AS POSSIBILIDADES
INVESTIGATIVAS DA APRENDIZAGEM HISTÓRICA DE JOVENS ESTUDANTES A PARTIR DE HISTÓRIAS
EM QUADRINHOS (AUTO)BIOGRÁFICAS
Marcelo
Fronza
Introdução
Procuro compreender como
as ideias históricas de segunda ordem — tais como a intersubjetividade e a
verdade histórica —, produzidas pelos jovens estudantes de ensino médio,
mobilizam conceitos históricos por meio da aprendizagem histórica com histórias
em quadrinhos. Este trabalho tem como objetivo investigar como a
verdade histórica e a intersubjetividade estão relacionadas com a forma como os
jovens tomam o conhecimento para si a partir de histórias em quadrinhos
(auto)biográficas.
Este trabalho é produzido a partir do grupo de professores historiadores
ligado ao LAPEDUH/UFPR e faz parte do projeto de pesquisa Os jovens e as ideias de verdade histórica e intersubjetividade na
relação com as narrativas históricas visuais vinculado ao “GPEDUH/UFMT - “Grupo
de Pesquisa em Educação Histórica: Didática da História, consciência histórica
e narrativas visuais/UFMT/CNPq”. Insere-se no conjunto
de pesquisas relativas à linha de investigação ligada à cognição histórica
situada (SCHMIDT, 2009, p. 22), que tem como princípios e finalidades a própria
ciência da História e servem de embasamento à área de pesquisa da Educação
Histórica, um campo de investigação que estuda as ideias históricas dos
sujeitos em contextos de escolarização, de tal forma que é estruturada por
pesquisas empíricas que dialogam com a teoria da consciência histórica (RÜSEN,
2001, 2012).
Pretendo, com isso, investigar as diferentes possibilidades
investigativas que existem na relação entre as histórias em quadrinhos e a
aprendizagem histórica de jovens estudantes de ensino médio. Em minhas pesquisas encontrei um tipo de investigação peculiar relativa
a como as narrativas históricas gráficas entraram na cultura escolar no
ocidente: a introdução, nas escolas, de quadrinhos biográficos, autobiográficos
ou investigativos sobre pessoas que viveram alguns dos grandes eventos
históricos da modernidade, tais como a Guerra Civil Americana, a Primeira
Guerra Mundial, o holocausto nazista, as bombas de Hiroshima, as revoltas
populares nos países do terceiro Mundo, a guerra de libertação da Palestina, a
formação do movimento estudantil de um país, a constituição do modo de viver
ocidental, etc. (WITEK, 1989).
É nesse sentido que estes artefatos da cultura histórica podem se
estruturar em narrativas (auto)biográficas que permitam aos jovens formar um
sentido de orientação temporal que se fundamente no autoconhecimento a partir
da práxis social do outro. Segundo Ludmila Jordanova (2006, p. 45-46, 95) a
biografia deve ser entendida para além de um gênero literário. Isto porque ela
considera o sujeito como uma unidade de análise dentro de uma abordagem
histórica particular na qual a ação da individualidade é a convergência de
diversas forças históricas que englobam um momento da vida humana numa
temporalidade histórica da humanidade. Além disso, o gênero biográfico é
fundamental para a compreensão da imagem pública dos sujeitos. Philip Lejeune
(1996, p. 237) compreende que nas autobiografias existe um pacto entre o
escritor (no caso das narrativas gráficas autobiográficas, os quadrinistas) e o
leitor. Com isso, existe uma ampliação dos espaços narrativos do eu como uma
mediação entre o público e o privado (ARFUCH, 2010, p. 28).
As histórias em quadrinhos como artefatos mobilizadores das experiências
dos jovens com a cultura histórica
As
histórias em quadrinhos são compreendidas como artefatos narrativos da cultura
juvenil que permitem aos jovens desenvolver uma relação de intersubjetividade
com o conhecimento histórico. Por isso, é vital investigar o que, para os
jovens, é plausível nas narrativas históricas gráficas e qual é a
especificidade que a relação de intersubjetividade com a História fornece no
processo de formação de sua identidade. Entendo que a cultura juvenil, no
âmbito da cultura escolar, manifesta, nos estudantes, uma determinada forma de
operar historicamente com os quadrinhos.
As
(auto)biografias são gêneros que expressam a memória histórica de sujeitos que
ajudam a compreender as relações humanas estruturadas em determinadas
comunidades. Segundo Elias Thomé Saliba (2009, p. 51, 58) são histórias de
produção maciça e dizem respeito a uma dimensão pedagógica da história. Estão
estritamente vinculadas ao aumento da capacidade de armazenamento de
informações do passado e à velocidade temporal das mudanças que modificam
radicalmente a experiência histórica contemporânea. As biografias vinculam-se a
uma história de circulação massiva que podem estiolar as concepções de tempo e
de passado. Mas podem também, a partir de sua função didática, sustentar versões
na esfera pública que permitam responder algumas perguntas sobre o passado
humano. Isto porque podem fornecer um sentido de orientação temporal que
sustente ações que valorizem a subjetividade humana. Isso apresentando
narrativas:
sobre como é o mundo,
como as coisas têm de ser e o que nos reserva o futuro, ou seja, aquilo que o
mundo de hoje não tem. Podemos chamar isso de teoria, mito, ideologias, ilusões
[...], mas o fato é que, apesar de estarmos em crise, não cessamos de ansiar ou
criar histórias e futuros para nós mesmos por meio de alguma narrativa. Sem uma
narrativa avida não tem sentido. Sem um sentido a aprendizagem da história não
tem um significado. Sem um significado não superamos a necessidade de gerar
sentido para a vida (SALIBA, 2009, p. 62-63).
Nesse
sentido, ao professor historiador cabe fazer aumentar em seus estudantes o
quadro histórico de referências significativas sobre o passado, tornando-se um
provocador das inquietudes ao mobilizar (auto)biografias que estimulem o
imprevisível que provoque a imaginação dos jovens estudantes (SALIBA, 2009, p.
60). Com isso, pode contribuir para a compreensão da alteridade própria da
constituição da memória histórica da humanidade.
É
por causa da função narrativa, estruturada por um fio condutor de sentido, que
as histórias em quadrinhos e outras narrativas históricas visuais podem
contribuir para esse processo de libertação dos sujeitos. A função narrativa
das histórias em quadrinhos diz respeito às formas de expressão da cultura
jovem. A “unidade global da memória histórica” expressa no narrar dos sujeitos sintetiza
e integra as funções da legitimação, da crítica, do ensino, do entretenimento,
das imagens e dos mais variados modos de rememorar o passado. A rememoração
histórica se dá por meio de uma operação mental do “ato de contar histórias”. A
plausibilidade narrativa ligada à consciência histórica transforma o
procedimento mental da rememoração histórica em formas de narrar a História
(RÜSEN, 1994, p. 8-9).
A
narrativa se estrutura na concepção básica de que alguém conta a alguém uma
história sobre uma experiência do passado interpretada no presente e que cria
expectativas de futuro, tal como expressa a história em quadrinhos sul-africana
Vusi goes back. A comic book about the
history of South Africa (RÜSEN, 2001, p. 158).
Vusi goes back. A comic
book about the history of South Africa. (Prezanian Comix, E.D.A.); de um manual para
“trabalhadores comunitários”, 1981, fig. p. 2. RÜSEN, Jörn, A razão histórica: teoria da história:
os fundamentos da pesquisa histórica. Brasília: UnB, 2001, p. 158.
A
partir desta narrativa gráfica compreendo que as imagens não falam por si
mesmas, pois são naturezas mortas mobilizadas pelas ideias históricas dos
sujeitos. Essa história em quadrinhos narra uma versão da história
sul-africana, desde sua origem até os movimentos de resistência antiapartheid, e busca construir um
ordenamento temporal do conteúdo a partir da estrutura básica da narrativa:
alguém conta a outra pessoa como eles se tornaram o que são no presente, com
vistas a novas perspectivas de futuro. Creio que é importante ler qualquer
história em quadrinhos (auto)biográficas a partir dos diálogos dos seus
personagens, pois ali são expressas as ideias que problematizam as carências da
vida prática. Portanto, é a estrutura narrativa que define as histórias em
quadrinhos. Então, como se constituem as investigações sobre esses artefatos da
cultura histórica com caráter (auto)biográfico em sua relação com a cultura
escolar?
Para uma investigação sobre as histórias
em quadrinhos (auto)biográficas no interior da cultura escolar
A
estrutura narrativa é o que define as histórias em quadrinhos e, por isso, é
relevante para este estudo tecer considerações sobre como as investigações sobre
esses artefatos da cultura histórica nos gêneros biográfico e autobiográfico se
apresentam na cultura escolar.
Tendo
como objetivo verificar como as histórias em quadrinhos, enquanto artefatos da
cultura histórica, entraram na cultura escolar, constatei (FRONZA, 2007, 2012)
que não foi por meio dos currículos oficiais. Talvez isso tenha ocorrido devido à percepção
pública negativa que muitos agentes sociais, tais como educadores, padres,
políticos e parte da imprensa, tinham desses artefatos da cultura histórica
durante grande parte do século XX (GONÇALO JUNIOR, 2004, p. 273-284). Mas
constatou-se que os quadrinhos foram incorporados à cultura escolar de outras
formas que já estão sendo pesquisadas.
Essa
possibilidade investigativa das histórias em quadrinhos voltadas para a
aprendizagem histórica se caracteriza por investigar narrativas históricas
gráficas de caráter biográfico, autobiográfico e ou até mesmo investigativos
sobre sujeitos e eventos grandes eventos históricos significativos para a história
da humanidade. Além disso, discutem as implicações que este tipo de quadrinhos
pode trazer para as discussões relativas à Didática da História.
Uma obra
seminal nesta perspectiva é a de Joseph Witek (1989), que se propôs a
investigar histórias em quadrinhos biográficas e autobiográficas como
narrativas históricas que buscam superar o escapismo deste tipo de mídia por
meio de temas como os conflitos culturais, na história ocidental, as fronteiras
entre a culpa e o sofrimento no interior das famílias, e os desafios e triunfos
dos sujeitos na práxis contemporânea. São quadrinhos que combatem o consenso
didático da história tradicional pautada no nacionalismo e no etnocentrismo; e
são narrativas históricas gráficas que propõe perspectivas interculturais que recuperam
os narrares dos despossuídos e marginalizados pela tradição e pela história
curricularizada (WITEK, 1989, p. 3-4).
No caso
de Jack Jackson sua produção de quadrinhos biográficos está ligada a fortes
implicações ideológicas pautadas nas relações históricas da cultura
estadunidense voltadas para minorias e para sujeitos do Terceiro Mundo (WITEK,
1989, p. 58, 60). O tema de suas biografias diz respeito às consequências da
opressão governamental que se expressa numa vida duradoura sensibilidade sobre a
injustiça social sofrida pelas populações marginalizadas dos Estados Unidos da
América, tais como as suportadas pelas comunidades indígenas in Comanche Moon (1979). A finalidade dos
quadrinhos biográficos de Jackson é educar os jovens estadunidenses sobre sua
própria história enquanto um gesto político. Suas histórias em quadrinhos
representam a luta entre as forças do poder estabelecido com as que procuram se
desgarrar dele socialmente.
Um
exemplo disso é a narrativa histórica gráfica Comanche Moon (1979) que é uma biografia do líder mestiço comanche
Quanah Parker. Essa narrativa biográfica foi escrita na contramão dos
quadrinhos históricos popularizados cultura escolar estadunidense, pautadas nos
grandes líderes e acontecimentos desta nação, pois conta a história dos
indígenas que foram derrotados no consenso oficial da vitória dos brancos de
ascendência anglo-saxã na América do Norte. Ao escavar esta história da
América, Jackson traz à tona o “Outro” cultural.
JACKSON, Jack. Comanche Moon. New York:
Reed Press, 2003, p. 116.
A
história de Quanah Parker é um microcosmo da história da sociedade indígena.
Este sujeito, além de ser líder indígena, lutou contra os brancos nas guerras
das Planícies Indígenas, tornou-se deputado federal pelo Partido democrata, e
ajudou na promoção das boas relações entre as comunidades indígenas e seus
vizinhos brancos e mexicanos. Isso mesmo enfrentando as políticas culturais de
embranquecimento contra as tradições indígenas (WITEK, 1989, p. 75). Uma das
características desta biografia quadrinizada é que se utiliza de uma estética
dos Comix underground estadunidenses
ao valorizar traços crus e animistas, ou seja, voltados para valorização da
narrativa do que para o formato padrão dos gibis utilizando imagens de nudez,
violência e resistência social com o objetivo de provocar o status quo. A linguagem dessa obra é
próxima da do documentário. Além disso, reconstruído a partir de imagens
fotográficas, apresenta uma narrativa histórica que interpreta o personagem de
Quanah Parker como uma síntese da história do Texas Comanche, e apresenta cada
experiência do passado que sofreu como uma parte de uma história singular.
Representa a transição entre as comunidades indígenas tradicionais para uma
forma racional de convívio digno com a assimilação branca do expansionismo
estadunidense para o Oeste (WITEK, 1989, p. 82, 84).
Considerações finais
A
partir deste estudo, compreendo que as histórias em quadrinhos (auto)biográficas
podem ser fios condutores para a construção da narrativa que os estudantes
constroem para si na relação que têm com a escola e a orientação para práxis da
vida humana. Para Rüsen (2015, p. 58, 120), a subjetividade humana é
configurada pela tensão entre a individualidade e a sociabilidade. A
particularidade ou a individualidade dizem respeito à mudança temporal das
formas de vida. Então, esses artefatos da cultura histórica podem sintetizar o
processo de formação da identidade histórica do sujeito a partir do outro.
É
perceptível que a cultura juvenil forneça critérios estéticos e cognitivos para
que sejam avaliados os modos como estes sujeitos apropriam-se das experiências
do passado e quais os valores que os mesmos utilizam para selecioná-las e
significá-las, principalmente no sentido de que o processo de individualização
da humanidade fundamenta a formação do homem (RÜSEN, 2015, p. 144).
Ainda
está por se construir uma investigação sobre o tipo de orientação temporal que
os jovens constroem quando são confrontados com narrativas históricas gráficas
biográficas e autobiográficas que forneçam valores e significado históricos que
façam sentido para suas vidas práticas e orientem a formação de suas
identidades históricas como um processo criativo de autoconhecimento.
Referências
bibliográficas
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Você acha que existe alguma diferença na hora de apresentar para um aluno a biografia ou a autobiografia que sejam de personagens diferentes na história, como por exemplo, uma biografia de um nazista durante o holocausto ou de um judeu que também viveu e sofreu durante o mesmo período? Que existe alguma diferença em cerca de aprendizado ou até mesmo por algum outro motivo entre apresentar para os alunos a biografia ou autobiografia de um perdedor na história ou de um vencedor?
ResponderExcluir-Letícia Martins Calheiros
Bom dia, professora Letícia. Creio que se isso for investigado dentro dos critérios da educação histórica e da teoria da consciência histórica, essas experiências do passado diversas poderão sim revelar uma diferença temporal, pois os judeus que sofreram o holocausto e os que construiram a memória sobre essa experiência de sofrimento está fundamentada em valores e significados e formas de se orientar no tempo diferentes diferentes das de um nazista agressor. É importante mostrar aos alunos quais os valores éticos, políticos e estéticos que fundamentam a história narrada por um judeu e a narrada por um nazista.O próprio Rüsen aponta que ainda é preciso ser criada uma nova narrativa que incorpore a falta de sentido histórico do holocausto.
ExcluirUm beijo...
Marcelo Fronza
Gostaria de saber se existem experiências bem sucedidas de (auto)biografias no Brasil e, até que ponto a ficção não se confunde com a realidade nesta histórias. Grato. (Goulart Gomes, História, UFBa).
ResponderExcluirBom dia, professor Goulart.
ExcluirJá existem excelentes biografias e autobiografias quadrinizadas tanto no Brasil como no exterior. Chibata, produzida em Fortaleza é um excelente exemplo de uma boa biografia brasileira, Mauss já é um clássico dos quadrinhos (auto)biográficos e muitos outros. Nessas histórias em quadrinhos a estética permite abrir possibilidades de uma compreensão humanizada das experiências históricas narradas e verificadas por meio de fontes e historiografia. A função da ficção é dar vida à narrativa e não, necessariamente, torná-la inverossímil.
abraços..
Marcelo Fronza
Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho. Trabalhar de forma diferente da tradicional é um grande passo para a educação de qualidade.
ResponderExcluirGostaria de saber: como você organiza o cronograma para realização dessas atividades? Como sabemos, os alunos devem levar um bom tempo para estudar sobre o assunto, diferenciar a ficção da realidade e por fim fazer os Histórias Biográficas.
Monique Momesso Antequera
Bom dia, professora Monique.
ExcluirMuito obrigado, sou eu quem agradeço a sua participação.
Creio que o principal critério para a construção de uma aula nesse viés é fundamentá-la a partir da fonte, ou seja, da própria histórias em quadrinhos (auto)biográfica usada na aula. O que nós professores chamamos de contexto histórico nada mais é do que a interpretação que faremos dessas histórias em quadrinhos a partir do posicionamento e ações dos sujeitos narrados no histórica quando enfrentam ou sofrem determinadas situações históricas. ´E necessário inverter a tradição da cultura escolar: ao invés de começar dar aula sobre o contexto do nazismo, revolução francesa, ditadura civil-militar brasileira, etc. talvez fosse mais interessante perguntarmos aos nossos alunos o que eles entendem por esses conceitos históricos e depois apresentarmos e lermos hqs sobre sujeitos que viveram esses experiências do passado, para que os estudantes possam criar suas próprias narrativas históricas.
Um beijo ...
Marcelo Fronza
Oi Marcelo,
ResponderExcluirParabéns pela exposição da temática achei bastante interessante a possibilidade que você nos traz para trabalharmos autobiografias ou biografias utilizando-nos dos quadrinhos como linguagem. Notadamente, gostaria que indicasse sugestões práticas de como o professor historiador da educação básica possa se apropriar das ideias trazidas por você nessa conferência face a tantos desafios que este enfrenta no cotidiano da sala de aula.
Mais uma vez, parabéns pelo trabalho!
Antônio Bezerra.
Bom dia, professor Antônio.
ExcluirMuito obrigado e sou eu quem agradeço sua participação...
Talvez eu tenha respondido a sua pergunta já na resposta que dei à professora Monique, logo atrás da sua intervenção.
Se tiver mais dúvidas é só entrar em contato novamente.
Abraços...
Marcelo Fronza
Satisfeito!
ExcluirProf. Antônio.
Boa tarde, Prof. Marcelo.
ResponderExcluirAssim como os colegas, gostaria de parabeniza-lo pela proposta e agradecer pelo compartilhamento de ideias tão caras à elaboração de planos de aulas.
Fiquei com uma inquietação: como delimitar ficção e realidade nas HQs produzidas?
Boa noite, Professora Isis.
ExcluirTalvez o problema não seja separar história de ficção, mas verificarmos em uma história em quadrinhos (auto)biográfica que se pretende como uma narrativa histórica como a dimensão estética desta arte mobiliza ideias históricas que ajudem aos alunos se orientarem no tempo e construirem suas próprias narrativas em relação às experiências do passado discutidas em aula.
Por exemplo, na Hq Mauss,quadrinizada por Art Spiegelman, sobre tema o holocausto judeu, os judeus são esteticamente representados como ratos, os alemães como gatos e os poloneses como porcos. Esse elemento estético é desenvolvido para colocar em evidência a desumanização que o nazismo realizou na Europa. Ou seja é uma relato que se utiliza de elementos da estética dos quadrinhos e dos desenhos animados infantis voltada para contar uma verdade profunda. esse tipo de sentido histórico é perfeitamente compreensível para os estudantes da escola básica.
Um beijo.
Marcelo Fronza
O texto levanta pontos interessantes a respeito do uso de outros suportes de ensino na sala de aula - no caso, a história em quadrinho. Gostaria de saber: haveria indicação de histórias em quadrinhos com temáticas brasileiras para essa abordagem? E o senhor teria indicações de HQs com o enfoque da “história vista de baixo”?
ResponderExcluirAss. Rafaella Franchin de Sousa
Boa noite, professora Rafaella.
ExcluirSim, uma excelente Hq biográfica brasileira é Chibata, de Hemetério e Olinto Gadelha, sobre a revolta da Chibata e sue líder negro. Outra hq brasileira autobiográfica é "1968, Ditadura Abaixo" de Teresa Urban é uma fantástica narrativa histórica sobre a opressão ditatorial no Paraná. Busque também as hqs de Flávio Collin e de André Diniz, pois elas sempre abordam temáticas históricas brasileiras a partir da "histórica vista de baixo". Um autor internacional que sempre foca suas Hqs na histórica vista pelo subalternos é Jaques Tardi "era a Guerra de trincheiras" e "O grito do Povo" são obras tocantes e humanistas, Hugo Pratt em todas as obras de seu personagem Corto Maltese (um pirata comunista do começo do século XX)abordam os movimentos sociais irlandeses, asiáticos, sul-americanos e até brasileiros. Existe também uma belíssima biografia em quadrinhos de Tina Maddotti uma fotógrafa que viveu a Revolução Mexicana. Por fim, indico todas as histórias em quadrinhos de Joe Sacco, que apresentam um excelente trabalho jornalístico e, às vezes, até mesmo historiográfico sobre a questão palestina, a guerra da Iugoslávia, com um destaque especial para a Hq "Notas sobre Gaza", para mim a melhor narrativa histórica gráfica de todos os tempos. E é uma belíssima obra historiográfica.
Existe muito mais por aí, mas essas são boas dicas para começar.
Um beijo,
Marcelo Fronza
Interessante, que as histórias em quadrinhos de (auto)biográficas, sejam propostas para serem utilizadas nas construções do conhecimento da História, assim: como sistematizar dentro do conteúdo proposto no ambiente escolar, a história em quadrinhos sobre a evolução de nossa política partidária brasileira, até os dias de hoje, onde impera a corrupção de forma tão evidente?
ResponderExcluirMaria Cecília
Boa noite, professora Maria Cecília.
ExcluirCreio que as sugestões de leitura de Hqs que forneci à Rafaella na mensagem anterior a sua, podem ajudar a responder sua pergunta...
Beijos,
Marcelo Fronza
Boa noite, professor Marcelo,
ResponderExcluirO texto que você nos apresenta traz uma perspectiva bastante interessante e inspira um trabalho com potencial para debater sobre "verdade" em sala de aula. Em primeiro lugar, trabalhar com a autobiografia permite a problematização sobre a "verdade histórica" e sobre os detentores destas "verdades". Como você bem pontua no seu texto, trabalhar com histórias em quadrinhos em sala de aula e problematizá-las permite que os estudantes ampliar o universo cultural, uma vez que as HQs fazem parte da cultura juvenil.
Desenvolvi entre 2014 e 2015 um trabalho de iniciação científica com as historietas da Mafalda (Quino). Considerando as especificidades dos dois gêneros (HQs e historietas), seria possível encarar as tirinhas da Mafalda como autobiografia? Levanto esse questionamento, porque seu texto em inspirou a desenvolver um trabalho com alun@s do ensino médio com algumas tirinhas para investigar a narrativa histórica construída pela personagem Mafalda e instigar @s estudantes a estruturar suas próprias narrativas a partir das historietas selecionadas. Você pensa ser possível desenvolver essa proposta?
Cristiane Aparecida Fontana Grümm
IFC - Videira
Boa noite, professora Cristiane.
ExcluirGostei muito da sua proposta e defendo que você deva levá-la adiante.
A Mafalda não pode ser considerada uma historieta autobiográfica (embora ela tenha elementos ligados à vida de Quino no contexto da ditadura argentina). Contudo, assim como as histórias de Henfil, as de Quino têm um potencial de significação histórica de sentido temporal fantástico. Historietas da Mafalda podem ajudar as crianças e jovem a narrarem historicamente se posicionando contra regimes autoritários e contra as frequentes tentativas e realizações de golpe de estado de direita que o Brasil vem sofrendo desde pelo menos o golpe da proclamação até a tentativa de golpe de estado em curso começado sexta-feira passada pelas forças reacionárias em nosso país...
Portanto, um trabalho com a Mafalda, é mais do que necessário para que nossos jovens se orientem temporalmente a partir de suas próprias narrativas nesses tempos turbulentos.
Um beijo.
Marcelo Fronza
Boa noite, como os demais colegas quero parabenizá-lo pela abordagem do tema, pois é importante para ampliarmos o conceito de se produzir História em sala de aula. Atualmente estou com um trabalho de leitura do livro Ajuricaba - O Caudilho das Selvas,que narra a luta de um líder indígena contra a escravidão dos indígenas pelos colonizadores portugueses na região Amazônica, onde os alunos irão produzir com base na leitura Histórias em Quadrinhos sobre a vida desse Líder. Gostaria de saber do professor Marcelo e dos demais colegas se estou indo no objetivo correto de relacionar História e Quadrinhos ou preciso rever alguns aspectos para melhorar essa proposta de trabalho com meus alunos?
ResponderExcluirAtenciosamente, Paulo Cosme dos Santos.
Boa noite, professor Paulo.
ExcluirMuito obrigado e seu eu quem agradeço a sua participação...
Sim. Está num ótimo caminho trabalhando com esta hq sobre a experiência histórica dos indígenas no Brasil. Só sugiro que seus alunos produzam narrativas históricas sobre essa temática indígena. pode até ser narrativa na forma de histórias em quadrinhos.
Um abraço.
Marcelo Fronza
Você acha que existe alguma diferença na hora de apresentar para um aluno a biografia ou a autobiografia que sejam de personagens diferentes na história, como por exemplo, uma biografia de um nazista durante o holocausto ou de um judeu que também viveu e sofreu durante o mesmo período? Que existe alguma diferença em cerca de aprendizado ou até mesmo por algum outro motivo entre apresentar para os alunos a biografia ou autobiografia de um perdedor na história ou de um vencedor?
ResponderExcluir-Letícia Martins Calheiros
Boa noite, professora Letícia.
ExcluirSó mais uma observação a partir da resposta que dei anteriormente a sua pergunta.
Quando abordar essas duas narrativas históricas gráficas contrapostas, a do judeu que sofreu o holocausto e a do nazista que o realizou, é muitíssimo importante você reforçar para os alunos a dimensão de sofrimento causado pelo Holocausto. A humanidade e a igualdade de todos os humanos em sua diferença deve sempre ser um valor inegociável nas aulas de história. Pois a humanidade está sempre se constituindo como humana na história, mas isso é uma luta contra a barbárie da violência desumanizadora de certos regimes políticos como o fascismo e o nazismo e do capitalismo como um todo.
Um beijo,
Marcelo Fronza
Boa Tarde Professor
ResponderExcluirQuais os cuidados ao utilizar HQs (auto)biográficos em relação à visão do próprio autor ao tratar da vida do personagem, tendo em vista que biografias e, principalmente, autobiografias carregam consigo a ânsia de se mostrar as qualidades do personagem?
Boa noite professor Zé Caetano.
ExcluirÉ uma pergunta difícil de responder, mas a resposta que eu dou a você é a de um professor historiador: confronte essas narrativas gráficas (auto) biográficas com outras fontes históricas sobre o mesmo contexto histórico e sobre o mesmo sujeito. O confronto com a historiografia sobre a temática histórica que a hq aborda é fundamental. Em alguns casos podem ser até outras histórias em quadrinhos sobre o mesmo sujeito.
No entanto, também existem histórias em quadrinhos (auto)biográficas, das que se posicionam como uma "história vista de baixo", e posso dizer que é a maioria delas que não focam somente nas qualidades do sujeito, muito pelo contrário: conforme as várias vertentes de hqs nesse gênero, a maioria aponta os defeitos dos personagem principal. Isso vale principalmente para as (auto)biografias. Um ótimo exemplo é a HQ "Mauss" sobre o holocausto.
Um abraço
Marcelo Fronza
Olá, professor Marcelo
ResponderExcluirParabéns!!!!
Tive o grato prazer de elaborar um projeto com alunos do 9º ano envolvendo HQs. Não era com o gênero biografia, mas algumas dificuldades surgiram. O projeto foi desenvolvido no laboratório de informática onde apareciam computadores estragados, dificuldade de acesso à rede... Não vi em sua conferência e, portanto vem a pergunta: os alunos produziram HQs também? Essa produção foi na escola? Individualmente ou em grupos?
Joana d'Arc Conrado
Boa noite, professora Joana D'Arc
ExcluirMuito obrigado e sou eu quem agradeço sua participação...
A próxima fase do projeto será aplicar um instrumento de investigação com algumas Hqs (auto)biográficas a estudantes de Ensino Médio aqui de Mato Grosso.
Normalmente gosto que eles respondam e produzam suas narrativas a partir das Hqs individualmente, mas que possam se ajudar mutuamente na turma.
Um beijo,
graaaaande Fronza!! Tudo bom cara?
ResponderExcluirSeguinte, tá na hora de escrevermos alguma coisa juntos. Acho que nós que estudamos quadrinhos temos condição de realizar várias coisas interessantes sob esta perspectiva.
O que eu gostei mais no seu texto é que você aborda quadrinhos autobiográficos, tema que será discutido nas Jornadas Temáticas de Histórias em Quadrinhos, na Unifesp, esse ano. Acredito que quadrinhos como Maus, Gen, Era a guerra das trincheiras, 1968 - ditadura abaixo e tantos outros podem ajudar nossos alunos a compreender melhor o que aconteceu, ao mesmo tempo que conseguem enxergar que a história sempre tem um autor.
NO mais, queria perguntar - além deste texto aqui postado - o que mais você anda estudando. E vamos nos falando...
Abração cara!
Valeu, Scama.
ExcluirEstá tudo ótimo comigo.
Podemos combinar um texto em conjunto sim.
Além desse trabalho também estou investigando quadrinhos históricas didáticos, retomei a investigação sobre as Hqs de Henfil, agora vou começar a trabalhar com as narrativas dos estudantes sobre eles. Também estou orientando trabalhos sobre os Manhwas coreanos, sobre games com temas históricos como Call of Duty e Assassin's Creed e, também, sobre como são usados os sites eletrônicos que aparecem em livros didáticos de história.
Até mais...
Um abraço...
Marcelo Fronza
Me manda um e-mail cara - rodrigoscama@gmail.com
Excluirgraaaaande Fronza!! Tudo bom cara?
ResponderExcluirSeguinte, tá na hora de escrevermos alguma coisa juntos. Acho que nós que estudamos quadrinhos temos condição de realizar várias coisas interessantes sob esta perspectiva.
O que eu gostei mais no seu texto é que você aborda quadrinhos autobiográficos, tema que será discutido nas Jornadas Temáticas de Histórias em Quadrinhos, na Unifesp, esse ano. Acredito que quadrinhos como Maus, Gen, Era a guerra das trincheiras, 1968 - ditadura abaixo e tantos outros podem ajudar nossos alunos a compreender melhor o que aconteceu, ao mesmo tempo que conseguem enxergar que a história sempre tem um autor.
NO mais, queria perguntar - além deste texto aqui postado - o que mais você anda estudando. E vamos nos falando...
Abração cara!
Boa noite,
ResponderExcluirAchei muito interesse o seu trabalho e acredito que seja um recurso que motive a aprendizagem dos alunos e que facilite na compreensão dos conceitos. Gostaria de saber: foi desenvolvida alguma atividade prática com alunos da Educação Básica? Em quais momentos você sugere a utilização dessas atividades e se tem algumas sugestões para o ensino de História para a Educação Básica?
Caroline Lameza Ramos
Boa noite, professora Caroline.
ExcluirMuito obrigado e sou em quem agradeço a sua participação.
Na minha dissertação de mestrado e na minha tese de doutorado já apresento algumas questões e atividades que podem ser abordadas na aula de História na educação básica. se procurar meu nome na internet vai achar esses dois trabalhos e muitos artigos sobre o tema. Em vários comentários anteriores nesse evento que estou achando maravilhoso eu sugiro algumas possibilidades de trabalho com as narrativas gráficas.
Minha dica é faça os estudantes lerem quadrinhos históricos nas aulas de História e peça para eles construirem narrativas histórias a partir dessas hqs. essas narrativas podem até ser no formato de quadrinhos. A maioria dos estudantes adora desenhar coisas que façam sentido para eles. Vamos usar esse prazer juvenil a favor do sentido histórico.
Um beijo,
Marcelo Fronza
Muito interessante a abordagem sobre esse tema e a dinâmica em que ela pode proporcionar dentro da sala de aula. Nunca tinha pensando em passar quadrinhos biográficos ou autobiografia como base para o ensino. A algum tempo atrás observei alguns quadrinhos sobre historia que poderia ser utilizado em aula, neste caso, são quadrinhos da editora escala educacional, na qual, trás algumas temas da historia o Brasil como; Guerra dos farrapos, independência do Brasil entre outros. Como também alguns quadrinhos de Historia internacional como a Primeira guerra mundial, Revolução Francesa... Professor, gostaria de saber como/onde posso encontrar essas biografias em quadrinhos? Teria alguma referência de quadrinhos biográficos? em que possa ser aplicado em sala de aula? Poderia citar alguns personagens que o senhor venha a conhecer e que já existem em quadrinhos sobre a historia do Brasil?
ResponderExcluirGrato por expor esse estudo!
Rafael Silva
Email: rafa_aeski@hotmail.com
Boa noite, professor Rafael.
ResponderExcluirMuito obrigado e sou eu quem agradeço a sua participação...
Creio que já respondi essa pergunta em comentários anteriores. Leia a resposta que dei à professora Rafaella.
A maioria desses quadrinhos você encontra na internet seja na Estante Virtual seja no Buscapé. Mas em qualquer boa livraria ou loja de quadrinhos você pode encontrar a maioria deles.
Se tiver mais alguma dúvida, por favor, faça mais comentários.
Um abraço,
Marcelo Fronza
Obrigado pela resposta.
ExcluirAbraço.
Rafael Silva
Gostaria de desejar um feliz dia das mulheres para todas as maravilhosas participantes desse simpósio.
ResponderExcluirUm beijo enorme para todas vocês.
Obrigado por existirem...
Bom dia Prof.Marcelo!
ResponderExcluir-Tive na minha adolescência a oportunidade de conhecer a vida de São Francisco de Assis através de quadrinhos e nunca mais esqueci.Acho este um instrumento pedagógico bem interessante quando bem feito.Por que os livros didáticos usam tão pouco hoje essa técnica?
-O investimento seria muito alto em livros com essa tecnologia dos quadrinhos?
Desde já Grato.
Alfredo Coleraus Sommer
Bom dia, professor Alfredo.
Excluirrealmente os livros didáticos de história usam muito pouco os quadrinhos como fonte histórica, pois eles aparecem na maior parte do tempo como meras ilustrações do conteúdo, e segundo pesquisas realizadas, sem muita relação com os textos didáticos.
No entanto, o que é interessante é que os livros didáticos de Histórias foram os primeiros artefatos didáticos a incorporarem as histórias em quadrinhos. Isso bem antes de qualquer diretriz curricular no Brasil. Inclusive na década de 1970 existiam livros didáticos brasileiros que eram hqs, os livros do Julierme, quadrinizados pelo argentino Rodolfo Zalla.E fácil de achá-los em sebos.
um dos motivos de existirem poucos quadrinhos dos livros didáticos dizem respeito aos direitos autorais patrimoniais. a lei aponta que as imagens só podem ser usadas publicamente após 200 anos a morte do autor. A não ser que haja a liberação pelo autor ou pela família do mesmo, quando morto,as imagens devem ser compradas.
É por isso que os livros didáticos usam sempre as mesmas imagens: ou são as mais baratas ou são as que já são públicas.
O problema é que esse fenômeno cria aquilo que Elias Thomé Saliba chama de imagens canônicas: imagens que saturam nossa mídia e os livros didáticos causando alienação em relação às experiências do passado.
Um abraço,
Marcelo Fronza
Bom dia, professor Marcelo.
ResponderExcluirParabéns pelo texto e obrigada pela possibilidade de lê-lo.
O conceito de intersubjetividade é pertencente a diversas áreas do conhecimento. Gostaria de saber como você o define na história?
Desde já agradeço sua resposta
Renata Costa
Bom dia, professora Renata.
ResponderExcluirMuito obrigado e sou eu quem te agradeço.
A categoria da intersubjetividade no campo da teoria da consciência histórica de Jörn Rüsen, está vinculada à ideia de publicização da narrativa histórica. Isto é: a intersubjetividade é a construção argumentativa da comunicação com o outro que tem como objetivo fazer com que esse outro compreenda e reconheça como válida as perspectivas históricas do narrador que dão significado e sentido para as experiências históricas narradas.
É mais ou menos isso. É o elemento argumentativo da narrativa histórica com a finalidade de construir um sentido histórico para os sujeitos em diálogo a partir de suas carências de orientação temporal voltas para sua práxis social.
Um beijo,
Marcelo Fronza
obrigada, Marcelo.
Excluirum bj para vc tb
Boa noite Professor Marcelo, as histórias em quadrinhos apresentam um grande benefício para a compreensão do pensamento de um meio social. Ao lidar com a fonte, sendo ela (auto)biográfica ou algo que relacione a um evento histórico, quais os cuidados que devo tomar durante a abordagem do tema em sala de aula?
ResponderExcluirJoão Cendron Júnior (UNESPAR/FAFIUV)
Bom dia, professor João.
ExcluirO principal cuidado é sempre apresentar mais de uma versão ou perspectiva sobre a experiência histórica narrada a partir de um princípio humanista em que a dignidade humana é o valor inegociável.
Com esse critério podemos confrontas histórias (auto)biográficas distintas e permitir que os jovens estudantes construam suas próprias narrativa históricas...
Um abraço,
Marcelo Fronza
Obrigado professor
ExcluirJoão Cendron Júnior (UNESPAR/FAFIUV)
Boa noite!
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pela produção.
Nos últimos anos,esse recurso vem sendo utilizado como material didático por professores de diversas áreas do conhecimento, pois as mesmas oferecem diversas possibilidades de uso.
O desafio é apresentar possibilidade de uso de Histórias em Quadrinhos como uma maneira de reforçar o processo de ensino aprendizagem, promover uma reflexão sobre o uso de novas metodologias, pois sabemos que a inserção de diferentes possibilidades de ensinar, nos dá uma contribuição positiva no processo de ensino e aprendizagem.
Mas surge a dúvida. Como fazer com que nossos alunos usem esses recursos, se uma camada maciça de professores não fazem uso dos mesmos?
Obrigado!
Por: Jonathan Viana da Silva
Bom dia, professor Jonathan.
Excluirsua pergunta não é fácil de ser respondida, mas vou fazê-lo brevemente.
Essas novas linguagens, inclusive as histórias em quadrinhos, devem fazer parte da formação dos professores. Isso, seja na formação inicial na universidade quanto nas formações continuadas realizadas pelos secretarias públicas e pelas universidades devem trabalhar as histórias em quadrinhos, por exemplo, como fontes históricas e narrativas históricas que permitam o reconhecimento das diferença temporal entre as experiências do passado com as do presente: diferença temporal que deve ser interpretada a parir das controvérsias fundamentadas nas interpretações e explicações históricas, que geram significado para os estudantes; e perceber que as narrativas gráficas, assim confrontadas,reconstruam historicamente a orientação temporal dos sujeitos.
Enfim, precisamos de uma política pública democrática e responsável voltada formação de professores de história.
Um abraço,
Marcelo Fronza
Boa noite, professor Marcelo!
ResponderExcluirRealmente as HQ são importantes formas de expressão e sua leitura em sala permite interagir melhor com os estudantes na educação básica. Por meio delas, é possível promover a valorização e o respeito pela diversidade cultural, além de reflexão sobre alguns estereótipos, fatos e a própria ficção.
Parabéns pelo belo trabalho!
Atenciosamente,
Vivian.
Bom dia, professora Vivian.
ExcluirMuito obrigado e sou eu quem agradeço sua participação.
Sim, as histórias em quadrinhos (auto)biográficas estão se provando como ótimas narrativas para que investiguemos como os sujeitos se orientam no tempo no dura e difícil luta pelo reconhecimento do outro no tempo e no espaço. A identidade histórica inclusivo só pode ser reconstruída historicamente se reconhecermos a dimensão do sofrimento humano como critério para a realização de uma dignidade igualitária na sua diferença.
Beijos...
Marcelo Fronza
Boa noite professor Marcelo, gostaria de saber se esse estudo foi além das biografias e se a função narrativa das HQs também podem levar o conhecimento histórico além das biografias?
ResponderExcluirAtt: Sonia Arsenia Navarro Cernohovsky
Bom dia, professora Sonia.
ExcluirObjetivo de minha investigação é exatamente este. É por meio das histórias em quadrinhos (auto)biográficas verificar quais os critérios que possam esticar ou ampliar a orientação temporal para além da biografia do próprio sujeito. quais são as pistas que essas hqs nos dão, quais são as ideias que os estudantes fornecem nas suas narrativas históricas. como os estudantes ampliam os limites de sua própria identidade histórica a partir do conhecimento e reconhecimento de um outro com valores e intenções diferentes.
esse é o desafio. e não é fácil, em que pese que essas hqs tendem a superar a dimensão biográfica pessoal ao colocar os sujeitos como humanos que sofrem e agem em seus contextos históricos.
Beijos...
Marcelo Fronza
Muito obrigada professor, e parabéns pelo belo trabalho.
ExcluirBoa Tarde Professor, Você Saberia me dizer se tem Alguns HQs que fale da história da Amazônia processo de migração ou "colonização", uma vez que moro em Rondônia e para mim seria incrivel saber.
ResponderExcluirObrigada e Parabéns.
Marisânia da Silva Sousa
Bom dia, professora Marisânia.
ExcluirA migração é uma tema que raramente é quadrinizado no Brasil.
Além dos quadrinhos de Flávio Collin (Caraíba) e André Toral (Os Brasileiros) sobre os indígenas na Amazônia, no Mato Grosso temos a obra "Destino Oeste" de Gabriel Mattos e Ricardo Leite. Com certeza a secretaria de cultura de Rondônia deve ter mais alguma informação sobre esse tema...
Beijos...
Marcelo Fronza
É interessante utilizar além dos quadrinhos, outras mídias tais como o vídeo-game para fazer análises sobre determinados temas? Qual deve ser a postura do professor a lidar com esse tipo de linguagem? - João Gilberto Solano.
ResponderExcluirBom dia, professor João Gilberto.
ExcluirCreio que já respondi em parte esta questão em respostas anteriores.
A principal postura é usar e reconhecer os quadrinhos como fontes ou narrativas válidas para a aula de História. A segunda postura é apresentá-los de modo que as interpretações sejam confrontadas, e por fim, permitir que os jovens narrem suas histórias e as de outros sujeitos a partir dessas fontes.
Um abraço...
Marcelo Fronza
Achei o texto muito interessante pelo fato de que,como estudante não ter visto professores usarem os quadrinhos para o ensino da história,vejo as histórias em quadrinho como algo mais " informal " e menos cansativo que textos encontrados em livros e apostilas e então mais pratico e fácil de ser entendido e interpretado. A questão da narrativa é possível ser encontrada em mais obras práticas e simples como os quadrinhos para o ensino aprendizagem de história ?
ResponderExcluirBom dia, Larissa.
ExcluirSim, há muitas pesquisas que já confirmaram que a narrativa de linguagens como Hqs, games, canções facilitam a aprendizagem histórica porque vão além da memorização, elas permitem que o aluno compreenda o sentido de orientação temporal que as experiências do passado contém em sua diferença com o presente.
Beijos...
Marcelo Fronza
Como a aplicação das histórias em quadrinhos e (auto)biografias em ambiente escolar devem serem encaradas pelo educador como meio de aprendizagem?
ResponderExcluirDivanei Ferreira dos Santos
Bom dia, professor Divanei.
ExcluirCreio que já respondi essas questões nas mensagens anterioris, principalmente nas de Larissa, João Gilberto, Sonia, Caroline entre outras...
abraços
Marcelo Fronza
Boa Noite.
ResponderExcluirGostaria de perguntar sobre sua visão das HQ's de super heróis, que é tão popular entre os jovens, e se é possível usar alguma (s) em sala de aula, mesmo que seja apenas como marcador de discurso em determinado contexto histórico.
Cristiano Nobre Ribeiro
Bom dia, professor Cristiano.
ExcluirSim, muitas histórias em quadrinhos de super-heróis a são usadas em aulas de história.
Capitão América sobre o tema do imperialismo, e agora, mais recentemente sobre o direito à desobediência civil; X-Men sobre questões ligadas à interculturalidade, racismo, gênero, etc. Isso são só alguns exemplos, mas existem muitos e já tem até investigação historiográfica e de ensino de história sobre esses tema dos super-heróis.
Um abraço,
Marcelo Fronza
A releitura dessas histórias em quadrinhos (auto) biográficas pelos estudantes pode facilitar o entendimento da narrativa histórica presente nos quadrinhos apresentados a eles?
ResponderExcluirBom dia, professora Maria do Carmo,
ExcluirCom certeza. essas hqs facilitam não só o entendimento histórico das narrativas como também possibilitem que os estudantes criem sua própria narrativa histórica. Em comentários anteriorem eu abordo esse tema.
Beijos...
Marcelo Fronza
Como esse trabalho de utilização de histórias em quadrinhos (auto) biográfica pode ser desenvolvido na disciplina de História, de 6° ao 9° anos do Ensino Fundamental, levando em consideração que os estudantes desse segmento não têm ainda uma bagagem de conhecimentos significativos como os estudantes do Ensino Médio?
ResponderExcluirBom, professora.
ExcluirO próprio poder narrativo dessas hqs facilitam com que os estudantes apreendam esses conhecimentos históricos. Isso já foi detectado nas principais investigações sobre o tema como eu comentei em outras mensagens. Se ouvirmos o que os alunos entenderam dessas hqs nós teremos como compreender se eles aprenderam sobre a temática abordada.
Beijos...
Marcelo Fronza
Achei interessantíssima a proposta de trabalho com as histórias no ensino de História. Fiquei me questionando: Existiriam possíveis problemáticas na prática de sintetização dos temas em histórias em quadrinhos? E como solucioná-las?
ResponderExcluirFábio Maia Pereira de Jesus
Bom dia, professor Fábio.
Excluirsim , é possível que aja alguns problemas nesse poder de síntese das Hqs. a primeira é que essas narrativas gráficas não se propõem a aprofundar todos os detalhes da vida e do contexto desses sujeitos no modo como a historiografia faz.
No entanto, é esta exatamente a sua vantagem, o próprio Rüsen defende que as hqs são talvez o melhor meio de criar sínteses sólidas de experiências e ideias históricas completas devida a sua natureza em que o espaço equivale ao tempo tal como um mapa temporal que que é expresso em um fio narrativo de sentido histórico. Para a aula de História isso é uma elemento fundamental.
Um abraço
Marcelo Fronza