torná-la prazerosa para um público desacostumado a essas leituras? Há diversas outras obras do autor e de outros, como Bernard Shaw, que abordam a antiguidade, e que possibilitam o uso do teatro para o ensino dela além da própria leitura do texto. Portanto, queria pedir sua opinião a respeito, grato desde já, Ass.: Lucas Cabral da Silva.

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    1. Oi Lucas, eu acho sensacional usarmos a literatura, principalmente autores como o Shaw que, notadamente escrevem ficção histórica. Fazer os alunos se interessarem e lerem é um desafio. Cada caso é um caso, não há fórmula, nem mágica. Você tem que tentar e ver como funciona. Não desanime, tudo devidamente contextualizado e planejado pode ser usado em sala.
      Abs,

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  8. Alfredo Coleraus Sommer9 de março de 2016 às 10:47

    Olá Prof.Mayté!
    -Gosto de usar o cinema nas aulas porém precisamos ter cuidado com certas liberdades tomadas por alguns diretores como no filme O Gladiador onde se sabe pelos relatos históricos que os fatos não foram daquela forma,ou ainda em filmes sobre o Egito onde esse povo é branco ,loiro de olhos azuis em plena Àfrica inclusive o faraó parece ter nascido na Suécia em plena Àfrica do norte,mas penso ser uma ferramenta que pode ser incentivada com o acompanhamento critico do professor não acha?
    -Tenho usado alguns jogos eletrônicos Históricos no celular e com o devido cuidado se constroi castelos medievais e palácios romanos de uma maneira bem legal,o que achas?
    Desde já ,Grato
    Alfredo Coleraus Sommer

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    1. Oi Alfredo, sem dúvida, tudo tem que ser utilizado com cuidado. O filme, geralmente, tem muito mais a dizer sobre a época em que foi produzido do que sobre aquela que representa. Temos que ter isto sempre em mente e trabalhar isto com os alunos também. A forma como Roma é representada é parte do imaginário que criamos sobre ela. Todas estas questões tem que e devem ser apontadas. Quanto aos jogos acho que também são fontes muito ricas que também devem ser contextualizadas e usadas com os mesmos critérios e cuidados.
      Abs,

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  9. Boa noite, professora Maytê!
    Vejo que seu trabalho se pauta na criação de recursos para proporcionar aos graduandos de história e, portanto provavelmente futuros professores, meios que tornem possível um ensino/aprendizado mais significativo e real. Por conta da mídia, como você mesma disse, as informações são repassadas e aceitas como verossímeis sem que se faça uma investigação e ainda pior, as pesquisas são superficiais e truncadas, consistindo, muitas vezes, em recortes desconectados. Diante disso, você considera possível formar alunos/professores realmente competentes e preparados nos poucos anos da graduação?
    Silvana Valéria Juliani

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    1. Oi Silvana, é uma boa questão! A nossa formação em si, já é falha em muitos aspectos por conta da carga horária. Eu aprendi a usar e a contextualizar as imagens na graduação e fui aprofundando por conta própria, muita leitura, muita atualização e muito interesse em buscar maiores informações e ferramentas. É difícil? Com certeza! Nos mantermos atualizados em nosso ritmo de trabalho é um desafio, mas é possível. E eu acredito que é possível sair bem preparado, é uma questão de interesse do aluno (futuro professor) não ficar restrito apenas ao que é dado/passado em sala de aula. Abs,

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  10. Olá Professora, parabéns pelo texto. Estou cursando licenciatura em História e desde o semestre passado comecei a fazer o estágio obrigatório. Pois bem notei a grande dificuldade do professor hj em manter o aluno com interesse e principalmente atenção a disciplina de história,como por exemplo não só em tratar a historia antiga mas devido a grade curricular, pensei em usar o filme "Em nome da rosa " um exemplo de filme sem grandes recursos tecnológicos mas de um conteúdo muito bom para se trabalhar o medievo nos anos de 1300,o poder da igreja, o povo e etc, mas como disse os recursos do longa não prendem muito a atenção dos alunos de hj acostumados com tanta inovação e tecnologia. Enfim como mostrar a importância desse tipo de material e tornar as aulas mais atraentes ? Desde já agradeço Alexandre Santos Sturt Costa / alexandresturt@live.com

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    1. Oi Alexandre, como disse num outro comentário: cada caso é um caso. Hoje, na velocidade da informação e da tecnologia, acostumados a ver filmes com ritmos frenéticos, realmente é difícil fazer os alunos atentarem a um filme que precisa de atenção como O nome da rosa. Eu, sinceramente, não tenho uma fórmula para te dar porque ela não existe. Posso sugerir que você explique o contexto, o motivo de usar determinado filme e peça que eles façam relatórios sobre os pontos que acharam mais interessantes para que você possa discutir. Entendo sua frustração, uma vez, tentei trabalhar com o filme Cruzada no Ensino Fundamental (anos finais) e o único momento em que eles se interessaram foi quando surgiu o romance entre os protagonistas. Tem que se levar em consideração a idade deles também, mas tem que insistir e ter paciência para que eles compreendam o sentido do filme. Nunca passe somente como ilustração, compare, contextualize, confronte com outros textos. Abs,

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Olá professora, tudo bem? Ainda não sou graduanda em História, daqui a alguns meses darei início a esta nova fase da minha vida, e o que me levou a ler sua conferência foi justamente a curiosidade de conhecer um pouco sobre didática do ensino superior de História. Por isso gostaria de saber como a senhora faz para ministrar as aulas - no seu caso sobre história antiga - tendo em vista a quantidade de assuntos e o curto tempo do semestre, e como é feita a assimilação por parte dos alunos; alunos estes que como a senhora mencionou no texto, acabaram de sair do ensino médio, muitas vezes não possuem uma rotina de leitura, embasamento crítico etc e tal. E de acordo com a sua experiência profissional, essa mudança e adaptação é brusca? Ou dá pra levar o curso tranquilamente, sem (poucas) frustrações ?
    Karolliny Joally das Neves Miranda

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    1. Olá Karolliny, vamos por partes. Um dos maiores desafios de qualquer professor é a seleção de conteúdo. Como você mesma mencionou o espaço é curto e a ementa enorme. Cada professor tem uma forma de trabalhar, eu, particularmente, procurei privilegiar a história da cultura material e imaterial para trazer aos alunos o conhecimento sobre o modo de vida, comum, cotidiano destas sociedades, o olhar dos sujeitos comuns da história, não somente os grandes nomes, imperadores, reis, etc. Como era sua vida, suas relações, suas casas, suas festas, sua religião, suas crenças, entende? Outras formas de ver estes povos. Mas, cada professor recorta e privilegia de acordo com seus preceitos.
      Quanto à sua dúvida sobre o curso minha resposta é não, absolutamente não. Fazer História não é fácil, umas das maiores dificuldades no primeiro é justamente a carga de leitura, a cobrança e a profundidade das questões. Muitos fazem História acreditando ser um curso fácil, um aprofundamento do que aprenderam na escola a vida toda. Não é. O pensamento crítico, a forma como a História foi escrita, como era vista ao longo dos séculos, tudo isto faz parte do processo. Eu sou uma apaixonada pelo meu curso, mas digo com sinceridade é maravilhoso fazer História, mas há exigências sérias também. Espero ter ajudado e fico muito feliz de você estar se preparando para fazer parte do grupo de historiadores! Abs,

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  13. Quais as principais mudanças notadas pela Sra no que diz respeitos aos temas que os alunos demonstram interesse quando o assunto é a história clássica? De que maneira o professor pode identificar estes elementos de interesse do aluno? João Gilberto Solano.

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    1. Olá João, ótima pergunta. Eu percebi um fascínio pelo Egito, sua religião, sua mitologia, os alunos em geral, adoram aprender sobre a civilização egípcia, até por conta do imaginário acerca dela e também, Roma, sem dúvida por toda aura criada ao redor desta sociedade, seja por filmes, livros, etc. Uma boa maneira de identificar o que mais interessa aos alunos é conversando com eles sobre o assunto e perguntando mesmo. Eu fiz desta forma, assim você identifica, mas esteja preparado para ouvir coisas como: isto é muito chato de alguns, eu já ouvi. As vezes é frustrante, mas você pode usar isto para identificar formas de trazer mais para perto deles estes povos, como por exemplo, as questões de cidadania e democracia: nossos conceitos são bem diferentes dos deles, como e quanto isto mudou? É uma sugestão, espero ter ajudado. Abs,

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  14. Prezada professora Maytê, queria parabenizá-la pelo texto. Com certeza servirá como norte para mim e muitos outros graduandos em Licenciatura. A questão de despertar o interesse dos alunos é muito complexa, até porque cada escola, cada local é uma realidade diferente. Procurar adequar os recursos a esta realidade tem que ser uma constante na vida do professor. O uso do cinema, de livros, de gravuras, tudo é válido no sentido de serem ferramentas importantes no ensino da História, tendo-se logicamente o cuidado de separar o que é fato e o que é ficção, procurando sempre identificar elementos que estejam presentes nas obras e que digam respeito ao tema estudado.

    Cláudio Renato Pereira da Silva

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    1. Obrigada Cláudio, fico feliz em saber que poderei de alguma forma ajudar. Sem dúvida, como já mencionei antes, não há fórmula pronta, cada caso é um caso e é fundamental que o professor entenda a realidade da sua sala, da sua escola e sua capacidade para poder colocar tudo isto em prática. Sabemos que há escolas que não tem recursos tornando o uso de outras metodologias muito mais difícil, mas é fundamental não desistir e tentar sempre, dentro do possível, inovar.

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  15. Oi May

    Tenho uma pergunta para você.

    "Utilizando as palavras do prof. Leandro Karnal, você pode dar uma aula dinâmica e interessante usando apenas quadro negro e uma aula enfadonha com todos os recursos tecnológicos, temos que saber como usá-los. "

    Eu notei em meu estágio (trabalhei com o islã), que só funcionava trabalhar com fotografia e vídeos se eu dialogasse com outras fontes.

    Você acha que o interesse dos alunos em filmes clássicos é satisfatória? Digo isso, pela falta de efeitos especiais que os jovens tanto gostam.

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    1. Oi Bieber! Depende muito de como você queira abordar, é lógico que os alunos do Fundamental e Médio (crianças e adolescentes) vão achar os clássicos (depende quais também) entediantes, afinal estão acostumados com os novos filmes de ação carregados de efeitos especiais. Como mudar isto? Sinceramente, é uma pergunta que eu também me faço! ;)

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  16. Olá professora. Parabéns pela iniciativa de dar uma aula diferente e inteligente. Você acha que é possível trabalhar este tipo de aula com o Ensino Básico? Se, sim, seria necessário mudar o foco dos questionamentos, já que trata- se de alunos com pouco mais de 17 anos?

    Att.:
    Leonardo Stabele Santos.

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    1. Sem dúvida Leonardo, é possível sim trabalhar com estes filmes no Ensino Médio e acredito até que eles irão gostar, mas é claro que tem que haver uma mudança no foco e na forma de abordar as questões, além de diálogos com documentos (textos escritos, por exemplo) que fiquem mais próximos da percepção e do entendimento deles. Abs,

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