ENSINO DE HISTÓRIA E ESTÁGIO:
PERCURSOS DE UMA EXPERIÊNCIA
Antonio Alves Bezerra
Início de uma conversa...
O presente texto se
configura a partir de interpretações das experiências construídas nos meandros
da mediação de duas disciplinas do curso de graduação em História da UFAL:
Prática de Ensino de História e Estágio Supervisionado II e III, ao
potencializar o desafio de motivar jovens estudantes universitários aspirantes
ao "ofício de historiador", Marc Bloch (2001). Ao iniciarmos os trabalhos
das disciplinas observamos que parte dos protagonistas do texto foram
estudantes dos sextos e sétimos períodos do curso de graduação em História da
Universidade Federal de Alagoas no ano de 2014.
Ao assumir a mediação
das disciplinas - uma no primeiro semestre (2014) e a outra no segundo
semestre, sabíamos dos desafios que enfrentaríamos ao buscar um diálogo entre a
universidade e a escola pública, notando-se que os aspirantes à docência na
educação básica para essa disciplina, de um jeito ou de outro já haviam passado
ou estavam experimentando os primeiros momentos da docência. Outros, porém,
estavam apenas matriculados em disciplinas regulares da formação inicial.
Notadamente, deve-se
observar que estes estudantes, além de estarem vivenciando os primeiros momentos
da docência, também já haviam estado na condição de estagiários nas escolas
quando cursaram a disciplina de Prática de Ensino de História e Estágio
Supervisionado I.
Na oportunidade
buscamos realizar uma avaliação diagnóstica acerca das inquietações dos futuros
"professores pesquisadores" (TARDIF, 2012) tentando apreender qual
seria o desejo destes jovens frente às disciplinas que lhes eram apresentadas.
Dessa maneira, pareceu-nos que parte dos futuros docentes não manifestava
sentido algum com a experiência até então vivenciada nas escolas quando ocorreu
a primeira etapa de sua formação (Estágio I).
Ao apresentarmos as
disciplinas, explicitou-se na fisionomia dos aspirantes à docência algumas
inquietações: "mais cem horas de estágio, mais planilhas a serem
preenchidas, mais tempo perdido, mais relatórios..."! Questões como estas
são fáceis de serem ouvidas e identificadas em qualquer ambiente universitário
quando se trata de estágios supervisionados para a docência na educação básica.
Antes de expor os planos de ensino das respectivas disciplinas e os referenciais teóricos que seriam adotados como eixos norteadores das mesmas, perguntei-lhes a respeito do que foi observado nas escolas no primeiro momento do estágio: Que recordações tinham daqueles momentos? O que lhes deixou inquietos face às múltiplas práticas desenvolvidas nas escolas pelos docentes e técnicos alocados naqueles espaços? As informações ali colhidas poderiam ser utilizadas como referências para melhorar técnicas e procedimentos metodológicos de ensino e pesquisa no ensino de história? E os conflitos no âmbito da unidade escolar, como poderia ser materializado em objeto de pesquisa para o ensino de história? Alguns silêncios se fizeram notar, mas também múltiplas respostas foram tecidas e justificadas naquele instante.
Antes de expor os planos de ensino das respectivas disciplinas e os referenciais teóricos que seriam adotados como eixos norteadores das mesmas, perguntei-lhes a respeito do que foi observado nas escolas no primeiro momento do estágio: Que recordações tinham daqueles momentos? O que lhes deixou inquietos face às múltiplas práticas desenvolvidas nas escolas pelos docentes e técnicos alocados naqueles espaços? As informações ali colhidas poderiam ser utilizadas como referências para melhorar técnicas e procedimentos metodológicos de ensino e pesquisa no ensino de história? E os conflitos no âmbito da unidade escolar, como poderia ser materializado em objeto de pesquisa para o ensino de história? Alguns silêncios se fizeram notar, mas também múltiplas respostas foram tecidas e justificadas naquele instante.
Na ocasião indagamos
aos estudantes matriculados nestas disciplinas o que gostariam de fazer nas
escolas e/ou na sala de aula (reportando-nos ao espaço da universidade) nesta
segunda e terceira fase de sua formação "teórico e prática", para
usar a expressão de Pimenta (2012). A maioria dos estudantes assinalou que "gostaria
de aprender a preparar e ministrar aulas de história na educação básica"!
Segundo eles, até aquele momento de sua formação não haviam aprendido como preparar
aulas. Perguntamos quem já exercia à docência de história ou de outros
componentes curriculares do currículo básico? Alguns deles se
manifestaram salientando que já atuava como docente, não necessariamente
ministrando a disciplina de história, mas não se sentiram encorajados para
expor a sua prática cotidiana em sala de aula. Mesmo sem a formação inicial
concluída o docente traz consigo múltiplas experiências, inclusive de
professores que estiveram presentes em suas vidas desde as séries iniciais. Nesse
aspecto cabe observar que
Um professor raramente tem uma teoria ou
uma concepção unitária de sua prática; ao contrário, os professores utilizam
muitas teorias, concepções e técnicas, conforme a necessidade, mesmo que
pareçam contraditórias para os pesquisadores universitários. Sua relação com os
saberes não é a busca de coerência, mas de utilização integrada no trabalho, em
função de vários objetivos que procuram atingir simultaneamente (TARDIF, 2012:
p.263).
O autor descortina a
hipótese de que no cotidiano da sala de aula muitos saberes são mobilizados por
parte dos professores que mediam as atividades didáticas. Cada aula é
única. Sabe-se que o professor, além de ser um mediador entre o
conhecimento e o aluno na disciplina, é, sobretudo, um mediador de conflitos.
Por essa razão, muitas dificuldades se somam no momento de compreender e
escrever acerca de suas práticas, pois estes se tornam sujeitos de múltiplas
ações ao assumirem uma sala de aula.
Tardif (2012: p.263)
entende que o professor da educação básica "atinge simultaneamente
diferentes tipos de objetivos na sala de aula", observando que este
monitora os grupos de estudantes, motiva-os, leva-os à concentração no
desenvolvimento das mais variadas atividades propostas, ao mesmo tempo em que
atribui atenção individualizada a estudantes com dificuldades de aprendizagem;
implementa atividades e, simultaneamente, debruça-se acerca da progressão das
mesmas junto aos estudantes das mais variadas séries/anos, buscando explicar
aos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, de forma
individualizada e/ou coletiva, promovendo a compreensão e aprendizagem dos
estudantes nos múltiplos estágios de formação nos quais se encontram.
O autor explicita que
a postura profissional do docente da educação básica nos faz compreender que
essa trama que se tece em cada aula no espaço escolar é muito complexa de ser
explicada sob a perspectiva dos próprios professores da educação básica e às
vezes pelos próprios especialistas em âmbito universitário.
Recuperando o espaço
da trama em que se teceram as atividades desenvolvidas pelas disciplinas
citadas anteriormente, consideramos muito sério assumir uma sala de aula antes
da conclusão da formação inicial, mesmo compreendendo as dificuldades
financeiras de cada um dos professores que estão na condição de estagiários.
Sinalizamos, também, que muitas surpresas poderiam se configurar nessa
trajetória prematura da profissão, que dificuldades poderiam ser somadas a essa
atuação acelerada da docência, podendo até ocasionar a desistência da
profissão, pois muitas vezes os estudantes ainda não apresentam discernimento
dos ingredientes que circundam a cultura escolar e, sobretudo, na sala de aula:
conflitos, tensões e embates com a comunidade interna e externa que, na maioria
das vezes, não são de sua responsabilidade, mas de um conjunto de questões que
se imbricam nos sistemas de ensino - que se apresentam pouco efetivos do ponto
de vista político, econômico e social. Apontamentos trazidos por Pimenta (2012:
p. 43) são categóricos ao fazer notar que
"No estágio dos cursos de formação de
professores, compete às instituições formadoras possibilitar aos futuros
professores a compreensão da complexidade das práticas institucionais e das
ações aí praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para a
sua inserção profissional".
Ancorado a essa
reflexão, ponderamos que a docência é uma das poucas profissões que permite ao
profissional assumir responsabilidades do cargo antes mesmo do término de sua
formação inicial, especialmente em estados com déficit de profissionais da
educação, como é o caso de alguns estados das regiões Norte e Nordeste do país.
Com isso, experiências
metodológicas de ensino de história são postas em prática por estes jovens com
pouca eficiência na sala de aula do ponto de vista pedagógico. Destaque-se o
uso dos manuais didáticos de forma generalizada, a solicitação de resumos dos
resumos trazidos pelos manuais didáticos, a análise descritiva de algumas
imagens e outras práticas que pouco colaboram para uma aprendizagem
significativa do ensino de história.
Partindo das
inquietações dos futuros e (alguns já professores da educação básica), buscamos
trazer a lume a proposta de trabalho elaborada pela CENP/SP com assessoria dos
professores Marco Silva e Déa Fenelon Ribeiro nos anos oitenta, no estado de
São Paulo, ao encorajarem os docentes daquela rede de ensino a trabalharem
eixos temáticos no ensino de história nas salas de aulas.
O objetivo foi
discutir alguns autores que dentre outras questões tratassem das interfaces do
ensino de história na educação básica numa perspectiva construtivista,
fazendo-nos distanciar das práticas positivistas que tendiam focar no currículo
de história um modelo de ensino direcionado à "memorização, repetição,
monólogo do professor como espaço propício para a ideia de saber pronto e
acabado, restando a esse professor apenas a oportunidade de transmitir o
conhecimento", segundo Stephanou (1998: pp.19-20).
Eixos temáticos: algumas possibilidades
Ao serem provocados
pelos autores debatidos na universidade tornou-se visível que ser professor de
história não era tão fácil quanto parecia ser! Mas, mesmo sabendo dos desafios,
os estudantes demonstraram confiança no trabalho proposto pelas disciplinas e
buscaram, junto com o mediador, a superação das dificuldades.
Ao procurar o professor orientador de estágio in loco para formalizar a segunda etapa das atividades "teórica e prática", os estudantes não foram mais com "a cara e a coragem" para formalizar a referida solicitação. Foram com uma proposta de intervenção nos planos de ensino dos professores regentes que lhes orientariam na condução das aulas. Com isso evidencia-se uma troca: ensina-se e aprende-se, segundo Freire (1996). Tal prática faz notar que
Ao procurar o professor orientador de estágio in loco para formalizar a segunda etapa das atividades "teórica e prática", os estudantes não foram mais com "a cara e a coragem" para formalizar a referida solicitação. Foram com uma proposta de intervenção nos planos de ensino dos professores regentes que lhes orientariam na condução das aulas. Com isso evidencia-se uma troca: ensina-se e aprende-se, segundo Freire (1996). Tal prática faz notar que
O estágio, ao contrário do que se
propugnava, não é atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da práxis
docente, entendida esta como atividade de transformação da realidade. Nesse
sentido, o estágio curricular é atividade teórica de conhecimento,
fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis.
Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da
sociedade que a práxis se dá (PIMENTA, 2012: p.45).
Percebe-se que a
disciplina Prática de Ensino de História e Estágio Supervisionado pôde
proporcionar aos estudantes da Licenciatura em História da UFAL a oportunidade
de aprender a construir um plano de trabalho e, a partir de então, atentar-se
aos procedimentos a serem adotados na elaboração e regência de uma aula de
história no âmbito da educação básica, entendendo que "o saber da história
é possibilidade e não determinação" Freire (1996, p.85).
Na sequência,
recorremos ao texto de Maria Elizabeth B. de Almeida, intitulado "Desafios
à educação: o trabalho com projetos" (2001). A autora evidenciou algumas
motivações que nos levou ao desafio de trabalhar com projetos na educação básica
e nos fez pensar de forma efetiva na utilização de eixos temáticos na
elaboração das aulas de história. A ideia de projeto-aula teve como premissa
favorecer o estudante no sentido de buscar
"examinar criticamente a sociedade,
além dos conteúdos que abordam questões do presente, considerando suas
experiências cotidianas e motivando-o à construção de um relacionamento ativo e
crítico com o saber, negando o conhecimento como verdade absoluta e acabada"
(BASSO, 2001, p.43).
Face as questões
trazidas pelo excerto acima e motivado por todo um aparado teórico e
metodológico, os estudantes matriculados nessas disciplinas puderam
experimentar e socializar em plenária seus avanços na elaboração e implementação
de aulas utilizando-se de projetos. Por outro viés, notou-se que parte dos
estudantes ainda tinham dificuldades em conceituar fontes históricas e
linguagens para o ensino de história na educação básica. Apresentavam de certa
maneira um discurso bastante arraigado ao afirmar que eram eles (estagiários,
futuros docentes) que levariam o conhecimento até os estudantes.
Foi comum ouvir nas
aulas falas como: "ser professor é muito difícil hoje em dia, porque na
hora que vamos transmitir o conhecimento de história os alunos não dão a mínima
para nós, professores"! Noutra perspectiva, configurou-se nas representações
dos estagiários a falácia acerca dos "alunos-problemas, aqueles
indisciplinados que não queriam nada com a vida e que só iam para a escola infernizar
quem queria aprender e os professores que queriam ensinar", fala esta
reproduzida na maioria das vezes pelos professores da educação básica, marca da
indignação dos docentes atualmente face as precárias condições de trabalho.
Portanto, em alguns excertos
de relatos dos estagiários emanaram os desafios enfrentados por estes ao longo
das atividades, mas se fizeram presentes também alguns avanços e algumas
possibilidades no que concerne à proposta apresentada pelas disciplinas.
Destaca-se que não é pretensão do texto exaltar a proposta das atividades
realizadas pelas disciplinas de estágios, mas se faz necessário assinalar a
importância de se retomar a proposta em eleger eixos temáticos como
possibilidades de efetivar o ensino de história buscando descortinar caminhos
que promovam uma melhor compreensão do porquê estudar história?
Em virtude dos fatos
mencionados no relatório, entendemos que o estágio quando bem orientado
proporciona um grande valor de campo, uma vez que precisamos ter essa experiência
de campo antes mesmo de alçarmos o nosso espaço como professores titulares. A
relação que tivemos com os alunos serviu de grande experiência para as futuras
oportunidades que teremos na docência (Estagiários A e B, VII período do curso
de História, 2014).
Em um segundo trecho
de relato, explicita-se que
O estágio nos proporcionou experiências
muito valorosas, pois pudemos perceber na prática a importância de ensinar
história de forma mais dinâmica, atraindo a atenção dos alunos com novas metodologias
de ensino, fazendo com que eles, acima de tudo, interagissem com a gente,
professores. Pudemos perceber que apesar das precariedades do ensino público é
possível diversificar a forma de se ensinar história, possibilitando a
valorização da disciplina por parte dos alunos. O projeto foi concluído com
êxito. Foi uma grande satisfação ter realizado esse projeto e ter saído com a
convicção de estar no caminho certo, de ser um professor de história
(Estagiários C e D, estudantes do VII período de 2014).
Para um terceiro grupo
de trabalho, evidenciou-se que
A experiência com o projeto-aula foi muito
proveitosa para todos os lados, a escola ganhou com a aplicação do projeto um
novo gás nas atividades planejadas por nós. A professora regente teve a
oportunidade de conhecer novas técnicas para implementar novas metodologias de
ensino no sentido de facilitar o seu trabalho. Os alunos, além de aprenderem de
uma forma dinâmica, ficaram mais estimulados a estudar e buscar a aprender. Por
fim, nós, estagiários, ficamos muito contentes em participar da rotina de
classe; aprender e ensinar de forma coordenada foram aspectos que nos deixaram
cientes de que a sala de aula é um desafio constante, mas que pode ser driblado
com planejamento, técnica e motivação (Estagiários E, F, G do VII período de
2014).
Enfim, as proposições
trabalhadas nesse texto se configuraram como norte de uma prática em sala de
aula no curso de formação de professores de história em nível superior, não
sendo discutido nesse momento o teor dos respectivos projetos nem o conteúdo
dos relatórios apresentados pelos estudantes à disciplina, cabendo a estes e/ou
a outros pesquisadores analisar e discutir os percursos e resultados alcançados
pelos mesmos em formato de textos acadêmicos ou por meio de pesquisas mais
acuradas sobre a temática.
Referências
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Learning, 2010.
ABREU, Martha & SOIHET, Rachel
(Org.). Ensino de História: conceitos, temáticas e metodologia. 2ª. Ed., Rio de Janeiro, Casa da Palavra,
2009.
ALMEIDA, Maria
Elizabeth B. de. Desafios à educação: o trabalho com projetos. In: Educação, projetos, tecnologias e
conhecimentos. São Paulo, PROEM, 2001, pp.47-63.
BASSO, Itacy S. As
concepções de história como mediadoras da prática pedagógica do professor de
história. In: DAVIES, N. (Org.). Para
além dos conteúdos no ensino de história. RJ, Access, 2001, pp. 33-45.
BLOCH, Marc. Apologia da História ou Oficio de
Historiador. (Tradução André Telles). Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,
2001.
FONSECA, Selva
Guimaraes. Caminhos da História Ensinada.
3ª. Ed., SP, Papirus, 1995.
______. Didática e Prática de Ensino de História.
Experiências, reflexões e aprendizagens. Campinas, SP, Papirus, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários
à prática educativa. São Paulo, 20ª edição, Paz e Terra, 1996.
MAGALHÃES, Marcelo.
História e Cidadania: porque ensinar história hoje? In: ABREU, Marta &
SOIHET, RACHEL (Org.). Ensino de
História: conceitos, temáticas e metodologia. 2ª. Ed., Rio de Janeiro, Casa
da Palavra, 2009.
PIMENTA, Selma G.
& LIMA, Maria do S. L. Estágio e
Docência. 7ª. Ed., SP, Cortez, 2012.
STEPHANOU, Maria.
Currículos de História: instaurando maneiras de ser, conhecer e interpretar. Revista Brasileira de História. São
Paulo, v. 18, no36, 1998, pp.15-38.
SILVA, Marcos;
FONSECA, Selva Guimaraes. Ensinar
História no Século XXI: em busca do tempo entendido. Campinas, SP, Papirus,
2007.
______. História: o prazer em ensino e pesquisa. 1ª. Ed., São Paulo, Brasilense, 2003.
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TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional.
13ª Ed., RJ, Vozes, 2012.
Sou também universitário em período de estágio, e minha dúvida também é na hora de construir a aula para ser lecionada, existem algumas literaturas que auxiliam nesta preparação, alem dos livros didáticos claro?
ResponderExcluirOi Leandro,
ExcluirExiste uma gama de bibliografias, de caminhos que pode e deve ser seguido pelo professor de história. O grande vilão na vida desse profissional da educação é o tempo. Pois este, como sabemos, para sobreviver é preciso se apropriar de inúmeras aulas, o que dificulta a leitura e apropriação dos conceitos acerca de metodologia do ensino de história, impedindo as possibilidades que poderiam se abrir a partir destas leituras: temas que deveria ser trabalhado em aula; procedimentos metodológicos; recursos e linguagens a serem utilizados na problematização das aulas; elaboração e avaliação de projetos didáticos ou sequencia didática. Enfim, como solicitado, indico que a bibliografia acima se configura um bom caminho para construção e implementação das aulas: trabalhar com elaboração de projetos didáticos de curto prazo, utilizando-se de 6 a 10 aulas na problematização de um eixo temático, seria um dos caminhos relevantes na prática docente. Como disse no texto, tenho feito essas experiências com estagiários de prática de ensino, apesar dos problemas observados, os resultados têm sido bastante significativos. Outro caminho, seria a dinamização das aulas, uso de recursos técnicos e apropriação de linguagens diferenciadas no ensino de história, adequando esses instrumentos a faixa etária e série dos estudantes da educação básica. No mais, outras obras não citadas no texto deve colaborar para a preparação e implementação de suas aulas: Circe Bittencourt (já um clássico na literatura acerca do tema). O saber histórico na sala de aula. São Paulo, Contexto, 2012; Leandro Karnal. Ensino de História. São Paulo, Contexto, 2003. FONSECA, Selva Guimaraes. Didática e Prática de Ensino de História. Experiências, reflexões e aprendizagens. Campinas, SP, Papirus, 2003. Aquele texto sobre o trabalho com projetos da Maria Elizabeth, você não pode deixar de ver. Há, o livro de ABUD, Kátia M. Ensino de História. São Paulo, CENGAGE Learning, 2010 é uma obra interessante, que sai do universo teórico e de fato, nos conduz a preparação e implementação das aulas. É isso, qualquer coisa, estou a sua disposição!
abraço fraterno,
Prof. Antônio.
Prof. Antônio, suas respostas para o Leandro já me ajudaram bastante, pois estou nesta fase do estudo, a preparação para o estágio. Obrigada. Adriana Weber
ResponderExcluirOi Adriana, que bom!
ResponderExcluirFique a vontade, se por ventura surgir outras inquietações estou a disposição.
Saudações,
Prof. Antônio.
O estágio é um grade aprendizado, mas como preparar uma boa aula além da bibliografia quais os outros meios que podem ser utilizados? Por exemplo em uma aula sobre Brasil Colônia para um 8° ano?
ResponderExcluirDulce Casagrande
Oi Dulce,
ExcluirObrigado pela sua participação no evento!
Veja, para preparar e implementar uma boa aula de história é necessário conhecer bem seu público alvo (seus alunos, a escola na qual atua, a realidade do entorno da instituição). Conhecer as limitações cognitivas desse seu público, saber lidar com essas diferenças, saber usar de forma adequada os múltiplos recursos didáticos disponíveis para um aprendizado significativo. Quanto a sua pergunta, "preparar uma boa aula sobre Brasil Colônia para o oitavo ano". Primeiro, seus alunos sabem ler? Compreendem o que leem e o que escrevem? A disciplina de história apresenta clareza do seu potencial enquanto parte importante do currículo escolar destes alunos? Posteriormente, seria interessante eleger um tema para ser trabalhado em 6 ou 10 aulas (Abud, 2011). Nesse sentido, adequar essa temática a idade/série da moçada; primar pelo trabalho em grupo, na sala de aula e também fora dela sob a sua orientação. Antes de preparar as aulas, indico que elabore um projeto onde fique claro para você: o tema com justificativa (por que esse tema para essa série/classe?); quantidade de aulas a serem utilizadas (o que farei em cada uma dessas aulas? Aqui você com o tempo vai saber o que acontece em cada momento de suas aulas - inicio organizar a classe, acalmar a galera, motivá-los, fazer um suspense se necessário do que será trabalhado naquele momento, olha o que vamos trabalhar hoje! Envolver os estudantes na problematização do tema, valorizar cada etapa da aula, deixar claro o que vai acontecer no dia seguinte ou na aula seguinte, convidar aqueles estudantes que "nunca fizeram nada" nas aulas de história. Ter clareza das comandas a serem passadas para os estudantes em cada momento. Saber usar bem as linguagens (escritas, visuais ou sonoras)necessárias para cada tema, motivar os estudantes a pensar historicamente, a despertar para uma "consciência histórica" (Rusen, J). Avaliar de forma continua não para punir, mas para corrigir percursos, para que o estudante veja onde ele estava e onde está (Hoffman, J.). Proponha exposição dos trabalhos, faça da sala de aula uma oficina mesmo. Ao longo do processo var desvelando a importância do tema trabalhado, as interfaces desse tema dependendo da região em que você esteja. É isso minha cara Dulce, espero ter ajudado aí nessa etapa de sua vida.
Grande abraço,
Prof. Antônio.
Olá Antonio, um prazer ler sua pesquisa.
ResponderExcluirComo podemos fazer uso da metodologia e da pratica de forma com que o graduando em história e outras disciplinas consiguam estar aptos para o mercado de trabalho após formados? Como conduzir isso para um aproveitamento melhor na disciplina de estágio?
Roger Augusto Granado Castilho
Oi Roger,
ExcluirComo estamos nos reportando a formação de professores pesquisadores em história, há algumas questões que precisamos pensar: 1) se esse sujeito (professor) que buscou a docência - o curso de história - se realmente ele o escolheu, se ele tem afinidade com essa profissão; 2) ter clareza dos desafios a serem enfrentados na sala de aula: salários baixos, carga horária excessivas, estudantes desmotivados, gestores pouco compromissados com o processo ensino e aprendizagem, por ai vai...; 3) saber trabalhar de forma coletiva; 4)saber se apropriar dos conteúdos apreendidos nos bancos da universidade e saber fazer a transposição didática dessas informações para os estudantes da educação básica. Ter a ciência de que é importante trabalhar de forma interdisciplinar ou transdisciplinar... a partir de então, penso que os procedimentos metodológicos estarão conectados com os conteúdos elencados para serem trabalhados nas mais variadas séries ou etapas da educação básica. E claro, esse profissional da educação terá boas condições para enfrentar o mercado de trabalho após formados. No mais, a indicação que faço é o trabalho com elaboração de projetos curtos elencando-se eixos temáticos (CENP/SP); apropriando-se de forma correta das múltiplas linguagens para se trabalhar essas temáticas. E por fim, cuidar de sua formação continuada (cursos de extensão, mestrado, doutorado, congressos e simpósios na área de sua formação inicial ou áreas correlatas)para que de fato possa ele mesmo escrever e refletir acerca de sua prática, tornando-se o tão propalado professor pesquisador (Tardif). É isso amigo, não sei se ajudei.
Grande abraço e obrigado pela sua participação.
Prof. Antônio.
Boa noite,
ResponderExcluirGostei muito do texto, uma vez que estou no 6º semestre do curso de licenciatura de História e para mim a regência será um grande desafio. Para mim o problema está em uma questão; na linguagem acadêmica e como suavizar tal linguagem para o estudante do ensino do fundamental II ou médio. Quais maneiras para um graduando que está no estágio de regência possa articular as linguagens do nível superior (linguagem acadêmica) para com estudante do ensino básico?
Ítalo Eratóstenes Chagas de Carvalho
Oi Italo, bom dia!
ExcluirObrigado pela sua participação aqui nessa comunicação!
Pela semelhança da sua pergunta com a próxima pergunta, procurei responder na sequência as duas perguntas, penso que a resposta dada comtemple a sua pergunta.
A disposição,
Prof. Antônio.
Sou estudante do curso de Licenciatura em História e estou passando por esta fase de estágio.O texto trouxe um ótimo exemplo para o auxilio de formação do estagiário antes da prática em sala de aula.Sabemos que dentro do campo acadêmico aprendemos uma linguagem teórica metodológica que muitas vezes não se adéqua a prática em sala de aula. Emfim, quais outros meios que podemos usar para articularmos a nossa linguagem acadêmica em sala de aula e não sairmos do estágio frustados a ponto de querermos desistir da profissão de professor?
ResponderExcluirIvanusa de Assis Cerqueira
Oi Ivanusa, boa dia!
ExcluirObrigado pela participação no simpósio!
A linguagem acadêmica é importante na formação do sujeito, na compressão dos conceitos, não tenho dúvida! No entanto, ao levar um texto acadêmico para a sala de aula de um determinado tema/conteúdo da forma como está posto nos livros ou periódicos acadêmicos, você poderá ter algumas frustrações, isso não quer dizer que você não possa fazer isso, você deve fazer, deve apresentar aos estudantes essa parte da cultura acadêmica, isso implica em procedimentos didáticos. Como vou apresentar a obra, o autor, o conteúdo? São situações didáticas que você deve buscar caminhos. Até porque se você não descortinar essa cultura acadêmica no espaço escolar quando os estudantes terão acesso a esta, quando se inserir na universidade? E se o destino não os levar para os bancos acadêmicos, ele ficara sem essas informações?! Portanto, o nosso papel enquanto mediadores da disciplina de história no currículo escolar é o ampliarmos as possibilidades que esta disciplina nos confere. Reduzir o nível das aulas nivelando por baixo os conteúdos, o vocabulário, não seria uma boa saída para alcançarmos bons resultados de aprendizagem, até porque do ponto de vista ético estaríamos negligenciando o direito de nossos alunos de terem uma aula de qualidade, de avançarem no processo de aprendizagem. Atualmente vivemos a cultura da não leitura, por vários motivos: a família não leem, a escola não tem biblioteca, os livros são caros, os professores também não leem, enfim, uma serie de justificativas. Isso reverbera na sala de aula da educação básica. Então, alguns estudantes universitários entendem que deve reduzir a qualidade da aula, acham que trabalhar as sínteses trazidas pelos livros didáticos é melhor do que "inventar moda", "ter tanto trabalho para nada", portanto, é melhor do que abordar os conteúdos trazidos pelos textos acadêmicos. Nesse sentido, não dessa ideia e creio que esse caminho levara o professor ao insucesso como profissional da educação. Por essa razão, a bibliografia do texto aqui exposta sinaliza para um trabalho com projetos na elaboração e implementação das aulas de história. Pela dinâmica do projeto, você terá a oportunidade de explorar outras habilidades os estudantes da educação básica a partir do ensino de história ou de qualquer outra disciplina. A interdisciplinaridade, por exemplo, lhe tirara do campo da "solidão, da angustia de trabalhar sozinho", de não conseguir avaliar a sua prática enquanto medidor do ensino e aprendizagem. O trabalho com sequência didática ampliaria as possibilidades de escrita e leitura de seus alunos, a produção de textos, talvez os fariam compreender melhor as interfaces da história, os seus significados para a vida, para a formação humana, para a formação de um sujeito social e histórico. Enfim, o trabalho com projeto aproxima a relação professor e aluno, possibilita a aquisição de conhecimentos significativos ao ponto que o estudante da educação básica e o professor mediador das informações da disciplina de história conseguirão ressignificar os conteúdos abordados no currículo escolar. Nesse caso, o trabalho com projetos interdisciplinares possibilita compreender melhor o contexto da sala de aula, o contexto social dos estudantes das escolas, conhecer melhor a sua formação inicial, suas dificuldades em lidar com determinadas situações do contexto escolar. Por esse viés, o Estágio é apenas o começo de muitos desafios que você irá enfrentar na profissão docente, mas ele deve ser encarado sobretudo como campo de possibilidades e não como vetor para desistência do percurso pretendido, o de ser professor!
É isso, saudações e sucesso na carreira!
Prof. Antônio.
Boa tarde prof.Antônio!
ExcluirGostaria de agradecer por seus esclarecimentos,com certeza será de uma grande valia no meu percurso de estágio e futuramente como profissional da educação.
NO MEU CAMPO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO, PERCEBO QUE OS ALUNOS NÃO SE INTERESSAM PELO ASSUNTO HISTÓRIA. O QUE VOCÊ ACHA QUE PODERIA SER FEITO PARA MUDAR ESSE QUADRO?
ResponderExcluirCRISTINA MENDES PUREZA
Oi Cristina, boa dia!
ExcluirObrigado pela participação no evento!
Os desafios são muitos, mas há sempre algo a fazer. A aula tradicional pautada em textos dos manuais didáticos, sequência de questionários, decorar nomes e datas sem contextualização histórica, esse tipo de aula provavelmente não será um atrativo para nossos estudantes na atualidade. Agora alguns desafios são colocados para a profissão docente, por exemplo: como motivar os estudantes a gostarem ou serem atraídos por determinadas disciplinas, história no nosso caso? As reposta dadas na pergunta anterior a sua, imagino que comtemple a sua pergunta. No mais, trabalhar de forma diferenciada, aproveitar as oportunidades dadas pela disciplina de história de utilizarmos as múltiplas linguagens na contextualização dos temas; evocar os estudantes da educação básica a participarem das aulas, isso passa pelo viés da metodologia do ensino de história que implica conhecer e apropriar-se dos procedimentos didáticos adequando-os a cada turma de estudante, a cada série/ano escolar, a faixa etária e assim vai... Há alguns meses atrás acompanhei um grupo de estagiário junto com o professor da disciplina de história numa turma de terceiro ano do ensino médio (estudantes com características parecidas com os que você observou, segundo os estagiários). Apesar deles terem realizado algumas regências a contento na classe, ele propuseram uma aula com estes estudantes na universidade. Assim, trouxeram "seus" alunos para uma atividade de regência na universidade: nesta atividade programada como parte das aulas de regência, os estagiários apresentaram a universidade a estes estudantes, utilizaram o laboratório de informática do Instituto de Ciências Humanas com atividade programada, conheceram o acervo da biblioteca central da universidade, enfim, puderam viver naquela tarde um "sonho"... ao serem perguntado por mim se já conheciam a universidade, disseram que não, que só passaram em frente várias vezes, pois vinham de um outro município e para acessarem o centro da cidade onde estava alocada a universidade teriam que passar em frente da mesma. Acho que é um pouco isso, descortinar caminhos, ampliar oportunidades para outros espaços além da tradicional sala de aula, promover vistas à centros de pesquisas, museus, centros de memorias, arquivos, logradouros, bibliotecas, sair das aulas lousa e giz. não estou dizendo que isso também não seja importante, isso é também, mas não só! Mas é preciso fazermos mais para que nossos estudantes da educação básica compreendam a disciplina de história como um "campo de possibilidades" como nos ensina (Benjamim, W.) De qualquer modo, dê uma olhadinha na resposta acima, acho que pontuo alguns outros aspectos que podem comtemplar a sua inquietação.
Saudações e obrigado!
Prof. Antônio.
Este tema é de grande interesse para nós estudantes de História. Se não fosse o estágio, não teríamos noção do que é atuar numa sala de aula, no lado oposto, de frente para os alunos. Neste sentido, nos casos de alunos especiais, existe alguma meio de comunicação mais eficaz para incluir os alunos nas discussões em sala de aula? A minha dúvida é que já presenciei alunos numa mesma sala surdos e cegos. Mesmo que o professor saiba libras, não é simples comunicar com um aluno com deficiência visual sem alterar o ritmo da aula.
ResponderExcluirDanielle Christine Othon Lacerda
Oi Danielle,
ExcluirObrigado pela sua participação e perdão pela demora na resposta!
Nesse caso especifico, você precisa sim dinamizar mais as aulas da seguinte forma: na apresentação do tema ao planejar a atividade use os recursos que permitam a inserção destes estudantes na aula. Por exemplo: para estudantes surdos, eles não ouvem, mas enchergam. Poderíamos nos apropriarmos das imagens, hoje tão comuns em nosso meio, portanto, selecione-as bem de modo que possibilite a interação deste estudante na temática a partir do olhar, dos gestos labiais. Quanto a atividade prática, deve selecionar conteúdos e metodologias curtas com objetividade para que ele possa ter autonomia na elaboração das atividades. Coloque-os próximo a sua mesa, dê atenção especial aos movimentos dele, sei que não será fácil, mas o professor no seu "saber fazer", encontra caminhos para a inserção destes sujeitos nas aulas de história. O que não podemos fazer é esquecer que este encontra-se ali em nossa frente! Sempre abordar os conteúdos de forma mais lenta, pausada, olhando para o rosto do estudante surdo. Ele vai se inserir na aula a partir dos seus gestos labiais, isso é importante saber. Procure inserir esse estudante em grupos, geralmente, nas salas onde tem estudantes com alguma deficiência, recomenda-se o trabalho em grupo, reveze os grupos a cada etapa/bimestre o semestre, isso ameniza a nossa angustia e a deles. Quanto a aprendizagem, eles estão aprendendo dentro de suas limitações, o que você não pode e avaliar este estudante da mesma maneira como você avalia os demais. É importante avalia-lo dentro de sua realidade, como ele estava e como ele está naquele determinado momento. Quais foram os avanços? Isso enquanto educadores, não podemos perder de vista.
Já para o estudantes com deficiência visual, geralmente eles têm recursos próprios maquinas de braile, reglete e atualmente textos didáticos já em braile, livros paradidáticos etc. Usando caminhos pouco diferentes com esse perfil de estudante, mas com aquele mesmo olhar dos que só os professores têm a respeito dos estudantes com outras deficiências ... o nosso papel é ensinar, é compreender o outro, é criarmos caminhos e possibilidades, e isso, felizmente, a nossa disciplina nos confere.
Grande abraço e sucesso aí na sua nova profissão!
Prof. Antônio.
Prezado Prof. Antônio, parabéns pelo tema proposto para o texto. Reflexões interessantes. O estágio, enquanto componente curricular, possui uma complexidade de trato, pois muitas questões estão envolvidas, como instrumentalização teórica dos estudantes, encaminhamentos burocráticos, campo escolar, professores colaboradores, comunidade escolar, relação do acadêmico e os alunos da educação básica, entre outros. De todo este cenário, gostaria que comentasse sobre a relação Universidade e seus estagiários e a escola pública que recebe os universitários, pois nesta relação existe uma complexa rede de relações que requer, principalmente dos coordenadores de estágio um esforço para ponderar, resolver e dirimir questões ligadas a saberes, relações humanas, indisciplina, burocracia, etc.
ResponderExcluirAtt,
Lucilvana Ferreira Barros
Lucilvana, obrigado pela participação1
ExcluirSuas observações são por demais necessárias nesse debate, agradeço as lembretes aqui tão pertinentes. No mais, estou num estado em que a universidade onde trabalho ainda demonstra muita resistência em dialogar com as redes de ensino. Os departamentos de educação desenvolvem ações de forma muito isoladas e não se atentam aos baixos índices de aprendizagem do estado. Estou num estado onde existe 3 cursos de história públicos, nenhum particular e uma demanda grande professores na rede de ensino. Por outro viés, é inexistente a abertura de concurso público para admissão de professores, não obstante, as redes de ensino municipal e estadual, tentam driblar seus déficits com a contratação de monitores (a maioria destes já são professores formados)! Uma falta de zelo com a coisa pública, com a educação pública, sobretudo. O papel da universidade seria o de denunciar isso a priori, no entanto, parece que isso pouco lhe afeta. No mais, em atividades isoladas como é o caso da história e de outras poucas licenciaturas, são os supervisores de estágios que realizam essa comunicação com as escolas. O PIBID também se configura como um excelente meio de conexão entre escola e universidade. Na realidade, estamos formando mão de obra qualificada para atender a rede privada de ensino que não para de crescer nesse estado, até porque o atrativo salarial é outro ou pelo menos, estes profissionais são tratados como professores e não monitores como estado e município os caracterizam. Nesse estado, a deficiência é tão grande nas escolas que nosso maior problema é que nossos gestores querem que nossos estagiários ministrem aulas pela ausência de professores, o que eu procuramos o tempo inteiro rebater por meio de orientação a coordenadores e diretores. Sempre afirmando que nossos estagiários estão ali para aprender a ministrar aulas, para compreender a cultura escolar para então desenvolver ações de intervenção, mas quando estiverem a frente da sala de aula. Na disciplina estágio II, que para nós seria um momento de regência, nesse caso eles entram com um projeto aula e este tem sido bem aceito pelos professores supervisores in loco, pelos coordenadores pedagógicos e por nossos estagiários.
É isso, obrigado pela sua participação mais uma vez e perdão pelo atraso na resposta.
Prof. Antônio.
Olá Prof. Antônio. Muito pertinente suas observações.
ResponderExcluirÉ evidente a importância do estágio durante a graduação, todavia, acredito que o tempo dedicado ao estágio é mínimo comparado a necessidade dos alunos em manterem uma maior experiência e a ausência de um preparo melhor para as reais dificuldades que se encontram na sala de aula. Podemos citar como exemplo a presença de alunos com deficiências físicas, visuais ou auditivas.
Neste sentido, quais são as suas observações em relação a grade curricular referente aos estágios supervisionados e a metodologias utilizadas para a sua composição?
Att.
Gabriel José Brandão de Souza
Gabriel, obrigado pela pergunta!
ExcluirPuxa, daria um outro texto aqui essas suas inquietações. Mas, vamos lá: Acredito que 400 h de estágios é uma carga horaria bastante robusta do ponto de vista técnico e pedagógico para a formação de um professor. O que acho é que essa carga horaria é pouco aproveitada em alguns lugares ou instituições. Dependendo do horário de funcionamento do curso, parte dos estagiários trabalham, as escolas em alguns municípios não funcionam a noite ou pela manhã, e assim vai... quanto aos estudantes portadores de necessidades especiais, acabei respondendo em questões anteriores a sua, dê uma olhadinha para não ser por demais repetitivo aqui. Quanto as disciplinas de estágios hoje vivemos dilemas em algumas instituições, na que eu atuo em particular: ausência de professores para ministrar essa disciplina. Para essa grade de 400 h precisaríamos de 2 professores com Dedicação exclusiva, o que não acontece em boa parte dos cursos de graduação e no que eu atuo em particular. Os cursos na maioria das vezes dependem de um Departamento de Educação, que também tem selecionado professores de outras áreas de ensino e os remanejam para os cursos de história por alguma questão de logística ou por falta de opção porque não tem conseguido fazer mais concursos para suprir déficits anteriores! Quanto as metodologias de trabalho, bibliografias adequadas a disciplina, isso passa pelo clivo do docente responsável pelos estágios ou até mesmo pelo que prevê o Projeto Político Pedagógico dos cursos de graduação em história.
De qualquer modo, é um pouco isso!
Agradeço mais uma vez a sua participação e até breve!
Prof. Antônio.