UMA
CÂMERA NA MÃO E UMA HISTÓRIA PARA LEMBRAR:
MEMÓRIAS
DA EDUCAÇÃO NO VALE DO ITAJAÍ/SC
Carla
Fernanda da Silva
O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta
didática , realizada ao longo
de três anos
no ensino da disciplina
História da Educação
para os cursos
de Pedagogia , História
e Ciências da Religião
na FURB – Universidade Regional de Blumenau/SC.
Esta disciplina compreende a história
da educação da Antiguidade
à Contemporaneidade, ou seja, numa perspectiva de longa
duração , cuja
importância , em
um curso
de licenciatura , vai além da absorção
de fatos e datas ,
mas na narrativa
das continuidades e descontinuidades dos
atos de aprender
e ensinar .
No primeiro ano em que lecionei
a disciplina , percebi que , no decorrer das aulas , o passado
distante foi apreendido
com curiosidade
e admiração , porém
o século XX tornou-se um tribunal , em que os acadêmicos acusaram as gerações
de professores que
os precederam de ministrarem aulas de forma tradicional no ensino
escolar , tornando a discussão
restrita ao ‘método ’ de ensino , sem analisar o seu contexto histórico .
Atitude que
dificultou a compreensão histórica da educação ,
em especial
no Brasil, onde tivemos duas Ditaduras : do Estado Novo e a Militar, períodos em que a pedagogia defendida e proposta
por estes
governos eram a tradicional e a
tecnicista, respectivamente.
Uma primeira atividade
proposta foi a realização
de uma ‘Fotobiografia Escolar ’, que deveria ser apresentada
em PowerPoint,
descrevendo os seus anos
escolares , relacionando objetos de memória ,
tais como: cadernos
escolares , boletins /cadernetas de notas ,
diplomas , uniformes
e fotografias . Além
desses objetos , próprios
de sala de aula ,
os acadêmicos deveriam lembrar-se dos mais diversos espaços da escola ,
a partir dos 5 (cinco )
sentidos , ou
seja, buscar os cheiros ,
sons , texturas ,
gostos e imagens
da memória escolar .
O intercâmbio de experiências
entre os acadêmicos foi uma provocação em sua já
sedimentada conceituação do conhecimento histórico ,
pretendendo, com essa vivência , uma ruptura no ato aprender , permitindo repensar e problematizar
a forma como compreenderam
história até
o momento , e como
podem vir a aprender , viver e ensinar história a partir da memória e do questionamento
das fontes históricas. A ‘História de Vida
Escolar ’ há muito
é utilizada no Ensino Superior como atividade didática , em especial nas
licenciaturas . Porém, abro um espaço de reflexão para o escopo teórico que motivou o planejamento
e aplicação dessa atividade ,
pois além de compartilhar memórias
e usá-las como fonte
histórica, buscou-se a inspiração em Walter Benjamin, em
seu texto
‘O Narrador’.
Benjamin afirmou
que “a arte
de narrar está em
vias de extinção” (BENJAMIN, 1994),
referindo-se sobretudo ao ato
de falar e ouvir , a troca de experiência ,
aprender com
o vivido pelo
outro . O autor
não hierarquiza a narrativa
oral ou escrita , mas
destaca que “as melhores
são as que
menos se distinguem das histórias orais
contadas pelos inúmeros narradores anônimos .” (BENJAMIN, 1994) Ao respaldar
a narrativa no vivido ,
o narrador confere a sua história uma dimensão
utilitária: a experiência compartilhada.
Portanto , não
temos uma apresentação de trabalho ,
uma formalidade acadêmica ,
mas sim
um compartilhar
de vidas , em
que os acadêmicos
se compreendem como um
grupo , pessoas
que trocaram experiências
e sentimentos e se pensaram como sujeitos históricos .
Se os livros nos
chegam prontos e acompanhados de explicação , a narrativa
nos oferece um
espaço de reflexão ,
tanto pra
pensar a experiência ,
quanto na possibilidade de refletir a ‘sabedoria ’
na forma de conselhos
ou na ‘moral
da história ’. Na
narrativa, o leitor /ouvinte
“é livre para
interpretar a história
como quiser, e com
isso o episódio
narrado atinge uma amplitude que não existe
na informação.” (BENJAMIN, 1994) Transpor a informação , problematizar
o dito e o vivido ,
de forma que
a história seja interpretada e as fontes históricas, que
em um
longo processo
de ensino-aprendizagem foram sacralizadas e detentoras da ‘verdade ’,
sejam de fato questionadas e analisadas.
Para tanto, é preciso
uma nova vivência
do ato de aprender
história , de forma
a constituir uma consciência
histórica . Narrar
sua vida
e ouvir a história
do outro , pensar
a sala de aula
como um
espaço de memória .
A importância da narrativa
despertou para a segunda
atividade da disciplina :
a realização de entrevistas
com professores
das mais diversas décadas
do século XX. Essa atividade
objetivou, também , transpor
os alunos de um
exercício de memória
pessoal , para
a busca de narrativas
além da sala
da aula , apresentando depoimentos de professores
de gerações passadas .
A História da Educação passou a ser discutida a partir do ato de ensinar , cuja compreensão
se fez partir da vivência
de professores entrevistados, pela metodologia
da ‘história oral ’.
pode certamente
ser um meio de transformar tanto o conteúdo
quanto a finalidade
da história . Pode ser
usada para alterar o enfoque da própria
história e revelar
novos campos
de investigação ; pode derrubar
barreiras que
existam entre professores
e alunos , entre
gerações , entre
instituições educacionais
e o mundo exterior ;
e na produção da história
(...) pode devolver às pessoas
que fizeram e vivenciaram a história um lugar fundamental ,
mediante suas
palavras . (THOMPSON, 1992.)
A história oral propicia ao entrevistado a oportunidade
de relembrar a sua
própria história ,
de narrá-la e perceber-se enquanto sujeito histórico.
A teoria e método
da história oral
permitiu uma mudança de ênfase nas pesquisas
historiográficas, em um caminho que pertencia ao indizível ,
ampliou e criou novas áreas de investigação ,
ao construir uma representação
da história a partir
da narrativa daqueles que a vivenciaram.
O audiovisual é uma ferramenta
interessante para trabalhar
novas propostas
de ensino da História
da Educação , pois
permite estudar e analisar
os conceitos que
norteiam essa concepção , ou seja, a história
oral e a narrativa ,
a partir de uma perspectiva
benjaminiana. O acadêmico não pode ser um espectador passivo da história ,
e para se compreender sujeito
histórico é preciso
assumir uma postura
de interação com
a construção do saber . Por meio do audiovisual é possível
trazer voz e imagem
de diversos professores
para a sala
de aula , possibilitando a estes narrarem sua
experiência escolar .
Neste trabalho,
o audiovisual não é apenas
uma reprodução de imagens
em um
aparato tecnológico ,
mas sim ‘cinema ’
– luz em
movimento – literalmente .
A imagem são
feixes de luz
projetados, onde também
se projetam emoções , dúvidas , alegrias ,
vida , história .
Se é possível afirmar
que o cinema
ficção “organiza a realidade
de uma maneira artística ”,
em que
“a vida aparece transfigurada pela visão cinematográfica , que
a concentração da ação ,
no cinema , elimina as esperas , impaciências
e tédios da vida” (COSTA, 2010); o que podemos dizer então do documentário
e da história oral ,
a partir da filmagem? Sem
dúvida o trabalho
com memória
é uma forma de organizar
a história , mas
é preciso destacar
que a memória, enquanto
fonte , é uma forma democrática de escrever a história , como também de realizar sua leitura . As
novas possibilidades tecnológicas, a facilidade do uso
de câmeras digitais
e edição de vídeo ,
permite-nos a interação do cinema e da memória
em sala
de aula . Para
além do depoimento
destes professores , teremos sua imagem , a percepção de suas
emoções , o seu
ambiente de trabalho
registrado. Os acadêmicos poderão, em diversas oportunidades, visualizar
e debater a história /memória das gerações
precedentes, e assim compreendê-los como sujeitos
da história .
Sandra Costa afirma que
“o cinema , à solta ,
é perigoso .” A pesquisa
com memória
também , pois
a possibilidade das pessoas expressarem suas lembranças
e opiniões sobre
o passado pode revelar
uma outra história ,
muitas vezes não
contada nos livros .
Mas acima
de tudo, pode ajudar os alunos
compreenderem o passado à luz de uma nova
perspectiva . A interação
entre cinema
e memória pretende exaltar
esse perigo ,
para que o passado seja questionado
em sua
linearidade historicista e para que os acadêmicos compreendam que
“...o presente é algo
a ser problematizado, à luz
da História . É pela
problematização que se pode fazer vir à tona
novos saberes ,
provocando rachaduras nos territórios
aplainados pela lógica
do até então
presente .” (KRAEMER, 2010)
No ano de 2010, deu-se destaque
aos professores que
lecionaram durante a Ditadura Militar , bem como
foram assistidas e debatidas as entrevistas
dos anos anteriores
e o documentário Sem
Palavras (KLOCH, 2009), para discussão da Era Vargas. Período bastante difícil
para o Vale do Itajaí, pois a educação estava
em meio
às transições e embates
políticos dos anos
trinta, no qual o pangermanismo local , o integralismo
e a política autoritária
e nacionalizadora do governo Vargas
disputaram os espaços de poder .
Para os grupos políticos, o domínio dos diversos
espaços de produção
de saberes se fazia necessário ,
visto que
“o controle da significação e a imposição do sentido
são sempre
uma questão fundamental
das lutas políticas
ou sociais
e um instrumento
maior da dominação
simbólica.” (CHARTIER, 2002.) Assim, a cooptação de intelectuais
foi fundamental para
a manutenção do discurso
político na escola .
A figura do intelectual era pensada a partir das restrições
do período histórico ,
e compreendida como um
“produtor de bens
simbólicos, especialista no processo
de criação e transmissão
cultural, e que desperta a atenção dos envolvidos nos
‘círculos de poder
político ’.” (GOMES, 1996. p. 39. Grifo da Autora)
Destaca-se nesse
período o projeto
de nacionalização do ensino , fato que marcou
as regiões de colonização alemã e
italiana em Santa
Catarina. Em Blumenau, a proibição
do idioma alemão
afetou muitas pessoas , em especial as crianças em idade escolar , pois aqueles que falavam o alemão eram
castigados física e psicologicamente nas
escolas . (KLOCH,
2009). Portanto , a educação
na região do Vale
do Itajaí, viveu dois períodos
repressores numa seqüência ininterrupta,
conforme relata o professor
Bruno Cipriani:
Muitas
pessoas pensam que
no período dos militares
tinha uma pressão
para que
houvesse uma disciplina militar .
Mas essa disciplina
militar ela já existia antes .
Quando eu
fui à escola , o aluno
que cometesse algum
ato de indisciplina ,
ele era
castigado. Ele levava reguada, tapa , ficava de joelho ,
tinha que
assinar o chamado Livro
Negro , livro
que marcava as faltas
mais graves
do aluno . Ele
poderia ser
suspenso ou expulso .
Isso antes
dos militares , no período
dos militares isso
continuou, não vou dizer
com um
agravo , mas
um adendo, ali
deveria existir aquela disciplina
patriótica . O aluno
deveria aprender os hinos ,
inclusive , ensinávamos aos alunos
a maneira correta
de dobrar a bandeira .
(CIPRIANI, 2010)
Essa
continuidade disciplinar , por
vezes não
é percebida pelo acadêmico ,
pois esses fatos históricos
são estudados separadamente. Enquanto em alguns estados brasileiros a Ditadura
Militar representou uma ruptura
na história da educação ,
marcada principalmente pela luta dos estudantes universitários, no Vale
do Itajaí constatamos uma continuidade disciplinar . E,
ao trabalharmos a partir da memória
dos professores , percebe-se que a luta contra os militares praticamente não
existiu em nossas escolas .
De fato , a escola
foi o espaço de legitimação
do poder ditatorial
dos militares por
meio das práticas
disciplinares . Os professores
também estavam submetidos a estas
práticas, principalmente em relação aos conteúdos trabalhados em
sala de aula ,
conforme relato: “O conteúdo
que você
ministrava vinha de Florianópolis. [...]
Já vinha
tudo pronto .
Como você ministra essa aula
não interessa, mas
o conteúdo é esse
aqui . Pode fugir ?
Não ! É esse
aqui .” (CIPRIANI, 2010) A educação não
estava apenas regida pelo
aparato legal ,
mas sim
por todo
um corpo
técnico de funcionários ,
vigilantes à atuação
dos professores, conforme o depoimento
de D. Dorvalina:
Uma
ou duas vezes
por ano ,
o inspetor visitava a nossa escola . Só que ele
visitava de surpresa , não dizia o dia
e a hora , nada .
E lá tinha
um Livro
de Atas próprio ,
onde ele
escrevia como encontrava a escola , como
encontrava a professora. Ele olhava as tarefas das crianças ,
como nós
fazíamos as tarefas para
dar aula . Todos os cadernos
que nós
tínhamos, o nosso plano
de aula . Ele
sempre olhava, e graças
a Deus eu
sempre ganhei notas
boas. (ZANCANARO, 2010.)
Ao controlar o conteúdo
percebe-se uma interligação entre o poder e a construção de uma ‘verdade ’. Ou seja,
poder e verdade estão ligados numa relação circular , se a verdade existe numa relação
de poder e o poder opera em conexão com a verdade , então todos os discursos podem ser vistos funcionando como
regimes de verdade. (SILVA, 1995) As relações disciplinares
de poder-saber são fundamentais
aos processos pedagógicos ,
sejam elas auto-impostas, impostas pelos professores ,
ou impostas pelos
governos , como
expôs Foucault: “Uma relação de fiscalização, definida
e regulada , está inserida na essência da prática do ensino : não como uma peça
trazida ou adjacente ,
mas como
um mecanismo que lhe é inerente e que
multiplica sua eficiência .”
(FOUCAULT. In SILVA, 1995)
Nas discussões em aula , após assistirmos as entrevistas , foi perceptível que
a escola , enquanto
espaço de construção
de subjetividades, ao sujeitar alunos e professores
ao processo de disciplinamento do Estado , contribuiu na manutenção
do poder ditatorial ,
fato evidenciado na fala
do professor :
Destaca-se que os professores
eram os sujeitos mais
disciplinados em
sala de aula ,
pois para disciplinar
os corpos , mentes
e conhecimentos dos alunos ,
professores precisavam ter
corpos , mentes
e conhecimentos disciplinados .
Para o Estado, o controle
do que era
ensinado tornou-se essencial para sua manutenção, portanto as práticas
pedagógicas estavam sujeitas ao disciplinamento do conhecimento .
Regularmente eram ministrados cursos , cujo objetivo não era discutir e construir uma educação
em conjunto
e problematizada, mas sim oferecer um método de ensino , por manuais ,
conforme relato: “Eles
falavam sobre o comportamento
das crianças , e como
nós tínhamos que
ensinar . E a maneira
que tínhamos que
ensinar . Eles
davam muitos cartazes
e muitos livros
para nós e, com esses livros a gente
ia preparando [a aula ].” (ZANCANARO,
2010)
O sujeitamento
dos professores não
permitia que estes
construíssem seu próprio
conhecimento ou
refletissem sua prática
pedagógica . Importante
destacar também
que não existem práticas
pedagógicas inerentemente libertadoras ou inerentemente
repressivas, pois qualquer
prática é cooptável e qualquer
prática é capaz
de tornar-se uma fonte de resistência .
Afinal , se as relações
de poder são
dispersas e fragmentadas ao longo do campo social , assim também o
deve ser a resistência ao
poder. (SILVA, 1995) Portanto ,
o controle da prática
e do saber em
sala de aula
era visto
como necessário
pelo Estado ditatorial como
meio de evitar
opiniões e ações
divergentes , assim
o controle sobre
os professores se fez ao longo do regime militar. Isso
não quer
dizer que eles eram alheios
à violência , porém
tinham medo de uma possível
ação de repressão ,
conforme o professor
Bruno nos conta :
A repressão exercida pelo regime militar no Vale
do Itajaí de fato existiu, porém não se
destacou por passeatas
de alunos e professores
ou por exílio
e luta . A repressão
que aqui se fez foi de forma sub-reptícia ,
apoiada numa estrutura de poder
consolidada na Era Vargas. Os militares , em sua ação de exercício do poder e controle das ações
escolares , preferiram a
‘invisibilidade’, uma ação quase
sempre discreta ,
onde as ações
de poder tornam-se mais
eficazes , ao serem emaranhadas ao cotidiano , como
elucida o professor Bruno: “Com
o povo pequeno
os militares não
mexeram. Eles simplesmente
[disseram]: na escola agora vamos ensinar assim e assim ...
pronto .” (CIPRIANI, 2010) Porém , o ordenamento das ações
passavam por toda
uma estrutura hierárquica
até chegar aos professores ,
ação que muitos compreendiam como
inerentes à educação .
Aos professores havia uma
possibilidade de resistência ao controle
exercido pelo Estado ,
pois não existem práticas
pedagógicas inerentemente repressivas ou inerentemente
libertadoras. Qualquer prática
é cooptável e qualquer prática
é capaz de tornar-se uma fonte
de resistência . Afinal ,
se as relações de poder
são dispersas e fragmentadas ao longo do campo social , assim também o deve ser a resistência ao poder. (SILVA, 1995)
Muitas vezes esta percepção
do cotidiano escolar
escapa às leituras
da história da educação
generalizante. A ‘história oral ’ proporciona um olhar de alteridade ,
a percepção do outro
como um
outro diferente
daquele que indaga, pois
experiências são
compartilhadas, por meio
das entrevistas . Portanto ,
a realização das entrevistas
permitiu ao acadêmico /professor
uma nova consciência
em relação
à História da Educação ,
construindo um outro
olhar a partir da vivência dos professores ,
e uma aproximação de gerações
de alunos /professores .
A escrita deste trabalho
privilegiou a discussão da memória
e da concepção de história
problematizadas no ensino de História de Educação ,
com o intuito
de questionar a história
linear , e perceber as
continuidades e descontinuidades
históricas. Por meio
das entrevistas foi possível
ir além das discussões permeadas pelos
livros e, através
do vivido compreender
a História da Educação
local a partir
de um novo olhar , e dessa forma problematizar , questionar
e compreender outra
concepção de História .
Importante destacar
que foram escolhidos poucos depoimentos
em detrimento
da discussão proposta ,
mas o conjunto
de entrevistas nos
permite diversas discussões , tais como :
disciplinamento, cotidiano escolar ,
valorização dos professores , entre outras. Estas atividades
pedagógicas representam novas
possibilidades no ensino de História da Educação ,
em que
uma ação pedagógica
diferenciada contribuiu para novas
concepções teóricas e compreensão dos professores
e alunos enquanto
sujeitos históricos .
Referências
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Walter. Magia e
Técnica , Arte
e Política : ensaios
sobre literatura
e história da cultura .
SP: Brasiliense , 1994.
CHARTIER,
Roger. À beira da falésia :
a história entre
incertezas e inquietude .
Porto Alegre : Ed. Universidade /UFRGS, 2002.
CIPRIANI,
Bruno. Entrevista em História Oral concedida
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GOMES, Ângela
de Castro. História e Historiadores. RJ: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 39. (Grifo
da Autora)
KLOCH, Kátia. Sem Palavras .
2009. (Documentário )
KRAEMER, Celso . Paulo Freire e Michel Foucault: pontos de convergência . In.
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2010.
MONTEIRO, Ana Maria. Professores
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Blumenau/Itajaí: Ed. Casa Aberta , 2010.
SILVA, Tomaz
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THOMPSON, Paul . A Voz do Passado :
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ZANCANARO,
Dorvalina. Entrevista em História Oral concedida
a: SILVA, Evander Ruthieri da. Rodeio , outubro de 2010.
Em que medida o professor de história pode promover entre seus alunos o uso da metodologia da história oral? - João Gilberto Solano.
ResponderExcluirPode o professor de história, desde que devidamente preparado, estimular atividades entre seus alunos no sentido de lhes apresentar a metodologia da História Oral? - João Gilberto Solano
ResponderExcluirJoão, sempre procurei trabalhar com história oral desde o 6º anoa, sempre pensando em como cada turma poderia absorver e aplicar a metodologia. Uma simples pergunta para avós, vizinhos, pais no qual eles têm que transcrever a resposta e apresentar na escola, pode ser pensado como um princípio para iniciar o aprendizado da história oral. Porém, ressalto que nós professores precisamos fazer bem o processo de problematização das entrevistas, comparar com o livro didático e textos, imprensa, entre outros documentos, fazer com que os alunos questionem os testemunhos, não no sentido de duvidar deles. Mas para que comecem a compreender como se dá a produção de documentos.
ExcluirCom a metodologia de história oral empregada na sala de aula, os alunos podem criar narrativas que problematizem o que esta escrito no livro e assim com suas próprias experiências construam seu conhecimento histórico. Mas como então fazer com que esses alunos possam organizar em suas mentes o seu próprio conhecimento e o conhecimento que esta no livro já que percebemos que até hoje essa história vista de baixo é pouco empregada em livros didáticos e cobram apenas conteúdos de ensino global, ou seja, como deve ser feita essa problematização entre professor e alunos ? Gislaine Adelino Lopes
ResponderExcluirGislaine, sempre entendi que é papel de nós professores questionarmos a produção do conhecimento, a quem ela serve, quem ela representa, entre todos os debates que temos na discussão historiográfica. A História Oral pode ser esse incômodo necessário para ampliar as discussões. Para além das entrevistas feitas por nossos alunos, a problematização destas é o mais interessante de todo o processo.
ExcluirSei que sempre estudamos por livros didáticos e temos o conteúdo histórico linearmente disposto em nossas mentes de professores, mas entendo que para os alunos mais importante que esse conhecimento 'organizado' é ele saber problematizar, discutir os acontecimentos. E, em nosso cotidiano, as 'emergências' da discussão dos acontecimentos são aleatórias a organização do conteúdo, por isso o processo de problematização é muito mais importante.
Hoje em dia o professor é livre em sua metodologia de ensino com seus alunos , ou ainda existe casos em que o professor deve seguir um disciplinamento semelhante ao que era empregado no período da Ditadura Militar em que o ensino era controlado ? Gislaine Adelino
ResponderExcluirGislaine, como professora da História da Educação entendo que a pior metodologia de ensino foi o tecnicismo, método defendido pela Ditadura Militar. Decorar conteúdos e ganhar prêmios por isso, não ajuda o aluno em nada, será apenas um conteúdo a ser esquecido com as emergências da vida. Problematizar os conteúdos e o mundo que nos cerca é fundamental para sermos cidadãos.
ExcluirA história oral como fonte se faz se suma importância, principalmente ao se tratar da concepções de pessoas que vivenciaram um período em que era proibido registrar seus anseios de forma explícita. Assim, a memória nessa metodologia de pesquisa enriquece o trabalho do historiador.
ResponderExcluirA história oral como fonte se faz se suma importância, principalmente ao se tratar da concepções de pessoas que vivenciaram um período em que era proibido registrar seus anseios de forma explícita. Assim, a memória nessa metodologia de pesquisa enriquece o trabalho do historiador.
ResponderExcluirConcordo plenamente! Essa pesquisa em história de educação me ensinou muito.
ExcluirAté que ponto os professores estão refletindo suas práticas e enfrentando o desafio de trazer novas abordagens e provocando seus alunos à reflexão entre as continuidades e rupturas no ensino de História e a atualidade histórica?
ResponderExcluirKétina Aparecida de Melo .
Kétina, também sou professora do ensino médio, e ainda vejo muitos colegas centrados no 'conteúdo' do livro didático, alheios ao mundo ao redor. Como entendo isso? Bom, acho que muitas vezes os acadêmicos de licenciaturas criam uma barreira para as discussões sobre didática e, sobretudo, os diálogos entre historiografia e didática, ou seja, o ensino de história. Quando fechados ao diálogo - e acontece muito - após algum tempo em sala de aula, tendem a repetir a didática usada por seus professores, nesse sentido, temos uma perpetuação dos métodos tradicional e tecnicista, em que não há espaço para discussões sobre as continuidades e rupturas na história, pois ambos os métodos entendem a história como linear ou cíclica. Entendo que os professores precisam urgentemente compreenderem a sua responsabilidade social e quando falamos isso em história o cerne é a problematização do conhecimento histórico.
Excluir-Qual a visão de professores mais antigos que foram entrevistados sobre a "história oral"?
ResponderExcluir-qual a sua opinião sobre o cinema como ferramenta didática no ensino de História?
grato, Alfredo Coleraus Sommer
Alfredo, os professores mais antigos não têm uma compreensão da história oral enquanto método. MAS, é impressionante como se sentem valorizados quando alguém vai entrevistá-los. Penso que nós professores-historiadores temos um papel importante na valorização daqueles que estavam em sala de aula antes de nós. Por isso, que desenvolvi a pesquisa de história oral em educação, para valorizar professores e a memória da educação.
ExcluirEntendo que o cinema pode ser usado amplamente como ferramente, mas não apenas a exibição de filmes. O título deste artigo é uma câmera na mão, mas hoje podemos falar em 'Um celular na mão', usar a tecnologia como ferramenta didática é fundamental. Ao invés de lutarmos contra os celulares, vamos usá-los como ferramentas e o cinema-criação entra perfeitamente nessa concepção. Ah! Os alunos adoram criar seus próprios filmes.
Temos acesso a uma gama de novas fontes (fotografia, cartas, obras de arte, cinema, literatura, música, etc), de novos referenciais teórico-metodológicos (história oral e micro-história, por exemplo) e diversas possibilidades de narrativas mais voltadas aos aspectos do cotidiano, da vida privada e da cultura, dando voz ao excluídos da História oficial. Levando todos esses aspectos em consideração como o professor do ensino fundamental e médio pode dialogar adequadamente com essas fontes em sala de aula , sendo que muitas das vezes estamos “amarrados e engessados” na lógica castradora que visa o vestibular e o famoso programa a cumprir? Gagarin da Silva Lima
ResponderExcluirGagarin, tenho acompanhado as provas do ENEM nos últimos anos, para além da 'decoreba' elas exigem reflexão, problematização e discussão, não mais as famosas 'pegadinhas'. Nesse sentido, quando elencamos os conteúdos que entendemos muito relevantes para a discussão histórica, faz-se essencial trabalharmos eles a partir de suas múltiplas fontes, pois se a sua preocupação maior são os vestibulares e ENEM, note que eles trazem questões de análise de quadros, fotografias, literatura, imprensa, etc. dentro do contexto histórico. Não acho que estamos 'amarrados e engessados', penso que devemos acompanhar as transformações das provas de vestibulares e ENEM, sobretudo, e entender que elas estão cobrando que nós professores trabalhemos as diversas fontes em sala de aula. Sugira ainda que você dê uma olhada nas Olimpíadas Brasileiras de Histórias, as questões são fantásticas.
ExcluirA música, a literatura de cordel, a poesia, a história oral já se tornaram fontes "clássicas" da pesquisa e do diálogo dos historiadores com essa massa documental. Os selfies e as redes sociais como facebook podem servir de ferramentas educacionais em sala, tais como o cinema e a música? Sendo possível como proceder metodologicamente? Agradeço pela gentileza da futura resposta. Gagarin da Silva Lima.
ResponderExcluirGagarin, também atuo no ensino médio, em um curso técnico em química, no qual temos temos um programa de iniciação científica o Conectando Saberes. Nos projetos que estou orientando estamos usando as redes como fontes. Cada testemunho utilizado exige uma análise, usamos muito de todo processo metodológico de análise do discurso, mas entendo que didaticamente é fundamental, pois o virtual, as redes sociais são uma realidade para o nosso aluno e ele aprender a desenvolver um pensamento críticos destas é essencial. Não podemos rejeitar essas fontes, temos que agregar criticamente estas fontes ao nosso trabalho. Temos poucas cartas hoje, mas temos muitos blogs e muitas páginas no face, temos uma grande quantidade de fotos, vídeos e etc., precisamos dialogar com essas fontes e problematizá-las.
ExcluirOlá!
ResponderExcluirQual a sua percepção com relação ao impacto deste trabalho na atividade dos futuros professores participantes da ação?
João, difícil pensar no devir... como professores, sempre temos muitas expectativas. No youtube há um vídeo de Deleuze sobre a compreensão dele do que é uma aula, cada participante apreende algo, da mesma forma que cada leitor cria seu mundo do livro que leu.
ExcluirDa minha parte tenho muitos objetivos, mas gostaria muito que cada alunx refletisse criticamente, e generosamente, sobre os professores que atuaram antes de nós, entender que eles também foram sujeitos da história.
Em específico ao tem central: ditadura militar, entender que - vergonhosamente - nós professores ao ensinarmos nossxs alunxs a obediência, a 'servitude voluntária' contribuímos com a Ditadura. É difícil, sei. Mas a maioria dos professores não foram rebeldes à Ditadura, mas cordatos. E isso foi um grande impacto em sala da aula, mas precisamos refletir os fatos históricos a partir de uma realidade local, também. E os textos que temos sobre a Ditadura, enquanto macro-história, não dá conta da realidade que vivenciamos em Santa Catarina. É uma história de São Paulo e Rio nos livros didáticos.
É possível desenvolver com estudantes do 6° ano do Ensino Fundamental atividades que valorizam a história oral, de modo que eles compreendam que a oralidade é uma fonte de pesquisa confiável? Como posso fazer?
ResponderExcluirMaria do Carmo é possível sim. Mas precisamos entender que é uma dinâmica diferente, precisamos apreender o método da historia oral não em sua rigidez, mas pensado como etapas a serem aprofundadas a cada ano do ensino fundamental. O importante é entender que as pessoas são a fonte principal da história e seus relatos precisam ser problematizados.
ExcluirQuando trabalho o conteúdo do 6º ano do fundamental gosto muito de trabalhar com micro-entrevistas - 1 ou 2 perguntas - que envolvem os conteúdos relacionados à medicina, pois a medicina da pré-história e da antiguidade está muito relacionada a nossa cultura de chás, rezas e benzedeiras, traçar esse paralelo, problematizá-lo tem sido algo muito proveitoso.
Quais as formas apropriadas de construir uma consciência histórica nos nossos estudantes, uma vez que hoje eles preferem a informação já pronta ao invés da formulação e questionamento do que lhes é apresentado?
ResponderExcluirMaria do Carmo, minha experiência atual com ensino médio demonstra que os alunos estão longe de preferir 'uma informação pronta'. Muito pelo contrário gostam de debater, questionar, por vezes, indignarem-se, revoltados em apreender que na história aconteceram tantos fatos injustos. Mas daí vem uma compreensão do que é ser professor/a. E vejo que muitos colegas preferem ser detentores de uma 'verdade' transmitindo tão somente informação pronta, ao invés de serem mediadores, problematizadores. Pois, por vezes exercitar o papel de mediador exige de nós um grande comprometimento, naquilo que entendo também como o comprometimento social dos professores para com esses alunos, sobretudo, nas escolas públicas.
ExcluirÉ possível desenvolver com estudantes do 6° ano do Ensino Fundamental atividades que valorizam a história oral, de modo que eles compreendam que a oralidade é uma fonte de pesquisa confiável? Como posso fazer?
ResponderExcluirQual o ano a teoria e o método da história oral permitiu uma mudança de ênfase nas pesquisas historiográficas?
ResponderExcluirLarissa Landim
Larissa, no que se refere a metodologia da Historia Oral, os anos 1960, quando temos uma maior difusão das formas de gravação de áudio é que a história oral tem uma maior difusão.
ExcluirMas isto é uma parte técnica, penso que em termos historiográficos após os escritos de Marc Bloch e da Escola dos Annales há uma preocupação no que se entende como fonte documental. Nos anos 1960 não temos apenas um avanço tecnológico, mas também uma problematização dos documentos historiográficos, daí os testemunhos orais tornam-se extremamente importantes. Sugiro a leitura do livro A Voz do Passado para compreender esse momento do anos 1960. E as publicações da Marieta de Moraes Ferreira para compreender como ocorre os desdobramentos da compreensão da história oral enquanto método.
A partir de qual idade e série eu posso trabalhar o audiovisual? Em qual conteúdo você me indica passar?
ResponderExcluirLarissa Landim
Larissa, o audiovisual hoje é cotidiano de nossos alunxs, a partir de 6º ano podemos trabalhar qualquer conteúdo. O celular e o smartphone são ferramentas interessantíssimas, use-os como aliados. Provoque os seus alunxs a tirarem fotos, fazerem vídeos, entrevistas usando estes aparelhos. Cada conteúdo pode ter algo que seja interessante relacionar com o presente. Importante fazer a problematização de como era no passado e o que mudou, ou seja, fazer os alunos perceberem as rupturas.
ExcluirGostei muito de suas colocações (tanto no texto quanto nas respostas), Prof. Everton, principalmente na ênfase que você dá à paixão necessária pra que se ensine História, não só o conteúdo curricular que se exige que os alunos assimilem, como também “os modelos de pesquisa e a riqueza teórica presentes no conhecimento histórico”. Mas considerando que na sociedade em geral, na cabeça de muitos pais e mesmo de educadores, a ideia do ensino da História está cristalizada (em diversas formas e medidas) à formação de ‘algum’ espírito cívico, como desnaturalizar conceitos para que o ensino da história não seja confundido com quaisquer supostas ‘ideologias’?
ResponderExcluirAgradeço desde já.
Katia Krause
O passo mais importante seria utilizar também os cursos de formação de professores nos seus estados para viabilizar o uso das fontes na sala de aula. Qual a sua opinião sobre utilizar a formação de professores para aprender a usar esta e outras metodologias?
ResponderExcluirFábio, vou entender aqui a formação de professores como os cursos que prefeituras e governos estaduais promovem a cada ano e não o ensino nas licenciaturas. E, nesse sentido, entendo que o tempo disponibilizado é muito curto. Já tentei trabalhar em formação continuada a história oral, produção de vídeos, fotografia, etc., mas os professores, por vezes, mostram-se resistentes. Mas a resistência está relacionada também ao pouco tempo, às vezes, de não termos a possibilidade de desenvolver um trabalho a longo prazo. Algo bem diferente quando trabalhamos em uma disciplina ao longo de um semestre, em que uma pesquisa é apresentada e debatida.
ExcluirProfessora Carla Silva
ResponderExcluirSeu posicionamento quanto ao uso da História e Memória Oral é muito pertinente. Assim como você, também leciono História da Educação e tenho alguns alunos pesquisando sobre História das Instituições Escolares. Porém, algumas dessas instituições já possuem a sua história linear publicada, entretanto o intuito é resgatar justamente, as recordações, que muitas vezes, são relegadas ao esquecimento. A partir dessas novas experiências, torna-se possível, reescrever a História das Instituições Escolares, entrelaçada com fontes bibliográficas. Qual é a sua opinião sobre essa nova História que surge e a validade científica que apresenta?
Roseli B. Klein
Olá, parabéns pela escolha do tema História Oral, antes de ser escrita a História era falada, a memória pois de grande significado em um mundo midiático em que vivemos.
ResponderExcluirGostaria de saber o que seus alunos perceberam ao realizar tal trabalho de pesquisa uma vez que foram organizadores e criadores de memórias.
Jacinta Kupczi
Jacinta, foi um grande impacto para os alunos, pois nosso livros didáticos foram escritos no eixo rio-sp e quando falamos de era vargas e ditadura militar Santa Catarina diverge daquilo que é relatado em seus aspectos de uma história do cotidiano. A vivência e a percepção destas duas ditaduras é diferente daquilo que nos é relatado na macro-história. Mas o processo de problematização foi maravilhoso, tanto no sentido de crítica ao livro didático, quanto na compreensão de que um documento histórico também é algo construído.
ExcluirNum mundo onde a imagem é supervalorizada, a utilização de áudios visuais no processo aprendizagem – ensino se torna bastante pertinente. Ao invés de uma pesquisa em livros, internet, revistas, etc. o aluno tem a oportunidade de ampliar seu ponto de vista realizando uma pesquisa de campo, colhendo relatos, entrevistando diversas pessoas envolvidas no tema proposto. Essa metodologia amplia a visão crítica do jovem, que tem mais uma ferramenta para agregar a outras que já utilizava. Além de fazer do aluno peça importante na construção da história, podemos dizer que a valorização dos relatos orais traz à tona algo que vem se perdendo cada vez mais: a interação entre pessoas de gerações diferentes. Concluindo: práticas inovadoras podem fazer “renascer” antigas tradições?
ResponderExcluirDebora Shizue Matias Takano
Débora, gosto muito do texto O Narrador do Benjamin e penso que ele foi por muito tempo interpretado de forma incompleta ou mesmo equivocado aqui no Brasil. Benjamin é um autor de muitas camadas. Acho que neste texto ele começa a refletir que a narração - que envolve essa relação entre gerações que vc ressalta - estava/está em processo de mudança. Para além de dizer que a narração é extinta, precisamos entender que a narração mudou, ela não acabe apenas nos livros, nos folhetins. Hoje ela cabe no blog, no face, no youtube, etc. Usar estes meios como ferramentas é essencial. Repensar a narrativa por meio de outros meios para além da roda de conversa, do livro e do folhetim, hoje nossas narrativas estão nos blogs, faces, twitter e etc. Ao invés de rejeitar essas ferramentas, precisamos aprender a problematizá-las.
ExcluirQuanto a 'renascer antigas tradições', tenho minhas restrições. Vamos pensar Heráclito aqui, 'não nos banhamos duas vezes no mesmo rio', as práticas do passado não serão renascidas, mas elas serão ressignificadas em novas práticas. O fato de sermos historiadores não nos faz saudosistas de um passado, talvez muito pelo contrário.
A história oral pode ser uma nova prática, sobretudo quando ela é problematizada a partir de outros documentos. A história oral pode ser pensada a partir de uma gravação de áudio e/ou vídeo via celular, portanto ela une gerações nas dicotomias de experiência e tecnologia que vivenciamos hoje. Mas ela também pode surpreender no que se refere a questionar o relato oficial que temos no livro didático, na imprensa, entre outros.
Não acho que a historia oral venha a renascer antigas tradições, acho que ela pode unir gerações, no sentido de que ela pode criar espaços de diálogos. Quer dizer nos ajudar a entender os impasses vivenciados por algumas pessoas no ato de vivenciar a macro-história.
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ResponderExcluirBom dia Professora, sou graduando do curso de História, e achei super interessante o modo que aborda a temática, creio sim que hoje com fontes orais e visuais sejam de suma importância para o ensino aprendizagem, trabalhar de forma "diferente" em sala, creio eu, aguça e instiga o educando a buscar e crescer seu senso crítico. Minha duvida: como podemos incluir o aluno de forma integral para obtenção de conhecimento sem que ele crie superficialmente conceitos, mesmo estando num meio digitalizado onde tem o fácil acesso, em que o professor torna-se "quase" conteudista?
ResponderExcluirAdinan Roberto Fidelis
Adinan, precisamos nos revoltar contra as imposições curriculares que querem nos tornar conteudistas, pois o conteudismo é uma forma de simplificar o conteúdo histórico e subvalorizar o papel dx professorx. Em relação aos meios e conteúdos digitais precisamos ser criativos e perspicazes tanto no problematização destes em sala aula, mas também no seu uso.
ExcluirVamos pensar que um diferencial do ser humano do século xxi é o uso que ele faz dos meios digitais. Voltamos a ideia do saber fazer, como isso se materializa hoje? Para muitos é o virtual, então vamos problematizar o uso do virtual e não rejeitá-lo.
Também façamos um mais além do virtual e criemos espaços de experiência sensorial no aprendizado.
Professora Carla, desculpe minha imaturidade nessas questões, seria correto fazer do conteúdo a base da piramide e o topo dela seria a forma que isto é passado? podendo unir novas tecnologias (meios/ formas) para o ensino aprendizagem, fazendo o educando vivenciar/ trazer memorias para o cotidiano escolar?
ExcluirAdinan Roberto Fidelis
Adinan, não gostaria de pensar na forma de pirâmide, pois sempre nos evoca uma concepção hierárquica. Penso que deve haver um amálgama entre os dois, acho interessante pensares a educação pela ótica da 'ordem do discurso', nesse sentido 'meios/formas' também são conteúdo. Uma fala libertária com um método de ensino tradicional faz com que entre em confronto com o outro e o conteúdo se perca. Então, o ato de preparar a aula deve vir acompanhado com a ideia do discurso imbricado. Estou dizendo isso? E o meu corpo, meus gestos dizem o quê? Para pensar...
ExcluirQuando aliamos as possibilidades metodológicas sugeridas, vemos a inserção da produção audiovisual (entrevistas e documentários). O ano passado meus alunos e alunas criaram vídeos sobre um determinado assunto que estávamos estudando. A variedade de recursos tecnológicos aliados ao tradicional não seria o equilíbrio no processo ensino aprendizagem? Quando você coloca uma câmera na mão dos alunos a visão de fazer história muda?
ResponderExcluirFábio, vou responder de forma semelhante à pergunta anterior, também precisamos analisar a 'ordem do discurso', pois tecnologia necessariamente não é revolução de ideias, é apenas um meio, um instrumento, portanto esse instrumento pode ser usado de forma tradicional também. Pois a educação tradicional não é apenas 'forma' é também um discurso da docilização dos corpos e mentes dos alunos e dos professores. Então, como toda tecnologia pode ser usada de forma tradicional.
ExcluirCom certeza, uma câmera/celular muda a visão da história, pois o aluno passa a ser o articulador, de certa forma o/a 'escritor/a' da história. Por que a considero importante, pois está mais próxima dos alunos, hoje é quase uma linguagem anterior a escrita em seu sentido formal/acadêmico.
Boa noite professora.
ResponderExcluirComo o professor poderia usar a história oral, para que os seus alunos fossem mais sensíveis ao cotidiano de pessoas comuns, no qual tem tantos relatos reais para ser apresentados, principalmente aqueles que viveram tempos difíceis como uma Ditadura Militar ?
Thereza Cristina Kling Bandeira.
Bom dia prof. Carla.
ResponderExcluirExiste uma gama muito grande de ferramentas que podem ser utilizadas para o ensino como: filmes, fotografias, jornais, documentos... E a História Oral vem para somar muito com o ensino, a partir de atividades onde utilizamos qualquer uma dessas ferramentas os alunos sentem-se mais instigados a participar das aulas, e tudo passa a fazer mais sentido, um exemplo é utilizar a história Oral para trabalhar com a história da cidade, com entrevistas com pessoas da família. Os alunos sentem-se pertencentes ao que estamos trabalhando. E ao fazer esse tipo de trabalho com professores em formação gostaria de saber como foi a receptividade deles, se é possível notar um entusiasmo em levar essa metodologia para a sala de aula no momento em que forem atuar?
Camila Rola Alves
Cara Professora Carla,
ResponderExcluirConcordo com você quando diz que a problematização da História e sua contribuição para a reflexão e ação no cotidiano é o verdadeiro cerne da nossa disciplina. Busco relacionar os acontecimentos históricos às mazelas da sociedade contemporânea, levantando questões a fim de proporcionar momentos de reflexão, e por diversas vezes acreditei que obtinha êxito... Para poucos meses (ou até semanas) depois descobrir que eles nem mesmo remotamente lembram de absolutamente nada! É nítida a falta de interesse da juventude em tudo que exija maior esforço intelectual - considerando, é claro, que existem muitas exceções. Pode haver algo a mais a ser feito para significar ainda mais, para acordá-los para a importância de se assumirem enquanto personagens históricos? Qual é a sua opinião?
Antoniela Acosta Rodrigues
A iniciativa de se repensar a compreensão sobre história, realmente parte do princípio de repensar as aulas. De que modo pode ocorrer tais mudanças se ainda há principalmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, onde se inicia o processo de construção do conhecimento histórico com opiniões e questionamentos, a apresentação pelo professor de fatos históricos trazidos pelos livros didáticos com versos prontos à respeito da história. Como mudar esse panorama?
ResponderExcluirRosemar Candido de Oliveira de Souza