HISTÓRIA DAS MULHERES: ENTRE HISTORIOGRAFIA E LIVROS
DIDÁTICOS
Dulceli de Lourdes Tonet Estacheski
Os profissionais devem sempre tomar cuidado, prestar atenção
e insistir em que, na medida do possível, o estado de investigação de sua
matéria chegue sem grande demora aos livros didáticos. (RÜSEN, 2010, p. 110)
O debate sobre o livro didático de
História tem se ampliado significativamente. Mesmo sendo ele alvo de críticas por
ser utilizado, por vezes, de forma inadequada, ninguém questiona sua importância
para as aulas de História, tanto como material de apoio docente, quanto como
instrumento de leitura de estudantes. Em seu texto ‘O livro didático ideal’,
Rüsen (2010, p. 109) afirma que o livro didático “era um dos canais mais
importantes para levar os resultados da investigação histórica até a cultura
histórica de sua sociedade”. Embora as diferentes mídias, internet, cinema,
jogos, TV, sejam veiculadoras de informações históricas, ainda são: a sala de
aula, o professor ou professora e o material didático, os responsáveis pela
socialização dos saberes históricos de forma mais efetiva para grande parcela
da população e isso justifica o interesse e as diferentes pesquisas
relacionadas ao livro didático de História.
Miranda e Luca (2005), ao abordarem a
questão do livro didático na contemporaneidade a partir de uma reflexão sobre o
Programa Nacional do Livro Didático, destacam que o governo brasileiro, desde o
Estado Novo, tem implantado políticas de avaliação desse material,
estabelecendo regras para produção e distribuição do mesmo. A busca pela
construção de um nacionalismo era o que motivava tal cuidado com o livro. A
vigilância se intensificou no período militar que gerou a massificação do uso
do livro didático, o entendendo como um importante instrumento
político-ideológico que propagava regras de conduta e de civismo. Havia censura
e o conteúdo histórico que o livro contemplava era o aprovado pelo governo. A
reabertura política da década de 1980 alavancou as discussões sobre o ensino de
história e seu material didático e abriu as portas para mudanças, que não
ocorreram tão rapidamente o quanto gostaríamos.
A relação entre o livro didático e a
indústria editorial é clara e foi a partir da implementação do Programa
Nacional do Livro Didático, e mais especificamente após 1996 quando ocorreu a
efetiva avaliação dos livros, é que eles passaram por alterações mais
significativas. O programa prevê que só podem ser adquiridos os livros
avaliados e classificados que passam a constar no Guia do Livro Didático e
considerando que os critérios de exclusão dos livros vão desde erros
conceituais, de informação à desatualização ou veiculação de preconceitos, as
editoras passaram a se preocupar mais com a qualidade dos livros. Mesmo que
para as editoras isso tenha um caráter econômico, não podemos negar que
ganhamos também com as diferentes publicações que surgiram.
Outro fator que levou a mudanças nos
materiais didáticos foi a implementação de diferentes leis, como a de nº
13.381/01 que torna obrigatório, na rede pública estadual do Paraná no ensino
fundamental e médio, o ensino dos conteúdos de História do Paraná e a de nº
11.645/08 que estipula a obrigatoriedade do ensino da temática História e
cultura afro-brasileira e indígena. A inserção desses conteúdos nos livros traz
sempre à tona o debate sobre o currículo de História, como tem ocorrido com a
elaboração da Base Nacional Comum. E é claro, para além dessas questões, existe
a preocupação com a renovação historiográfica que tem problematizado de formas
diversas temas já consagrados nos livros escolares.
Sendo a desatualização historiográfica
um critério de exclusão dos livros didáticos, cabe aqui nos questionarmos: o
que tem acontecido em relação à história das mulheres, que há décadas tem
ocupado, e cada vez com mais intensidade, os espaços acadêmicos, mas ainda não
é tão perceptível nos livros didáticos? Analisar esse descompasso é o que nos
propomos com esse texto.
A escrita da história das mulheres
A escrita da história tem as marcas das
relações de gênero. Smith (2003) declara que no século XIX, no período de
profissionalização da História, sua escrita era marcadamente masculina. A
autora revela uma relação construída em torno da ciência histórica que nos faz
perpetuar ideias como, ao pensar na figura de um grande historiador,
automaticamente o pensarmos como homem, visto que a história ganha seu caráter
científico e profissionalizante justamente em um período em que as mulheres, em
sua maioria, ocupavam o espaço doméstico, e para os homens ficavam as
atividades de pesquisa, escrita e discussão acadêmica.
Desta forma, a história teria sido
transformada em gênero masculino por tradição, considerando que por ser escrita
por homens, abordava assuntos de seu interesse. Para Smith (2003), as mulheres
foram vistas ao longo da trajetória historiográfica como presas a
superficialidades e incapazes de produzir profundidade reflexiva, amadoras,
sendo consideradas más profissionais até por elas mesmas. Essa situação só
começa a mudar no século XX, quando “os historiadores profissionais começaram a
observar os detalhes da vida social, econômica e cultural como precisamente
aquela subcorrente essencial, de certa forma até mais profunda do que a
política.” (SMITH, 2003, p. 444).
O gênero masculino da e na escrita da
história é apontado também por Scott (1992), que ressalta o privilégio
concedido à história política, às fontes administrativas e militares, o que
resultou numa exclusão das mulheres tanto como sujeitos da escrita da história
quanto como objeto de seus estudos. Em seu texto ‘El problema de la
invisibilidad’ a autora reflete sobre o desenvolvimento do campo de estudos
sobre as mulheres nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, fruto das
intervenções de grupos feministas, apresentando as fontes e os métodos
utilizados na escrita da história que visavam romper com a invisibilidade das
mulheres em suas narrativas.
O rompimento com essa invisibilidade na
história fez com que se buscassem marcar diferenças em um primeiro momento. A
história das mulheres surgiu com uma demarcação de heroínas, com a apresentação
de mulheres ilustres que podiam servir de exemplo de luta e sucesso. Era uma
forma de demonstrar que tais histórias mereciam ser contadas. “Tratava-se
inicialmente de tornar visível o que estava escondido, de reencontrar traços e
de se questionar sobre as razões do silêncio que envolvia as mulheres enquanto
sujeitos da história” (PERROT, 1995, p. 20). A conquista do espaço antes negado
fez com que tais estudos se ampliassem e se modificassem com o tempo, saindo de
uma característica primeira que demarcava claramente o binarismo masculino versus feminino, passando a constituir
uma área do saber histórico muito abrangente.
O campo de estudos tornou-se
reconhecido a nível institucional, a ponto de Scott (1992, p. 38) afirmar que
“Sería difícil imaginar una historia escrita en esta época que no incluyera una
mención al surgimiento de las mujeres como agentes del cambio histórico y como
objeto de consideraciones políticas”. A escrita da história amplia cada vez
mais seus horizontes e a história das mulheres se legitimou na academia, o que
é comprovado com as diversas publicações, eventos, debates, disciplinas sobre o
tema que são cada vez mais frequentes.
As mulheres nos livros didáticos de história
Optamos por analisar uma coleção de
livros didáticos de ensino médio que são utilizados em escolas da cidade de
União da Vitória/PR. Trata-se da coleção ‘História em Movimento’, dos autores
Gislaine Campos Azevedo e Reinaldo Seriacopi. É evidente que compreendemos que
essa seleção é arbitrária, e que para resultados mais consistentes outras
coleções deveriam também ser analisadas, porém o que pretendemos é lançar o
debate sobre o tema e quem sabe instigar mais pesquisas. Focaremos nesse
subtítulo em um levantamento geral sobre a presença das mulheres nos conteúdos
desses livros didáticos.
No primeiro volume da coleção, ‘Dos
Primeiros Humanos ao Estado Moderno”, verificamos que as mulheres muito pouco
aparecem. Há menções sobre sacerdotisas e deusas no mundo antigo, mas sem
reflexão sobre elas. Algumas poucas fontes históricas, trechos de literatura,
que apresentam personagens femininas. Poucas imagens de mulheres são
apresentadas na obra e as atividades do livro não sugerem interpretação das
mesmas. Isso teria que ser estimulado pelo professor ou professora que utiliza
o livro didático em sala. Podemos citar duas entre elas que poderiam suscitar
debates, a da página 92, que traz mulheres afegãs com seus documentos na fila
das eleições em 2009 e na página 171, a fotografia da queniana Wangari
Maathari, líder do movimento Cinturão Verde. Tal debate precisaria ser
levantando pela professora ou professor que teria que buscar mais informações
fora do livro, já que o mesmo não as apresenta. É claro que o ideal é que o/a
docente sempre busque informações para além do livro, mas a questão aqui, é que
o livro em si não inspira a reflexão sobre as mulheres de forma efetiva.
Algumas mulheres ilustres têm seus
nomes citados, como a imperatriz Teodora, Joana D’Arc, Isabel, a católica,
Catarina de Médici, Catarina de Aragão, Ana Bolena e Rainha Elizabeth I. A
lista pode parecer extensa, mas não se torna uma inserção significativa quando
as questões que envolvem a história dessas mulheres e de outras de seu tempo
não são problematizadas. Citar os nomes sem refletir sobre as histórias não é o
suficiente. Apenas a imperatriz Teodora ganhou um destaque de duas páginas, com
dois parágrafos de biografia e uma grande ilustração explicada.
Os trechos do livro que são mais expressivos
em relação à vida das mulheres são aqueles que tratam da questão do casamento:
na Índia, na África e na Idade Média, revelando a situação de submissão delas.
Dois parágrafos são dedicados às mulheres na polis, no capítulo sobre a Grécia,
e há uma sugestão de pesquisa sobre a situação das mulheres nas nações
islâmicas e uma atividade de análise de fonte, do conto clássico ‘As mil e uma
noites’, questionando sobre a situação das mulheres na sociedade árabe da
época, com sugestão de pesquisa sobre as mulheres no Brasil atual.
No volume II, ‘O mundo moderno e a
sociedade contemporânea’, vemos uma mudança. Ele traz possibilidades reflexivas
ao tratar dos povos indígenas e a divisão sexual do trabalho e também ao
abordar a escravidão africana no Brasil. Nos capítulos destinados a essas
temáticas, os textos remetem, vez ou outra, à situação das mulheres no contexto.
Na página 134 há um trecho interessante do texto de Madalena Marques Dias, ‘As
bravas mulheres do bandeirantismo paulista’, sobre a força das mulheres
paulistas em suas lutas diárias. Nas atividades do capítulo, uma das questões
se refere a essas mulheres. No entanto, no tema ‘a revolução industrial’ há
apenas uma imagem de operárias em fábrica têxtil e sobre ‘a revolução
francesa’, uma imagem da marcha das mulheres parisienses sobre Versalhes e nada
nos textos que provoque o pensar sobre tais histórias. A obra perdeu uma grande
oportunidade, ao não trabalhar a história das mulheres nesse e em outros
contextos. Anita Garibaldi, por exemplo, só é citada como esposa de Giuseppe.
No último volume, ‘Do século XIX aos
dias de hoje’, há uma imagem e dois parágrafos sobre a obra de Harriet Stowe,
‘A cabana do pai Tomás’, explicando que a autora era abolicionista. Trata-se de
um quadro em fim de capítulo, assim como há um quadro em outro capítulo
explicando o que significa ‘era vitoriana’, mencionando assim o período de
governo da rainha Vitória na Grã-Bretanha e um quadro no capítulo 5 intitulado ‘Mulheres
no Brasil’, esse um pouco mais extenso, ocupando quase uma página e meia,
acompanhado de uma sugestão de atividade de pesquisa sobre alguma mulher de
destaque da região em que os/as estudantes estão inseridos.
A luta pelo voto feminino é abordada,
dessa vez como parte integrante de um subtítulo e não como quadro à parte. Uma
imagem da sufragista Emmeline Pankhurst acompanha o texto. Um parágrafo do
texto sobre os efeitos da I Guerra Mundial sobre a população civil é destinado
às mulheres, e duas das questões da atividade final do capítulo são sobre isso.
Ao tratar da Constituição brasileira de 1891, menciona que as mulheres não
podiam votar, e coloca uma imagem de Nísia Floresta, que lutou pelos direitos
das mulheres. Há um texto sobre as blusas-verdes, mulheres integralistas
brasileiras e um sobre as mães da Praça de Maio, na Argentina. Ao tratar do
governo militar no Brasil, cita mulheres vítimas da repressão. E no último
capítulo do livro, com o título ‘Novos rumos para o Brasil’, trata da licença
maternidade como direito trabalhista e da Lei Maria da Penha, destacando a
discriminação das mulheres e a violência por elas sofrida.
Considerações Finais
Analisando a coleção de livros
didáticos selecionada, percebemos que há uma preocupação com a inserção de
diferentes sujeitos na história ensinada. Negros, indígenas, povos orientais,
ciganos, mulheres, pessoas antes invisibilizadas, agora aparecem, mesmo que às
vezes de forma tímida. Na sequência dos livros, vemos que o volume 1 sugere
pouca reflexão, limitando-se por vezes a menções de nomes de mulheres, o volume
2 se mostra interessante nas reflexões sobre mulheres indígenas e africanas
escravizadas, mas falhou ao não explorar o papel das mulheres nas revoluções
Industrial e Francesa, por exemplo, assim como em outros contextos históricos.
Já o volume 3 dá mais espaço a elas, mesmo que ainda como quadros
complementares, curiosidades históricas, anexos da História, como já foi
considerada a própria história das mulheres na historiografia.
Há um descompasso entre a
historiografia e os livros didáticos? Há. E por mais que possamos entender isso
como natural, porque há um caminho para o debate acadêmico chegar aos materiais
escolares, ficar parado no meio desse caminho ou se arrastar por ele, não dá. É
preciso caminhar. A inserção real dos sujeitos na escola não se dá apenas pelo
direito de matrícula, pelo direito de ocupação do espaço físico, mas também pelo
direito ao espaço no currículo, pelo direito à voz, à visibilidade.
Com o crescimento intenso do número de
publicações sobre a história das mulheres em todo o mundo, era de se esperar
que a temática já fosse mais conhecida pela sociedade em geral, porém, se o
livro didático que é ainda hoje o material que mais leva informações históricas
à população não aborda convenientemente essa história, e se a formação docente
ainda é deficiente em relação ao tema, como promover a mudança?
É importante o entendimento de que não
apenas é importante a inserção de mulheres consideradas ilustres no livro
didático, mas que se valorize a ação de inúmeras mulheres em diferentes tempos
históricos, em movimentos sociais ou em ações do cotidiano. Quando lemos
subtítulos em livros didáticos como ‘A vida social’ e nele não há nada sobre as
mulheres, nos questionamos sobre que tipo de organização social é essa? Não
basta citar nomes de mulheres ou colocar imagens delas, é preciso que o livro
instigue a problematização histórica. Ficamos muito tempo na expectativa e
comemoramos os quadros explicativos com trechos sobre as mulheres, ou as poucas
sugestões de pesquisa sobre elas, e esperamos romper com o descompasso entre
historiografia e livros didáticos fazendo com elas estejam presentes em todas
as temáticas históricas, assim como estiveram de fato em toda a trajetória da
história vivida.
Referências
AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI,
Reinaldo. Livro História em movimento:
ensino médio. Volume 1. Dos Primeiros Humanos ao Estado Moderno. São Paulo:
Ática, 2010.
AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI,
Reinaldo. Livro História em movimento:
ensino médio. Volume 2. O Mundo Moderno e a Sociedade Contemporânea. São
Paulo: Ática, 2010.
AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI,
Reinaldo. Livro História em movimento:
ensino médio. Volume 3. Do Século XIX aos dias de hoje. São Paulo: Ática,
2010.
MIRANDA, Sônia Regina; LUCA, Tânia
Regina de. O livro didático de História hoje: um panorama a partir do PNLD. Revista Brasileira de História. São Paulo. V. 24, nº 48, 2004.
PERROT, Michele. Escrever uma história das mulheres: relato
de uma experiência. Dossiê História das Mulheres no Ocidente. Cadernos Pagu. N. 4. Campinas: Núcleo
de Estudos de Gênero/UNICAMP, 1995.
RÜSEN, Jörn.
O livro didático ideal. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS,
Estevão de Rezende (orgs.). Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: UFPR,
2010.
SCOTT, Joan. El problema
de la invisibilidade. In: ESCANDÓN, Carmen Ramos (Org.). Género y
Historia. Mexico: Universidad
Antónoma Metropolitana, 1992.
SMITH, Bonnie. Gênero e História. Homens, mulheres e
prática histórica. Bauru: EDUSC, 2003.
Essa invisibilidade ou pouca visibilidade da mulher no livro didático não seria uma resistência machista ao reconhecimento dela como ser histórico denotando uma industria de livro didático machista?
ResponderExcluirBom dia Danilo. O machismo é sim muito forte em nossa sociedade e influencia sim na escolha dos livros. Não só na escolha, mas em sua produção. A inserção das mulheres na história ensinada é ainda algo pelo que lutar. Outra questão problemática é a demora de se trazer para os livros didáticos os resultados de pesquisas acadêmicas recentes, não só sobre as mulheres, mas sobre as diversas temáticas. Ainda há uma prática equivocada que separa a produção acadêmica em uma redoma e uma preocupação maior de pesquisadores/as em publicar em revistas A1, A2, em uma busca de pontos, e isso diminui o interesse na escrita de materiais didáticos. Não digo que não seja importante a publicação nessas revistas, é óbvio que é, mas que é urgente a academia pensar que o conhecimento produzido nela deve chegar o quanto antes à sociedade, à escola.
ExcluirTenho inquietação em saber em que período as mulheres começaram a lecionar História no Brasil. Em que contexto isso ocorreu e quais foram as primeiras professoras. Você pode me responder essa questão? Pode me indicar alguma leitura a respeito do assunto?
ResponderExcluirIvone Gomes.
brigadacaruaru-pe@bol.com.br
Bom dia Ivone. Suas questões são muito pertinentes e sugerem uma pesquisa muito interessante. Não sei precisar a você o período ou quem foram as professoras. A instituição em que trabalho, UNESPAR, campus de União da Vitória, iniciou suas atividades em 1967 como faculdade e tinha dois cursos: Pedagogia e História. A maioria das mulheres optava pelo curso de Pedagogia, mas já havia mulheres cursando História. Penso que a pesquisa sobre a temática deveria partir da documentação de universidades e escolas. Pensar isso a nível de Brasil é um trabalho bem grande e seria preciso buscar as instituições mais antigas. As obras de que tenho conhecimento que tratam de mulheres e educação não abordam de forma específica as professoras de História. Há um texto sobre docência e mulheres no livro História das Mulheres no Brasil, organizado pela Mary del Priore, há outro no Nova História das Mulheres no Brasil, organizado por Joana Pedro e Carla Pinsky. Guacira Lopes Louro também já escreveu sobre mulheres e docência. Sobre as professoras de História, você tem um ótimo objeto de pesquisa em mãos.
ExcluirComo a sociedade civil organizada poderia atuar nessa mediação entre a pesquisa acadêmica e a efetiva problematização, no livro didático, da ação das mulheres na história? E como tal situação poderia ser feita sem criar discursos de polarização homem versus mulher, nem de vitimização destas?
ResponderExcluirAllan Themístocles Galdino Ferreira
Allan vou te responder a partir de minha experiência, sou professora universitária, atuo na formação docente em História, nesse campo, saliento sempre a importância dos projetos de ensino e extensão (atuo em alguns) que colaborem com a partilha de conhecimentos entre universidade, escola e comunidade. Esse é um dos caminhos possíveis. Para além disso, sou integrante de um coletivo feminista, o Mais que Amélias, que devido aos altos índices de violência contra as mulheres em nossa região, tem desenvolvido várias atividades para problematizar a questão, com oficinas em escolas e debates junto a docentes, bem como organização de eventos que reúnem várias instituições (de ensino, saúde, segurança pública, promotoria, associações) para trazer o tema à tona. Então, os caminhos de mediação podem ser diversos, o primeiro passo é dar evidência ao assunto, pois quando não se fala sobre é como se o problema não existisse. Concordo com você que o intuito deve ser o de dar visibilidade às mulheres e não vitimizá-las ou colocá-las em confronto com os homens. É preciso então reconhecer a ação delas ao longo da história, promover a pesquisa sobre a história das mulheres, fazer com que essas pesquisas gerem trabalhos de extensão, para que não fiquem só na academia, e atuar em ações sociais. Quando o tema se apresenta como urgente, como exigência da sociedade que estimula a escola para que essa passe a reivindicar com mais intensidade, mais a formação docente se preocupará com a questão, mais cursos de formação continuada abordarão a temática e isso passa a ser pensado também pela indústria editorial.
ExcluirOlá! Obrigado pela elucidação e partilha.
ExcluirDisponha!
ExcluirQuem trabalha na educação estadual do Paraná sabe que este ano escolheremos livros didáticos para o Ensino Fundamental, mas o que temos visto ao avaliar este material é que temas como indígenas, africanos, mulheres e asiáticos são citados somente como adequação a diretrizes, não é feito um debate aprofundado, muitas vezes, o debate não é nem sugerido. Sabemos que isso decorre de vários fatores, alguns já discorridos aqui (lógica do mercado, demora para absorvição do debate acadêmico, etc.) a questão passa a ser então, como nós professores podemos influenciar de maneira mais efetiva e dinâmica a produção deste material?
ResponderExcluirSilvia Goretti Dutra Estevam
Silvia, precisamos que a formação docente dê mais atenção a esses temas. E quando falo em formação docente, penso na graduação e na continuidade do processo formativo de professores e professoras. Tenho ouvido muito que docentes não trabalham com esses temas (mulheres, indígenas, África) em sala de aula porque não tiverem isso em sua formação. Pois bem, é preciso mudar isso. Fomentar isso na graduação e suprir a carência de quem já atua e se sente despreparado para trabalhar o tema. Docentes capacitados em relação a esses temas vão superar as fragilidades do material didático existente em sala de aula e também escolherão os livros que melhor tratem do assunto. "como nós professores podemos influenciar de maneira mais efetiva e dinâmica a produção deste material?" Não permitindo que o assunto seja deixado para lá. É preciso cobrar do estado ou município que são responsáveis pela distribuição do material didático a existência de parcerias, por exemplo, com universidades que produzem a pesquisa sobre os temas, para que novos materiais sejam publicados. Às vezes é preciso lembrar a academia de que seu papel é servir à comunidade e não apenas produzir conhecimento para si mesma. Temos publicado os trabalhos finais de estágio supervisionado de nossos estudantes de História na Revista Sobre Ontens, nos especiais LAPHIS, vemos isso como uma forma de disponibilizar materiais e relatos de experiência a docentes e outros/as estudantes. O texto de Miranda e Luca, mencionado em minhas referências é uma leitura interessante, a mudança que tem ocorrido, embora a passos lentos, só acontece pelas reivindicações docentes...
ExcluirBom dia Dulceli, parabéns pela reflexão apresentada. Mesmo não sendo professor da área da história, tenho também, por tempos (re)pensado o 'discurso' pedagógico apresentado nos livros didáticos sobre as mulheres.
ResponderExcluirPara a região sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, as mulheres desempenharam importante - e me atrevo a afirmar que decisivo papel durante a Revolução Farroupilha, entretanto, quando se fala historicamente (e didaticamente) em Revolução Farroupilha, logo se pensa nos homens que lutaram contra o Império durante dez anos.
Mas esta guerra teve centenas de heroínas anônimas.(E não somente Anita Garibaldi, como bem referendastes!)
Mulheres que apesar do sofrimento por ver o marido e os filhos partirem para a luta, sem saber se voltariam vivos, tiveram que assumir suas casas e estâncias a assim manter a economia e a sociedade. Enquanto os homens guerreavam, elas tornavam-se pais, administradoras, negociantes. Cuidavam da lavoura, do gado, da casa e dos negócios em geral.
Para você, enquanto pesquisadora do tema, qual o caminho para termos a visibilidade destas que, para mim, são as verdadeiras heroínas da história?
Eduardo Alexandre Louzado
Bom dia Eduardo. A pesquisa precisa ser cada vez mais estimulada. Em se tratando de história regional por exemplo, é preciso resgatar a história das mulheres, na Revolução Farroupilha, no Contestado, para citar apenas dois importantes temas da história do sul do Brasil. Pouco se escreve sobre elas, mais na literatura do que na História. Porém, a atenção que deve ser dada é que essas pesquisas gerem escritas que não fiquem apenas nas prateleiras das universidades, que é o que infelizmente acontece com uma série de monografias sobre história regional, sobre história das mulheres. Bons trabalhos que ficam nas bibliotecas das universidades apenas. É preciso publicar em revistas de fácil acesso ao público, como as revistas eletrônicas, ebooks, e levar esses trabalhos para as escolas também.
ExcluirAchei muito interessante a inserção da história do Paraná no Livro didático na Bahia por exemplo isso ainda não é possível, a maioria dos livros são feitos por editoras de outras regiões como o sudeste, deixando de lado elementos importantes sobre o estado. Quanto a questão da mulher, a abordagem é muito boa, tenho as mesmas considerações. Quando utilizamos um livro didático às mulheres pouco aparecem dando a impressão que estiveram em segundo plano na história. Dessa forma, tenho dois questionamentos que me inquietaram, em sua formação tiveras algum tópico ou disciplina sobre a história das mulheres? Porque também concordo com você quando diz que há um descompasso entre a historiografia e os livros. A outra é como professora já utilizou a inserção das mulheres em suas aulas? E como foi a experiência? Obrigado e parabéns pela conferência.
ResponderExcluirAry Albuquerque Cavalcanti Junior
Oi Ary, obrigada por suas considerações. Respondendo á sua primeira pergunta, não tive nenhuma disciplina na minha graduação que tratasse da história das mulheres. Apenas no último ano do curso um professor de História do Brasil sugeriu a leitura do livro Em defesa da honra de Suean Caufield, essa leitura me inspirou a pesquisar o tema. Em relação à sua segunda pergunta, como professora, procuro sempre tratar da questão, tanto nas disciplinas de metodologia de ensino e estágio que leciono, quando na optativa Gênero e diversidade na escola, que oferto quando possível. Trabalho com projetos e cursos de extensão sobre o tema também e a experiência é ótima. É edificante ver que estudantes que passam pelas disciplinas ou cursos constroem um outro olhar sobre o assunto, rompendo com estereótipos e silêncios ao atuarem na educação básica.
ExcluirBom dia, a pouca visibilidade da participação feminina como sujeitos históricos nos livros didáticos são notáveis. Dê maneira que é necessário nós profissionais da educação buscarmos maneiras de inclusão da construção da problemática feminina ao longo do tempo. Dulceli, de que forma essa inclusão poderia ser realizada?
ResponderExcluirLidiane Álvares Mendes
Lidiane, sempre penso que essas temáticas deveriam compor todo o currículo, não só da história, mas de todas as disciplinas. Não como anexo, como curiosidade, como um tema a mais, mas inserido de fato em todos os contextos. A caminhada é longa para que isso ocorra, pois tirar do silêncio e da invisibilidade requer trazer a questão à tona. Então precisamos pesquisar mais, publicar mais (e materiais de fácil acesso), propor cursos de formação e eventos que deem evidência às mulheres como sujeitos históricos.
ExcluirBom dia,
ResponderExcluirAchei muito interesse a conferência, princialmente por está formando nesse período em História e já começo a me preocupar com a utilização de foma errada o livro didático. Gostaria de relatar uma experiência que tive em uma disciplina na faculdade que era analisar essas novas edições de livros. Pois bem, ainda sinto muita falta das minorias em ser retratada. Não apenas da mulher, mas o negro também, quando os mesmos são retratados são inteiramente ligados a escravidão e as mulheres a submissão. Outra questão que me chamou atenção é quando foi falado da princesa Isabela, há uma idolatração desnecessária, como se a abolição da escravidão foi um evento isolado, e ela assinou a carta pela sua cabeça, ou seja, citar os nomes sem refletir sobre as histórias não é o suficiente. Gostaria de saber, se mesmo com as novas inserção das minorias nos livros, empoderando esses sujeitos. Como vão ser os treinamentos dos professores? Será que na faculdade isso está sendo passado? Pois não adianta ter um bom material e não saber aproveita-lo. Obrigada.
Taís Macedo da Silva.
Boa reflexão Taís. De fato um bom livro pode não ser bem utilizado e um livro frágil pode ser um instrumento interessante para problematização nas mãos de um/a docente competente. Trabalho na formação docente, não somente na graduação mas em cursos de formação continuada. Ouço muito que esses temas deixam de ser trabalhados em sala por falta de conhecimento de docentes que não tiveram formação para tal. Então, é sim urgente que a graduação e as outras formações docentes atentes para inserir tais discussões com maior eficácia. Nosso curso de História tem hoje as disciplinas de História da África e História da Cultura Africana na matriz, estamos discutindo a alteração da matriz para 2017 e queremos incluir a disciplina de História Indígena, hoje só tratada como tema na disciplina de Antropologia. A história das mulheres não aparece como disciplina, às vezes como optativa, mas em cursos de extensão. O ideal, a meu ver, seria de que a história das mulheres fosse problematizada em todas as disciplinas da graduação em História, as mulheres na antiguidade, na idade média, Brasil, América e assim por diante.
ExcluirNo dia 06 de março de 2015 um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), que é especializado em pesquisas sobre a discriminação contra a mulher fez um alerta sobre as conquistas femininas. E a afirmação é de que “as conquistas alcançadas nos últimos cem anos na luta pelos direitos das mulheres está sob ameaça.”
ResponderExcluirVocê percebeu esta perda em sua pesquisa?
Boa tarde Murilo. Essa afirmação se deu pela percepção de que retrocessos tem sido observados devido a questões religiosas, por exemplo. Temos visto que o conservadorismo aflorado tem movido votações como do estatuto da família que tenta reforçar a ideia de uma família tradicional, única, que não representa a realidade. Sofremos com interpretações equivocadas sobre os estudos de gênero, o que fez com que o tema fosse retirado de muitos planos estaduais de educação. Então na prática, vejo pessoas tentando promover a desigualdade, a discriminação e o preconceito, às vezes de forma ingênua, e muitas vezes de forma maldosa. Se há ameaça às conquistas, penso que devemos ter mais empenho na luta por igualdade e justiça social.
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ResponderExcluirBoa tarde, prof.ª Dulceli.
ResponderExcluirAssim como ocorreu com os colegas acima, a leitura de seu artigo suscitou algumas questões interessantes. O debate sobre o descompasso entre produção acadêmica e produção de materiais didáticos é bastante caro hoje, no cenário educacional do país. Mas, para além dele, você acha que o professor de História que hoje atua nas escolas, está preparado para dar conta de uma nova abordagem sobre a História das mulheres?
Nos programas das mais diversas disciplinas das universidades públicas do país, é muito raro encontrar debates e propostas que abordem a participação feminina. Em geral, o tema fica restrito às pesquisas stricto senso e não aos ambientes da graduação.
Espero que compreenda que minha questão segue como provocação do debate, já que compartilho o ensejo de ver as mulheres representadas de modo pleno nos materiais didáticos.
Oi Isis. Compartilho totalmente de sua inquietação. Como queremos que a escola mude seus paradigmas se a formação docente não o faz? Essa é a questão fundamental que tento propor, a academia não pode permanecer na produção para si mesma! Precisa produzir para a comunidade também! Inovar na pesquisa para a prateleira da biblioteca universitária ou para pontuar no lattes me parece uma proposta insuficiente, precisamos produzir materiais didáticos para as escolas. E as temáticas que vemos como urgentes para o ambiente escolar devem ter a mesma urgência, ou ainda maior, na formação docente.
ExcluirSe o professor é o "braço direito" do GOVERNO e na maioria das vezes este recebe 'material 'pré selecionado , de que maneira ele pode confrontar e empoderar seus pares para que se modifique esse contexto cultural que ainda predomina?
ResponderExcluirOlá Kétina. Fiquei confusa com a afirmação de que o professor é o braço direito do governo. Não me vejo assim. Bem, a escolha dos livros didáticos e sua aquisição se dá de forma arbitrária, sabemos disso. Nem sempre o livro escolhido é o que chega, nem sempre o que há para escolher é o que satisfaz nossas demandas. Não podemos nos calar sempre, é o primeiro passo, é preciso reclamar dos materiais junto às secretarias de educação e argumentar sobre a insuficiência deles em relação às temáticas para que a próxima escolha seja levada muito a sério. Enquanto isso, é preciso insistir em uma formação docente (inicial e continuada) que capacite docentes para o entendimento da necessidade de mudanças.
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ResponderExcluirGostaria de perguntar sobre a atuação das mulheres em sociedades históricas de caráter não burguês.
ResponderExcluirPor exemplo, aquelas sociedades da Idade Média e da Idade Moderna (ou do Estado Moderno), como no v.I da coleção de livros didáticos que você examina.
Penso que o espaço doméstico, para onde as mulheres eram relegadas, fazia parte de uma constituição mais ampla.
Mesmo porque os domínios espaciais da casa era também um domínio hierarquizado. Nesse sentido, a produção de saberes das e pelas mulheres era empreendido segundo uma outra lógica - aquela das hierarquias instituídas.
Então, para melhor compreender a questão do gênero não seria mais adequado pensar sempre em termos contextuais?
Outra questão: não seria redutor pensar apenas em termos de masculino x feminino para se conhecer as mudanças operadas pelos saberes ou ações produzidos pelas mulheres?
Ricardo Hiroyuki Shibata
Ricardo, concordo com vc, penso que sempre temos que refletir em termos contextuais. Temos também que ter o cuidado de não pensar as mulheres em determinados períodos de forma generalizante. Pensamos por exemplo que todas as mulheres ficavam relegadas ao espaço doméstico, mesmo não discutindo a dimensão desse espaço, mas havia realidades diferentes, por exemplo, entre mulheres de condições sociais diferentes. Essas diferenças estão presentes ao longo da história, então enquanto mulheres de melhores condições financeiras ficavam na casa, mulheres mais pobres sempre saíram em busca de sustento. Enquanto algumas tinham acesso à estudo, outras não e assim por diante. Sem contar aquelas que subverteram toda a ordem que se tentou constituir. Penso que as pesquisas na área tem atentado para essas questões. Sobre sua segunda questão, se a compreendi bem, penso que é sim redutor pensar masculino x feminino, porém penso que é importante destacar o feminino que antes estava invisibilizado. Não no sentido de contrapor, masculino versus feminino, como posto, mas de dar voz a quem não tinha para alcançar a equidade.
ExcluirBoa tarde, Dulceli!
ResponderExcluirÉ claro que vivemos numa onda conservadora atualmente, onde ao mesmo tempo em que há diversos grupos rompendo com o tradicionalismo, há tantos outros tentando negar correntes progressistas e o movimento feminista encontra-se nessa contradição. A minha dúvida é a seguinte: a senhora acha que, a problematização em relação às mulheres nos livros didáticos, talvez surtiria um efeito melhor se houvesse um destaque aos feitos revolucionários das mulheres (como a conquista do voto feminino no Brasil e no mundo, por exemplo) ou ainda quadros não apenas as mostrassem como submissas, como é o caso das mulheres nas pólis gregas, o pensamento as pessoas, tão institucionalizadas no patriarcalismo que ainda vivemos, surtisse um efeito melhor? Além do problema da quantidade de aulas que se tem de história, por exemplo, nas escolas. Que acaba por ser muito pouco em vista da gigante lista de conteúdos, que inclui história indígena e afro-brasileira. A senhora acha que, talvez, se um recorte, para que caiba dentro das salas de aula, desses feitos que dão credibilidade à mulher, revertesse o quadro de invisibilidade a elas atribuídos? Digo isso na esperança de que a mulher seja melhor representada nos livros didáticos, como em outras questões.
Abraços.
Isadora Bril Biffi
Oi Isadora. Sim, precisamos ressaltar a participação das mulheres na história como sujeitos atuantes e não vitimiza-las apresentando sempre seus papéis de submissão. Embora problematizar a submissão e a violência contra as mulheres seja fundamental. Concordo que o tempo que temos para as aulas de história é pequeno e os assuntos são muitos, acho que docentes das outras disciplinas fazem a mesma crítica. Então, precisamos priorizar em nosso currículo o que faz mais sentido, precisamos aprender a abrir mão de alguns temas para dar espaço a outros, em algumas vezes, e em outras apenas precisamos tratar dos conteúdos históricos com mais equidade entre os sujeitos, por exemplo, é comum termos os tópicos de 'organização social' nos capítulos dos livros didáticos e não ter uma linha sequer sobre as mulheres, como se elas não fizessem parte dessa organização.
ExcluirSe hoje os livros didáticos passam por avaliações de grupos que estão na universidade, e que tem conhecimento sobre historiografia, porque então, esses avaliadores não questionam essas produções? Assim como os professores, que na reflexão diária, podem perceber essa invisibilidade na história e no livro didático, podendo fazer escolhas e que poderiam influenciar, também, nas publicações dos livros.
ResponderExcluirCleidiane Gonçalves França
Boa questão Cleidiane. Tivemos mudanças na escrita dos livros didáticos de história devido às avaliações dos mesmos que acabam qualificando-os ou não para o guia do livro didático que chega às escolas para a escolha por docentes. Porém, ainda vemos nessa temática e em outras como, história da África, da cultura afro-brasileira e indígenas, muitas carências. Então, será que essas pessoas que avaliam os livros estão atentas a essas questões? Será que as escolas estão apresentando isso como um problema? Será que a história das mulheres, dos negros e dos indígenas alcançou espaço de fato na academia, nas licenciaturas? Ou estes temas estão só no espaço da produção historiográfica, dos grupos de pesquisa e não nos programas de extensão e formação?
ExcluirAtualmente vemos a expressividade da atuação da bancada conservadora no Congresso Nacional, que por sua vez, fomenta a teologia do macho ao ponto de interferir dentro de um estado teoricamente laico e através da sua força política na qual se utilizam de artifícios religiosos para engessar as pequenas conquistas das mulheres no Brasil como o projeto que pretende anular a lei que protege as mulheres estupradas. Cara professora, diante desse panorama, a senhora acredita que os livros didáticos de história não estabelecem conexões com as questões reais do presente ao ponto de desestimular os/as professores (as) a problematizarem as questões que envolvem a autonomia e emancipação femininas?
ResponderExcluirAssinado: Pedro Henrique de Carvalho. Instituição (UECE).
Ótima reflexão Pedro. Quando avançamos um pouco, nos deparamos com absurdos como a retirada do tema gênero e diversidade sexual de planos estaduais de educação, e isso acompanhado de deturpações do tema que assustam docentes que não tiveram formação a respeito. Quando essas temáticas não fazem parte do programa, não estão no livro didático, não compõem a formação docente (inicial e continuada), é difícil para os/as docentes encontrarem o estímulo necessário para problematizá-las em sala, ficando sempre para algumas pessoas que abraçam a causa.
ExcluirBoa tarde, O texto que você expôs recorre a um assunto que sempre me chamou atenção, tenho experiências em sala de aula, e percebo o quão carente é a discussão crítica de diversos sujeitos sociais que são praticamente banidos no ensino da história no espaço escolar. Ao ler seu texto, me recorreu sempre a questão do porquê não há um espaço em estudar, desde a formação básica, pontos que só é tocado no ensino superior? Por que ainda há uma relutância de promover ao público em geral a importância de se conhecer a micro-história? Faço essas perguntas a você querendo saber mais o seu ponto de vista e experiências que obteve ao elaborar esse trabalho muito interessante.
ResponderExcluirSabrina Gomes de Oliveira.
Oi Sabrina... pois é, porque só no ensino universitário algumas temáticas são abordadas. Porque nos deparamos com a micro-história que tem, na maioria das vezes, uma escrita tão encantadora, só na graduação? E por que a renovação historiográfica demora tanto pra chegar à escola? Essas são também minhas inquietações. Me angustia ver que alguns temas ficam restritos a grupos de pesquisa e a publicações acadêmicas. A academia tem suas exigências e a pesquisa no ambiente universitário demanda muito trabalho. Entendo isso. Mas vejo como urgente a valorização da extensão. Tenho trabalhado em diferentes projetos de extensão e neles sempre priorizo a produção de materiais que sirvam às escolas, cartilhas, textos didáticos, sugestões de planejamentos. Isso sempre acompanhado de cursos de formação. Acompanho o dilema de docentes que até gostariam de inserir esses temas em suas aulas, mas sentem a dificuldade pela falta de formação, então a princípio, é nisso que devemos nos empenhar.
ExcluirOlá Dulceli,
ResponderExcluirVocê se referiu a um descompasso entre os livros didáticos e a historiografia no que se refere a questão das mulheres. Ainda que eu concorde com você, tenho muitas ressalvas em relação a historiografia. É claro que muitos trabalhos acadêmicos, sobretudo os de ciências humanas, estão voltados para pensar o papel das mulheres ao longo do tempo. Porém, a história ainda é pensada, discutida e escrita em grande parte por homens (sejam eles grandes atores sociais ou não). Os estudos subalternos, por exemplo, buscam trazer a mulher para um cenário de destaque. Gayatri Spivak, que é uma grande escritora dessa linha de trabalho, se perguntou se pode o subalterno falar? Minha questão é: as mulheres ganharam espaço para falar, mas será que elas são realmente ouvidas? Há de fato um descompasso entre a historiografia e os livros didáticos mas será que também não há um descompasso entre a historiografia e a realidade histórica em relação ao gênero?
Beatriz Rodrigues
Oi Beatriz. Já estamos falando, estamos escrevendo e estamos sendo ouvidas e lidas. Por tod@s? Não. A história das mulheres ainda é vista por muit@s como militante demais, e por isso, pouco acadêmica. Ainda é vista como curiosidade histórica, tema menor, ou outras designações que já ouvi por aí. Então, sim, concordo com você que existe um descompasso entre a historiografia e a realidade acadêmica, mas considero inegável o avanço já alcançado. Há historiadoras importantíssimas no Brasil, por exemplo, e que são referências nos programas de disciplinas universitárias. Acho importante ressaltar isso para que percebamos que passos já foram dados, então é preciso continuar andando. O descompasso dessa historiografia com os materiais didáticos, é maior, na minha opinião. Se é difícil ser ouvida no espaço da pesquisa, ter a valorização dessa pesquisa a ponto de mudar os 'canonizados' conteúdos didáticos é um dilema.
ExcluirBoa tarde.
ResponderExcluirInfelizmente, como foi bem apontado no texto, os avanços na inclusão de história das mulheres no material didático de História demonstram-se tímidos. No entanto, é interessante perceber que ao menos se apresentou alguma mudança nos últimos dez anos, no que tange a inclusão de textos e imagens. Além disso, na minha experiência pessoal, o currículo e as bibliografias de História nas universidades ainda apresentam grandes lacunas ao tratarem de sujeitos excluídos como mulheres, pessoas negras e povos não-europeus. Quando apresentam-se nas disciplinas obrigatórias que tratam de História do Brasil, por exemplo, são apêndices, aulas isoladas dedicadas a esse tema específico. A análise da linguagem também é interessante para revelar tal exclusão. Os textos continuam sendo escritos como se os sujeitos fossem unicamente masculinos. Na sua análise você considerou a linguagem?
Ademais, soma-se a isso a dificuldade em se discutir questões de gênero na formulação dos currículos escolares, em função da legislatura de políticos mal informados, dogmáticos e sexistas. Na sua opinião, esse é um problema que toca apenas superficialmente a produção dos livros didáticos, ou vai diretamente de encontro ao problema? Como nos libertarmos de um poder público que age com descaso com relação ao ensino de gênero nos níveis local, regional e nacional?
Victoria Carvalho Junqueira
Oi Victoria, concordo inteiramente com você. Já trabalhei com a linguagem para pensar as relações de gênero em materiais didáticos, mas não nesse material. Foi outro trabalho com livros da educação infantil e séries iniciais. Essa é uma questão que me inquieta muito também. Sobre a retirada do tema gênero e diversidade de planos estaduais e municipais de educação, considero extremamente lamentável. Quando houve a votação sobre isso na Assembleia Legislativa do Paraná, enviei emails a tod@s os deputad@s. Só obtive duas respostas, de dois deputados ultraconservadores que mostraram em seus emails um total desconhecimento do tema. Não deveria caber a el@s decisão tão importante, pois desconhecem e não querem conhecer, o que é pior. Isso afeta sim a produção de livros didáticos, as editoras não vão publicar o que pode gerar polêmica e inviabilizar a vendagem. Então, penso que devemos falar mais alto, devemos provocar a discussão cada vez mais, não podemos ficar reféns de quem deveria nos representar!
ExcluirParabéns pelo texto. O que me chamou a atenção nele foi poder pensar que a própria mulher é invisível para ela mesma. Pois, muitos dos livros didáticos são escritos por mulheres e a maior parte do professores é mulher também.
ResponderExcluirPor que será que as mulheres "escolhem" esse silêncio sobre si mesmas?
As mulheres que falam sobre si são as militantes da causa feminista, daí, muitas vezes parecem que falam muito disso e só disso. Seria importante sair desta fragmentação e segregação.
Obrigada pelo texto
Obrigada Renata, essa é uma questão interessante. Há um livro de Marina Castañeda que se chama O machismo invisível, nele ela aborda a questão de mulheres que reproduzem o machismo, invisibilizando, discriminando a si mesmas e a outras mulheres. Algumas se habituam ao fato de que falar sobre elas não é importante, e que existem outros temas supostamente maiores que faz da história das mulheres, dispensável. O fato de muitas professoras da educação básica não tratarem do assunto é reflexo também da falta de formação sobre o tema (inicial e continuada). Quanto à sua reflexão sobre as militantes da causa feminista, elas desempenham um importante papel, é a ação, por vezes incômoda, que traz a questão à tona e fomenta a necessidade de tocarmos no assunto.
ExcluirDulceli Tonet.
ExcluirObrigada pela indicação bibliográfica, já está anotada.
Acredito que a formação do historiador deva se atentar mais detalhadamente às questões do feminino na graduação. Sei que isso já tem sido feito, assim como eu outras pesquisadoras trabalham com isso, mas, para que a visibilididade da mulher possa ser concretizada na prática, muitas barreiras ainda precisam ser vencidas.
Att,
Renata Costa
Disponha Renata. E vamos partilhar saberes. Se você escreve sobre a temática, conheça nossa revista Mais que Amélias que recebe artigos em fluxo contínuo para submissão: http://rstmaisqueamelias.wix.com/maisqueamelias
ExcluirSeja bem vinda a publicar!
Parabéns pelo texto. O que me chamou a atenção nele foi poder pensar que a própria mulher é invisível para ela mesma. Pois, muitos dos livros didáticos são escritos por mulheres e a maior parte dos professores é mulher também.
ResponderExcluirPor que será que as mulheres "escolhem" esse silêncio sobre si mesmas?
As mulheres que falam sobre si são as militantes da causa feminista, daí, muitas vezes parecem que falam muito disso e só disso. Seria importante sair desta fragmentação e segregação.
Obrigada pelo texto.
Renata Costa
Prezada professora, primeiramente agradeço pelo texto, bastante pertinente! As questões propostas pelos demais participantes já trazem acréscimos sobre a temática da História das Mulheres. Por isso, arrisco-me a discutir o aspecto exclusivamente relativo ao uso do livro didático. Apesar do exposto no começo do texto, sobre a importância do livro didático como apoio ao docente e como fonte de leitura para o estudante, gostaria de saber se a senhora considera inviável a prática que, literalmente, exclua esse recurso. Desde já, grato.
ResponderExcluirMarcio Nicolau.
UNIRIO
Oi Marcio. Não acho inviável a exclusão desse recurso. Tenho colegas que atuam na educação básica e já abriram mão do livro e quando trabalhei na educação básica não tinha o livro como indispensável nas aulas. Demanda mais trabalho docente, na organização dos textos a serem levados aos estudantes, pois precisamos ficar atentos para o fato de que estudantes precisam ter materiais de leitura e em algumas escolas o livro didático é só o que possuem, por isso o cuidado em relação a ele.
ExcluirPodemos afirmar que a mulher tem sido esquecida de ser mencionada nos livros didáticos?
ResponderExcluirCaroline Pinheiro de Oliveira
Não diria que é esquecimento Caroline. Esse silenciamento, por vezes é proposital. As mulheres foram invisibilizadas na escrita da história por muito tempo, pela discriminação existente. Essa discriminação persiste e precisa ser problematizada.
ExcluirA participação das mulheres ao longo da história tem demonstrado um papel central por elas desempenhado, mesmo que nos bastidores. Considerando que a noção mulher sociedade é diferente ao longo do tempo e nas sociedades. como podemos explicar a intensa relação entre as mulheres e o cotidiano histórico enfatizando a construção de uma relação voltada ao campo politico.
ResponderExcluirRaimundo Nonato de Castro
Oi Raimundo, primeiro precisamos entender a ideia de 'bastidores', pode parecer algo menos importante ou que está por trás e aí nos perdemos tentando colocar na balança quem é mais ou menos importante nos períodos históricos para que mereçam aparecer na história escrita. É a partir dessa reflexão que entendemos que o cotidiano é também o campo político.
ExcluirOlá!Acredito que temos muitos trabalhos relacionado a participação feminina na Historia, porém percebo que fica mais restrito ao universo acadêmico e muitos professores que estão em sala de aula(Fundamental e Médio) não possuem acesso até mesmo pela rotina.Particularmente conheci um trabalho que relatava a participação feminina na Guerra contra o Paraguai num evento Semana de Historia,que acabei adquirindo um exemplar que auxilia nos planejamentos desse conteúdo.Não seria esse um dos fatores? Sara Araujo.
ResponderExcluirSim Sara, esse é um dos fatores e é fundamental. A produção acadêmica, grande parte das vezes, fica na academia. E por isso saliento, que precisamos produzir, publicar, materiais mais acessíveis a docentes da educação básica, textos em revistas eletrônicas, ebooks e livros que sejam disponibilizados nas bibliotecas das escolas.
ExcluirBoa noite Dulceli!
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de parabenizá-la pelo texto, muito pertinente e esclarecedor! É interessante pensarmos como o papel das mulheres nos livros didáticos está, na grande parte das vezes, restrito ao seu papel de esposa ou mãe de um homem importante da história! Meu questionamento é o seguinte: por que com tantos movimentos feministas da atualidade e com a participação de mulheres na graduação de história, esse tema ainda não é tão discutido? Além disso, o que deve ser feito para que nomes de mulheres negras e indígenas ganhem um destaque maior do que possuem, visando aumentar a representatividade dessas classes femininas?
Nathália Moro
Oi Nathália. Obrigada. O movimento feminista tem contribuído para colocar o tema em questão, mas o próprio movimento é discriminado, muitas vezes, na academia. A história das mulheres ainda é vista por muitas pessoas como militante demais e por isso pouco acadêmica. Avançamos, mas precisamos avançar mais. Sobre os nomes de mulheres negras e indígenas, assim como de outras, camponesas, sertanejas do Contestado... precisamos pesquisar mais e ao pesquisar, divulgar os resultados de forma expressiva. Monografias, dissertações e teses são escritas, mas não são lidas!A produção não pode ficar restrita ao espaço acadêmico.
ExcluirBoa noite, professora! Adorei o texto e fiquei refletindo sobre ele. Pensei na minha prática e formação. Vi que teve um comentário semelhante, mas na própria universidade em seu currículo não há formação ou discussão sobre questões de gênero. Vejo algumas palestras de coletivos que estão em universidades, mas que não são tão exploradas para debate em sala de aula. Tento abordar essa temática- história da mulher- quando surge a discussão e também o temos no currículo (trabalho em uma escola municipal com anos finais do ens. fundamental). Mas a dificuldade,na minha opinião, é na nossa formação sobre o assunto. Sim devemos buscar mais!! A sra. teria alguma sugestão para trabalhar com a temática com os anos finais? Muito obrigada.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Paola Rezende Schettert
Oi Paola. Obrigada. Concordo que a dificuldade é a formação que não dá conta dessas questões. Precisamos mudar isso com urgência. E outra dificuldade é a inexistência de materiais didáticos que supram a carência em relação ao tema. Há muito material que problematiza a questão. Veja essa relação: http://www.litoral.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/03/catalogo-genero-e-sexualidade-CGDH.pdf
ExcluirMas material que trate especificamente sobre a mulheres nos diversos períodos ainda cabe a docentes formularem a partir da pesquisa específica sobre cada período. Dá trabalho e a maioria dos/as docentes tem uma carga horária grande em sala e pequena de hora atividade. É um problema. Precisamos reivindicar a produção de materiais assim.
Boa noite professora, belo texto!
ResponderExcluirMinhas dúvidas são as seguintes: 1) quando a professora afirma: “existe a preocupação com a renovação historiográfica que tem problematizado de formas diversas temas já consagrados nos livros escolares”, com que frequência você vê tais renovações no contexto do ensino de história atual? Essas renovações são em sua totalidade pertinentes, ou ainda podem induzir o professor a cometer os mesmos erros da prática docente “tradicional”?
2) qual sua dica para que o professor possa viabilizar o ensino de temas outrora esquecidos na historiografia, caso utilize livros didáticos que não contemplem esses temas?
Abraço.
Jean Marcos Bonatto
Bom dia Jean. Obrigada. As renovações que existem foram estimuladas pela prática de avaliação dos livros didáticos (PNLD), avaliações negativas fazem com que editoras deixem de vender, então elas acabam mudando os materiais para se encaixarem nos critérios de avaliação, que exigem, entre outras coisas, a atenção à renovação historiográfica. Se são totalmente pertinentes ou não, bom... não encontraremos um livro perfeito, até porque a ideia de perfeito é variável dependendo dos olhos de quem avalia. Então, temos livros que apresentam uma boa reflexão sobre a África e os africanos no Brasil, por exemplo, porque foi dada atenção a essa temática, mas esse mesmo livro pode ser carente em relação à história indígena, do Contestado, ou das mulheres. Por isso a importância de docentes atentos/as que façam bom uso do material que tem em mãos, sabendo ultrapassar o livro quando ele não lhes dá subsídios suficientes. Dica para viabilizar o ensino dos temas que não aparecem nos livros, vejamos, a já utilizada por docentes comprometidos/as é a pesquisa, há sites que disponibilizam materiais, disponibilizam relatos de experiência sobre o ensino do tema. Sei que demanda tempo que nem sempre docentes tem suficientemente. Um anseio que tenho, é a organização de oficinas de produção de materiais didáticos a serem disponibilizados online para que docentes tenham acesso com maior facilidade. Acho que essa será minha próxima empreitada de extensão.
ExcluirBoa Noite, Dulceli!
ResponderExcluirGostaria de parabenizá-la pelo texto objetivo e esclarecedor. A questão da opressão sobre a figura feminina nos processos históricos sempre tem minha atenção. Trabalhar com livros didáticos sempre foi um desafio devido a falta de criticidade em analisar os diversos âmbitos sociais e ignorar a representatividade dos excluídos. O professor como "chicote do Estado", acaba deixando de promover reflexões nas aulas por simplesmente se engessarem no estudo exclusivo do livro didático. Diante disso, como estimular o estudante a ser crítico sem sofrer com as repressões do Estado? E em relação as questões feministas: promover a valorização da figura feminina dentro da escola para muitos soa como ideologia feminista. O que você pensa sobre isso?
Patrícia Simões Freire
Boa Noite, Dulceli!
ResponderExcluirGostaria de parabenizá-la pelo texto objetivo e esclarecedor. A questão da opressão sobre a figura feminina nos processos históricos sempre tem minha atenção. Trabalhar com livros didáticos sempre foi um desafio devido a falta de criticidade em analisar os diversos âmbitos sociais e ignorar a representatividade dos excluídos. O professor como "chicote do Estado", acaba deixando de promover reflexões nas aulas por simplesmente se engessarem no estudo exclusivo do livro didático. Diante disso, como estimular o estudante a ser crítico sem sofrer com as repressões do Estado? E em relação as questões feministas: promover a valorização da figura feminina dentro da escola para muitos soa como ideologia feminista. O que você pensa sobre isso?
Patrícia Simões Freire
Oi Patrícia. A função da escola é promover a produção do conhecimento e isso só se dá pelo estímulo à criticidade. As diretrizes curriculares nacionais tem como foco o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento social. Se colocaram isso no documento só como letra morta para o estado, usemos isso a nosso favor. Está lá e isso legitima nossa ação. Quanto a promoção da figura feminina soar como feminismo, é feminismo mesmo! O que precisamos é debater sobre o próprio movimento para saber porque ele é ainda entendido como ameaça, como algo errado, estereotipado, não compreendido. Existem evidentemente várias vertentes do feminismo hoje, as conhecemos? Ou colocamos tudo numa mesma perspectiva? O senso comum coloca e por isso a militância parece um problema para alguns. Mas se estamos falando da inserção de sujeitos antes invisibilizados e da importância disso, se estamos buscando igualdade, equidade entre homens e mulheres, a valorização delas em sua trajetória histórica, se queremos justiça social e por isso entendemos que elas precisam aparecer nos livros didáticos de forma mais expressiva, estamos compartilhando de um pensamento feminista, sendo ou não militante em uma das vertentes do movimento social feminista.
ExcluirBoa Noite Dulceli.
ResponderExcluirGostei muito de seu texto, traz questões instigantes e preocupantes para todos nós da educação. Meus estudos se concentram mais em cartilhas e livros de leitura do período republicano, mas já analisei alguns livros de história e percebo, infelizmente que ainda estamos cultuando as mesmas pessoas e os grandes feitos. Em razão de uma política de governo, de forma aligeirada e equivocada muitas vezes, o que temos é a cópia da cópia de um livro. O que aparece de novo ou questões relacionadas a mulher, não só na História, mas no cotidiano moderno, são relatos, modelos estereotipados, figuras de mulheres que se sobressaíram, ou seja, para a mulher fazer parte de um livro de história ela tem que fazer algo espetacular? Onde ficam as questões relacionadas com sua humanidade, sua liberdade de ação sem julgamentos. Ainda somos avaliadas por olhos masculinos ou por uma cultura machista.
Concordo inteiramente com você Samara. O que me incomodou nos livros que analisei é ver, por exemplo, como já mencionei em outra resposta, o subtítulo 'organização social' em capítulos do livro didático, sem nenhuma menção às mulheres, como se estas não fizessem parte da organização social.
ExcluirPrimeiramente,o texto foi muito bem elaborado nos fazendo refletir sobre essa temática que por vezes passa por nós despercebidas. E ao meu ver as mulheres até hoje sofrem alguma forma de preconceito, seja ele salarial inferior aos dos homens ou de outra forma. E mesmo assim de forma submissa a mulher sempre esteve na inserida na História da humanidade.O meu questionamento é se nos como futuros profissionais devemos questionar os nossos alunos sobre esta temática tão pouco exposta nos livros didáticos, mesmo sabendo que as vezes esse é o único recurso que o Professor tem. Katiane Paula Peixoto
ResponderExcluirKatiane, precisamos sim questionar nossos alunos e alunas sobre essas questões, pois elas refletem uma realidade social desigual e quando partimos de problematizações presentes o ensino de história se torna mais significativo para os/as estudantes estimulando o desenvolvimento de sua aprendizagem histórica.
ExcluirMuito obrigada pela reposta esclarecedora.
ExcluirDisponha!
ExcluirOlá, Boa noite
ResponderExcluirParabéns, ótimo trabalho!!
Minha duvida é: A sociedade e a maneira como ela enxerga o mundo também influenciam em como a História deve ser escrita? Se em uma sociedade como a nossa que é marcada pelo preconceito, o machismo e o tradicionalismo, ainda temos dificuldades em falar de temas como presença da mulher na história?
Obg!
Brenda Lethicia da Silva Lobato
Oi Brenda. Obrigada. Sim, a sociedade influencia a escrita. E se a sociedade ainda vê como problema a emancipação feminina, a igualdade de gênero, a diversidade sexual, as editoras terão cautela em colocar isso nos livros didáticos pelo medo de não vender. Por isso é importante promover o debate e o conhecimento para romper com os preconceitos. E se a sociedade influencia a ausência do tema, nós que entendemos a importância dele e somos parte da sociedade precisamos falar mais para influenciar mais.
ExcluirOlá, boa noite.
ResponderExcluirGostei muito do tema, levando em consideração a data de hoje, onde se comemora justamente o dia internacional da Mulher, com a ajuda do texto, recordei-me que na graduação li algo que mesmo na história, a mulher só ganhou espaço bem mais tarde que o homem, tanto como objeto, quanto como autora da história. Os livros didáticos de fato não abordam como deveriam a luta do sexo feminino por igualdade e etc. Hoje onde muitas jovens do ensino médio possuem interesse pelo movimento feminista, as redes sociais despejam cada vez mais conteúdo sobre essas meninas, não seria o momento de se repensar no que se fala da mulher, principalmente na educação básica, não só de forma rasa como se aborda a maioria dos temas, mas, de maneira com que esses jovens de fato entendam a importância dessa militância e da participação delas na história? Lembrando, que o objetivo não é formar ou doutrinar esses jovens ao feminismo, mas inseri-lo como um movimento importante, abordando personagens como As Sufragistas, Olga Benário, entre tantas outras para explicar alguns momentos da história “tradicional”.
André Alves de Lucena
andrelucena0208@hotmail.com
Oi André... sim, precisamos levar essa questão para a sala de aula. Participo de um coletivo feminista aqui na cidade e temos um trabalho em escolas, para explicar o que é o movimento e sua trajetória histórica. Me preocupo com o "feminismo de internet" que em parte ajuda e em parte distorce questões, pois a "leitura" feita em redes sociais é na maioria das vezes superficial e leva a muitos confrontos que não agregam muita coisa. Por isso é preciso tratar do tema em sala de aula, é preciso ensinar a ler, ensinar a interpretar, a argumentar para que a própria participação de estudantes nessas redes sociais seja mais edificante. Não se trata de desprezar o feminismo da rede, mas de criar melhores possibilidades. O feminismo que hoje possui muitas vertentes, é entendido por muit@s a partir de um senso comum, de estereótipos. A escola deve promover o conhecimento para que esse importante movimento social influencie positivamente, nossa escrita, nosso ensino, nossa aprendizagem, nossa vida.
ExcluirComo mulheres lutamos diariamente contra as segregações que nos são impostas pelo sistema que compomos. Nossos nomes e feitos começaram a compor as páginas da História recentemente... Qual a importância da história das mulheres e seus benefícios, quando essa história alcança os níveis fundamental e médio?
ResponderExcluirSheyla de Almeida Santos
Oi Sheyla. A importância está na construção da igualdade entre sujeitos históricos e o benefício para a educação básica está no estímulo de ser ver representada na história ensinada, na história escrita, de ver que não só a ação do outro tem valor. Alunas precisam se entender como sujeitos históricos, responsáveis pelo mundo, produtoras de cultura, agentes da mudança social.
ExcluirBom dia! Gostaria de lhe parabenizar pelo texto e principalmente pelo tema.
ResponderExcluirPeço licença e desculpas por fugir um pouco do tema “mulher e livro didático”. Eu gostaria de abordar “o ensino da cultura afro-brasileira e indígena x livro didático”.
Em 10 de março de 2008, o ex-presidente Lula sancionou a lei nº 11.645/08 que torna obrigatória a inclusão no currículo das redes de ensino de escolas públicas e privadas o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena.
Passados quase 10 anos após a promulgação da Lei Federal, tenho observado que em muitas grades curriculares, tanto em instituições públicas quanto privadas, o ensino de história da África e cultura nativa são totalmente desprezadas.
Ao se falar de livro didático tive uma percepção muito preocupante, pois, já tive contato com inúmeros livros didáticos, de várias redes estaduais e infelizmente quando se fala algo sobre o assunto, logo o mesmo é resumido em 2 parágrafos.
Visto que a Lei não é cumprida, o que nós enquanto professores e pesquisadores podemos fazer para mudar esse quadro de total desprezo?
Júlio Cézar Torres da Silva
Olá Júlio, penso que um passo importante é reivindicar junto aos cursos de licenciatura a inserção de disciplinas específicas para a formação em relação a essas temáticas. O que tenho vivenciado é a reclamação constante de docentes da educação básica que entendem a importância da lei, mas não encontram subsídios para trabalhar com os temas em sala de aula porque não tiveram isso em sua formação inicial e nem na continuada. Nosso curso de história aqui, inseriu na matriz a disciplina de História da África e a disciplina de História da cultura afro-brasileira há alguns anos. Agora estamos fazendo o processo de mudança da matriz novamente e queremos inserir também a disciplina de História Indígena, pois hoje o tema só é tratado como conteúdo dentro da disciplina de Antropologia. Essa ação é fundamental para suprir a carência de formação inicial, depois são necessários cursos de extensão, para docentes formados a mais tempo. E sugestão: pesquisadores, criem oficinas de elaboração de materiais didáticos com docentes das escolas!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei muito da problematização proposta. Hoje mesmo, dia internacional da mulher, fui pesquisar sobre o papel das mulheres na Idade Média e fiquei impressionada, pois estou muito desatualizada em relação as pesquisas. O trabalho com o livro didático é essencial, mas realmente a maioria deles (pelo menos dos que eu ja trabalhei) não inspira ninguém a pensar sobre o papel da mulher no passado. Gostaria de saber claramente qual é a proposta para que os professores possam se atualizar? Pensando em todas dificuldades e falta de tempo que nós professores do ensino básico encontramos, será que não seria viável os pesquisadores visitarem as escolas e proporem uma atualização sobre a historiografia, para que possamos adiantar as temáticas que não aparecem nos livros?
ResponderExcluirIsso mesmo Larissa. Minha proposta é que a universidade volte para a escola! Temos produzido muito, mas não temos disponibilizado isso de forma efetiva para as escolas e aí a renovação historiográfica demora a chegar ao material didático. Precisa ser um trabalho de via dupla. Nós que na universidade percebemos essa carência devemos dar conta de propor cursos de extensão para viabilizar a atualização e produção de materiais didáticos e as escolas que não veem esse movimento das universidades próximas a elas, devem reivindicar convênios, projetos, que possibilitem essa atualização.
ExcluirBom Dia Profa.Dulceli!
ResponderExcluir-Estou fazendo estágio nesse momento em escola publica do Rio Grande do Sul e dei uma olhada nos livros didáticos usados no fundamental e nada vi sobre a presença feminina na História do Brasil ou Geral.Parece que estamos longe dessa mudança?
-Como incluir esse assunto em nossos curriculos já tão inchados ?
Grato,Alfredo Coleraus Sommer
Oi Alfredo, prefiro não pensar no sentido de estarmos longe, mas no sentido de estarmos caminhando para a mudança. É mais inspirador. Embora reconheça que os passos estão precisando ser apressados! A questão do currículo precisa ser pensada com seriedade, toda escolha traz uma renúncia, toda escolha é em algum sentido arbitrária, mas precisamos pensar no que é essencial ensinar. Nunca daremos conta de todos os conteúdos históricos. Então precisamos pensar, em que nossos conteúdos colaboram para a aprendizagem histórica de nossos/as estudantes, entendendo que essa aprendizagem é o que fará com que atuem conscientemente no mundo? Aí veremos que alguns temas podem ser deixados para lá ou tratados por outras perspectivas e que aqueles que possibilitam a reflexão sobre a realidade social de nossos/as estudantes são essenciais.
ExcluirOlá Tutora e colegas!
ResponderExcluirO tema em pauta é muito pertinente,pois o livro didático serve como apoio ao professor.Após a leitura do texto,notei que houve um descompasso entre a historiografia e o livros didáticos com relação á participação e o valor da mulher em todas as fases da história.Gostaria de saber: Com todos os avanços e a participação da mulher nos dias atuais.Qual seria a explicação coerente para a humanidade em geral ainda continuar persistindo no maxismo?
Oi Celia, se pensarmos criticamente a partir da consciência que temos sobre a necessidade de justiça social, não vemos uma explicação coerente para o machismo, pois ele é absurdo. Pensando historicamente, temos o machismo, a discriminação das mulheres, como um problema estrutural em nossa sociedade. Há tanto tempo as relações de poder se deram a partir da lógica da submissão das mulheres que superar isso é um processo incômodo para quem não quer perder seu lugar de destaque e também para aquelas que foram tão e por tanto tempo submetidas que mudar a postura exige esforço. Sugiro como leitura o livro O machismo invisível, de Marina Castañeda, é uma ótima leitura sobre o tema.
ExcluirInfelizmente, professora Dulceli, a maioria dos debates acerca da invisibilidade das mulheres nos livroa didáticos estão restritos ao universo acadêmico, sendo muito pouco difundido fora dele. Como construir a discussão desse tema no ensino básico com crianças e adolescentes?
ResponderExcluirPois é Tássia, é isso que precisamos mudar. Romper os muros que separam a academia da educação básica. É terrível que isso aconteça inclusive com universidades focadas nas licenciaturas. A universidade precisa abrir-se, precisa produzir materiais sobre esses temas que sejam de fácil acesso a docentes da educação básica (revistas eletrônicas, ebooks, livros disponibilizados nas bibliotecas das escolas, materiais didáticos), formação inicial e continuada que trate desses temas efetivamente e as escolas precisam buscar as universidades e apresentar suas demandas para mover a ação. No ensino básico, precisamos partir de questões presentes estimulando a problematização. Fomentar a pesquisa de estudantes para que construam o conhecimento sobre o tema e debatam com seus colegas e docentes.
Excluirseu artigo é super atual ,pois nos faz repensar padrões e modelos da nossa sociedade.Gostaria de saber se será possível com essas reflexões e pesquisas dar uma maior importância a ação da mulher dentro da historiografia?
ResponderExcluirTemos caminhado para isso Fabrícia. É sempre um processo de conquista de espaço, mas hoje já avançamos muito em publicações, cursos de extensão, eventos, revistas especializadas no assunto.
ExcluirA história das mulheres está cada vez mais ganhando espaço no meio historiográfico, acadêmico e social, porém como a senhora bem trouxe neste texto, nos livros didáticos, as mulheres tem espaço reduzido ou apenas são mencionadas, não fazendo uma menção adequada com a tamanha importância da mulher na história. Assim como a cultura afro brasileira e os povos indígenas, estão começando a serem tratados com mais amplitude nos livros didáticos de história, a história das mulheres também devem ser mais aprofundadas, para que o aluno perceba a tamanha importância que a mulher tem na história. Mas Dulceli, tenho uma dúvida, com qual idade o aluno deve começar a estudar mais sobre as mulheres, ou seja o livro didático deve começar apresentar mais sobre as mulheres no ensino fundamental ou no ensino médio?
ResponderExcluirALISSON AMARO FERNANDES
Alisson, precisamos trabalhar a equidade desde a educação infantil para que as crianças se desenvolvam entendendo que todos/as somos sujeitos históricos, produtos culturais e produtores de cultura. Quanto antes, melhor.
ExcluirSe a iniciativa de ressaltar a importância da mulher na história não surgir do meu docente, já que não tem muita visibilidade nos livros didáticos (ou quando há, transformando-a em figura secundária), como eu posso contribuir para que isso ocorra sendo um discente de ensino médio?
ResponderExcluirCarlos Eduardo da Silva Santos
Olá Carlos. Fiquei feliz com sua indagação. Questione seu professor ou professora. Suscite a dúvida. Apresente a carência em relação ao tema. Isso instigará a reflexão dele/a. Talvez não consiga responder a contento (pela carência no material didático ou formação/interesse docente), mas quanto mais questionado/a, mais terá que dar conta disso.
ExcluirHoje 8 de Março é considerado o dia da Mulher. Tenho uma curiosidade o que levou a escolha dessa data para homenagear as mulheres ? Gislaine Adelino
ResponderExcluirA explicação mais comum é a que se refere ao incêndio em uma fábrica de tecidos nos EUA quando mais de cem mulheres que reivindicavam direitos trabalhistas morreram queimadas, presas na fábrica. Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual foi aprovada por representantes de 17 países.
ExcluirHá alguma possibilidade eu como discente contribuir na mudança dessa pouca visibilidade das mulheres? Gislaine Adelino
ResponderExcluirClaro Gislaine! Em sala de aula, questione, traga o assunto à tona. Fora da sala, pesquise, produza sobre o tema, estimule a reflexão de colegas e professores/as.
ExcluirOlá profª Dulceli!
ResponderExcluirGostei muito de seu texto, e como professora de História observo essa carência de abordagem do tema nos livros didáticos. A grande maioria dos livros didáticos traz o assunto como um anexo ou curiosidade. Mas vejo que a secretaria da Educação do Paraná tem buscado incluir o tema nos debates das escolas. Na semana pedagógica de julho de 2015 o assunto foi discutido com o coletivo escolar. Mas como já citado em outros comentários a falta de informação, formação e material para professores e professoras tem dificultado a discussão do tema com os alunos e alunas. Diante disso como a Universidade poderia auxiliar os(as) profissionais da escola a ter subsídios para trabalhar a História das Mulheres em sala de aula?
Oi Ana Joana... Que bom que incluíram o tema nos debates! Precisamos fomentar mais cursos de extensão. Ministrei um no ano passado e estou organizando outro nesse ano, dessa vez interdisciplinar, para pensar as mulheres a partir de diferentes áreas do conhecimento. E é preciso estabelecer parcerias para que materiais didáticos sejam produzidos. Essa é uma vontade que tenho, organizar oficinas de produção de materiais para disponibilizar para as escolas.
ExcluirComa vai Profa. Dulceli Os livros didaticos no Parana nos ultimos anos a questão da misogenia tem diminuido? Como é definida a relação homem/mulher? Att José Roberto Paiva, obrigado pelo texto
ResponderExcluirOlá Alcaeus. em 2008 o PR publicou suas diretrizes curriculares para a educação básica e nelas, optou por mudanças no ensino de História, o trabalho com a história temática é indicado nessas diretrizes. Para acompanhar essa mudança um livro didático foi elaborado para o ensino médio. O mesmo pode ser analisado nesse link: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/historia.pdf
ExcluirTrês conteúdos estruturantes foram definidos para essa história temática: relações de poder, de trabalho e culturais.
As mulheres aparecem representadas no livro e com questões problematizadoras interessantes na abordagem de diferentes períodos. Mas a questão é que na prática da sala de aula, a história temática não tem sido trabalhada de fato e esse livro didático também não. Tanto que a coleção que analiso em meu texto é a que vigora em várias escolas da região.
Obrigado pela resposta. Jose Roberto
ExcluirSó tenho a dizer, excelente!Adriana Weber
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirOlá Dulceli, concordo com voce quando se refere a pouca ou nenhuma menção das mulheres nos livros didáticos, porém minha questão recorta mais o assunto e relembra uma experiencia feita a algum tempo com livros didáticos promovidos pela SEED -PR, porém onde estão as mulheres paranaenses que fizeram história?
ResponderExcluirLucilene Bernart Pandini
Oi prof. Lu... infelizmente elas estão em monografias, dissertações e teses que ficaram no meio acadêmico e não foram para as escolas. Existem pesquisas, mas onde circulam seus resultados? Essa é uma questão que precisamos ter em mente.
ExcluirObrigada pela resposta Dulceli, porém vamos trazer pra luz essas meninas..rsrrs precisamos dar mais voz a elas..
Excluirabraço e sucesso.
Isso mesmo! Essa produção toda não pode ficar escondida nas prateleiras das universidades. É preciso buscar alternativas para que esse conhecimento se torne mais acessível. Abraços
ExcluirO que a Sra acha de começar um estudo sobre as mulheres da própria família do educando? E depois disto, como poderia ser incluído dentro do currículo de oitavo ou nono ano sem infringir as "leis"? Adriana Weber
ResponderExcluirAcho a ideia ótima Adriana. Estimular estudantes a pensarem na atuação das mulheres de sua família e partilhar essas histórias para que todos/as construam saberes. E quando inserimos isso no currículo, não estamos infringindo nada, precisamos pensar que as diretrizes curriculares nacionais agora apelam para os direitos de aprendizagem e desenvolvimento social de estudantes, usemos isso para justificar nossa prática de relacionar a vida dos/as estudantes, seu meio social e as pessoas que fazem parte dele com os conteúdos históricos e assim o ensino passa a ser significativo para eles/as. Exemplo: vamos lecionar no 9º ano, II Guerra Mundial, por exemplo, vamos promover uma pesquisa sobre as mulheres no período, como era a vida, que mulheres ficaram na história, que ações... relacionamos com o tempo presente, como é a vida das mulheres hoje, o que as mulheres de nossa família ou de nosso círculo social fazem que ficará marcado em nossa história... Essa problematização estimula o pensar historicamente.
ExcluirOlá Dulceli, excelente seu texto, muito pertinente nos dias em que vivemos, considerando essa sociedade machista em que estamos inseridos. Felizmente percebemos assuntos que antes não eram abordados nos livros didáticos que agora de forma tímida, mas que estão sim marcando presença, entretanto não acredito que seja apenas esta a solução para o problema, pois assim como a lei 10.639/03 que obriga o ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA nas escolas, muitos professores passam batido pelo tema, ou apenas é citado superficialmente, talvez nos falta mais discussões sobre o tema nas próprias universidades, para que os futuros docentes percebam a importância do tema na sala de aula, e que não fique apenas nas academias, mas que essa discussão chegue de fato nas escolas.
ResponderExcluirExatamente Franciele. É isso que proponho. Formação inicial e continuada que dê conta dessas temáticas, porque mesmo que esteja no livro, se docentes não compreenderem a questão não vão trabalhar de fato o tema. Esse é um passo, o outro é estar no livro didático para facilitar o trabalho em sala de aula a partir de uma leitura acessível a estudantes.
ExcluirPosso afirmar que os livros citadas apresentam ainda mais informações sobrea história das mulheres, que os utilizados na minha cidade. Elas quase não aparecem no conteúdo presente no livro didatico, entretanto me vejo no papel de passar essa realidade para os alunos, principalmente com o aumento das produções acadêmicas voltadoa para a mulher.
ResponderExcluirMinha questão é: as mulheres estão sendo ouvidas por um todo ou apenas por se mesmas?
Oi Daiane. As mulheres estão sendo lidas e ouvidas. Não por todas as pessoas, e nem podemos dizer que por todas as mulheres. Mas estamos falando, estamos escrevendo, estamos ocupando espaços. Continuemos nesse caminho que a trajetória é longa. Na academia e fora dela.
ExcluirBoa noite Dulceli, venho aqui nesta noite de dia das mulheres instigada pelo tema tão pertinente de seu artigo. É assustador quando damo-nos de cara com informações tão "palpáveis" sobre um tema tão importante como é o da inserção da mulher no âmbito geral da sociedade. Acredito que como você muito bem expôs em seu texto, que o principal problema são as pesquisas feitas na academia muitas vezes nem chegarem aos livros didáticos, então as jovens mulheres tem que esperar muitas vezes até a graduação (onde muitas nem chegam por diversos fatores) para ouvir falar sobre e poder discutir sobre a importância de seu gênero para a sociedade atual e também por tudo o que já foi responsável no passado.
ResponderExcluirNuma aula minha no ano passado, que era meu primeiro ano de faculdade, eu fiquei maravilhada quando uma professora disse que era muito provável que as mulheres da pré história também cassassem, juntamente com os homens, e que talvez elas não ficassem em um local seguro somente colhendo frutas, que foi o que me ensinaram sempre. O que eu quero dizer com tudo isso é que precisamos ensinar nossas meninas desde sempre que elas tem potencial, e que o seu futuro não é somente um quadro onde ela está subjugada à seu marido.
Ao final, talvez minha pergunta não seja justa com você pois não tenho certeza se sua pesquisa aborda este ponto. Mas como seria possível que estes textos acadêmicos que discutem de melhor forma as mulheres cheguem de fato aos livros. Se eu sair do meu curso hoje com ideias incríveis para um livro onde a abordagem de gêneros seja justa, como eu me insiro ou faço me inserir num âmbito de produção de livros didáticos? Se é que tal feito é possivel.
Obrigada
Att: Naiara Cristiane Rohling
Oi Naiara. É possível e necessário. É claro que inserir-se no mercado editorial não é tão simples, mas não é impossível. Escreva materiais didáticos, disponibilize esses materiais em sites, blogs, torne seu trabalho conhecido, se especialize nisso e oportunidades irão surgir. Digo isso porque já fui chamada para escrita de livros didáticos para municípios ou para assessorar a escrita desses materiais. Por exepriência, é possível e gratificante.
ExcluirA história da mulher e toda sua trajetória continua ainda sendo bastante excluída não só dos livros didáticos, como também de outras fontes de pesquisa. Por vezes, quando são citadas, suas histórias ainda aparecem colocando a mulher como figurante do contexto histórico. Como seria possível modificarmos esse pensamento sobre as contribuições da mulher na sociedade contemporanea, sem que dependessemos somente de livros didáticos e materiais de pesquisa diversos que não estão interessados nessa valorização?
ResponderExcluirProduzindo materiais que deem visibilidade às mulheres. Publicando mais sobre o tema e fazendo com que essas publicações circulem em vários espaços.
ExcluirParabéns Dulceli pelo texto apresentado!
ResponderExcluirNão sou da área, mas o olhar do historiador para os acontecimentos históricos é algo que me inquieta há algum tempo. Ao que me parece, a história contemplada nos livros didáticos é constituída por recortes pontuais, extraídos de uma gama de acontecimentos. Podemos considerar que a ausência da mulher nos livros didáticos de história, ocorre em consequência de uma metodologia que não é imparcial, mas constituída pelo olhar subjetivo do historiador? Nesse caso, estando esse historiador inserido no contexto de uma sociedade machista, podemos dizer que há a ressonância do olhar desse “sujeito historiador” nos materiais didáticos?
Att,
Margarida Liss
Sim Margarida, podemos. Uma leitura interessante sobre isso é o livro Gênero e História: homens, mulheres e a escrita da história, em que a autora Bonnie Smith trabalha brilhantemente a questão da masculinização da história.
ExcluirA história da mulher e toda sua trajetória continua ainda sendo bastante excluída não só dos livros didáticos, como também de outras fontes de pesquisa. Por vezes, quando são citadas, suas histórias ainda aparecem colocando a mulher como figurante do contexto histórico. Como seria possível modificarmos esse pensamento sobre as contribuições da mulher na sociedade contemporanea, sem que dependessemos somente de livros didáticos e materiais de pesquisa diversos que não estão interessados nessa valorização?
ResponderExcluirProduzindo materiais que deem visibilidade às mulheres. Publicando mais sobre o tema e fazendo com que essas publicações circulem em vários espaços.
ExcluirQuando as mulheres historiadoras se colocarão a disposição para participar efetivamente da construção e elaboração de um livro didático escrevendo sobre a luta das mulheres desde os primórdios até os dias atuais, de modo que as mulheres ocupem de fato e de direito o papel que as foi negado dentro da construção de uma sociedade machista?
ResponderExcluirQuando as mulheres historiadoras se colocarão a disposição para participar efetivamente da construção e elaboração de um livro didático escrevendo sobre a luta das mulheres desde os primórdios até os dias atuais, de modo que as mulheres ocupem de fato e de direito o papel que as foi negado dentro da construção de uma sociedade machista?
ResponderExcluirMulheres historiadoras escrevem livros didáticos, mas infelizmente nem todas dão atenção à essa questão e se prendem nos conteúdos consagrados que as excluem da história escrita. Quando isso vai mudar? Não sei. Penso que já começamos a mudança, precisamos continua-la.
ExcluirDulceli, considero sua analise bastante pertinente e importantíssima. Como coloca no início do seu texto, sabemos que há legislação e avanços na historiografia que não são contemplados nos livros didáticos. No final do ano letivo de 2015, duas estudantes do ensino médio do colégio que leciono, levantaram um questionamento que tem relação direta com seu texto. Organizamos uma linha do tempo do século XX e início do século XXI. Entre os diferentes temas a serem pesquisados, sugeri as conquistas das mulheres. Duas estudantes escolheram o movimento feminista nos anos 60 e 70. Alguns dias depois, veio o questionamento: "professora, porque não tem nada sobre o assunto no nosso livro". Aproveitei o questionamento para não apenas debater o tema, mas problematizar como é feita a seleção de obras que são incluídas no Programa Nacional do Livro Didático e como os estudos de gênero avançaram na historiografia. Portanto, sua proposta de tema é bastante necessária e instigante. É nesse sentido que levanto meus dois questionamentos:
ResponderExcluir1) Desenvolvo uma pesquisa de iniciação científica no ensino médio sobre o uso das tirinhas da Mafalda nos livros didáticos. Já analisamos a utilização das tirinhas em mais de 30 livros (não apenas de história, que por sinal quase não é utilizada). Em nenhum deles, utiliza-se as tirinhas para questionar, problematizar ou simplesmente ilustrar a questão de gênero. Você teria uma sugestão de leitura, além do seu texto, é claro, para embasarmos nossa análise?
2)Pensando o questionamento das minhas duas alunas e pensando a pergunta da colega Naiara Rohling, você vê no horizonte das publicações dos livros didáticos, possíveis autores ou autoras que apresentem um outra "geração" de livros que realmente problematizem as questões de gênero? (e não apenas, como você bem colocou no seu texto: indígenas, história da África, da América, religiosidades afrobrasileiras, apenas para citar alguns temas "marginalizados" ou completamente excluídos dos livros didáticos).
Cristiane Aparecida Fontana Grümm
Oi Cristine, parabéns pelo seu trabalho em sala de aula e parabéns pela pesquisa de iniciação científica. Depois quero ler os resultados! Dê uma olhada nesses trabalhos:
Excluirhttp://www.proped.pro.br/teses/teses_pdf/2009_1-519-me.pdf
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/126524/000840949.pdf?sequence=1
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21324/000736692.pdf?sequence=1
A última, em especial, trata de questões como o feminismo. Para pensar as questões de gênero e educação, os textos de Guacira Lopes Louro são excelentes.
Sobre sua segunda questão, vejo como possível e urgente a elaboração de livros didáticos que supram todas essas carências. Com possibilidades diversas: convênios com prefeituras para elaboração de materiais didáticos para educação infanfil e ensino fundamental. Criação de blogs que disponibilizem materiais, publicações de ebooks, projetos de extensão universitária com oficinas de produção de materiais didáticos que sejam disponibilizados para as escolas. Se a perspectiva, porém, for entrar no mercado editorial que encaminha os livros para o PNLD para avaliação e inserção no guia do livro. O processo é masi complicado, lidamos com o mercado. E aí precisamos estimular que as escolas de fato queiram materiais inovadores e pressionar que avaliadores/as do PNLD atentem para a temática com veemência, para que as editoras queiram publicar algo assim.
Olá professora!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, gostaria de parabeniza-la pelo texto muito simples na sua forma de escrita e esclarecedor. Enquanto futura professora de História, penso muito sobre esta questão das mulheres serem vistas e ganharem voz, já que durante séculos foram pouco ouvidas e invisibilizadas e busco sempre que tenho a oportunidade de estar na sala de aula, em trabalhar com os alunos sobre este assunto. Mas noto, com muita frequência que o assunto é muito pouco discutido na acadêmia, não só nas disciplinas pedagógicas que deveriam falar sobre a necessidade de se trabalhar com o tema como também, nas disciplinas de História que pouco ou nunca abordam a mulher em determinado período histórico.
Sendo assim, não seria culpa da acadêmia que está formando futuros professores despreparados para trabalhar com o tema visto que nem os próprios professores da Universidade se preocupam em aborda-lo, visto que a maioria dos professores das Universidade são homens?
Desirée Pires.
Oi Desiree. A academia tem uma grande responsabilidade nisso, pois se não há formação na área, não há problematização da ausência do tema no livro e não há ação efetiva em sala de aula para problematizar o tema. Então, sim, precisamos que as disciplinas todas na universidade deem atenção a isso. A experiência que tenho na universidade em que leciono é de que as professoras tem buscado pensar as mulheres nas disciplinas em que atuam e que os eventos sobre história e gênero que temos desenvolvido tem estimulado a pesquisa e também a participação de docentes da educação básica que tem aprendido sobre o tema.
ExcluirO livro didático ainda o principal material de apoio do professor tanto na escola pública como particular. Assim sendo, uma proposta educacional é o professor produzir o seu próprio material didático, muito mais para cobrir as deficiências do livro didático. Qual a sua opinião sobre o professor ou professora buscar parcerias com organizações feministas, para tratar de assuntos relacionados a opressão da mulher?
ResponderExcluirA ideia é ótima e temos feito experiências muito boas aqui na cidade. O coletivo feminista Mais que Amélias contribui de forma muito positiva com palestras e oficinas em escolas e também com a publicação da revista eletrônica Mais que Amélias. Dê uma olhada: http://rstmaisqueamelias.wix.com/maisqueamelias
ExcluirOlá, professora,
ResponderExcluirInfelizmente, esse silenciamento sobre a participação das mulheres no passado acontece até mesmo nas universidades e não no âmbito escolar. Na graduação se preocupa muito em passar conteúdo, sem problematizar e poucas vezes o papel das mulheres em algum contexto histórico é abordado. É preciso que os próprios professores universitários se mantenham atentos quanto a isso, pois acabam contribuindo para esse silenciamento.
Jhan Lima
Sim Jhan, concordo com vc!
ExcluirO papel da mulher na história é negligenciado muitas vezes e isso é notório no livro didático, o que faz com que os alunos não percebam a importância feminina nos processos históricos. Cabe a nós enquanto docentes potencializar essa discussão e mostrar que a mulher teve e tem papel de destaque.
ResponderExcluirComo podemos fazer essa discussão?
A academia deveria incorporar esse discurso para que os futuros profissionais da educação possam discutir na sala de aula e elevar o grau de conhecimento do aluno?
Raul Luiz de Souza Machado de Souza
Bem isso Raul, a academia precisa tratar melhor do tema na formação docente.
ExcluirOlá boa madrugada a todos!!
ResponderExcluirOntem dia 08/03 foi o Dia Internacional da Mulher, e além das discussões que realizei com meus alunos em sala de aula, também li uma matéria muito interessante na uol com a Ministra do Superior Tribunal Militar (Maria Elizabeth Guimarães Rocha) na qual ela comenta o fato de ser a única mulher neste tribunal e barreira de ser ver mulheres no judiciário, também vi seu comentário sobre o papel da mulher na revolução industrial que não é citado nas obras didáticas, temos também nas produções historiográficas e literárias vemos que as autoras como Vavy Pacheco Borges, Rachel de Queiroz são deixadas de lado em rodas de discussões. Então pergunto a conferencista: Se temos toda essa consciência e ainda assim vemos uma representatividade quase nula da mulher nos livros didáticos por onde começar e como reestruturar as obras didáticas para que a mulher e outros grupos possam ter seu papel interligados e relatos nos processos históricos?
Oi Tiago. Que bom que levou para a sala de aula uma reflexão importante. Penso que o fato de já termos essa consciência demonstra que iniciamos um processo de transformação. A continuidade disso parte de ações diversas: as autoras, como as que citou e outras, precisam compor o referencial bibliográfico das disciplinas na graduação e fora dela com maior frequência; as pesquisas sobre a atuação das mulheres e outros sujeitos devem ser divulgadas em outros espaços e não apenas no meio acadêmico, precisam ir para a escola, seja na formação docente, em cursos de extensão, seja na publicação de materiais didáticos referente ao tema e não apenas em artigos acadêmicos que problematizam a questão (como este), mas não dão subsídios para o trabalho em sala de aula; escolas devem levantar essa questão junto a secretarias de educação, que por sua vez devem pensar em propostas de parcerias para cursos e produção de materiais didáticos e docentes devem reclamar dos materiais para que avaliadores deem mais atenção a isso, pois quando uma coleção é avaliada negativamente, a editora se obriga a mudar de perspectiva, nem que seja pela lógica do vender seu produto.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBom dia Professora,parabéns pela forma de abordar tal tema, mesmo que por muitos é um tabu, sou graduando do curso de História, e militante da causa feminista e de gênero, me parece que essa construção social que a mulher e um ser permeável perante a uma sociedade dita como machista vem desde os primórdios, e discutir tal assusto sempre gera uma certa "polemica", vejo que mesmo em minha graduação nessa era contemporânea o que prevalece é julgar e se perfazer principalmente no assunto "mulher". Minha pergunta é: como (e se,de que forma ) podemos impregnar e disseminar a igualdade, mesmo em uma sociedade "machista"?
ResponderExcluirADINAN ROBERTO FIDELIS
Oi Adinan. As ações para disseminar a igualdade devem acontecer dentro e fora da academia. Dentro, na pesquisa e no ensino sobre o tema e em projetos de extensão que levem isso tudo para fora, para as escolas e comunidade. Se o tema ainda é polêmico, precisa de esclarecimentos, precisa ser posto no centro do debate para que se construa conhecimento sobre.
ExcluirMuito Obrigado pela atenção!!
ExcluirDisponha!
ExcluirO problema parece abranger a própria deficiência e limitação dos livros didáticos em abordar temas que, até pouco tempo, não eram problematizados e nesse sentido, poucos trabalhos foram produzidos, entre eles, sobre a participação das mulheres em todos os setores da sociedade. Entretanto, hoje sabemos mais que sempre houve participação feminina em todos os momentos cruciais, sobretudo os estudados nos livros didáticos. Assim sendo, de que maneira o professor pode problematizar este assunto, mesmo com a eventual limitação do material didático? - João Gilberto Solano
ResponderExcluirHá materiais que abordam o tema na internet e a pesquisa complementar já é hábito de docentes da educação básica. A busca por cursos de formação complementar é outro caminho, assim como a participação em eventos sobre o tema. O importante é reconhecer a necessidade de abordar o tema em sala de aula para buscar essas opções possíveis.
ExcluirComo o professor de história pode deixar claro aos alunos que a preocupação com a questão da participação da mulher na história abrange a sociedade de uma maneira geral e não somente a questão historiográfica? - João Gilberto Solano
ResponderExcluirCabe ao professor/a saber problematizar. Os conteúdos que trabalhamos em história não podem ficar fechados dentro da disciplina, discutimos a sociedade, as ações humanas no tempo, e o ensino de história na escola deve contribuir para o desenvolvimento do pensamento histórico de estudantes, deve ajudar a, após aprender a interpretar um contexto histórico desenvolvam a competência de interpretar seu mundo.
ExcluirOi,professora Dulceli!A temática mulheres na história ainda é realmente algo assustador para muitos.Afinal,a história dos "heróis",dos "homens fizeram" ainda faz parte de muitos docentes e livros.Escrevi um artigo para a pós de cultura afro,onde trago o recorte da mulher afrodescendente ontem e hoje na história do Brasil.Seu artigo foca bem esse descompasso e a falta de cuidado para com as mulheres do povo que tanto fizeram e fazem,mas o reconhecimento está aquém.Não é verdade?
ResponderExcluirSim Ivanize. E se escreve sobre mulheres, conheça nossa revista Mais que Amélias e envie artigos para submissão: http://rstmaisqueamelias.wix.com/maisqueamelias
ExcluirComo podemos analisar em sala de aula essas determinadas, transformações com relação a mulher na escrita da História?
ResponderExcluirIgor Roberto Carvalho Brito
Precisamos estudar o tema Igor, nos capacitar para explorar bem a questão junto a alunos e alunas.
ExcluirEm primeiro lugar gostaria de parabenizar o texto, os questionamentos e dados envolvem uma questão que precisa começar a ser mais discutida no ramo da educação, para que ao menos essa realidade comece a ser refletida. Desde o século XX a discussão e reflexão sobre o papel feminino, e a luta das mulheres por um espaço cada vez mais significativo na sociedade, economia, política etc se intensificou; atualmente os movimentos feministas, por meio das redes sociais, abrangem cada vez mais essa luta, no entanto, no ramo da pesquisa historiográfica brasileira, ainda há pouco material produzido no que diz respeito a figuras históricas femininas, ou ao papel das mulheres em geral ao longo da história? Ou o material existente é bastante significativo, e o que há realmente é a resistência, proporcionada por uma cultura machista, por parte dos meios de veiculação desse material - nesse caso os livros didático - em transmiti-los? Nesse caso, seria necessário, ainda que radical, que o Guia do livro didático cobrasse, de uma hora para outra, esse material, para que ao menos uma discussão referente ao tema, ocupasse as esferas sociais, já que no meio educacional, por diversos motivos - formação acadêmica e a própria questão dos livros - esse tema não vigora? Ou há outro meio menos radical, mas viável?
ResponderExcluirKarolliny Joally das Neves Miranda
Oi Karolliny. A produção acadêmcia sobre a história das mulheres no Brasil é grande. Joana Maria Pedro, Cristina Wolff, Ana Paula Vosne Martins, Leila Algranti, Martha Esteves, Rachel Soihet, entre tantas outras historiadoras escrevem sobre o tema. Precisamos que esses textos sejam de fato estudados nas graduações e cursos posteriores. Acho que os critérios de avaliação do PNLD deviam sim se pautar na necessidade desse tema. Só assim as editoras se preocupariam de fato em inserir a discussão.
ExcluirA participação das mulheres na ciência também ocupa uma posição numericamente inferior do que realmente foi. Mesmo que não tenhamos dúvidas a respeito do quanto as ideias feministas estão presentes em todos os aspectos da cultura contemporânea, não se pode negar as marcas da discriminação que ainda existem. Qual sua concepção sobre a realização dos debates de gênero e como essas discussões podem contribuir significativamente em favor das mulheres?
ResponderExcluirOi Michele, os debates sobre gênero são essenciais, em todos os âmbitos, na educação básica, na universidade e na comunidade em geral. Eles contribuem no entendimento das pessoas sobre as relações de poder em que estamos inserid@s, sobre as construções sociais de gênero que nos impõem papéis sociais que são construídos e não natos e esse conhecimento estimula a mudança de postura, ajudam a compreender que somos produtos culturais, mas também somos produtores de cultura e portanto, podemos mudar.
ExcluirGostei muito do texto Dulceli e, como sou professor do Ensino Médio em uma instituição pública, minha pergunta procura vincular a temática das mulheres nas coleções do PNLD ao ENEM: na sua avaliação, como experiências como a do ENEM 2015 - que deu grande destaque às questões feministas - podem contribuir, para que a história das mulheres tenha um tratamento mais adequado nas coleções da próxima edição do PNLD?
ResponderExcluirÓtima questão Luís. A prova do ENEM de 2015 revelou claramente a carência que temos de trabalhar melhor a temática na escola. Considero positiva toda a polêmica gerada por essa experiência no sentido de que ajudou a colocar o tema em destaque. É claro que nas redes sociais a polemização girou em torno de conservadorismos e radicalismos, com uma parcela de debate coerente. Mas mesmo assim, isso tudo nos dá oportunidade de falar, de debater o assunto com quem antes nem queria ouvir ou nem o levava em consideração. E penso como respondi em outra questão que o assunto deveria ser levado em conta por avaliadores do PNLD para que mova as editoras a inserir a discussão nas próximas publicações.
ExcluirBoa noite, Dulceli !!!
ResponderExcluirVenho parabenizá-la pelo texto apresentado sobre a invisibilidade da participação das mulheres quanto a historiografia e livros didáticos.
Realmente é motivo de nós mulheres ficarmos tristes, apesar dos avanços adquiridos até a presente data, é pouco o destaque dado de nossa atuação na sociedade como um todo; pois em escritos ou até mesmo nos livros didáticos, as mulheres são pouco citadas, onde o maior destaque acontece pela submissão, escravidão... é necessário haver mudanças urgentes nesse sentido!
- Professora, como Educadora, qual sua visão para alterar esse quadro?
- Será que está faltando um mudança de postura de nós mulheres? Talvez uma auto valorização, uma maior coesão para direcionarmos reivindicações para os órgãos competentes na busca de nossos direitos? Seria uma quebra de paradigmas?
Dirce Maria Bogucheski
Bom dia Dirce. A alteração desse quadro só é possível com a tomada de consciência em relação ao tema. Então pode ser pensado sim como uma quebra de paradigmas, já que inserir o que estava invisibilizado significa romper com um padrão existente. É fundamental que as mulheres se percebam como agentes históricos e reivindiquem seu lugar na história escrita e ensinada. A partir dessa apropriação, entendimento de si, reivindicar sim aos órgãos competentes a inserção da temática na formação docente, nos materiais didáticos, na prática da sala de aula.
ExcluirBoa noite Dulceli!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto. Na epígrafe de Jorn Rusen ele parece apontar para a responsabilidade do pesquisador de acompanhar o que e como a produção acadêmica está sendo popularizada através do livro didático. Você não acha que os professores universitários ainda estão muito distantes do ensino básico?
Vera Lúcia Caixeta
Oi Vera, estão sim. Vejo uma separação entre escola e academia que não devia acontecer, principalmente em relação às universidades que possuem cursos de licenciatura. A pesquisa nas áreas específicas devia ser acompanhada do interesse maior da academia de que os conhecimentos construídos ali chegassem de forma mais rápida à escola, aos materiais didáticos. Há uma preocupação muito grande da academia com publicações acadêmicas, é preciso se voltar para as publicações de materiais didáticos também.
ExcluirOlá Dulceli!
ResponderExcluirComo você acha que um professor de História deve abordar assuntos como o feminismo em sala de aula sendo que cada aluno traz consigo uma carga, assumidamente ou não, machista que foi- lhe imposto pela sociedade?
Como ministras assuntos machistas que estão nos livros positivistas(que só EXALTAM IMAGENS MASCULINAS) distribuidos nas escolas brasileira de forma a não excitar o machismo? Você acha que isso é possivel?
Josielia Moura Soares
Oi Josielia. Acho possível e indispensável. É preciso tratar de temas como o feminismo, por exemplo, para romper com estereótipos em relação ao assunto e construir conhecimento. E quando o livro traz um posicionamento equivocado ou excludente, é preciso utilizar exatamente isso para o assunto à tona e desconstruir ideias preconceituosas e discriminatórias.
ExcluirOlá professora Dulceli, primeiramente a parabenizo por sua conferência com uma temática tão relevante e principalmente por sua exposição tão didática. Gostaria de puxar um gancho em sua breve referência à Base Nacional Comum. Sabemos que as mudanças no currículo da disciplina de História afetarão diretamente a industria editorial dos livros didáticos. Gostaria de saber qual a sua percepção sobre esse documento no que tange à superação desses silenciamentos, em especial ao pouco espaço atribuído às reflexões acerca do papel da mulher como sujeito histórico?
ResponderExcluirNatalia Gejão
Oi Natália. Boa reflexão. Espero que de fato a BNC afete a indústria editorial de livros didáticos, trazendo mudanças positivas. Quando ao documento, ele deixa tudo muito em aberto. Apresenta a necessidade de inserção de diferentes sujeitos históricos, mas não cita as mulheres especificamente com tais. Ao menos não se refere ao homem e sim à humanidade em seu texto, o que já é um consolo. Cabe a nós usar essas brechas, a referência a sujeitos históricos diversos, para reforçar a necessidade da história das mulheres e insistir que a equipe avaliadora dos livros leve isso em consideração.
ExcluirBoa noite, professora! uma parte do que eu iria perguntar a última pergunta já o fez. Mas não seria um pouco a postura do educador dentro de sala de aula um atrativo para o tema? Além de terem o assunto "escondido" às vezes reforçam alguns preconceitos com "piadas" ou coisa do gênero. Mas de outro lado existem aqueles professores, e eu tive em minha vida muita sorte tive vários assim, que mesmo não tendo um determinado tema a seguir (no livro didático ou no programa) ele dá um jeitinho em abordar. Enfim, este tema é um tema interessante, principalmente quando se aborda as revoluções que mudaram o mundo "não há nenhuma mulher" citada. Obrigada.
ResponderExcluirRossiley Ponzilacqua
Oi Rossiley. É claro que o empenho do/a professor/a faz toda a diferença. O livro pode ser péssimo, porém bem utilizado e superado pelo trabalho docente. Mas precisamos sempre salientar que o reconhecimento na história escrita é importante, para que não somente pessoas empenhadas valorizem o tema, mas todos passem por ele.
ExcluirBoa Noite Dulceli!
ResponderExcluirSou estudante no curso de Licenciatura em História e meu Projeto de Pesquisa "A Revolução Farroupilha na Perspectiva das Mulheres" ainda está em construção. Ao longo de minha pesquisa realizei o estado da arte e devo dizer que tive que garimpar bastante para encontrar bibliografia sobre a participação/papel das mulheres durante a Revolução. Por isso, muito me interessou seu artigo, pois apesar de já ser possível encontrar uma literatura mais vasta, que aborde o papel da mulher na história, ainda são muitas as limitações no que tange a abordagem da mulher no livro didático. Não podemos negar a importância do livro didático pela sua capilaridade. "Como Christopher Hill nos diz, por seu turno que a história precisa ser reescrita a cada geração, porque embora o passado não mude, o presente se modifica; cada geração formula novas perguntas ao passado e encontra novas áreas de simpatia à medida que revive distintos aspectos das experiências de suas predecessoras (1987: 32). Considerando os aspectos colocados sobre a importância de uma abordagem mais aprofundada da participação da mulher nos processos históricos, qual seria na sua visão, a melhor estratégia para nossos professores de História transmitirem aos alunos os fatos históricos sob o ponto de vista feminino?
Rossana Malheiros Astarita Sangoi - email: rossanasangoi@gmail.com
Oi Rossana, belo tema de pesquisa! Então, a melhor estratégia é uma formação docente (inicial e continuada) que dê conta do tema de fato e a inserção dos conteúdos nos materiais. Primeiro a formação, para que compreendam a importância e depois a elaboração de materiais que auxiliem o trabalho em sala de aula.
ExcluirQuando foi que a mulher brasileira conseguiu o direito de votar?
ResponderExcluirAss.: Ivo Silva - Licenciando em História.
Foi em 1932, pelo decreto 21.076. Embora o estado do Rio Grande do Norte já conceder o direito em 1926, isso foi palco de muita discussão e somente esse decreto de 1932 legitimou o voto feminino no Brasil, de forma facultativa.
ExcluirSenhora Dulceli de Lourdes, parabéns pelo artigo, ótimo trabalho. Pelo que eu entendi ao fazer a leitura desse artigo (texto) pude perceber que as mulheres são pouco sitadas nos livros didáticos, quando aparecem, só aparecem alguns poucos nomes de mulheres influentes ou por causa dos seus maridos. A pergunta é: O que se deve fazer para mudar esse quadro, já que hoje as mulheres têm tido muitas conquistas? O que deve ser feito para que as mulheres conquistem maiores páginas nos livros didáticos?
ResponderExcluirAss.: Ivo Silva - Licenciando Em História.
Oi Ivo, precisamos abordar mais a história das mulheres na formação docente e precisamos insistir que a avaliação dos livros didáticos (PNLD) dê atenção ao tema.
ExcluirBoa noite professora.
ResponderExcluirGostaria de saber muitas mulheres fizeram história, mas nem todas se tornaram tão reconhecidas com suas histórias, ao ponto de terem suas histórias retratadas e divulgadas de maneira eficaz em livros didáticos, qual será a real natureza desse fato ?
Thereza Cristina Kling Bandeira.
Oi Thereza. É a lógica masculina da escrita da História que ao longo do tempo priorizou seus temas e personagens. Um bom livro sobre o assunto é "Gênero e história: homens, mulheres e a escrita da história" de Bonnie Smith.
ExcluirBom dia professora
ResponderExcluirSabemos que o livro didático é um instrumento pedagógico construído historicamente e que é formulado para atender um mercado editorial. Infelizmente acaba se tornando o único instrumento a ser utilizado em sala de aula por professores por inúmeros motivos, talvez o mais comum seja a falta de tempo para se pesquisar novas fontes. A quase inexistência das mulheres nos livros didáticos reflete a sociedade machista e patriarcal em que vivemos. Aí eu pergunto como vencer essa barreira do machismo em sala de aula se os próprios professores em alguns casos repetem essa visão excludente das mulheres?
Ana Paula Uhdre
Pois é Ana Paula, essa é uma questão muito séria. Por isso saliento que é urgente que os cursos de formação docente (inicial e continuada) reforcem o estudo do tema. A formação docente deve contribuir com a ruptura em relação a preconceitos, estereótipos, discriminações.
ExcluirBom dia Prof. Dulceli,
ResponderExcluirParabéns pela sua pesquisa e seu texto. Na minha monografia abordei a espiritualidade feminina laica nos séculos XII-XIII e, pretendo este ano ampliar a pesquisa no Mestrado em História comparada, tendo como base a noção de gênero proposta pela Joan Scott. Muitos colegas que participaram deste debate levantaram a questão sobre como trabalhar o tema das mulheres em sala de aula, visto a carência de informações nos livros didáticos e muitas vezes também na formação do professor. Após algumas leituras e reflexões eu me pergunto se o maior problema dentro de sala de aula não seria justamente o de tratar as mulheres ainda como um apêndice da História, ou seja, o destaque de sua participação é sempre pontual e continua sendo marginal, visto que é necessário incluí-las muitas vezes em quadros e atividades complementares. Apesar das inúmeras pesquisas que contribuíram na compreensão do papel das mulheres em diferentes sociedades, na minha opinião o grande desafio dos conteúdos dos livros didáticos passa necessariamente por uma revisão e reescrita da História que contemple de fato a participação não só das mulheres, como também das chamadas "minorias". Após a pesquisa com os livros didáticos na opinião da Sra. qual seria a melhor forma desses materiais contemplar estas demandas?
Obrigada,
Danielle da Costa
UERJ-RJ
Oi Danielle. A melhor forma seria a equitativa, que não coloque maior ênfase em um ou outro sujeito histórico. Para chegar a isso temos um longo, longo caminho. Pouco tem sido feito, estamos nos alegrando com os quadros complementares porque antes nem eles traziam a história das mulheres, é preciso avançar, trazê-las para o texto de forma ampla.
ExcluirBom dia, professora Dulceli.
ResponderExcluirComo podemos apresentar o papel de líder da mulher em lutas sociais e políticas do nosso povo se nem mesmo essas lutas dos grupos sociais marginalizados e perseguidos são citadas nos livros didáticos (principalmente nas lutas sociais de hoje)? Que estratégias podemos usar?
Obrigado, professora.
João Washington da Costa
Oi João. Pensando em estratégias para abordar tais temáticas tão relevantes para o ensino e tão propositalmente esquecidas nos materiais didáticos, vejo que a saída é usar da contextualização com o presente nas aulas de história, diferentes temáticas podem nos remeter a uma relação com as lutas do tempo presente (revolução industrial e a questão do trabalho, ditadura militar e as manifestações do povo, revolução francesa e os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade. E assim burlamos a carência dos temas nos livros.
ExcluirBom dia, professora Dulceli.
ResponderExcluirUma outra questão: a senhora considera que na abordagem sobre a trajetória de luta da mulher deve haver uma diferenciação entre a história da mulher branca e a da mulher negra dentro do movimento feminista, como defendem alguns grupos feministas de mulheres negras atualmente?
Obrigado, professora.
João Washington da Costa
Sim João. O movimento feminista tem que ser tratado em seu contexto, hoje por exemplo nem conseguimos falar de um feminismo, pois são várias vertentes, são vários os feminismos. As mulheres são diversas e suas lutas também. É claro que há a luta comum por um mundo mais justo, porém, o movimento feminista negro tem especificidades que devemos considerar.
ExcluirObrigado, professora.
ExcluirDiante da inquietação de alguns participantes desse debate no que tange a que história da mulher tratar na sala de aula,em considerando as limitações do livro didático e do currículo oficial,atrevo-me a sugerir como metodologia partir da realidade do aluno. A partir do levantamento do perfil social, racial, econômico do aluno é possível recuperar as suas histórias de vida e, certamente, as mulheres comuns ganharão visibilidade nessas narrativas. Por que temos que esperar tanto do livro didático? Podemos partir das próprias falhas e inconsistências do livro didático para fazer avançar o conhecimento sobre as mulheres brasileiras, do passado e do presente!
ResponderExcluirObrigada,
Vera Lúcia Caixeta
Claro Vera e é isso mesmo que foi sugerido em postagens anteriores. Debatemos sobre o livro porque é essencial esse reconhecimento para que todos/as leiam, debatam, estudem o tema e não somente quem se empenha para tal, mesmo sem ter esse conteúdo lá no livro. É evidente, porém que não é necessário e nem recomendável esperar. E para todas as temáticas, partir da realidade do/a aluno/a é fundamental.
ExcluirBoa tarde, professora Dulceli.
ResponderExcluirGostaria de agradecer por essa reflexão apresentada no artigo e gostaria de fazer um questionamento:
Sou estudante da Universidade Federal Fluminense e atualmente, o curso de História da UFF possui uma Atlética que tem como principal função a luta contra questões como o racismo, a homofobia e também o machismo no âmbito esportivo.
Lendo sua reflexão, comecei a pensar no processo todo de educação e como podemos iniciar esse processo de desconstrução do espaço esportivo como um espaço masculino, a partir dos livros didáticos.
A senhora acredita que seja possível utilizar as aulas de história, a luta das mulheres ao longo da história, as esportistas mulheres que atuaram e atuam hoje, e a educação básica para discutir estas questões que abrangem o âmbito esportivo? Ou isso só diz respeito às aulas de Educação Física?
Att. Ana Carolina Padovani
Oi Ana Carolina, o ideal seria que todas as disciplinas tivessem esse olhar para a desconstrução dos estereótipos de gênero que subjugam, discriminam. Na disciplina de História temos um espaço propício de reflexão sobre as trajetórias históricas da humanidade, então ela nos permite sim pensar mudanças e permanências que ocorreram no tempo e as transformações que a sociedade ainda precisa promover.
ExcluirBoa tarde, professora Dulceli.
ResponderExcluirInicialmente quero agradecer a oportunidade de poder problematizar um assunto tão importante e que há muito tempo tem sido ignorado. Sabe-se que a trajetória de invisibilidade da mulher na história faz parte de um longo processo, entretanto, atitude como esta, citada no artigo, anuncia um novo momento. É de conhecimento de todos que o patriarcado instituiu total discrepância entre os gêneros, criando obstáculos ainda maiores para as mulheres. Sendo o mercado editorial marcadamente masculino, pergunto: por que não utilizar outras fontes em sala de aula ( por exemplo, artigos que relatem histórias de mulheres reais e suas conquistas)? O livro didático deve ser fonte principal utilizada pelo docente? Qual papel da arte, esporte e pesquisa no âmbito escolar?
Att. Andreza Oliveira Aragão
Oi Andreza, o livro didático não deve ser a única fonte. Docentes tem autonomia para selecionar outros textos, fontes históricas, vídeos, músicas, imagens, jogos... Quanto mais fizer isso, mais rica a experiência em sala. Porém não devemos ignorar o fato de que em muitos lugares o material didático distribuído gratuitamente ainda é o único recurso de docentes e discentes. Por isso a importância de problematizá-lo. Escolas de regiões interioranas, por exemplo, tem muitas dificuldades, já lecionei em escola rural sem acesso a internet, é claro que eu podia fazer as pesquisas em casa, mas a pesquisa de estudantes era inviável fora da biblioteca e lá só o que havia eram livros didáticos. Nem sempre docentes tem recursos para imprimir materiais diversificados para estudantes, e por mais que vivamos na era tecnológica, o acesso a isso não é igual para todo mundo, tem muita escola sem laboratórios de informática, sem acesso a internet, sem equipamentos de áudio e vídeo. Como o livro é de acesso da maioria (nem ele é para todxs), precisamos sempre repensa-lo.
ExcluirBoa tarde, achei o texto muito bom e interessante pois me levou a refletir, e realmente nunca havia parado pra pensar nisso, e concordo que as mulheres deveriam sim ter uma maior participação nos livros de didáticos pois elas também fizeram parte da história.
ResponderExcluirO fato das mulheres não serem "enxergadas" vem de que época?
Hoje em pleno século xxi em que as mulheres já conquistaram várias coisas, você acha que a sociedade ainda continua machista?
Talia da Silva
Oi Talia. É mais fácil dizer em que época as mulheres passaram a ser vistas como sujeitos históricos do que o contrário, pois isso é historicamente recente. Ao longo da história as mulheres foram invisibilizadas e somente a partir da década de 1970 é que os escritos sobre elas começaram a ganhar mais espaço na academia. Mas ainda não ganhamos espaço significativo nos conteúdos curriculares escolares. A nossa sociedade é sim machista, vemos isso no nosso dia a dia diante de várias situações, das que parecem insignificantes como comentários em rodas de conversa, às exposições nas mídias, aos atos de violência.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite, gostei muito do seu texto.
ResponderExcluirVivemos numa sociedade em que o livro didático ainda é o principal método do professor quando vai administra aula.Visto no decorrer do texto que a história das mulheres ainda é muito pouca debatida nos livros didáticos e que esse processo de inclusão da história da mulheres nos livros ainda é lento é vagaroso e que essa realidade só começou a mudar a partir do século XX. Então, qual o objetivo do seu texto, qual a mensagem que você quer passar pra nos e pra sociedade e também qual seria suas dicas para nos futuros professores de história que for trabalhar com o tema história das mulheres em sala de aula, sendo que atualmente vivemos numa sociedade que pouco se valoriza o trabalho das mulheres, onde a mulher é considerada sexo frágil, que é incapaz de administrar uma empresa, uma casa ou mesmo a presidência?
Att. Weleke Alves da Silva
Oi Weleke, o objetivo é trazer o tema à tona, fazer perceber que a formação docente precisa ressaltar a história das mulheres para que assim, passem a avaliar os livros nesse ponto e trabalhar de fato com o tema em sala de aula, ajudando a construir uma sociedade mais igualitária.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá,realmente podemos observar que a presença das mulheres no livros didáticos é quase que zero, porém se este assunto não está presente no cotidiano dos alunos cabe ao professor levar para sala e instigar os alunos a pesquisar o papel das mulheres na historia. Contudo é possível afirmar que a falta deste trabalho sobre as mulheres nas escolas é o motivo pelo qual temos uma sociedade machista como a qual vivemos nos dias de hoje?
ResponderExcluirMariana dos Santos Firbida
Oi Mariana, nossa sociedade é machista e a falta de problematização do tema na escola ajuda a reproduzir o machismo. Não é o motivo em si, mas colabora para sua manutenção.
ExcluirO simples de fato de estarmos aqui discutindo as várias possibilidades de inclusão da temática feminina no ensino já mostra o quanto avançamos. Se a imagem das mulheres ainda aparece de forma estereotipada nos livros didáticos ou se as mulheres comuns ainda não ganharam visibilidade professores e alunos têm a chance de incluí-las, de qualquer forma, o colocar em questão verdades estabelecidas é o primeiro passo para a mudança. Através de nossos questionamentos já estamos construindo um mundo menos machista, menos violento, menos desigual entre homens e mulheres. Talvez o desafio que temos que enfrentar é ter a coragem de levar esses questionamentos para a sala de aula, nossos alunos têm muito a dizer sobre a participação das mulheres na história, não é mesmo Dulceli?
ResponderExcluirObrigada,
Vera Caixeta
Com certeza Vera... estamos dando passos importantes para uma mudança social. Não desanimemos!
ExcluirBoa noite ,professora.
ResponderExcluirComo vai?
Excelente abordagem e importantíssimo a forma como foi desenvolvida em seu texto.
Sou totalmente a favor de se ter um estudo muito mais amplo e aprofundado sobre a atuação da mulher,ou melhor dizendo ,mulheres ,ao longo dos diversos períodos historiográficos.
Atendo me ao foco do uso do livro didático,surge uma questão^:(não sei se a mesma já foi levantada em uma das postagens acima)
Poderia o professor usar o livro didático ,abordando a questão do homem como agente histórico atuante e ao mesmo tempo propor,como metodologia,uma pesquisa sobre a atuação das mulheres no mesmo fato histórico?
Ao assim fazer,os alunos poderiam realizar pesquisas e ver por si mesmo que o desfalque de informações sobre homem/mulher na historia é desigual.
Cre que isso seria uma forma de complementar o que falta nos livros didáticos?
Muito agradecido,
Seu aluno,
Wander Alexandre Araújo Miranda,estudante do primeiro ano de Historia ,na cidade de Bauru/SP
Olá Dulceli, parabéns pelo texto e reflexões apresentadas.
ResponderExcluirSeu texto me fez pensar nas diferenças existentes na profissionalização das historiadoras nos Eua, por exemplo, e no Brasil. Enquanto as mulheres naquele país tiveram que enfrentar mais dificuldades - e por mais tempo - para serem reconhecidas e terem visibilidade, no Brasil as mulheres - chamadas então de "pioneiras" - ingressaram no curso superior em História da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP um ano após o momento de sua criação, em 1935. No Rio de Janeiro foi a mesma coisa e por isso, num certo sentido, pode-se falar que no Brasil houve um processo de feminização do curso de História. Elas foram beneficiadas por uma política pública chamada comissionamento, que tinha como objetivo oferecer vagas universitárias para professores e professoras do ensino primário. Nesse sentido, desde 1935, o número de homens e mulheres era equilibrado nos Cursos de História do país. Mas isso não significa também dizer que elas não enfrentaram certos desafios. A primeira geração de historiadoras (1935-1973) teve dificuldades de ocupar as Cátedras ou de conquistar a vaga de Professor Titular. Muitas delas conquistaram visibilidade no campo historiográfico, como Maria Yedda Linhares, Eulália Lobo, Emília Viotti da Costa e Alice Canabrava, além de terem aberto as portas para as futuras historiadoras da segunda geração.