André Moreira

UMA ALEGORIA DO PROCESSO COLONIAL NA AMÉRICA PORTUGUESA ATRAVÉS DO FILME AVATAR: UMA EXPERIÊNCIA COM AULA OFICINA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

André Moreira da Silva



A experiência relatada e discutida aqui foi elaborada e executada na cidade de Vitória da Conquista - BA em turmas do 7º ano do Ensino Fundamental de um colégio público, a saber, o Centro Integrado Navajo de Brito. A atividade foi realizada num total de cinco aulas, cada uma com 50 minutos e consistiu no desenvolvimento de painéis considerando o conhecimento dos alunos a partir de discussões prévias acerca da temática indígena e do processo de colonização na América portuguesa e diante da exibição e contextualização do filme Avatar (2011), de James Cameron.

A aprendizagem de história desenvolvida ao longo da experiência de aula oficina apresentada pretendeu permitir aos alunos modificar opiniões, paradigmas e preconceitos comumente evidenciados a partir da problematização da questão indígena na sala de aula, na formação cultural na América e também propôs-se a lançar um olhar sobre os processos coloniais no continente.

Partimos, para tal, da concepção da sala de aula como espaço de interatividade e troca mútua de conhecimentos pensando-a como um ambiente propício para o desenvolvimento do diálogo professor/aluno em função de uma melhor estruturação e construção de visões e significações que permeiem a realidade de cada indivíduo social não apenas ao estabelecer tais conexões, mas, e especialmente, em seu convívio no cotidiano, nos mais variados contextos sociais nos quais transita.

De acordo com Terezinha Azerêdo Rios (2008), a aula é uma construção realizada tanto pelos professores quanto pelos alunos, estabelecendo um diálogo entre as diferentes partes, sob a premissa básica de que, apesar das diferenças, todos, indistintamente, são capazes de ensinar/aprender algo novo com o outro, a propósito, é esta mesma diferença que nos possibilita conhecer e ampliar os horizontes. Conforme nos lembra Freire:


Não há docência sem discência [sic], as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. (FREIRE, 1996, p. 23), grifo meu.

A elaboração da aula-oficina pretendeu, dessa forma, estabelecer entre professor e alunos, amarrações que dessem condições de organizar os conhecimentos adquiridos não apenas em sala de aula, mas ao longo da trajetória de vida de cada um dos indivíduos. Desta maneira suas experiências pessoais, seu modo de pensar o mundo, seus hábitos e práticas estiveram intimamente conectados àquilo que se pretendia observar e desenvolver em sala de aula. Este mecanismo de ensino permite, conforme Isabel Barca (2004), romper a tradição reducionista e simplificada da observação de fontes históricas e do próprio conhecimento histórico pelos alunos ao abordar de diversificadas maneiras questões que os provoque e que os estimule a partir da elaboração de conexões entre a vivência dos indivíduos envolvidos e o saber histórico.

O conhecimento histórico objetiva perceber os processos e a ação dos sujeitos históricos analisando os relacionamentos estabelecidos entre diversos grupos humanos em diferentes períodos e em diferentes locais. Essa premissa se fez presente ao longo da prática aqui analisada, pois a partir dela, foi possível observar diferentes maneiras de, por exemplo, manifestações culturais de uma nação, povo ou grupo social, num dado período (ou mais), nesse caso, em específico, permitiu inclusive associar às discussões a questão do silêncio atual acerca dos grupos indígenas que habitavam a região do Planalto da Conquista na região sudoeste da Bahia. Foram utilizados previamente diversos mecanismos para este fim como imagens, músicas, relatos de viajantes, pinturas, material arqueológico, etc.

Quando devidamente esclarecidos e ponderados os objetivos, as atividades propostas - pesquisa de fontes históricas, relatos familiares, uso de relatos da memória local acerca do tema, conhecimentos próprios adquiridos em vivência - deveriam mostrar-se eficientes na discussão, na concepção e organização dos textos. Na verdade, a conclusão destas atividades pretendeu, acima de tudo, levar à desconstrução de paradigmas e preconceitos que com certa naturalidade se fundamentam ao longo da vida de cada indivíduo, não pela vontade ou ação exclusiva do docente, mas a partir do estabelecimento de diálogos que valorizem o caráter pessoal de cada indivíduo na medida do possível.

Dessa forma, foi elaborada uma análise que aprofundasse o entendimento da amplitude de possibilidades de análise histórica das relações humanas enxergadas a partir de uma série incontável de objetos, quer dizer, no bojo dos estudos acerca dos relatos das atividades e dos frutos elaborados pelos seres humanos está a sua passividade de observação historiográfica. Estabelecer relações com outros saberes permite maior profundidade aos exames históricos sobre as mais variadas temáticas sejam elas políticas, econômicas, culturais, em âmbitos públicos ou privados, tratando casos específicos ou amplos é claro, dentro de suas possibilidades (BURKE, 1992).

Dadas as devidas coordenadas e, discutindo com os alunos acerca dos primeiros contatos entre indígenas e europeus na América e no Planalto da Conquista, foi proposta a observação do filme Avatar (2011), de James Cameron. A forma como se pretendeu observar o filme, construindo paralelos entre ficção e realidade e pontuando estas relações, permitiu ilustrar relatos históricos e desenvolver suas habilidades de identificação e concentração diante das propostas de análise da mídia. Ao relacionar aspectos como as questões econômicas e organicidade política dos povos nativos, os novos costumes e veículos de padronização cultural utilizados pelos estrangeiros e os mecanismos de resistência daqueles primeiros, almejou-se estimular a percepção da classe para estes quesitos quando aplicados aos nativos da região sudoeste da Bahia, em especial, ao apresentar narrativas históricas, recortes de periódicos locais, imagens e narrativas que denunciem estas pontuações.

A obra de ficção científica de Cameron traz a história de um soldado americano, Jake Sully, num planeta chamado pelos colonizadores humanos de Pandora. Os humanos transmitem sua cultura para os nativos ao passo que ambicionam simultaneamente obter lucros utilizando matéria-prima de uma região considerada sagrada pelo grupo nativo Na'vi.

Como atividade proposta os alunos tiveram a oportunidade de montar painéis contendo ilustrações, colagens e texto escrito objetivando representar desta forma as observações feitas a partir da leitura do filme e dos relatos históricos examinados. Cada cartaz continha uma confecção relacionada a uma temática definida previamente e contextualizada ao tema geral. Os alunos foram divididos em dois grandes grupos nos quais orientados por eixos, tentaram identificar aspectos apresentados no filme que podem ser relacionados ao processo histórico analisado na aula. Seguindo o proposto, as ilustrações e colagens foram realizadas obedecendo seus respectivos agrupamentos e micro temas. Em seguida foram apresentados à turma. Dessa forma, obtivemos:

Europeus
Nativos
Grupo 01
Apontar os interesses e as questões econômicas envolvidas
Grupo 04
Apontar a relação dos nativos com a terra
Grupo 02
Apontar as tentativas de padronização cultural
Grupo 05
Apontar a diversidade política/organizacional dos nativos
Grupo 03
As formas de violência
Grupo 06
As formas de resistência

Conforme o historiador francês Marc Ferro (2010), o cinema pode proporcionar duas importantes perspectivas históricas, a primeira diz respeito à análise do filme enquanto resultado das relações estabelecidas no período de sua produção. Uma vez que o mesmo é construído por um grupo social e destinado a um público característico dentro de um contexto histórico específico, as representações feitas por estes grupos de seus personagens, seu roteiro, suas imagens, etc. são capazes de delinear muito claramente ideais que se tenham por objetivo enaltecer ou mesmo depreciar. Além disso, trata-se de uma obra realizada por profissionais das mais diversas áreas, o que pode criar um leque ainda maior de referências e proposições na sua constituição. Sem dúvida, afirma Ferro,

esses cineastas, conscientemente ou não, estão cada um a serviço de uma causa, de uma ideologia, explicitamente ou sem colocar abertamente as questões. Entretanto, isso não exclui o fato de que haja entre eles resistência e duros combates em defesa de suas próprias ideias. (FERRO, 2010, p. 16).

A segunda análise está relacionada com a forma como um dado contexto é apresentado ao público de um momento histórico diferente. Neste caso, Ferro chama a atenção para os discursos construídos por um grupo social a respeito de outro grupo - nos chamados filmes históricos. As representações são apontadas aqui como uma tentativa de "resgate", não do contexto da produção fílmica, mas daquele que se tenta retratar. Passa, assim, a estabelecer parâmetros que recuperem ou evoquem representações e práticas de outro contexto.  Apesar disto, o total distanciamento de seu próprio tempo é impossível. As leituras feitas dependem, imprescindivelmente, do período histórico aos quais aqueles que o fazem estão inseridos (FERRO, 2010, p. 21).

Compreendemos, dessa forma, que Avatar, ainda que não pretendesse representar os processos de colonização nas Américas, ou algum outro período histórico - conforme a segunda proposição de Ferro, o filme é capaz de proporcionar considerações bastante pertinentes como alegorias ao período colonial na América se forem observadas, é claro, as devidas orientações.

Os painéis foram expostos à turma e, associando pontuações feitas no decorrer das aulas anteriores e conhecimentos prévios dos alunos, foram levantadas questões para discussão. Neste momento, os alunos expuseram dúvidas, posicionamentos e discursos evidenciados cotidianamente acerca do tema.

Pensar os espaços, ambientes, as tradições (ou o que delas resistiu ao tempo), os mecanismos de configuração cultural europeia, as formas de resistência e o pouco que vemos a respeito da cultura indígena nesta região abriu uma série de perspectivas relacionadas à temática. A utilização da metodologia de aula oficina permitiu esboçar de forma clara e eficiente estas propostas.

Este mecanismo de ensino é capaz de proporcionar um aprofundar-se maior e mais intenso nos objetivos escolhidos.  Por prever a inclusão de saberes, costumes e práticas das pessoas envolvidas nas atividades, se não estiverem bem direcionadas e bem fundamentados os objetivos, corre-se o risco de desnortear o ensino proposto ou simplificar tudo à possibilidade de transformar as situações históricas a seu bel-prazer ignorando, assim, as determinações históricas e condições sociais, políticas e econômicas as quais todos estamos submetidos (SEFFNER, 2013, p.55).

Para a prática desta metodologia, conforme notado acima, é imperativo que estejam bem delineados os interesses e a constante ênfase nas competências que se pretendem desenvolver. É possível, a partir da utilização destes métodos, fugir do tradicionalismo ao dispor diversas fontes históricas e considerar como elemento importante o conhecimento e as leituras que os alunos fazem em sua vida pessoal. Estes atributos permitem a discussão de preconceitos, paradigmas e permite também que os discentes da disciplina de História compreendam em seu tempo conceituações e fragmentos dos tempos passados.

Referências

BARCA, Isabel. Aula oficina: do projeto à avaliação. In: Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED). Instituto de educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131-144.
BURKE, Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola de Annales (1929-1989). São Paulo: UNESP, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
RIOS, Terezinha Azerêdo. A dimensão ética da aula ou o que nós fazemos com eles. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Aula: Gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus, 2008.

SEFFNER, Fernando. Aprendizagens significativas em história: critérios de construção para atividades em sala de aula. In: GIACOMONI, Marcelo Paniz; PEREIRA, Niltom Mullet. (orgs.). Jogos e ensino de história. Porto Alegre: Editora Evangraf, 2013, p. 47-62.


19 comentários:

  1. Olá amigo, gostaria de saber o resultado dessa aula oficina. Como os alunos assimilaram essa alegoria, para entender o processo de colonização?
    ass: Jonathan Evangelista de Araujo

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    1. Olá, Jonathan, tudo bem?
      Os resultados obtidos foram bem interessantes. Como essa foi só uma das atividades que realizamos (tivemos ainda mais dois dias), pudemos levantar outros questionamentos, verificar fontes históricas (relatos do período, imagens, fontes secundárias) e debater tudo isso e a forma como o filme poderia representar certos aspectos do processo colonial na América portuguesa. Infelizmente, eu não consegui registrar todo o material dos alunos para expô-los aqui, mas verificamos os resultados como positivos, justamente por não isolar o filme do que pretendíamos inicialmente, isto é, a obra cinematográfica tem, naturalmente, outros interesses. O nosso, foi cerca-lo de fontes e propostas que atendessem o objetivo ilustrativo.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  2. Olá André. Muito bacana a sua proposta! Eu gostaria de saber como foi o retorno dos alunos nas atividades. Pergunto porque, muitas vezes, quando estamos em estágio e não somos regentes da turma (não sei se é o seu caso) nos deparamos com dificuldades em tratar de temas que nem sempre são trabalhados no cotidiano da escola (como o estereótipo relacionado aos indígenas). Neste sentido, gostaria de saber se os alunos conseguiram enxergar semelhanças entre realidade e ficção e se conseguiram repensar os preconceitos e estereótipos que a sociedade constrói acerca da questão indígena, até mesmo repensar sobre o próprio lugar de fala deles mesmos. Obrigada!

    Carolina Corbellini Rovaris

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    1. Olá, Carolina, tudo bem?
      Realmente, o estágio (como primeiro contato em sala de aula) às vezes acaba limitando a gente mesmo. Atualmente, já leciono, mas na época deste escrito, também foi a minha primeira experiência e, honestamente, entendo o seu dilema (também foi o meu! rs). Mas, respondendo a sua pergunta, acredito que o mais importante para se obter bons resultados nesse caso é, antes de mais nada, deixar claro que se trata de uma obra de ficção, que o filme é um blockbuster, que tem objetivos comerciais, que não tem intenção de retratar um período histórico e, mesmo que tivesse, apresentaria alguns problemas. E, além disso, cercar os alunos com referenciais – levar outras fontes históricas, discutir os textos, incentivar um olhar crítico (sobre a obra e sobre o tema).
      É possível, sim, abordar temáticas históricas através de veículos de mídia. Os alunos captam bem. Essa nova geração que gasta muito tempo na internet, vê muitas séries e filmes, que consome a cultura pop no café da manhã, muitas vezes ultrapassa a velha e batida disciplina de história. Em muitos casos, a gente precisa se reinventar na sala para deixar claro o que a gente pretende com a matéria. Aproximar o conteúdo da realidade deles é um mecanismo bastante viável para dialogar com o aluno.
      Aqui na Bahia, faço parte de um grupo de estudos formado apenas por discentes (de diferentes cursos) que têm se preocupado em perceber os reflexos socioculturais, econômicos em itens da cultura pop (HQs, cinema, músicas, literatura, nas mídias sociais) e eu te convidaria a conhecer um pouco do nosso trabalho na nossa página no facebook (Grupo de estudos e pesquisa “HQuê?” – UESB), tenho certeza de que seria bastante enriquecedor ter você por lá!
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  3. Como os outros colegas já comentaram, gostaria de saber como avaliar o quanto cada aluno apreendeu do conceito apresentado... meu tema predileto é a imigração no Brasil... Adriana Weber

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    1. Olá, Adriana, tudo bem?
      Bem, assistir o filme foi uma forma que nós encontramos de relacionar o tema (história e tradições indígenas no período colonial brasileiro) com algo que eles já tivessem certo conhecimento. Como dito nas respostas anteriores, eles captam bem. É claro, a gente precisa sempre orientar, levantar alguns questionamentos, apontar os problemas, etc., mas, em geral, eles têm uma boa resposta. O filme “Avatar” não trata da questão indígena, ou da colonização europeia, ou da extração de matéria-prima na América pelos estrangeiros, mas todos esses temas, guardadas as devidas proporções, aparecem por lá. Há riscos de deslizes, mas, sabendo contorna-los, é uma ferramenta bastante útil.
      Dessa forma, após vermos o filme, seguimos numa discussão sobre o tema, verificamos fontes históricas e, só então, elaboramos os painéis com as imagens e ideias dos alunos sobre o tema. Como se tratava de uma aula-oficina, eles participaram bastante, levantaram dúvidas, questionaram sobre as relações que foram propostas com a utilização do filme. Enfim, consideramos bastante positiva a resposta dos alunos.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  4. Boa Tarde André.

    Sempre pensei em utilizar esse filme com as turmas de sétimo ano para tratar do tema colonização, no entanto, gostaria de saber como os elementos não pertinentes ao tema (como a tecnologia futurista, por exemplo)são encarado numa atividade dessa forma. Qual o risco de o aluno associar de maneira equivocada o filme em ralação ao tema?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá, Zé! Tudo bem?
      Bem, esses temas distanciados, assim como o risco da associação à qual você se referiu, sempre existem. E pelas mais diferenciadas razões, nesse caso, principalmente por se tratar de um filme blockbuster, cujos interesses são completamente distantes em relação ao nosso na sala de aula.
      Acredito, contudo, que eles podem ser facilmente contornáveis. Vejamos o exemplo que você citou, a tecnologia - podemos trabalhá-lo previamente, lembrar que tecnologia é, antes de mais nada, um domínio sobre técnicas, de forma que, cada época se relaciona de maneiras variadas com aquilo que produz como tal, lembrar que tecnologia não se trata apenas de iphone 5, etc. Talvez valha a pena, inclusive, apontar outras obras do cinema (De volta para o futuro 2, é excelente para refletir como as pessoas nos anos 1980 imaginaram o ano de 2015) e pensar como a tecnologia a apresentada e o que os alunos sabem acerca do tema.
      Por ser um filme de ficção científica, “Avatar” se permite extrapolar na apresentação desse conceito, mas essa pode ser justamente a nossa ponte para apontar a própria relação dos europeus – e suas tecnologias naval e bélica – e a contraparte nativo-americana com suas tecnologias, essas vistas pelos primeiros como inferiores – Será que eram de fato? Quais os objetivos de cada uma delas? Qual a importância para cada um dos grupos envolvidos?
      Enfim, sempre vão existir esses problemas, particularmente tenho certa dificuldade de trabalhar filmes com temática histórica, justamente pelos problemas de anacronismo – com os quais Hollywood não se preocupa, mas se as pontuações forem feitas, o feedback pode ser bastante interessante. Uma das possibilidades é não trabalhar apenas com o filme, mas apresentar documentos históricos, textos de historiadores da temática e discutir com os alunos sobre os elementos e, além disso, explicitar a eles que se trata de uma obra de ficção, que pode ter eventuais problemas, que foi feito sob outra ótica, operando a partir de uma lógica diferente (comercial). Feitas as considerações, é possível ter uma boa resposta.
      Se eu puder, te encorajaria a tentar. Gostaria muito de saber que frutos você colheria!
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  5. Olá André Moreira, boa noite
    Primeiramente, parabéns pelo seu texto! Faço parte do PIBID em minha universidade e também trabalhamos com a perspectiva da aula-oficina, de maneira que é muito interessante, para mim, ler relatos compartilhados por outros colegas. Parabéns!
    Minha dúvida é sobre a aceitação dos alunos com relação ao tema. Houve muitos preconceitos por parte deles quando vocês começaram os trabalhos, não só pelo tema, mas também pelo uso do filme (que, muitas vezes, é desacreditado pelos próprios alunos como fonte histórica)? Como você avalia a experiência? Quais os obstáculos e pontos mais positivos, em sua opinião?
    Muito obrigada e parabéns novamente pela experiência!

    Giovana Maria Carvalho Martins

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    1. Olá, Giovana, tudo bem?
      Bem, a receptividade dos alunos foi bastante interessante, na minha opinião, quero dizer, a temática indígena é, realmente, mal trabalhada em sala de aula, mas a gente sempre tem algo que acaba se relacionando com o tema - sejam hábitos, laços familiares, palavras do nosso vocabulário, enfim. No nosso caso, aqui em Vitória da Conquista, existe um mito de que todos os grupos indígenas da regão foram exterminados, todo mundo conhece a história, mas, na verdade, ainda existem remanescentes vivendo por aqui. Foi muito interessante poder discutir o processo de silenciamento pelo qual a sociedade conquistense tem passado acerca da população indígena dessa região.
      Já a experiência com o filme, bem, é uma obra bastante famosa e, a princípio, eles acharam um pouco inusitado. Depois de explicitar o que eu pretendia com o filme e, ao longo da discussão que se seguiu, eles mesmos começaram a relacionar o tema ao que viram na tela.
      Minha avaliação é de que foi uma atividade positiva no geral. Eu disse nos comentários anteriores que pode sempre ser um problema utilizar objetos da grande mídia, blockbusters e etc. para tratar outros temas na sala de aula, mas essas são dificuldades contornáveis - é preciso esclarecer a natureza do material, do que trata, qual a nossa pretensão, montar um roteiro para os alunos acompanharem a proposta, então, é possível trabalhar com esse tipo de ferramenta - pode apresentar alguns obstáculos, mas em geral é bem recebido pelos alunos.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  6. Boa noite André, parabéns pelo seu texto e pelo seu trabalho no PIBID.
    Eu estou no momento pesquisando a respeito da utilização de filmes em sala de aula e por isso me interessei pelo seu texto (apesar de minha pesquisa ser relacionada a filmes históricos - confesso, sou fã de Avatar).
    O que eu gostaria de perguntar é bem pontual: vocês passaram o filme inteiro ou trechos? Pergunto isto devido à complexidade do filme e à curta duração das aulas.

    Desde já agradeço.
    Rebecca Carolline Moraes da Silva

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    1. Olá, Rebecca, tudo bem?
      Nós vimos boa parte do filme, exceto o finalzinho. Como nós tínhamos cinco aulas, conseguimos ver bastante coisa, mas, em geral eu gosto de editar o filme antes de levar para as minhas turmas, ou selecionar trechos quando necessário. Se nenhuma das opções é viável, eu costumo disponibilizar para os alunos juntamente com um roteiro orientando o que eu pretendo dialogar com eles em sala de aula.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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    2. Caso te interesse, faço parte de um grupo de estudos da universidade na qual me formei, composto através da iniciativa dos próprios alunos (e ex-alunos, no meu caso), que se dedica a levantar considerações acerca de temáticas didáticas, históricas, socio-antropológicas a partir de elementos da cultura pop. Ainda estamos nos organizando enquanto grupo reconhecido pela Capes, mas na UESB já conseguimos levantar algumas boas discussões. Te convido a conhecer o nosso grupo no facebook e compartilhar suas experiências conosco: Grupo de Estudos e Pesquisas "HQuê?" - UESB.
      Com certeza você será muito bem-vinda!

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  7. Olá André,

    Gostaria de saber se depois da exibição, os aspectos históricos ao qual se pretendeu tratar, foram seguramente apreendidos pelos alunos? Com que grau você avaliou isso?

    Abraço!!

    Ailton Ribeiro Nascimento

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    1. Olá, Ailton, tudo bem?
      Durante o processo avaliativo, que foi contínuo, foram realizadas discussões, apresentadas fontes históricas e houve a possibilidade por parte dos alunos de expor seus conceitos acerca do tema.
      Do meu ponto de vista, a atividade obteve bons resultados, tendo em vista as produções textuais e os debates ocorridos em sala de aula.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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  8. Muito boa a ideia de fugir do convencional e se dedicar a um projeto de construção conjunta do conhecimento! Gostaria de saber como ocorreu o planejamento para essa atividade - tendo em vista que o calendário escolar anual costuma ser apertado para o conteúdo que deve ser ensinado em uma determinada série. Assim, minha pergunta seria: fora possível a aplicação de aulas extras para essa atividade?

    Ass. Rafaella Franchin de Sousa

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    1. Olá, Rafaella, tudo bem?
      De fato, o calendário escolar convencional, em geral, não permite atividades tão longas quanto esta. Nesse caso específico, nós dispusemos de três dias da semana para poder trabalhar com aula oficina de história com os alunos. O relato que esse escrito traz foi o resultado de apenas um dos dias letivos. Nós tivemos mais tempo para discutir conceitos, apontar dificuldades, preconceitos, etc.
      Como eu disse em outro comentário, geralmente, tenho que editar o filme para conter as partes que interessam o nosso propósito, ou elaborar um roteiro e pedir que os alunos veja o filme em casa. Mas, houve a possibilidade de utilizar o filme quase completo - como quase todos já tinham visto e precisávamos de tempo, preferimos adiantar o debate.
      Obrigado pela pergunta e espero tê-la respondido satisfatoriamente!
      André Moreira.

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